quarta-feira, 30 de abril de 2008

OBITUARIO – 01 de Maio de 1994 a 2008-05-01


É bom recordar aqueles que por alguma razão nos tocaram especialmente ao longo da vida.

Neste dia 01 de Maio de 1994, morre, vitima de acidente de viação, no circuito automóvel de Imola, em Itália, o para mim, maior piloto de formula um de todos os tempos, Ayrton Senna da Silva.

Simplesmente o meu grande ídolo do automobilismo. Depois dele só recordações...

Passaram 14 anos, mas parece que foi hoje!!!

Obrigado Senna...

http://www.geocities.com/MotorCity/1323/

AMOR!!!

Qual o sentido da vida? O amor é o único sentido. Tudo o que vive não vive sozinho, nem pra si mesmo...
Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde. Infelizmente, ás vezes, não percebemos isso e passamos a nossa existência colecionando não’s: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa a que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador; quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos.
Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto àquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto àquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é gora...
Não tenha medo do futuro, apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do jeito que você sempre desejou. A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

‘Norman Cuisins’

AMANHECIMENTO

De tanta noite que dormi contigo no sono acordado dos amores de tudo que desembocamos em amanhecimento a aurora acabou por virar processo. Mesmo agora quando nossos poentes se acumulam quando nossos destinos se torturam no acaso ocaso das escolhas as ternas folhas roçam a dura parede. nossa sede se esconde atrás do tronco da árvore e geme muda de modo a só nós ouvirmos. Vai assim seguindo o desfile das tentativas de nãos o pio de todas as asneiras todas as besteiras se acumulam em vão ao pé da montanha para um dia partirem em revoada. Ainda que nos anoiteça tem manhã nessa invernada Violões, canções, invenções de alvorada... Ninguém repara, nossa noite está acostumada.

Elisa Lucinda

AUSÊNCIA BREVE

Nada sei dessa angustia que me invade
desde que ela se foi, daquela hora
quando disse até breve e foi embora
deixando um não sei quê de ansiedade.

A casa está menor, pela metade,
parece até que nela ninguém mora.
A rede, no terraço, lá fora,
de quando em vez balança de saudade.

Nada sei de meus olhos de mendigo
dessa dor sem doer, mas eu predigo
ser coisa de feitiço ou de landum.

Já não durmo, parece até cstigo:
sinto sono e me deito e não consigo,
nessa cama de dois, faltando um.

‘Ronaldo Cunha Lima’

DA ESPERANÇA

Bate a esperança a esperança bate crio este refrão: a esperança bate busco a rima inútil a pancada do coração a esperança bate e eu escuto vou além do fútil corro o horizonte que não vai além de livros e papéis espalhados teus olhos surgem/ fogem de mim flores que eu queria em nenhum jarro cato-os, migalhas sobre a mesa coloco-os no papel a luz acesa enxergo tua boca agora de frente beijo a parede tudo está fechado portas e janelas tenho as chaves mas estou emparedado a esperança bate vou atender: era engano; volto a ler os anos as imagens voltam como ondas furiosas atrás de mim perguntando-me de mim rindo de mim eu não digo nada a esperança bate tem dias em que não quero franzir a testa por isso não penso nem vou ver o sol cubro o espelho e deito-me o vento anuncia teu perfume abro a porta sorrateiramente tu entras vestida de ilusão ou sou eu que me iludo dá no mesmo a noite paira, pairo sobre ela sentado, remexendo papéis minha vida é feita de papéis a sorte um dia disse que vinha todos esperaram na cidade a esperança bate minh’alma de sonhar-te anda perdida e a esperança bate florbelamente em meu peito ser herói seria bom tantas vidas revistas, fitas coloridas álbum de figuras... hoje perdi as andorinhas mas a esperança bate amanhã chego cedo no portão espero que uma delas pouse no muro e me leve para ti.

Carlos Gildemar Pontes

domingo, 27 de abril de 2008

TEMPO...

O valor das coisas não está no tempo
em que elas duram, mas na intensidade
com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

JOHN LENON – REVISÃO DA INFÂNCIA

“Imagine: Crescendo com meu irmão John Lennon”, de Julia Baird, não segue a tendência das biografias “definitivas”, baseadas numa pesquisa exaustiva e no objetivo de reproduzir a vida do biografo com toda a minúcia. Paradoxalmente, porém, pela proximidade da autora com o biografado, esta é uma biografia ao mesmo tempo mais e menos minuciosa. Menos, ao não ser extensiva a toda a vida do biografado, e mais, ao se basear, para o período e os aspetos que a aborda, na memória direta e nas informações de primeira mão da autora. Além de um índice remissivo não apenas de nomes, mas também de momentos/situações chave na vida de Lennon, o livro conta com o prefácio e posfácio da autora – e com uma amostra generosa da sua coleção particular de fotografias familiares inéditas.

Certa vez John Lennon afirmou que os Beatles eram mais famosos que Cristo. Essa fama acarreta, quanto ao conhecimento dos personagens, um efeito duplo: de um lado, sabe-se “tudo” de outro tal familiaridade impede o recuo necessário para passar por cima dos mitos cristalizados no caminho. Se, se sabe tudo, nada há a questionar e, principalmente, a descobrir. Este é o ponto de partida da meia-irmã de Lennon ao escrever a sua biografia. Ou seja, que muitas das certezas sobre a sua vida são mitos.
Não no sentido de serem mentiras factuais, mas no de serem tão erroneamente interpretados que já não correspondem à verdade. Nas esclarecedoras palavras da autora: “Este livro é a minha tentativa de dar sentido à minha própria vida e a do meu meio-irmão John. Todas as famílias têm histórias secretas e a maioria passa suas vidas tentando mantê-las escondidas até mesmo uns dos outros. Na nossa, entretanto, as histórias escondidas têm sido penduradas em uma tela gigante nos céus, convidando à verificação e critica de todos e à pesquisa e dissecação dos especialistas em Beatles e em John. Tivemos que deixá-los continuar, sabendo que grande parte as histórias estavam erradas. Na verdade, tantas coisas inexatas têm sido escritas sobre John e a nossa família que, ás vezes, tenho que lembrar a mim mesma as verdades básicas”. Verdades básicas dadas, agora, a público.
O primeiro e principal mito, naturalmente, é quanto à sua própria mãe, a grande e grandemente problemática personagem de sua(s) vida(s). os fatos básicos são conhecidos: a ausência do pai, a “desistência” de criar o filho, que é então entregue à tia Mimi, quando, na verdade, não lhe teria sido dada opção... Há ainda novas visões da adolescência e do primeiro casamento de Lennon, assim como de seus primórdios musicais, entre outros.
Em meio às revisões e nuançamentos que o livro empreende, há ao menos um reforço que não chega a surpreender. Trata-se da imagem de Yoko Ono. A meia-irmã de Lennon não diz nada dela, diretamente. Mas diz algo sobre ela ao narrar o seu comportamento quanto à casa de Liverpool que Lennon deixou para as irmãs. E que Yoko doa ao Exercito da Salvação local sem comunicá-las. Ela é fria e áspera ao conversar com a cunhada ao telefone, além de não recuar de sua decisão unilateral – incluindo ignorar as “provas” que exige da cunhada sobre a destinação da casa dada por Lennon. Considerando a fortuna formidável que ela mesma herdou, a cena é, no mínimo, bastante constrangedora.
A autora, inglesa de Liverpool; Julia Baird é filha de John Albert Dykins e de Julia Stanley, a mãe de John Lennon, cujo pai, Alfred Lennon, empregado na marinha mercante, jamais viveu com a mulher, apesar de oficialmente casados.

‘In O Norte’

sábado, 26 de abril de 2008

ROSA LUZ

Há uma rosa a arder. Já não é lume
Apenas foco de luz sem combustão
No fósforo mal aceso deste ciúme
Só sobejaram os sinais da tua mão

A tua boca foi o botão anunciado
Os teus dedos o que ficou da haste
Procurei a tua voz em todo o lado
Mas foi na rosa ardida que ficaste

In: Aspirina B

sexta-feira, 25 de abril de 2008

VOCÊ...

Você pode me ver
Do jeito que quiser
Eu não vou fazer esforço
Prá te contrariar
De tantas mil maneiras
Que eu posso ser
Estou certa que uma delas
Vai te agradar...

Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar...

Porque eu gosto é de rosas
E rosas, de rosas
Acompanhadas de um bilhete
Me deixam nervosa...

Toda mulher gosta de rosas
E rosas, de rosas
Muitas vezes são vermelhas
Mas sempre são rosas...

Se teu santo por acaso
Não bater com o meu
Eu retomo o meu caminho
E nada a declarar
Meia culpa cada um
Que vá cuidar do seu
Se for só um arranhão
Eu não vou nem soprar...

Porque eu sou feita pro amor
Da cabeça aos pés
E não faço outra coisa
Do que me doar
Se causei alguma dor
Não foi por querer
Nunca tive a intenção
De te machucar

Porque eu gosto é de rosas
E rosas, de …

‘Autor desconhecido’

SOBRE OS INSULTOS E PROVOCAÇÕES

Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar da sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. Certa tarde, um guerreiro – conhecido pela sua total falta de escrúpulos – apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que o seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar a sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho guerreiro aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo, inclusive, seus ancestrais.
Durante horas, fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.
No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Despontados pelo fato de o mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
- Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou a sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente e você não o aceita, a quem pertence o presente? – perguntou o samurai.
- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas só podem lhe tirar a calma, se você permitir...

‘Brígida Brito’

PARA ADORAR O QUE QUEIMEI

Há livros que lemos sentados num banquinho diante de uma carteira escolar. Há livros que lemos andando (e também por causa do formato); Uns são para as florestas e outros para outros campos, Et nobiscum rusticantur, diz Cícero. Alguns há que li na diligência; Outros, deitado no fundo dos celeiros de feno. Há os para fazer crer que temos uma alma; Outros, para desesperá-la. Há os em que se prova a existência de Deus; Outros, em que não se consegue fazê-lo. Há livros que não é possível admitir senão em bibliotecas particulares. Há os que receberam elogios de muitos críticos autorizados. Alguns há em que só se trata de apicultura, que certas pessoas acham algo especializados; noutros fala-se tanto da natureza que não vale mais a pena passear depois. Outros há que os homens sensatos desprezam, mas; que excitam as criancinhas. A alguns chamam antologias e neles incluíram tudo o que de melhor se disse a propósito de tudo. Há os que desejariam fazer-nos amar a vida; outros depois dos quais o autor suicidou-se. Alguns semeiam o ódio e colhem o que semearam. Alguns, quando os lemos, parecem brilhar carregados de êxtase, deliciosos de humildade. Há os que amamos como irmãos mais puros e que viveram, melhor do que nós. E os há impressos em caracteres extraordinários e que não compreendemos, mesmo depois de tê-los estudado muito. Ah! quando teremos queimado todos os livros, Nathanael! Alguns há que não valem um vintém furado, outros alcançam preços consideráveis. Alguns falam de reis e de rainhas e outros de gente muito pobre. Alguns há cujas palavras são mais suaves do que o ruído das folhas ao meio-dia. Foi um livro que João comeu em Patmos como um rato; mas eu prefiro as framboesas. Isso encheu-lhe as entranhas de amargura e ele teve depois muitas visões. Ah! quando teremos queimado todos os livros, Nathanael!

André Gide

O PODER DA DOÇURA

O viajante caminhava pela estrada, quando observou o pequeno rio que começava tímido por entre as pedras. Foi seguindo-o por muito tempo.a os poucos ele foi tomando volume e se tornando um rio maior.
O viajante continuou a segui-lo. Bem mais adiante o que era um pequeno rio se dividiu em dezenas de cachoeiras, num espetáculo de águas cantantes.
A música das águas atraiu o viajante que se aproximou e foi descendo pelas pedras, ao lado de uma das cachoeiras. Descobriu, finalmente, uma gruta. A natureza criara com paciência caprichosa, formas na gruta. Ele a foi adentrando, admirando sempre mais as pedras gastas pelo tempo. De repente, descobriu uma placa. Alguém estivera ali antes dele. Com a lanterna, iluminou os versos que nela estavam escritos. Eram versos do grande escritor Tagore, prêmio Nobel da Literatura de 1913: “Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a água, com sua doçura, sua dança, e sua canção. Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir”.

Reflexão:

Assim também acontece na vida. Existem pessoas que explodem por coisa nenhuma e que desejam tudo conseguir aos gritos e pancadas. E existem as pessoas suaves, que sabem dosar a energia e tudo conseguem. São as criaturas que não falam muito, mas agem bastante. Enquanto muitos ainda se encontram à mesa das discussões para a tomada de decisões, elas já se encontram a postos, agindo. E conseguem modificar muitas coisas.

‘Brígida Brito’

O MITO E A OBRA

Li, na juventude; com sofreguidão e admiração todas as obras do sempre atual escritor russo Dostoievsky, embriagando-me na sua sabedoria, porém depreendendo do autor o turbilhão de sua vida perturbada. É notório, que dificilmente o autor consegue se divorciar de suas agruras, conflitos e angústias ao produzir uma obra. Quando muito, disfarça os contornos, menos profundos, porém deixa sempre pegadas da sua alma impregnada nos “pensamentos” dos seus personagens.
Dostoievsky, num raro momento de quietude e equilíbrio, escreveu “Crime e Castigo”, a sua obra-prima, fruto da sua inefável, criatividade, aguçada por indisfarçável, porém momentânea, paz de espírito, tão rarefeita em sua atribulada existência.
Como firmam os seus biógrafos, o inimitável mestre das letras, viveu em constantes aperturas financeiras e, fustigado pelos seus impiedosos credores. Chegou a culminância de ser processado pelas muitas dividas contraídas o que, inclusive, lhe custou amargos embora criativo, dias no cárcere.
O isolamento, renderam-lhe meditação, menos dispersão, mais equilíbrio, além de avivar-lhe, a um só tempo, a perseguição e a criatividade num mundo até então desconhecido por ele: a prisão, o crime...
Crime e Castigo, tema criminal abordado com argúcia por Dostoievsky, centraliza a narrativa do homicídio praticado por um estudante contra uma anciã usurária.
O curioso é que o escritor, para não se limitar a insípida narrativa, mergulhou nos meandros dos cartórios criminais, estudou profundamente o código penal russo, analisou a psicologia dos criminosos e das penas a eles impostas conforme a prática delituosa, inteirou-se da instrução do processo crime, dedicando-se integralmente à criminologia e a criminalística da Rússia do seu tempo. Daí a riqueza do seu livro “Crime e Castigo”, uma atraente obra literária e, pela abordagem técnica, um abalizado trabalho de ciência criminal.
Toque de humanidade existe em profusão em toda a obra de Dostoievskiana, nimbada de dor e compreensão, através das suas personagens angustiadas, irrequietas e sofredoras.
Há nos seus escritos aspetos interessantes de criminologia, a partir do juiz preparador Porfírio, em “Crime e Castigo” e luzes na senda do cristianismo, como se vislumbra nos personagens Myschkine do “Idiota”, Aliocha dos “Irmãos Karamazov” e Sônia de “Crime e Castigo”.

‘Adalberto Targino’

terça-feira, 22 de abril de 2008

THE TUDORS – OU OS PÉS DO REI

Acomodei-me no meu sofá para ver The Tudors, um drama histórico televisivo sobre a vida de Henrique VIII de Inglaterra. A série prometia, tinha sido difundida pelas televisões de vários países (em Portugal pela RTP) e tivera honras de Emmys e Globos de Ouro. E eu, que pertenço a uma geração que aprendeu História sem audiovisuais, vejo neste género de produção televisiva um modo entretido de relembrar episódios históricos com ganhos de familiaridade com os personagens que a simples leitura, por definição, não propicia.
Qual não é, pois, o meu espanto quando um tal personagem denominado "Princess Margaret", supostamente irmã de Henrique VIII, é dada em casamento ao Rei de Portugal, (D. Manuel I ?). Sabendo que este nosso Rei se casara três vezes, pensei que a princesa inglesa me tinha escapado, uma falha de memória, sei lá! Inquieta, mas com a curiosidade aguçada, aguardei com expectativa as cenas relativas ao casamento, a entrada em cena da corte portuguesa num periodo aúreo da nossa História. Vi, então, como a princesa choramingava porque D. Manuel era um velho corcunda, implorando ao irmão que a troco de tão grande sacrifício lhe desse liberdade para escolher segundo marido quando enviuvasse, o que, esperava, ocorreria rapidamente.
Após uma imagem de rara beleza do Tejo e da Ribeira das Naus, seguiu-se uma sucessão de cenas de verdadeiro horror. D. Manuel era um gnomo marreca e saltitante, desdentado e de olhar lúbrico, baboso, falando um português mal amanhado. A corte, um conjunto de velhotas vestidas de negro, clérigos encapuçados, homens feios e sujos. As cerimónias pareciam ter como cenário uma espécie de barracão e as músicas eram espanholas (Falla?). O casamento consumou-se no que poderia ser um quartinho do Castelo de S. Jorge, com uma data de basbaques de mau aspecto rodeando o tálamo conjugal e aplaudindo grosseiramente.
No dia seguinte - assim prossegue a série - a princesa Margarida, após lançar um olhar nostálgico à sua nau, prestes a partir do Tejo, não está com meias medidas e assassina o nosso Rei, sufocando-o com uma almofada. A última imagem com que o realizador arruma o episódio português é um grande plano dos reais pés, sujíssimos, explicitando que nem para o casamento este se dera ao trabalho de ablações mínimas.
A indignação venceu qualquer inércia que ainda restasse para confirmar a desconformidade de tão burlesca narrativa com a realidade dos factos. D. Manuel casou três vezes, com duas filhas dos Reis Católicos, Isabel e Maria e, pela segunda vez viúvo, casou novamente com D. Leonor, irmã de Carlos V. Todas eram excelentes partidos, demonstrando bem a importância, à época, de Portugal e do seu Rei. Entre a consulta à História de Barcellos e o recurso à Internet foi possível constatar a existência de muitos outros erros grosseiros. De facto a "Princess Margaret" nunca existiu e é um personagem composto a partir das duas irmãs Tudor de Henrique VIII; o rei português de então era D. João III, de vinte anos de idade; não existiu nenhum Papa Alexandre desde 1503; o cardeal Wolsey não foi preso nem se suicidou e Thomas Tallis não consta que fosse bissexual. Até na escolha dos adereços se repetem os erros, ridículos, tal como a utilização de um mosquete por Henrique VIII, arma que só foi inventada em 1630, ou seja um século mais tarde.
Posto isto, coloco duas questões. A primeira tem a ver com este, ou qualquer outro, drama histórico televisivo. Embora se possa e deva esperar algum tempero fantasioso da narrativa, não é suposto que tal fantasia deturpe a História, alterando os seus factos, a sua cronologia, a sua geografia ou a identidade das suas figuras. Perdida a dimensão de relato histórico, o que resta passa de ficção a embuste. A segunda tem a ver com a nossa reputação nacional e quem é suposto defendê-la. Num país onde já não se ensina História, o canal estatal difundiu, que eu saiba sem qualquer reparo, uma versão vergonhosa e falsa do nosso passado colectivo. Se a Internet não mente, todos os que se sentiram atingidos foram reagindo e rectificando, excepto nós. Porque será?|

‘Maria José Nogueira Pinto’

SOBRE AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

Na terça-feira, ordenei: "Café!" A morena do balcão disse-me um cantante: "É pra já, senhor!" Pousou a chávena: "O senhor não quer mais nada, não?" Respondi: "Se quisesse, tinha pedido." Com esta gentinha é preciso não ir em conversas. Sabe-se lá o que fizeram na terra deles antes de virem para cá roubar o trabalho aos portugueses. Deixei o preço certo. Ouvi nas minhas costas: "Até manhã, senhor..." Na quarta, comprei o jornal antes de ir ao café. Descobriram mais petróleo no Brasil. O país vai voltar a ser a potência que ameaça ser há muito. Lembro-me de ter lido que há cem anos, quando a portuguesa Carmen Miranda chegou ao Rio de Janeiro, a cidade era metade de imigrantes portugueses. Disse à morena do balcão: "Menina, dê-me um café, como só você saber tirar." Ela; continuou ela: "É pra já, senhor!" Antes de pagar, com gorjeta, pedi-lhe: "Importa-se de me dar o seu nome?" Ela chama-se Naíde. Sei lá se ainda não vou trabalhar num restaurante dela no Recife.

‘Ferreira Fernandes’

SINDROME DE DOWN

O Síndrome de Down (SD) é a síndrome genética mais conhecida e foi primeiramente descrita por Langdon Down, em 1866. Trata-se de um acidente genético devido ao acúmulo de material genético proveniente do cromossomo 21, que pode ocorrer de três maneiras:
- Trissomia livre em todas as células;
- Translocação cromossômica;
- Trissomia livre em parte das células (mosicismo)
O seu diagnóstico é feito através do cariótipo, representação do conjunto de cromossomos de uma célula, a partir de uma amostra do sangue periférico.
Atualmente, também se pode utilizar um marcador ultrassonografico, que pode sugerir SD, na 12º semana de gestação, chamado de transluência nucal, com realização posterior do cariótipo fetal. A incidência de SD varia de 1 para 600 a 1.500 nascidos vivos, dependendo da idade materna: a incidência aumenta após os 35-40 anos. Estima-se que 60% a 80% dos fetos com SD sejam abortados espontaneamente.
A SD ocorre em ambos os sexos e em todas as raças. As características clínicas da SD são congênitas e incluem: atraso mental, hipotonia muscular, baixa estatura, anomalias cardíacas, perfil achatado, orelhas pequenas e com baixa implantação, fendas palpebrais obliquas, língua grande e protusa, encurvamento dos quintos dígitos,prega única na palma da mão e aumento da distancia entre 1º e 2º artelhos (tornozelos), cuja presença é variável nessas crianças.
A criança com SD deve ser encaminhada,o mais precocemente possível, para serviços especializados, para orientação da família e realização de programas específicos de estimulação precoce. A expectativa de vida nesses casos gira em torno dos 35 anos, dependendo da presença e gravidade da anomalia cardíaca.
Verifica-se hoje um aumento significativo na sobrevida conseqüente à mudança de postura com relação à socialização desses indivíduos e controle das complicações. Não raro quadros de imunodeficiência, distúrbios respiratórios e risco aumentado de desenvolver neoplasias, especificamente alguns tipos de leucemia. A prevenção se dá como aconselhamento genético do casal.

‘Gilma Serra Galdino’

QUE TAL APRENDER UM SEGUNDO IDIOMA?

A decisão de iniciar um curso de idioma é importante para uma carreira de sucesso, mas assim como o curso de graduação, é essencial que a escolha seja adequada ao seu perfil e aos seus objetivos, além, é claro, de primar pela qualidade. Segundo os professores, nesse momento é preciso observar alguns aspetos.
Veja quais eles são:

- Pesquise o corpo docente

O fato de um professor ser nativo não é garantia de que ele tenha capacitação em ensino de idiomas;

- Procure referencias

De alunos e ex-alunos;

- Veja se há empatia com o professor

Caso contrário, é melhor mudar, pois isso pode comprometer o rendimento;

- Verifique os recursos que a escola utiliza

Tais como laboratórios e material didático; este deve ser de preferência de literatura internacional;

- Comprove a idoniedade da instituição

- Deixe claro quais são os seus objetivos

Se é aprender a língua para viagens, gramática, negócios;

- Analise a localização da escola

Ás vezes uma grande distancia pode comprometer a freqüência;

- Observe a biblioteca

Veja se há vários dicionários e livros na língua em questão;

- Examine o numero de alunos por turma

O ideal é de até no máximo cinco;

- Verifique o tempo de duração do curso

Os relâmpagos não são recomendados

- Procure uma escola especializada

Na língua que você deseja aprender;

- Investigue a metodologia utilizada

As criadas pela própria instituição são vistas com reservas pelos professores.

‘Rocha & Coelho’

PREFERENCIAS

Prefiro rosas, meu amor, à pátria, E antes magnólias amo Que a glória e a virtude. Logo que a vida me não canse, deixo Que a vida por mim passe Logo que eu fique o mesmo. Que importa àquele a quem já nada importa Que um perca e outro vença, Se a aurora raia sempre, Se cada ano com a Primavera As folhas aparecem E com o Outono cessam? E o resto, as outras coisas que os humanos Acrescentam à vida, Que me aumentam na alma? Nada, salvo o desejo de indiferença E a confiança mole Na hora fugitiva.

Ricardo Reis

O CÉRBERO

Conta a mitologia grega que à porta do inferno havia um gigantesco cão de guarda, o famoso Cérbero, cão de três cabeças prontas a dilacerar qualquer incauto. “Mas pra que?” pensava eu. “Quem diabo vai querer entrar no Inferno?”. Na verdade, Cérbero estava ali para evitar que os condenados ao fogo eterno fugissem. Era um cão de guarda ao contrário dos que temos aqui – não guardava a entrada, guardava a saída. Mesmo assim, também cumpria a função oposta, porque somente as almas dos condenados poderiam entrar no reino de Hades. Pessoas vivas não – daí o grave incidente diplomático ocorrido quando Orfeu apareceu por lá querendo trazer de volta a sua amada Eurídice. E quando Hércules chegou para levar o próprio Cérbero consigo, cumprindo o último dos seus Doze trabalhos.
Acho que a lenda grega morre aí, mas pretendo enriquecê-la noutra direção. Por que motivo o cão se chama Cérbero? Respondo: porque ele representa o nosso Cérebro, a nossa mente pensante, a nossa consciência. Exatamente por isso é figurado com três cabeças (em diferentes versões da lenda, números muito maiores, que chegam até cem). É o excesso de proteção, de controle, de censura. A função ditatorial do nosso Super-Ego ou que nome, lhe queiram dar – função controladora que nos impede de fazer bobagens mais sérias e de praticar crimes, mas ao mesmo tempo nos proíbe um comportamento mais relaxado, mais intuitivo, mais espontâneo. Toda vez que você vir aquele sujeito todo certinho, todo tenso, todo bem comportado e impecavelmente limpo, todo politicamente correto, aquele cara que na hora de pagar a conta vai até a última casa decimal, não duvide, amigo: é um prisioneiro de Cérbero, um prisioneiro da sua própria mente controladora.
E por qual estatuto mitológico ele é colocado justamente como guardião da saída do inferno? A explicação mis lógica que me ocorre é que o Inferno protegido por esse cérebro não é um Inferno externo a nós, e sim interno a nós, um inferno que dentro. Como dizia o poeta Gilberto Gil: “Teu inferno é aqui”. O inferno é o Inconsciente, é o lugar para onde arremessamos tudo que não presta, tudo o que nos inquieta e perturba, tudo o que é uma ameaça à ordem, à limpeza e à disciplina. O cérebro esta ali justamente para evitar que esses pensamentos mal comportados se evadam do porão e venham perturbar o chá das cinco que nossa “persona” pública toma na sala de visitas, recebendo as autoridades.
Todas as vezes que tentamos acessar nosso inconsciente (rastreando um ato falho, dissecando uma neurose, confrontando um trauma daquele bem brabos, ou meramente analisando um sonho) o Cérebro de não sei quantas cabeças aparece rosnando seu recado pitbull: “Pra trás!” rosna ele. “Aqui não! Aqui só tem o que não presta!” E recuamos, temerosos. Talvez menos com medo das 100 cabeças do Cão do que com medo do nosso verdadeiro Rosto, que estamos a ponto de enxergar.

‘Braulio Tavares’

NA SALA

Ouvia-se o barulho do mar à noite. Talvez não estivesse ninguém na praia (que poderia alguém estar a fazer, numa praia, à noite?) - mas era como se o barulho do mar tivesse, por trás, as vozes de alguém que contasse uma história de viagens e de ventos. Onde se estava bem, no entanto, era dentro de casa, onde o barulho do mar parecia trazer as conversas de alguém, na praia, com o vento. É verdade que a janela estava aberta e, por trás do muro de pedra e das árvores, a luz de um candeeiro chegava até à praia onde não devia estar ninguém, nessa noite de ondas e de vento. Podia ser o tempo das férias, com efeito, era o tempo em que se tinha férias sem se saber bem qual a distinção entre o tempo de férias e o outro tempo. O que se sabia, por outro lado, era se estava alguém na praia ou não e, de noite, ninguém devia estar na praia, embora o vento trouxesse um ruído de conversas que se confundia com o barulho do vento.

Nuno Júdice

AUTOMATIC

Para uns o pior álbum do ‘The Jesús & Mary Chain’. Para outros, o melhor dos chamados “pais da distorção”. O disco que dividiu a crítica é de uma maneira ou de outra, a melhor referencia do grupo liderado pelos irmãos William and Jim Reid.

Esta obra-prima do roch do finalzinho dos anos 1980 traz clássicos como “Here comes Alice”, “Blues from a gun” e “Half way to crazy”, em letras que misturam clima deprê e muita distorção de guitarra.

Destaque para a clássica “Head on”, que o Pixies gravou no álbum ‘Trompe lê Monde’ (1991), um disco notadamente inspirado no universo do saudoso ‘Jesus & Mary Chain’.

(AC)

TRANSTORNOS DO PÂNICO

Um dia na sua vida, aparentemente, saído do nada, você sentiu uma violenta dor no peito. O coração ficou acelerado. O mal-estar era muito grande. Você sentia tontura, sudorese, e a boca ficou seca. A impressão era de morte iminente, a sensação de que você estava diante de um grande perigo. Você sentiu um medo muito grande. Pensou que ia morrer. Conduzindo(a) ao hospital, você e as pessoas que lhe socorreram, desconfiaram que você estava enfartando.
Todos os exames deram negativos e você voltou para casa desconfiando da competência dos médicos que lhe atenderam ou dos resultados dos exames a que você foi submetido. Uma nova crise de sucede, mais outra... E outra... Você entra em pânico...
Novos exames são realizados e os resultados são sempre os mesmos: você não apresenta nenhuma patologia física. Você não está enfartando. É difícil acreditar no que os médicos dizem e nos resultados dos exames, pois o que você sente é muito real para não ser verdadeiro.
Alguns desses transtornos, ou todos conjuntamente, podem ser sentidos por você, se você estiver tendo uma crise de pânico.
Como se não bastasse tamanho desconforto, uma constante angustia se apodera de você. Um grande medo de voltar a sentir tudo de novo é cada vez mais forte. Você se sente profundamente inseguro(a). Vive em pânico com a possibilidade de experimentar tudo outra vez.
Tem medo de sair sozinho(a). sente-se deprimido(a). Sente medo de não ter ninguém por perto para lhe socorrer numa nova crise. O medo de morrer é muito grande. Você se sente profundamente fragilizado(a) e impotente diante de tudo que está lhe acontecendo. Confina-se em casa.
O medo representa um sinal de alerta, cuja função primordial é a de nos proteger contra perigos reais, preparando-nos para enfrentá-los. Sua intensidade é geralmente proporcional ao perigo a ser enfrentado. Ás vezes, por engano, podemos representar uma dada situação como sendo perigosa e, assim, ativamos o mecanismo de enfrentamento necessário nas situações de risco iminentes.
Como acontece, por exemplo, quando estarmos sozinho em casa, á noite, e ouvimos um barulho estranho. Só depois, quando percebemos o gato pulando sobre algo, é que representamos a situação real para nós e voltamos ao nosso estado normal.
Outras vezes, a situação é a mais séria, pois não nos enganamos com uma situação externa, mas sim com algo muito profundo dentro de nós. Enganamo-nos conosco mesmo. Vivemos, sem que nos apercebêssemos, um auto-engano. E, assim, tudo parecia estar no seu lugar, exceto aquela angustia que, vez por outra, insistia em marcar presença dentro de você.
Seria um sinal? Será que tem alguma coisa errada em mim? Você se pergunta e fica sem resposta. É justamente o que está acontecendo. Mas, talvez você tenha negligenciado a mensagem do seu organismo. A angústia, como a febre, é um sinal. Sinal de que algo no vai bem dentro de você.
A angústia pode ser um indicativo de que algo está em desacordo dentro de você. Talvez você se sinta parado(a), não se realizando. Talvez, você esteja caminhando por caminhos que traçaram para você (pai, mãe ou outras pessoas significativas na sua vida) e não aqueles caminhos que realmente gostaria de percorrer. É possível que nessa caminhada você tenha se distanciado do seu verdadeiro eu.
Tenha realizado as expectativas dos outros e deixado de lado às suas próprias expectativas. Você se distanciou tanto de você mesmo(a) que, talvez, nem esteja consciente de suas próprias necessidades, de seus desejos, do seu querer verdadeiro. Este é o momento de buscar ajuda de um profissional da Psicologia Clínica, que o acompanhará nessa viagem de retorno ao seu verdadeiro eu.

‘Sonia Maria Lima de Gusmão’

quarta-feira, 16 de abril de 2008

SEM ECOS NO SILENCIO AGORA

"Donde no hay ecos el silencio es tan horrible como esse peso que no deja huir, en los sueños." La Invención de Morel - Adolfo Bioy Casares Saboreamos pelo tempo vivido a parca alegria oferecida neste palco de tábua embevecida no pulsar de coração aturdido Tristezas ensolaradas, frias passagens de tempo presente de vivências pretéritas no ingente afã de buscar significado nos dias Astros movidos por leis particulares, dependentes de vãs lembranças que desmoronam frágeis pilares De dor em dor; em desesperança: desarmonia de ossos e nervos em bucólicos vilares.

Juscelino Vieira Mendes

MOISÉS SUBURBANO

Pela rua deserta, as derradeiras luzes da tarde iam-se sujeitando às sombras, abrigo natural da miséria humana. O dia findava igual a qualquer outro, menos pelas horas mumificadas no imenso mausoléu urbano e muito mais pelo conteúdo da vida repetida por igual a cada instante.
Olhando do alto, a cidade parece um rio noturno, acesso e preguiçoso, quase estagnado, fluindo em redor de si mesmo, as luzes dos carros flutuando no leito das avenidas feito uma boiada morta vagando correnteza abaixo.
Do meu mirante oculto, posso ver a cidade flagelada e exangue, desfalecendo extenuada, depois de uma semana de trabalho e dor.
O homem da carroça faz estalar o chicote por cima da cabeça do seu cavalo derrotado na batalha do dia. Não carrega nada, senão a carga de sempre: o desalento das coisas perdidas. Parece mais um coche fúnebre; dos tempos em que as esperanças mortas eram conduzidas assim, para sepultar em casa...
Pela calçada, arrastando-se lentamente, uma mulher colada à parede abraça o conteúdo de um embrulho envolto em lençol. Não preciso adivinhar que carrega o filho ao colo, à moda dos nordestinos cruzando o próprio corpo sobre a dor parida, num abraço severino que transfixa e lancina.
Ela reduz mais ainda o passo e finda parando junto ao portão entreaberto de uma das derradeiras residências da rua movimentada. Primeiro, certifica-se de que ninguém a observa. Depois, como uma sobra desgarrada de outras assombrações humanas, desliza para dentro do jardim e invade o terraço da casa.
Junto à porta, deposita a sua própria tragédia pessoal, alisa as dobras do paninho ordinário, por falta de adeus melhor e desaparece no meio do mistério de onde se esgueirou.
Fica o outro enigma agasalhado naquela coberta miserável de chitão.
Destino traçado para essa criança enjeitada não pode haver. É mais um Moisés salvo das águas estagnadas da cidade que flui indolente a caminho do mar.
Não posso saber o resto da historia. Se a casa recolheu a criança ou se a enjeitou também. Mas posso perceber que a tragédia não acaba aqui. O eitor pode perfeitamente escolher um final que convelha aos dias que correm.
Não me cobrem o destino que daria o cronista para arrematar o enredo desta opereta suburbana, cujos personagens jamais saberei quem são. Amanha, quando passar por aqui outra vez, a caminho do trabalho, este jardim meio arruinado de dálias desfiguradas pela fuligem e de petúnias amareladas pelo descaso não me dirão absolutamente nada.
O portão de ferro entreaberto não mostrara mais do que canteiros abandonados e flores descarnadas.
Nenhuma noticia do Moisés suburbano atirado à soleira da própria sorte, num fim de tarde qualquer.
Nenhuma lembrança da mulher envolta em sombras e olhar esgazeado, feito personagem das telas de Flávio Tavares em transe de assombração.

‘Luiz Augusto Crispim’

FROM AN ATLAS OF THE DIFFICULT WORLD

I know you are reading this poem late, before leaving your office of the one intense yellow lamp-spot and the darkening window in the lassitude of a building faded to quiet long after rush-hour. I know you are reading this poem standing up in a bookstore far from the ocean on a grey day of early spring, faint flakes driven across the plains' enormous spaces around you. I know you are reading this poem in a room where too much has happened for you to bear where the bedclothes lie in stagnant coils on the bed and the open valise speaks of flight but you cannot leave yet. I know you are reading this poem as the underground train loses momentum and before running up the stairs toward a new kind of love your life has never allowed.

Adrienne Rich

ÉPOCAS

Desdobrada vida: introduzida época de conquista: medos e persas em desabalada fuga - o egípcio olha com desdém e desgosto - dos hinos e cânticos escondidos em escuras roupas e promessas não alcançadas: ao credo fé e enlace entre a história e os vencedores das batalhas em corpos mutilados e destroços céticos: em nada acreditaram os deuses desde o exílio houvesse a volta e o planeta - mágica e mistério - tomasse outro rumo alterasse o prumo e o eixo endireitasse: o fogo e as trevas em desdobramentos de inépcias conhecidas.

Pedro Du Bois

EM BUSCA DA FELICIDADE

“A procura da felicidade tem sido a meta do ser humano e tem mobilizado também muitos pesquisadores em todo o mundo.”

“O esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.”

Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros e sofrendo por dentro por causa disso.”
‘Pascal Brucker’

Constantemente são lançadas pesquisas sobre índices de violência, de insegurança, de morte, de vida. No entanto, pouco se comenta sobre a felicidade parece que saiu de moda. O escritor e psicólogo americano Robert Wright, em um artigo para a revista Americana Time, escreveu que as leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo.
Buscar a felicidade tem sido a meta do ser humano no mundo e nos últimos anos cada vez mais pesquisadores se tem debruçado na busca desse combustível que move a humanidade. Encaminhei um e-mail da minha caixa postal para 205 pessoas perguntando o que é a felicidade? O que elas fazem para serem felizes? As respostas foram as mais variadas possíveis.
Pó dicionário eletrônico Aurélio define a felicidade como uma qualidade ou estado de quem é feliz, significa ter bom êxito, boa fortuna; dita, sorte. Na opinião do administrador de empresas, Carlos Fernando Farias, casado, pai de dois filhos, a felicidade é viver equilibradamente com a família e os amigos. “Dedico-me a minha família e amigos, preservo a minha saúde e a dos meus filhos e procuro desenvolver o meu trabalho com criatividade, responsabilidade e profissionalismo”, comentou.
A felicidade força a estudar, trabalhar, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas.mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade.
“A felicidade é um truque disse a catadora de papel Guilhermina Silva. Se ela é um truque nos temos levado esse truque muito a serio. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação. As pessoas tristes são vistas como; indesejadas, como fracassadas completas.
A doença do momento é a depressão. o escritor francês Pascal Brucker, autor do livro “A Euforia Perpetua”, diz que a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo o preço. “muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade”, diz ele.
De acordo com o psicólogo Gleidson Marques, a felicidade é algo extremamente subjetivo, é algo que varia de pessoa para pessoa e até de posição social e econômica. “A pessoa consegue ser feliz quando ela pára e percebe o que deseja da vida dela”, comentou.
O assunto até á bem pouco tempo era desprezado pelos cientistas, mas, na última década, um número cada vez maior deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A idéia é finalmente desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa.
No website da Universidade da Pensilvânia (http://www.upenn.edu), o psicólogo americano Martin Seligman, desenvolve há alguns anos uma pesquisa sobre o assunto e diz que a felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Prazer, de acordo com o Aurélio, é uma sensação ou sentimento agradável, harmonioso, que tende a uma inclinação vital; alegria, contentamento, satisfação, deleite. É uma sensação que costuma tomar conta do nosso corpo quando dançamos uma musica boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate.
O escritor e professor universitário Rinaldo Fernandes disse que felicidade é escrever, é encontrar a palavra certa da frase. “Melhor do que escrever só o ato sexual, talvez a mais importante forma de êxtase e prazer que existe”, acrescentou. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e por olhos brilhantes.
Engajar-se consiste em empenhar-se em uma determinada atividade ou empreendimento. O engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e a sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. E, finalmente, significado é a sensação de que a nossa vida faz parte de algo maior.
“Buscar a felicidade é uma meta meio vaga, fica difícil até de saber por onde começar, mas se você se conscientizar de que basta juntar essas três coisas – prazer, engajamento e significado – para a felicidade vir de brinde, a tarefa torna-se menos penosa”, garante o psicólogo americano Martin Seligman.
Seligman nos seus estudos acrescenta ainda que um dos maiores erros das sociedades ocidentais contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em penas um dos três pilares, esquecendo os outros. E geralmente escolhemos justo o mais fraquinho deles: o prazer. “Engajamento e significado são muito mais importantes”, disse ele numa entrevista à Time.
Algumas pessoas são capazes de engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doa-se ao trabalho, dão tudo de si a todo o momento. Isso é raro e nem sempre é bom (inclusive porque gente engajada demais tende a negligenciar outros aspetos da vida, em especial o prazer). Ninguém precisa ir tão longe, mas o esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.

Normas

“Toda a infelicidade dos homens provém da esperança”
‘Albert Camus’

Os EUA é o único lugar do mundo em que existe verba suficiente para fazer e mandar desfazer qualquer tipo de pesquisa sobre o comportamento da humanidade e a sua evolução. Há cinco anos, por exemplo, o pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi (pronuncie “txicsentmirrái”), da Universidade de Chicago (http://beta.uchicago.edu/), estuda o fenômeno cerebral chamado “fluxo”, que ocorre quando o engajamento numa atividade se torna tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer o mundo e perder a noção do tempo, ou seja a noção do tempo, ou seja é um estado de alegria quase perfeita. Esse fenômeno acontece com monges em estado de meditação, mas também em situações muito mais comuns como ao tocar um instrumento, andar de bicicleta ou até mesmo ao consertar a estante da casa. Um, outro; pesquisador,o americano Richar Davidson, da universidade de Wisconsin (http://sk.com.br/sk-uwsp.html). Observou em laboratório que as pessoas em estado de fluxo ativam uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal esquerdo,o que pode ter uma série de efeitos no organismo, inclusive um melhor funcionamento do sistema imunológico. Ao longo de um estudo realizado na Holanda, pessoas que entravam em fluxo tiveram o seu risco de morte reduzido em 50%, por reagirem melhor a doenças. E como se entra no tal fluxo? Csikszentmihalyi afirma que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o seu talento. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. Procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade.

‘Adriana Crisanto’

DE AMOR ANTIGO

Disseram-me que os jovens decretaram um novo costume às rotinas da arte de namorar. Aliás, para dizer a verdade, percebe-se que o namoro, na sua versão clássica do escurinho do cinema, dos beijos serenados no portão, esse está irremediavelmente perdido, revogado pela nova ordem constitucional dos desejos.
E, agora, o que fazem esses rapazes e essas moças, quando se conhecem nos degraus da Faculdade, ganhando os primeiros lances da vida?
Ao cinema, por certo, já não querem ir, por não terem mais o que fazer. Ninguém namora mais adiante dos pais, imagine na frente de Humphrey Bogart e de Ingrid Bergman.
Chego a pensar que essa moçada já começa pelo fim. Juntam-se, pensando que amor se faz assim. Depois separam-se pensando que a vida se desfaz assim...
Deve ser por isso que ninguém se lembra mais de namorar.
Os tempos modernos ensinaram aos moços que a arte de amar começa pelos finalmente.
Findam desconhecendo o amor, já que só têm tempo de provar o gosto final das coisas que jamais souberam começar.
Talvez seja este um defeito dos que, como eu, conheceram esses ofícios pela artesania das mãos, pela lavra dos olhares, pelo talhe doce dos corpos pressentidos e nunca revelados...
O que fazer; então, se assim nos disseram que assim devia ser?
Concederam-me a gradação dos sentidos e me disseram para esperar pelos avisos da alma, senhora das revelações. A grande viagem de um namoro começava nas mãos da estrela amada e podia chegar às galáxias mais encantadas – só dependia do argonauta apaixonado.
Se você ainda pensa conforme esse modelo, meu caro, o defeito é seu. Assim como também é meu. Estamos irremediavelmente perdidos e revogados tal como o Amor Antigo.
Hoje, todos os namoros são executivos (ou serão executórios?). Antes, havia só o sentimento a penhorar. Mas era tudo. Porque se namorava singelamente por conta de um simples deposito de amor, que valia por todos os tesouros do mundo.
Agora, até mesmo os poetas se calaram de repente, não mais que de repente...
Nem eles falam mais das artes da paixão. Quando muito, um cronista eternamente apaixonado ainda se atreve a tanto ousar e no amor deixar-se estar.
Coisas de cronista, nada mais.

‘Luiz Augusto Crispim’

COMO DIZ CAETANO

E eu pensava que o primeiro mundo era Paris, Londres; Nova Iorque… que nada! Exatamente do outro lado do planeta foi onde meus olhos viram que é possível uma sociedade mais justa. Se a felicidade depende disso, não sei, pois, para gozá-la, há razoes que a humanidade desconhece, mas que naqueles moldes sócio-urbanísticos é mais fácil experimentá-la, não temos a menor dúvida.
Outrossim, a razão também nos diz que não se pode ser feliz sendo cúmplice de um carma coletivo que criou nações cheias de incoerências, injustiças, falta de controle urbano e ambiental, entre muitas outras mazelas.
A Nova Zelândia deu um exemplo ao se organizar, para que seja hoje chamada de “país perfeito”, com a melhor qualidade de vida do planeta. Foi a única nação onde os nativos negociaram amigavelmente e sob condições de respeito mutuo com os colonizadores. Além disso, o seu povo se uniu com equidade, leis trabalhistas sadias, e estabeleceu um rigoroso controle de natalidade e de preservação da natureza.
Alem disso, parece que o BB estava mais inspirado quando criou aquele lugar. A natureza lhe sorri por entre praias místicas, de grandioso relevo, lagos cujo azul oceânico se une ao dos céus pelas curvas de um horizonte cortado de montanhas, ora verdes, ora plúmbeas, em um show de exuberância e beleza ímpar. E esse sorriso transpassa para o semblante tranqüilo da sua gente conferindo-lhe simpatia exemplar, como se todos tivessem de bem com a vida. Os lagos cristalinos que beijam as margens do Queenstown – que em nada devem ao mar – e de onde surgem belas montanhas forma um conjunto que se completa com a mais perfeita harmonia urbana.
Há uma simplicidade cotidiana que se percebe na conduta de pessoas sem estresse, nas vestimentas descontraídas, sem ostentação, e no generalizado uso de sandálias havaianas por todas as gerações. A tranqüilidade urbana é notoriamente proporcionada pela sensação de segurança que se observa na absoluta falta de gente que não tem o que fazer. Praticamente não existem edifícios residenciais, pois não há densidade demográfica que os justifique. Os bairros são de casas, com muros de meio metro, sem portões e nem grades nas janelas.
O silencio é quase um insulto de paz que nos envergonha lembrando; de como seria bom que aqui o pudéssemos ter. Mendigos? Desempregados? Nenhum. E por isso, nada de vendedores ambulantes, pedintes ou desocupados. Ônibus quase não se vêem. Todo o mundo tem carro, ou anda de bicicleta, há bondes gratuitos, ninguém buzina, e engarrafamento é algo só visto na TV.
Inacreditavelmente em todas as esquinas, praças e parques há toaletes públicos modernos e perfumados, munidos de tudo o que é necessário. E gratuitos! Que diferença daquele mundo do decantado circuito internacional, onde não se encontram facilidades básicas, o povo é estressado, no há onde estacionar, o transito é um inferno, os metrôs sujos e congestionados, e que ainda chamam de “primeiro”. Não, decididamente preferimos o “último mundo”, aquele que fica “do outro lado do lado que é lado de lá”, como diz Caetano...

‘Germano Romero’

segunda-feira, 14 de abril de 2008

UM DIA DE DOMINGO

Eu preciso te falar
te encontrar
de qualquer jeito
pra sentar e conversar
depois andar
de encontro ao vento
eu preciso respirar
o mesmo ar que te rodeia
e na pele quero ter
o mesmo sal
que te bronzeia
eu preciso te tocar
e outra vez
te ver sorrindo
e voltar num sonho lindo
já não dá mais pra viver
um sentimento sem sentido
eu preciso descobrir a emoção de estar contigo
ver o sol amanhecer
e ver a vida acontecer
como num dia de domingo.

Faz de conta que
ainda é cedo
tudo vai ficar
por conta da emoção.

Faz de conta que
ainda é cedo
e deixa falar a voz
a voz do coração.

‘Michael Sullivan e Paulo Massadas’

UMA DOENÇA CHAMADA AMOR

“Especialistas ensinam que insegurança, baixa auto-estima e ciúme são alguns dos sintomas apresentados pelos ‘doentes’”

O amor não se pode tornar uma doença? Parece incrível, mas o amor pode se transformar em um sentimento ruim para algumas pessoas e, quando isso acontece, ele causará dor e sofrimento e passará a ser uma doença. Emm pleno século XXI, onde os relcionamentos são cada vez mais abertos e “descart´veis”, tem sido cada vez mais comum jovens e adultos recorrerem aos consultórios psicológicos em busca de ‘cura’ para uma ‘doença’ chamada amor. Segundo especialistas e estudiosos do assunto, o chamado “Amor Patológico” seria uma doença que causa dependência tanto quanto o álcool e outras drogas e o ‘doente’ precisa de tratamento.
A psicóloga clinica Maria Celene Almeida Leal, que também é terapeuta de casais e família, revela que; tem atendido um número cada vez maior de pessoas que estão sofrendo de amor e o mais impressionante é que a maioria dos ‘doentes’ que procuram o seu consultório são homens acima dos 30 anos.
“Quando o amor é patológico” foi um dos temas discutidos durante um importante Encontro de Relacionamentos Amorosos, com o apoio de um curso de Psicologia.
“O amor é considerado saudável quando existe um sentimento e um comportamento recíproco de prestar atenção e cuidados ao companheiro. Mas quando ocorre falta de controle nesse sentimento ou comportamento e uma pessoa passa a ser prioridade para a outra, em detrimento de outras atividades e pessoas anteriormente valorizadas, está caracterizado o amor patológico. Neste caso, o amor definido em dicionário como sentimento que impulsiona o individuo para o belo, digno ou grandioso, passa a significar sofrimento e dor capaz de levar à destruição de si próprio e de quem se ama”, explicou Celene Leal.

Desencontros nas relações

A psicóloga Celene Leal, que também é mestra em Educação, explicou que o ‘amor patológico’ pode estar presente nas mais variadas formas de relacionamento, como por exemplo, entre casais, amigos, irmãos ou na relação de uma mãe com o filho. “A pré-disposição para desenvolver este tipo de amor varia de pessoa para pessoa”, complementou.
Celene Leal disse que a idéia deste encontro sobre Relacionamentos Amorosos foi justamente pela percepção de que os casamentos considerados sólidos repentinamente são desfeitos. “Isso nos levou a analise de quais os motivos que estriam causando desencontros nos relacionamentos amorosos na atualidade. Um dos problemas seria justamente o amor patológico. Este assunto, inclusive, tem sido motivo de estudos e discussões no âmbito; cientifico mundial”, observou a especialista.

Pessoas que se mostram carentes

Segundo a psicóloga Celene Leal, as pessoas que estão ‘doentes de amor’ apresentam geralmente uma serie de sintomas, entre eles, insegurança, baixa-estima, medo e até ciúme.
“A pessoa que sofre de amor patológico está mergulhada num misto de sentimentos devastadores de baixa auto-estima, rejeição, insegurança, medo do abandono, posse, carência, ciúme, vingança e desespero, o que pode culminar em atitudes inadequadas como perseguições, suicídios e até assassinatos. Esse tipo de amor é próprio de pessoas que não suportam ver o amado viver a sua própria vida de forma livre”, alertou Celene Leal.
Ela explicou, ainda, que num casamento no qual um dos cônjuges sofre de amor patológico, é comum perceber que este sinta a necessidade descontrolada de cuidar do outro, enquanto este sente a necessidade de ser cuidado, ou seja, de se mostrar fraco ou carente.

Mulheres são mais afetadas

A especialista Celene Leal disse que ainda não foram realizados estudos epidemiológicos sobre a manifestação do amor patológico entre homens e mulheres, mas existem indícios de que esse problema parece ser mais freqüente entre as mulheres.
“Entretanto, esta constatação pode estar relacionada ao fato de que os homens são mais resistentes em buscar ajuda,mesmo de profissionais, quando o assunto é relacionamento amoroso. Na minha prática clinica de terapia de casais e família, o maior percentual tem sido em homens acima dos 30 anos de idade”, enfatizou Celene Leal.
Ela explicou que atualmente, o amor patológico já é visto e tratado como um transtorno psiquiátrico e não apenas como um problema de relacionamento, já que alguns comportamentos apresentados estão presentes em outros, tais como o transtorno ansioso e depressivo e o transtorno obsessivo-compulsivo.
“Em termos psicológicos, então, a essência dessa patologia parece não ser amor,mas o medo de estar só, o sentimento de menos-valia, de não merecer amor, de vir a ser abandonado”, destacou a psicóloga.

Tratamento multiprofissional

De acordo com Celene Leal, alguns estudos apontam, ainda, que clinicamente, o “Amor Patológico” se assemelha os critérios de diagnósticos empregados n dependência de álcool ou outras drogas. “Para se vencer o amor patológico, é necessário uma intervenção conjunta de profissionais das áreas da psiquiatria e da psicologia com a família da pessoa portadora. Isto porque a atenção, a compreensão externa e o dialogo aberto e franco sobre o problema são medidas fundamentais para ajudar a aliviar a angustia de quem sofre com um amor que perdeu os limites”, orientou. A psicóloga informou que a psicoterapeuta Eglacy Sophia, pesquisadora do ‘Amore’ (Ambulatório do Amor em Excesso), da Universidade de São Paulo, disse que é possível encontrar semelhanças entre as características desse tipo de amor e da dependência de álcool e outras drogas.
“A doutora cita sintomas de bstinencia, como angustia, taquicardia e suor na ausência ou no distancimento (mesmo afetivo) do amado. O individuo se preocupa excessivamente com o outro, as atitudes para reduzir ou controlar o comportamento de cuidar do parceiro são mal-sucedidas, é despendido muito tempo para controlar as atividades antes valorizadas. Estas seriam algumas características apontadas pela pesquisadora Edglacy Sophia semelhantes aquelas percebidas nos dependentes de drogas”, apontou Celene.

Teste o seu amor

A doutora Eglacy criou um questionário para ajudar na avaliação da ‘dosagem’ do amor com relação ao parceiro. Teste o seu amor e procure questionar-se sobre:

1º Você costuma sentir-se satisfeito com a quantidade de atenção e tempo que despende ao seu parceiro ou percebe que fez mais do que gostaria?

2º Você acha que a quantidade de atenção que dirige ao seu parceiro está sob seu controle ou é comum tentar diminuir e não conseguir?

3º Você mantém outros interesses e relacionamentos ou abandonou pessoas e funções em decorrência da sua vida amorosa?

4º Você continua se desenvolvendo pessoal e profissionalmente após o inicio de seu relacionamento amoroso?

Resultado: Se a maioria das suas respostas foi não; então pode considerar-se um doente de amor.


‘Henriqueta Santiago’

SERMOS HUMILDES – 2

Precisamos começar a admitir mais o quanto nos; equivocamos, o quanto agimos de forma egoísta, pequena, vazia, especialmente quando “damos o troco na mesma moeda”. Todos nós achamos que temos razão, sempre. Aliás, todos nós temos mesmo as nossas razoes.
Tanto você, quanto a pessoa com quem você está brigando... e o pior: esta é a pessoa com quem você mais gostaria de estar bem, de estar feliz, de estar satisfeito... Por que tantos casamentos acabando? Tantos namoros cheios de brigas, desentendimentos e ofensas? Por que tantas relações frias, distantes, cheias de magoas, ressentimentos e raiva? Simplesmente porque não conseguimos enxergar os nossos próprios erros; porque não conseguimos perdoar os erros do outro, porque não aceitamos o fato de que todos nós erramos, mas alguém tem de perdoar primeiro, tem de admitir os seus erros primeiro, tem de baixar a guarda e mostrar o quanto está se sentindo mal por tantas brigas...
Eu sei, não é fácil, mas eu lhe garanto que a sensação de bem-estar que te vai invadir depois que; você conseguir ceder em nome do amor que sente e da paz que tanto procura, será tão boa que terá valido o seu esforço. Além do mais, pense um pouquinho: palavras como humanidade, honra, evolução, sensibilidade, afeto doçura, querer-bem, entre tantas outras, nada mais podem significar do que isso – superar o ego e agir com o coração...

‘Brígida Brito’

QUAL A ORIGEM DO BEIJO

Acredita-se que o beijo tenha surgido 500 anos a.c, época em que os amantes começaram a ser retratados nas esculturas e nos murais dos templos de Khajuraha, na Índia.
Na teoria da evolução das espécies, o inglês Charles Darwin (1809-1882) afirma que a origem desta caricia é mais antiga. Segundo este naturalista, trata-se de uma sofisticação das mordidelas que os macacos trocavam nos seus ritos pré-sexuais. Há também a tese de que seria uma evolução das lambidelas que o homem pré-histórico dava no rosto dos companheiros para suprir a necessidade de sal no seu organismo. Ou um acto de amor das mães na época das cavernas. Sem utensílios para cortar os alimentos, as mulheres mastigavam a comida e depositavam na boca dos seus bebés.
Na idade média era visto como uma forma de; selar acordos. Com a boca fechada, os homens beijavam-se com firmeza. O toque leve demonstrava traição. Com o tempo, foi perdendo a força devido ás pestes que dizimavam a população.
Para Freud, tudo tem a ver com as etapas do desenvolvimento psíquico. Freud começava pelo período que dura até um ano de idade, em que a mãe dá de mamar á criança. Neste período todas as sensações de gratificação associadas á boca. A criança aprende que tocar com os lábios algum objeto macio, proporciona uma sensação calmante e agradável.

‘In: JC’

PAIXÃO E BEIJO

“Prova de paixão, para muitos apaixonados, a química que resulta de um beijo é que define a duração da relação”

Há quem diga que um relacionamento vai dar certo quando existe química durante o beijo, um ato extremamente íntimo, que representa a união entre duas pessoas que se encontram e, em determinado momento, conseguem se unir. A explicação é do psicólogo Gleidson Marques, que considera o beijo como o ato de maior intimidade numa relação, e que serve como alicerce para a união entre dois seres.
“É interessante falar que existem vários tipos de beijo. Além daquele ligado às relações amorosas, há ainda o beijo fraterno, afetivo”, observou. Segundo ele, um beijo mexe com uma série de componentes, com o lado comportamental, com a questão afetiva, biológica e social das pessoas. “É no momento de um beijo que o ser humano exprime toda a sua emoção”, afirmou.
Do latim ‘basium’, o beijo é o toque dos lábios com qualquer coisa, normalmente uma pessoa. Na cultura ocidental é considerado um gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado como cumprimento ou despedida. O beijo nos lábios de outra pessoa é um símbolo de afeição romântica ou de desejo sexual – neste último caso, o beijo pode ser também noutras partes do corpo, ou ainda, em que as pessoas se beijam mantêm a boca aberta enquanto trocam caricias com as línguas.
Explicações à parte, ninguém sabe ao certo quem instituiu o Dia do Beijo e nem quando surgiu a data, mas conta-se que a comemoração teve inicio por volta do ano 500 a.c., na Índia. Já Charles Darwin acreditava que o beijo era uma evolução das mordidas que os macacos davam nos parceiros nos ritos pré-sexuais.
O beijo também pode ter surgido das lambidelas que os homens das cavernas davam em seus companheiros em busca de sal. Ou pode ser ainda a variante de um gesto de carinho das mulheres das cavernas que mastigavam o alimento e o colocavam na boca dos filhos pequenos.

Primeiros beijos remontam a 2.500 a.c.

Segundo relatos mais antigos, os primeiros beijos remontam a 2.500 a.c., nas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia. Diz-se que na Suméria, antiga Mesopotâmia, as pessoas costumavam enviar beijos aos deuses. Na antiguidade também era comum, para gregos e romanos, o beijo entre guerreiros no retorno dos combates.
Eua uma espécie de prova de reconhecimento. Aliás, os gregos adoravam beijar. Mas foram os romanos que difundiram a prática. Os imperadores permitiam que os nobres mais influentes beijassem os seus lábios, e os menos importantes as mãos. Os súbditos podiam beijar apenas os pés. Eles tinham três tipos de beijos: o ‘basium’, entre conhecidos; o ‘osculum’, entre os amigos; e o ‘suavium’, ou beijo dos amantes.
Na Escócia, era costume o padre beijar os lábios da noiva no final da cerimônia. Acreditava-se que a felicidade conjugal dependia dessa benção. Já na festa, a noiva deveria beijar todos os homens na boca, em troca de dinheiro. Na Rússia, uma das mais antigas formas de reconhecimento oficial era o beijo do czar.
No século XV, os nobres franceses podiam beijar qualquer mulher. Na Itália, entretanto, se um homem beijasse uma donzela em público, era obrigado a casar imediatamente. No latim, beijo significa toque dos lábios. Na cultura ocidental, ele é considerado gesto de afeição. Entre amigos, é utilizado como; cumprimento ou despedida; entre amantes e apaixonados, como prova de paixão.

Curiosidades:

- Um só beijo pode queimar de 3 a 12 calorias, dependendo da intensidade.

- As pulsações cardíacas durante um beijo saltam de 70 para 140 por minuto, podendo chegar até a 150.

- Um beijo movimenta, só na face, 29 músculos.

- Filemafobia, ou filematofobia é o termo que usamos para designar o medo de beijar.

O beijo em várias línguas:

Chinês – Qin Wen

Espanhol – Beso

Francês – Baiser

Grego – Felia

Hebraico – Neshiká

Inglês – Kiss

Italiano – Bacio

Japonês – Kissu

Russo – Potselui

Sueco – Xkyss

Tupi Guarani – Pitér

Português – Beijo

‘In: O Norte’

O EQUÍVOCO

Tempo de dizer que meias palavras não bastam. Que o esforço resultou inútil. Tempo de dizer que o abraço não se fez cálido, e sim amargo; hostil. Tempo de dizer que tampouco há esperança: vivemos e não somos recompensados. O desamparo consome a relutância daqueles que persistem. Os dias perduram no pó de contradições. Juntas elas formam o equívoco da vida.

H. Deives Valeriano

MOMENTO...

Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: "olha, não dá mais".
Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?

Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: "mas agora eu to comendo um lanche com amigos".

Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?

Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta.

E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia. Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito.

Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve.

Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.

Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.

Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.

Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.

Como última cartada; para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu.

Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele.
Ele quem mesmo?

(Martha Medeiros)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

SOBRE A DEFICIÊNCIA

“Deficiente” é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui.

“Cego” é aquele que não vê o seu próximo a morrer de frio, de fome, de miséria. E só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.

“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

“Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

“Paralítico” é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam da sua ajuda.

“Diabético” é quem não consegue ser doce.

“Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois “miserável” são todos que não conseguem entender-se a si próprios.

‘Mario Quintana’

SÓ FALTA A SENHA

Há coisas que ainda me conseguem espantar. No sábado à noite aconteceu-me algo absolutamente…ridículo. Nem sei muito bem como classificar. Senti-me estar numa verdadeira montra. Espantem-se os que me conhecem: este fim-de-semana saí à noite…até bem noite! É verdade, algum dia tinha de ser. O que me aconteceu foi tão inusitado (embora digam que é normal em determinados sítios), que percebo por que opto por outras distracções.
Imaginem que eu e as pessoas com quem estava acompanhada decidimos ir a um sítio, que se distinguia dos demais por ter uma fila enorme à porta. Depressa percebemos que se tratava da fila para entrar. Colocámo-nos a jeito e qual não é o meu espanto quando vejo pessoas do meio ou final da fila a entrarem primeiro do que as que estava à frente. Cumprimentavam o segurança com grande à-vontade. Pensei: vamos ficar aqui o resto da noite sendo que nenhuma de nós conhece aquela figura. Pouco depois escolheram-nos e outras pessoas que já estavam na fila lá continuaram a aguardar. Afinal qual é o critério de selecção? Depende da carinha de palmo e meio? Do que se tem vestido? Do cheiro do perfume já misturado com o fumo do tabaco transferido de um outro sítio? Senti-me muito mal, como se estivesse numa montra. Além disso, achei injusto entrar primeiro que outras tantas pessoas, à espera há mais tempo do que nós! Porquê?
Mais uma vez percebi por que não gosto de sair à noite. Há pessoas que fazem daquilo uma missão de engate: elas preferem habilitar-se a uma valente constipação, desfilando os modelitos, em vez de andarem vestidas; eles roçam em todas as raparigas com que se cruzam e se alguma lhes dá uma resposta, disparam “hum…gosto desta. É das que gosta de se fazer de difícil”. A somar, é o incómodo do fumo, do falar alto porque ninguém se ouve no meio de tanto barulho e música alta e as figuras tristes que fazem porque bebem sem saber. A maioria das pessoas não sabe beber. Acham que só se divertem se estiverem demasiadamente “alegres” e, porque actuam por psicologia de grupo, não sabem dizer “não”. Eu não actuo pela maioria nem minoria: as minhas atitudes dependem apenas das minhas convicção e vontade.
Uma amiga desafiou-me a sairmos todos os fins-de-semana até porque mantém acesa a esperança de arranjar um namorado. Nunca se sabe onde está a “cara-metade”, mas num ambiente daqueles… A analisar pelo cenário de sábado…é contra-gosto que repita a experiência.

In. Gosto e contra-gosto

SERMOS HUMILDES

Você só pede desculpas se o outro pedir primeiro? Só demonstra o que sente se a pessoa amada demonstrar primeiro? Só expressa os seus sentimentos se tiver a certeza de que o outro gosta de você? Você não “deixa por menos” e responde com grosseria se a pessoa que você gosta assim lhe tratar? Jamais engole sapo e dá o troco quando acha que ele está te sacaneando? Você se sente satisfeito por ter a fama de ser orgulhoso? Pois eu vou lhe dizer: só você está perdendo com isso! Além de todas as oportunidades de mostrar a sua grandeza, a sua capacidade de transformar as energias e reverter uma situação negativa para positiva, você também está correndo o serio risco de matar o seu amor!!!
A vaidade, os pedidos de ego para que fiquemos sempre “por cima”, para que nos vinguemos de todas as pessoas que nos ofendem e nos magoam de alguma forma, mesmo que esta pessoa seja a que mais acreditamos que amamos, não nos faz crescer, não nos faz, de forma alguma, felizes! Precisamos compreender o verdadeiro significado do amor. Não quero defender a idéia de que devemos aceitar tudo, mas antes, que possamos ao menos identificar essa voz avassaladora do ego, que grita dentro da gente o tempo todo. Que aprendamos a perceber que os impulsos destrutivos só atrasam ainda mais o nosso sucesso e a nossa realização.
Portanto, quando nos sentirmos tomados pela magoa ou até pela raiva diante de uma situação que nos fez sentir muito mal, diminuindo, subjugando ou traindo, que possamos nos voltar para dentro, para o coração e entender que esse sentimento vai passar. Que de alguma forma, certamente também contribuímos para que nem tudo desse certo.

‘Brígida Brito’

SER TRANSPARENTE

Às vezes, fico perguntando por que é tão difícil ser transparente? Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso. É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente... Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as mascaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...
Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde! Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana. Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser... Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo! Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção... E assim, nos vamos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos. Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado. Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar, doçura, compaixão... A compreensão de que todos nós sofremos nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos.
Que consigamos no tentar controlar tanto, competir tanto que consigamos docemente viver... Sentir, amar... E que você seja não só razão, mas também coração, não só um escudo, mas também sentimento. Seja transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar.

‘Brígida Brito’

SENTIMENTO

Gosto de me sentir vivo, de ver a vida se depositando, como a tinta da caneta, no traço indeciso do poema, misterioso como as palavras, que eu não sei de onde vieram.

Mauro Mendes

SEM IDADE PARA SONHAR

A ideia de que o sucesso está ligado à capacidade de se aposentar cedo só funciona para quem odeia o que faz.
A história mostra que muita gente começa a entrar em decadência física e mental se não tem o que fazer, ao menos em parte do seu tempo. É vital ter algo que nos desafie, que nos mostre que temos um propósito, um objetivo de vida. A ilusão de uma vida livre de qualquer atividade produtiva costuma diminuir à medida que a hora de parar se aproxima. E se evapora passados alguns meses de aposentadoria, fase que deve ser vista como transição. Em certos casos, tal transição pode envolver uma redução da carga horária no trabalho, pode representar uma aposta em outra carreira ou num negocio próprio.
O mercado de trabalho precisa dos cinquentões, os quais são essenciais para as organizações, em função do seu capital intelectual.
As organizações estão incentivando os seus colaboradores que se aposentam a permanecerem trabalhando, redefinindo a forma como vão colaborar com a empresa... Poderão trabalhar meio período, virar mentor (coach) do pessoal que acaba de entrar na casa ou mesmo se tornando consultor (prestação de serviços) para projetos pontuais.
O que temos observado também, é a flexibilidade nas seleções de pessoas, quanto a idade. As empresas estão buscando contratar, em determinados campos chave, profissionais competentes com bastante conhecimento das suas áreas e principalmente que tenham paixão pela sua área.
Numa economia baseada em capital intelectual, o talento dos seus colaboradores é a base do sucesso dessas organizações.

‘Rocha & Coelho’

SEJA PERSISTENTE

Persistência é a palavra que simboliza o preço de um sonho. Persistir com total dedicação e concentração nos seus objetivos, conseguir criar dentro de si uma chave para canalizar toda a sua energia para realização do sonho.
Manter a mente e o corpo alinhados, como arco e flecha. O pensamento precisa ter uma meta.
Os sonhadores que alcançam os seus objetivos, são aqueles que persistem mais do que os outros, são os que acreditam na sua pontaria. Só progredimos quando nos libertamos e ousamos um novo horizonte.

‘Rocha & Coelho’

ROYAL LABEL BLACK

A Ruy Belo

Este homem procura as cores mais secas do nosso entendimento; vai connosco até à rua; responde-nos um cigarro primeiro, uma construção na areia, depois um ferro a espetar nas dunas e no mar enquanto o mar houver e a paz durar; come connosco à nossa própria mesa; ama a nossa mulher e experimenta o odor da nossa casa aonde os nossos filhos lhe entram pelos joelhos, o cobrem de carícias, lhe atiram a satisfeitíssima bola de brincarmos aos adultos quando é tarde ou os dias apresentam um cariz de pouca chuva. Divide o nosso frango, a frugal fruta, as sobras do almoço e sai-nos portas dentro quando o pôr-do-sol, a solução do sol, o sol das terras de portugal e das noites de madrid dialoga connosco, connosco estabelece a nítida fronteira entre aeroportos, casas – oh as casas – e a mulher que, podendo ser a de um estivador, do camisola amarela, desse irreverente basquetebolista que por um grande azar não é das nossas relações, foi, é, será sempre a mulher encontrada e perdida na poeira, nas arcas, nas infâncias multicoloridas que parcimoniosamente nos excedem. Procura, sim, procura as cores do nosso entendimento; bebe do nosso vinho; vai à missa connosco; veste-nos a pele de lobos esfaimados nesta selva de ratos onde os ratos se confundem com navalhas, intelectuais empalhados, inquiridores por conta d'outrem (e própria), só para que o amor um pouco sobreviva, exíguo e tenso, ri às bandeiras despregadas como só um menino, como só alguém que sabe da poda pode rir enquanto os táxis, o choro, as dores de consciência – que afinal não há, embora os cais... – atravessam o meio-dia, desesperadamente. Ah, este homem procura as cores mais secas do nosso entendimento; limpa-se às nossas toalhas; chega ao extremo de utilizar a escova privada da nossa privadíssima higiene; rompe os nossos sapatos (meias inclusive); joga à pancada connosco, ao eixo; e rouba-nos a carteira como só quem sabe sorrir pode roubar-nos, pode assinar de cruz por nós, solucionar o problema da nossa talvez habitação sem prestígio nenhum, ao menos uma praia de consolação em que morrer com o mesmo à vontade, modéstia e alegria deste homem que procura, procura as cores mais secas do nosso entendimento.

Amadeu Baptista

RISCOS

Na risada, meu louco apareceu;
Dei as mãos, botaram algemas;
Chorei e a manteiga derreteu;
Disse que estava triste;
Então perdi meu eu!

São puro medo idéias ou sonhos...
Em publico: idéias, mordaças;
Todos os sonhos ameaças.

A vida esconde a morte;
A esperança, decepção...
Há estrelas e asteriscos!
Se não tentou, falha não,
Mas, precisamos de riscos.

Não tentei, mas fiz, não fui,
Meu azar: eu não arrisquei!
Quitei cedo o sofrimento,
Não aprendi, senti ou amei...

Fui escravo da rotina,
Da liberdade, abri mão,
No final, me acorrentei!

Arriscar-se é procurar a vida,
Perdê-la para sempre, se não...

‘Manoel Fernandes Neto’

RESTINGA’S BAR

Sou tão frágil, meu bem, que um som, de leve pode ser-me fatal como o teu beijo: qualquer música brega, qualquer frase pode ser-me fatal. E, assim, não deve a brisa andar tão próxima à tormenta, como não deve o ritmo da valsa transformar-se em punhais; a vida é breve e aquilo que é demais logo arrebenta. Sou tão frágil, meu bem, que nada pode separar-me de ti. Teu nome é um sonho que navega em meu sonho. Tenho pena de tudo, algo me aflige e me sacode. Desliga esse Gardel, bota um canário em vez do som, da voz que me condena.

Jorge Tufic

REQUIEN DA GINGINHA...

Perdemos a ginjinha do Rossio
E as bolas-de-berlim ao sol de Agosto.
Os pés hão-de deixar de fazer mosto
E o medronho de dar combate ao frio.
A varina, coitada, está sem pio.
A fruta unificada não tem gosto.
O jornal das castanhas foi deposto,
Mas Portugal ganhou o desafio.
Não temos quem nos ponha em risco a vida.
E se nos pesa muito qualquer carga,
Basta alijá-la logo na subida.
Já ninguém usa lança nem adarga,
Os burros são espécie protegida,
E a escola de Medrões tem banda larga.

In Aspirina - B

REDIMENSIONE OS SEUS SENTIMENTOS

Quando a gente sente, quer seja algo bom ou mau, a tendência é criar fantasias. Claro que as fantasias serão prazerosas ou desgastantes de acordo com a qualidade do sentimento em questão, mas o fato é que a união entre sentimento e pensamento sempre acaba em fantasia. Num primeiro momento,é provável que fiquemos presos à idéia de que “fantasia” tem a ver com “sexual”, já que uma palavra é bastante empregue em seguida da outra. Porém, fantasia, de acordo com o dicionário, “é aquilo que não corresponde com a realidade, mas é fruto da imaginação”; e sabemos: imaginar é uma das nossas capacidades mais incríveis, que pode nos levar às mais surpreendentes experiências sensoriais.
Pois em, quando estamos num relacionamento ou nos sentimos envolvidos por alguém, torna-se quase inevitável fantasiar. Geralmente, as fantasias começam com expressões do tipo ‘se eu fizer isso, ele...’, ‘se ela realmente quisesse...’, ‘se ele gostasse deste jeito...’; ou seja, suposições que nos provocam novos sentimentos e tantos outros pensamentos.
Outro tipo bastante comum de fantasia é aquela em que vamos imaginando uma situação, uma conversa, um encontro... Imaginamos o que falaríamos e o que o outro responderia, como nos comportaríamos e como o outro reagiria e sem nos darmos conta, vamos despertando sensações físicas tão intensas que, não raramente, rimos sozinhos, choramos em silencio, as batidas do coração aceleram, sentimos raiva, medo, saudades, alegria, mágoa, enfim sentimentos nascidos das tais fantasias.
Embora o dicionário afirme que elas não correspondem com a realidade, vou discordar! Há uma realidade primária dentro de cada um de nós que se torna palco para as nossas fantasias mais secretas, mais profundas. Talvez não possamos mesmo considerar esta realidade como sendo coletiva, mas é individual, singular e pode ser decisiva num momento de escolha, de tomar uma atitude e se posicionar diante da vida.
Portanto, fantasiar tendo plena consciência de que você está fantasiando pode ser um exercício formidável para a criatividade e a expansão da sua percepção. Só que fantasiar sem ter a noção de que você está criando uma dimensão ilusória aos fatos ou ainda, supervalorizando ou subestimando seus sentimentos, pode ser uma grande armadilha. E quando isso acontece, você pode enxergar situações que não existem, alimentar sentimentos que não estão baseados em coisa alguma, criar expectativas que nunca poderão ser correspondidas e entrar numa dinâmica frustrante que te remete sistematicamente à sensação de inadequação e vazio. Se bobear, você transforma uma relação num lastimável fracasso ou numa linda história de amor, sem se dar conta do que realmente está acontecendo.
A verdade é que, na grande maioria das vezes, o criador de ilusões sabe, bem lá no íntimo, que está fantasiando; mas tem tanto medo de encarar-se a si mesmo que prefere ficar acomodado neste seu mundo fantástico. E faz isso de um modo tão fantástico. E faz isso de um modo tão particular que nem se atreve a dividir as suas fantasias para não correr o risco de ser desmascarado.
Se você se sente fantasiando, use a técnica da verbalização. Transforme as suas fantasias em palavras ditas em voz alta, para alguém que esteja preparado para não te influenciar, melhor ainda. Fale o que sente, o que pensa, o que gostaria de fazer e à medida em que vai ouvindo as suas próprias palavras, à medida que vai escolhendo uma a uma para expor as suas fantasias, você vai redimensionando os seus sentimentos, redescobrindo a sua verdade, refazendo a sua percepção da realidade.
A partir de então, as suas chances de fazer escolhas mais certeiras, tomar atitudes mais eficientes e desenvolver sentimentos mais prezerosos aumentarão significativamente. E assim as suas fantasias passarão a ser o que deveriam desde sempre: uma deliciosa brincadeira do amor!

‘Rosana Braga’

RECEITAS DE IMPERADOR

Vejam como são atuais, guardadas as diferenças dos costumes daquela época com os de hoje, as instruções do Marques de Itanhaém, algumas das quais podem inclusivamente ser utilizadas por atuais e futuros governantes brasileiros, sejam eles prefeitos, governadores ou presidentes da Republica.

Eis alguns trechos desta receita formulada pelo tutor:

1 – Discernindo sempre do falso o verdadeiro, venha o imperador em último resultado a compreender bem o que é a dignidade da espécie humana, a qual o monarca é sempre o homem sem diferença natural de qualquer outro individuo humano, posto que sua categoria civil e eleve acima de todas as condições sociais.

2 – Para que o imperador, conhecendo perfeitamente a força da natureza social, venha a sentir, sem o querer, aquela necessidade absoluta de ser um monarca bem, sábio e justo.

3 – Em seguimento, ensinarão os Mestres ao Imperador que todos os deveres do Monarca se reduzem a sempre animar a Industria, a Agricultura, o Comercio e as Artes.

4 – E tudo isso só se pode conseguir estudando, o mesmo Imperador, de dia e de noite, as ciências todas, das quais o primeiro e principal abjeto é sempre o corpo e alma dos homens.

5 – Quero que meu Augusto Pupilo seja um sábio consumado e profundamente versado em todas as ciências e artes e até mesmo nos ofícios mecânicos, para que ele saiba amar o trabalho como principio de todas as virtudes. E saiba igualmente honrar os homens laboriosos e úteis ao Estado.

6 – Mas não quererei decerto que ele se faça um literato supersticioso, para não gastar o tempo em discussões teológicas como o imperador Justiniano.

7 – Nem que seja um político frenético para não prodigalizar o dinheiro e o sangue dos brasileiros em conquistas e guerras e construção de edifícios de luxo, como fazia Luiz XIV na França, todo absorvido nas idéias de grandeza.

8 – Finalmente, lhe ensinarão os mestres que um monarca, toda vez que não cuida seriamente dos seus deveres do trono, vem sempre a ser vitima dos erros, caprichos e iniqüidades dos seus ministros, cujos erros, caprichos e iniquidores são sempre a origem das revoluções e guerras civis. Cumpre ao monarca ler todos os jornais da Corte das Províncias e receber com atenção todas as queixas e representações que qualquer pessoa lhe fizer contra os ministros de Estado, pois só tenho conhecimento da vida pública e privada de cada um dos seus ministros é que poderá saber se os deve conservar ou demiti-los imediatamente. Nomeando outros que cumpriram seus deveres e que façam a felicidade da Nação.
Não seria de todo mal que os atuais governantes no Brasil contassem hoje com um Marques de Itanhaém. Assim, ninguém poderia se valer daquela velha e esfarrapada desculpa: “Eu não sabia”. Não é mesmo, Lula?

‘Agnaldo Almeida’

Querido Fisco

De uma estimada amiga (Sandra Braço Forte) recebi esta preciosidade que não pude deixar de vos deixar ler, pois pelo seu conteúdo é digna de contemplação, por todos quantos estejam a pensar casar, e mesmo pelos outros que daí podem retirar muitas e importantes lições.

Querido Fisco
No meu casamento, que se realizou no dia ..., estiveram presentes 120 convidados: 89 adultos, 9 crianças e 2 bebés. A festa teve lugar na Quinta ... do meu padrinho Luís M. que me presenteou a boda ( as cópias dos talões do talho, da mercearia e da peixaria seguem em anexo).
A minha tia Alzira S., que é costureira, fez-me o vestido e não cobrou nadinha, mas gastei 60€ em tecidos, 34,5€ nas rendas e bordados e 18,75€ em linhas, botões e alfinetes. As meias e as ligas ficaram por 35€, conforme recibos que envio. O noivo usou o fato da Comunhão Solene com umas ligeiras alterações ( a Tia Alzira não cobrou nada).
O meu irmão foi o fotógrafo de serviço. Todas as fotografias foram enviadas aos convidados por e-mail , que imprimirão as que entenderem por sua conta.
Não foi alugada qualquer viatura. Eu fui na Charrete do Sr. José M., que andou comigo ao colo e é como um pai para mim. O Manuel ( o noivo) foi de mota: a mota dele que ainda está a acabar de pagar, conforme se comprova com documento.
As flores foram todas do jardim da minha avó Margarida e a minha prima Mariana F. que é uma moça muito prendada fez os arranjos.
A animação da festa esteve a cargo do irmão e dos primos do Manuel, que têm uma banda - os "Sempr'Abrir" que merecem ter sucesso.
Não pudemos aceitar nenhum dos presentes, uma vez que não vinham acompanhados dos recibos.
Os preservativos comprou-os o Manuel naquelas máquinas que estão longas horas ao Sol (porque é um rapaz muito introvertido), mas que não dão recibos, o que me permite escusar-me a revelar o seu número, não vá, daqui a alguns anos, lembrares-te de cobrar retroativamente uma taxa pelas que foram dadas na lua de mel.
Maria Julieta Silva Chibo
Manuel António Sousa Chibo

QUE NEURA

Se você pensa que o pior que pode acontecer á sua saúde depois de anos sentado à mesa do escritório é ficar com uma dorzinha na coluna, está enganado.
Segundo um estudo recente, a exposição de estresse crônico causa distúrbios como pressão alta, dor de estomago e até cegueira. Em casos mais graves, o estresse chega a ser fatal.
Vivenciamos hoje, neurose profissional, síndrome de esgotamento profissional, além do estresse; pós-traumático, como exemplo o gerente de banco que permaneceu como refém num assalto.
Em função destes problemas, as pessoas devem procurar ter atividades prazerosas durante o seu período de descanso, nunca esquecendo que devemos trabalhar para viver e não viver para trabalhar.

‘Rocha & Coelho’

QUANDO O AMOR VIRA AMIZADE… (2)

A paixão é maravilhosa, deliciosa, imperdível e desejável, mas como fogueira vai se apagando em seu devido tempo. Fogo demais queima, machuca, dói, destrói. Fogo de menos faz falta, deixa frio, escuro, desconfortável. É preciso acertar o tom, aceitar o ritmo, embriagar-se de labaredas na medida certa... e depois, aprender a manter acesas somente as brasas. Mas as crenças e os romances nos enganam; deixam no ar a ilusão de que podemos estar constante e ininterruptamente apaixonados, ardendo, como se o amor se resumisse a isso.
E assim, nos perdemos em desejos impossíveis. Acreditamos que falta algo nas relações duradouras. Simplesmente porque não aprendemos a apreciar a subtileza do amor. Ficamos presos e condenados à aflição que nos causa a paixão. E o fato é que ela acaba. Ela sempre acaba. É assim, não tem jeito. Mas a gente não aceita. Busca outra e outra, nos remetendo a um vazio que nunca poderá ser preenchido senão com a delicadeza do amor. Precisamos nos deixar apaziguar, mais cedo ou mais tarde. Geralmente mais tarde. Algumas vezes, bem mais tarde! Noutras, nunca, infelizmente. Por isso, antes de pôr fim a uma relação que tem mais sutileza do que ardência, que lhe provoca mais paz do que desejo, pense bem.
Não se deixe cair numa armadilha ardilosa e extremamente perigosa. Não estou, de forma alguma, subestimando a importância da paixão. Ela é necessária e imperdível. Contém em si o impulso da provocação, a coragem para a entrega. Sem ela não há inicio, não há motivação para o nascimento do amor. A paixão rompe a terra para deixar nascer o amor, em forma de fruto.
Desejo assim, que todos nós tenhamos a oportunidade de nos envolver nas chamas da paixão. Se preciso for, te arder, doer e aprender. Para depois, enfim, valorizar a calmaria do amor. Afinal, a paixão queima e machuca enquanto que o amor aquece e acolhe... e que você descubra e usufrua do segredo contido na relação que se torna mais parecida com a amizade e menos com a angustia das paixões.

‘Rosana Braga’

QUANDO O AMOR VIRA AMIZADE…

Creio que todo o casal, em algum momento da relação já se perguntou: “será que eu realmente mo esta pessoa ou estou com ela apenas porque já me acostumei?”
Ou seja, a dúvida parece reincidir sobre dois sentimentos que aparentemente exigem posturas diferentes: amor e amizade. Porém, creio que alguns conceitos necessitem de certa reflexão.
Se podemos nos apaixonar por um amigo, supomos que amizade e amor podem ter íntima correlação. Se podemos nos tornar amigos de quem amamos, a afirmação continua valendo. Isto é, podemos acrescentar amor à amizade e amizade ao amor.
Mas por que, em muitos casos, quando uma pessoa se questiona sobre o fato do amor ter-se tornado amizade, fica a impressão de que algo se perdeu? Fica a sensação de que falta alguma coisa, de que foi subtraído da relação o mais importante? Será?
Claro que buscamos o despertar de sentimentos peculiares quando decidimos nos entregar a uma relação amorosa. Paixão, excitação e palpitação não combinam com as relações que vivemos entre amigos. Espera-se que no ‘grande encontro’ haja mais do que a paz que pode ser encontrada num ombro companheiro.
Espera-se que haja desejo. Muito em. isso é verdade. Mas qual é o prazo de validade da paixão? Qual é a função desse fogo que parece nos consumir e nos movimentar no auge da sua envolvência. Será possível viver nesta ardência por toda a vida? Será construtivo?
O que quero dizer na verdade, é que a base de uma relação de amor, especialmente com o tempo, a dedicação e a construção de uma vida em comum, vai ganhando mais em amizade e permitindo que se apague, de forma saudável e necessária, o fogo da paixão. E é absolutamente preciso que seja assim, acredite!

‘Rosana Braga’

QUAL A ORIGEM DO DIA DAS MENTIRAS

Há muitas explicações para o dia 1 de Abril se ter transformado no Dia das mentiras ou Dia dos Bobos. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França. Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de Março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1 de Abril.
Em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, o Rei Carlos IX de França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de Janeiro. Alguns franceses resistiram á mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciava em 1 de Abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.
Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool’s Day ou Dia dos Tolos, na Itália e na França ele é chamado respectivamente pesce d’aprile e poisson d’avril, o que significa literalmente “peixe de abril”.

‘In: Correio da Paraíba’