sexta-feira, 30 de maio de 2008

TERRAS

A terra entre as mãos desperta a forma e a fome. Realiza a síntese e reserva o espaço ao vazio. Escorrer a terra escolhida na conquista e reconhecer na placa sobre a porta o nome antepassado. A terra sobre o corpo em mortalha e a batalha vencida ao cansaço da desistência: a indolência do corpo superficial da entrega. A terra morta: o abandono em ávidas carícias.

Pedro Du Bois

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI

(...) habitamos casas vegetais: nada perdura além de um vento seco e da morte periódica não há uma pedra que nos testemunhe, nem nós mesmos testemunhamos: deixamos que nos vejam e eles não se confrangem há uma soleira para cada dívida: não temos dúvidas nem certezas: nem isso temos esta é a porta por onde não passará: foram feitas assim as tuas portas, apenas símbolos de uma coisa aberta este é o teu gole quente para dormir com sede não terás a semente e estará vazia a tua rede entre dois paus, ao céu aberto armarás a espera e a esperança: não te pertence o céu e nem a caça te conhece: voltarás vazio ao teu terreno de aluvião no meio do mar que não existe que pena não terem marcado em teu flanco mesmo com fogo, um sinal de posse, que te deixasse possuir o duradouro das marcas de tua vida dos sonhos de tua morte!

Álvaro Pacheco

quinta-feira, 29 de maio de 2008

PERDER O SEU LATIM…

Expressão comumente utilizada para designar o trabalho improdutivo, a realização de esforço em vão, a arenga sem proveito algum, a perda de tempo. Até ao século XVIII, o latim era o idioma da comunicação dos mais letrados, e continua a ser a língua oficial do Vaticano – et pour cause... A propósito, perdre son latin é frase tradicional francesa que significa figurativamente, perder o seu tempo.
Maranne Mauer, numa obra da sua autoria destinada ao ensino da língua francesa, tem curiosa explicação para o berço da expressão, encampada por Raimundo Magalhães Jr. Ei-la.
Vitorioso numa batalha, o imperador Augusto regressa a Roma. No seu palácio, aparece um sujeito oferecendo-lhe um papagaio ensinado. O louro saúda o soberano:
“Salve César invicto!”
Encantado, o imperador paga alto preço por ele. Aí, surge outro, agora levando uma pega-azul. A bichinha exclama, diante do poderoso monarca:
“Salve, Augusto, glorioso vencedor!”
O imperador, duplamente impressionado, também compra a ave, novamente pagando boa maquia.
Um sapateiro esperto, sabendo dessas histórias, resolve investir no seu corvo, mas ele não aceita ir ao palácio, o sapateiro lamenta:
“Não adianta, estou perdendo o meu tempo e o meu latim”.
Mesmo assim, ele não desiste. Tanto faz que, afinal, o corvo aprende umas palavras lisonjeiras, e acaba por aceitar ir com o dono ao palácio. Recebido por Augusto, o sapateiro apresenta-lhe o seu corvo. o animal balbucia algumas sílabas, mas o imperador não está de bom humor:
“Chega de adulação! Não compro mais pássaro algum. Rua!”
Nesse instante, lembrando-se das palavras tantas vezes repetidas pelo desanimado sapateiro, o corvo crocita em alto e bom som:
“Não adianta, estou perdendo o meu tempo e o meu latim!”
Maravilhado com tamanha desenvoltura, Augusto ri e compra o corvo, por um preço ainda maior do que havia pago pelas outras aves.
É a tal história, lembrando o Chacrinha, Velho Guerreiro:
“Quem não se comunica se trumbica...”

‘Màrcio Cotrim’

AVENTURAS COM CHEIRO E GOSTO DE CINEMA

“Homens-aventura do passado e do presente: Errol Flynn vive o arqueiro em “As Aventuras de Robin Hood” (1938) e Hrrison Ford estrela em “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984). A Volta de Indiana Jones aos cinemas faz lembrar os grandes que já surgiram nas telas, ícones de gênero que faz o espectador sonhar que enfrenta grandes perigos em terras distantes”

Embora os amantes dos filmes ditos “de arte” acreditem que só valem as produções off-Hollywood, não há como negar: o gênero aventura tem cheiro e sabor de cinema. É através dele que o espectador é levado a terras distntes, enfrenta inimigos terríveis, desafios e perigos em mais ou menos duas horas de diversão. Comportando vários estilos, o gênero ganhou de volta o seu maior símbolo: o arqueólogo Indiana Jones, cujo quarto filme chegou recentemente aos cinemas.
Mas Geoge Lucas e Steven Spielberg criaram Indiana Jones já para resgatar a pura aventura no cinema: “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981), “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984) e “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989) – e agora, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” (2008) – procuraram resgatar o clima escapista dos seriados das matines nos cinemas dos anos 1930 e 1940 (do tipo – continua na próxima semana).
Como Indiana Jones, há outros heróis icônicos. O cinema logo prendeu a buscá-los na literatura: Zorro, Tarzan, Robin Hood, Os Três Mosqueteiros... Os filmes passavam-se nas ainda desconhecidas e misteriosas selvas africanas ou no século 18 no que se passou a chamar de capa – e - espada, em terra ou no mar (nos filmes de piratas). Podiam ser na Rom antiga, nos épicos de togas e sandálias.
Com a guerra fria nos anos 1960, foi a vez dos filmes de espionagem, do qual o maior representante é, claro, James Bond. Desde 1962, são 22 filmes e seis actores diferentes no papel de 007. é muito,mas ele ainda perde feio para o Rei das Selvas: Tarzan estrelou inacreditáveis 56 filmes, desde “Tarzan of ther Apes”, de 1918, interpretado por Elmo Lincoln.
Atualmente, o gênero vive a era dos super-herois, que começou com “Superman” o filme de 1978, mas só pegou mesmo com “Homem-Aranha” de 2002. E desde que “Rambo – Programado para Matar” (1982), inaugurou o filme de aço, este foi um subgênero que não parou mais.
A aventura também pode estar em dois gêneros aparentados: o faroeste e a ficção cientifica. Não fosse a ambientação, “Onde Começa o Inferno” (1959) ou a “Guerra das Estrelas” (1977) poderiam muito bem entrar nessa lista. No caso do filme de George Lucas, ainda mais: afinal, foi criado bebendo na mesma fonte que gerou Indiana Jones.

Os heróis das telas:

A Marca do Zorro (Fred Niblo – 1920)
O acrobático Douglas Fairbnks era o rei do cinema de aventuras na era muda. Zorro voltaria em 1940, na pele de Tyrone Power, e em 1998 na de António Banderas.

Tarzan, o Homem Macaco (W.S. Van Dyke – 1932)
O nadador Johnny Weissmuller interpretou Tarzan em 12 filmes, até 1948. Lex Barker em cinco (1949-1953), Gordon Scott em seis (1955 a 1960).

As Aventuras de Robin Hood (Michael Curtiz – 1938)
Errol Flynn está inesquecível como o arqueiro de Sherwood num grande cl´ssico, interpretado também por Kevin Costener, em 1991.

Uma Aventura na África (John Huston – 1951)
A equipa foi mesmo a África para filmar a história em que Humphrey Bogart é o barqueiro que ajuda na fuga da freira Katharine Hepburn.

007 Contra Golfinger (Guy Hamilton – 1964)
O terceiro da serie consagrou o personagem do espião e ainda é o melhor. Sean Connery fez seis filmes, Roger Moore sete, Pierce Brosnan quatro.

Os Três Mosqueteiros (Richard Lester – 1973)
O capa e espada é um grande subgênero e esta versão do romance de Alexandre Dumas é a melhor. Outra ótima é a de 1948, com Gene Kelly.

Supermn – Filme (Richard Donner – 1978)
Se hoje há vários filmes com super heróis, tudo começou com Christopher Reeve dando vida ao Superman. Finalmente as HQs eram levadas a serio no cinema.

Os Caçadores da Arca Perdida (Steven Spielberg – 1981)
As aventuras do arqueólogo Indiana Jones beberam na fonte dos antigos seriados em episódios dos anos 1930 e 1940. é um clássico definitivo.

O Senhor dos Anéis – A Sociedade de Anel (Peter Jackson – 2001)
Um mundo grandioso de aventura começa aqui e se prolonga por mis dois filmes emocionantes, baseados nos livros de J. R. R. Tolkien.

Piratas do Caribe – A Maldição do Perola Negra (Gore Verbinski – 2003)
Johnny Depp, com o seu Jack Sparrow, criou um tipo antológico no filme que revive os antigos filmes de piratas.

‘Trabalho com base em pesquisas realizadas por Renato Félix”

quarta-feira, 28 de maio de 2008

MEMORIA DE BIOGRAFIA ALHEIA

Não amei ninguém. Não me senti amado por ninguém. Reuni alguns resíduos de paixão o gosto de todas as alegrias o desencontro de todas as esquinas e a inutilidade de todas as palavras. E nada mais.

José Mário Rodrigues

NÓS E OS CRÍTICOS

Os críticos.
Por que um assunto tabu? Porque cabe aos escritores escreverem, aos leitores lerem, e aos críticos criticarem. Inverter esta esta escala seria, no mínimo, desaconselhável. Entretanto, praticamente todos os dias, recebo alguma correspondência eletrônica de gente que se sente pessoalmente atacada quando vê alguma coisa negativa sobre mim na imprensa.
Eu agradeço a solidariedade, mas explico que isso faz parte do jogo. Sou criticado desde que escrevi “O Alquimista” (o “Diário de um Mago” passou relativamente desapercebido da imprensa, exceto por reportagens que falavam do escritor, mas quase nunca se referiam ao conteúdo do livro).
Já vi muitos escritores terem sucesso gigantesco de público, mas ao receberem a inevitável lapidação da crítica, partem em duas direções. A primeira é não conseguir publicar mais nenhum livro: este foi o caso de “O Perfume”, de Patrick Suskind. Na época, o seu editor (que também é o meu editor na Alemanha) publicou duas páginas inteiras nos jornais locais – uma com a critica detestando o livro, e a outra com os livreiros dizendo que adoraram. O “O Perfume” se transformou em um dos maiores êxitos de livraria de todos os tempos. Em seguida, Suskind publicou uma coletânea, dois livros que tinha escrito antes do seu grande sucesso, e saiu de cena.
No segundo caso, os escritores ficam intimidados e tentam agradar á critica no próximo lançamento. Susanna Tamaro vinha de um gigantesco aplauso de público (e uma avalanche de ataques da critica) com “Vá aonde seu coração mandar”. Seu próximo livro, “Anima Mundi”, muito aguardado pelos leitores, trocou a poesia simples e maravilhosa do titulo anterior por uma complexidade que a fez perder os leitores fieis, e terminou sem agradar aos críticos.
O outro exemplo é Jostein Gaarder. “O Mundo de Sofia” conheceu um êxito planetário, porque era capaz de lidar com a história da filosofia de uma maneira direta e agradável. Mas nem os críticos, nem os filósofos gostaram disso. Gaarder começou a complicar a linguagem, e terminou sendo abandonado pelos leitores, embora continuasse sendo detestado pelos críticos.
Pelos vistos, nos parágrafos anteriores comecei a julgar também. Por que? Criticar é algo facílimo – difícil mesmo é escrever livros.
Em “O Zahir”, o personagem principal (um escritor brasileiro famoso) diz que é capaz de adivinhar exatamente o que será dito a respeito do seu novo livro, quase ainda está para sair:
“Mais uma vez, nos tempos tumultuados em que vivemos, o autor nos faz fugir da realidade”. “Frases curtas, estilo superficial”. “O autor descobriu o segredo do sucesso – marketing”.
Da mesma maneira que o personagem principal de “O Zahir”, eu não erro nunca. Fiz uma aposta com um jornalista, e acertei em cheio.
Termino esta coluna com uma frase do dramaturgo irlandês Brendan Behan:
“Críticos são como eunucos em um harém. Teoricamente eles sabem qual a melhor maneira de fazer, mas não conseguem ir além disso”.
Por favor, senhores críticos, façam como eu; não tomem a frase acima como uma ofensa pessoal.

‘Paulo Coelho’

O FUTURO PREFERIDO

Um barco à deriva chega a algum destino. Deixado à própria sorte, pode até mesmo aportar em um lugar interessante.
Na vida, no entanto, muitas vezes é preciso contrariar o vento para alcançar o futuro preferido. Tomar as rédeas da própria existência, tornando factíveis projetos pessoais e profissionais, requerer método, persistência e reflexão.

Rota de navegação:

- Confie nas suas possibilidades e ouse até ao limite possível.

- Escreva os seus propósitos, estabeleça prazos, faça lista de tarefas e mãos à obra.

- Tenha planos de longo, médio e curto prazo.

- Não se alcança o futuro preferido sozinho. Seja correto e integro e aglutine em torno de si pessoas que o ajudarão de bom grado.

Para realizar o futuro previsível ou escolhido, há que se fazer um esforço continuo, contrariando a rotina, a comodidade e a segurança. Para chegar mais longe é preciso olhar o horizonte, e não a ponta do pé.
Não há milagres para conseguir o futuro preferido, mas propósito, determinação, trabalho e técnica.

‘Rocha & Coelho’

OS GRILOS DO VIZINHO

O quintal do vizinho estava no maior escuro… Via-o da janela. A brisa que vinha de muito longe passava por lá e trazia o cheiro e os mistérios daquela noite. O quintal é grande, a casa bem recuada, e quase nunca tem gente. Parece que eles não são daqui, viajam muito.
Mas o quintal é bonito, apesar de rústico, meio abandonado. Vários coqueiros, mangueiras e mato nativo. Um paraíso para lagartixas, minhocas, pássaros e grilos. Os grilos sempre me chamaram mais à atenção. Fico pensando o que eles fazem durante o dia... ninguém os ouve, nem os vê. Só desencantam, aliás, só cantam à noite. Todo o filme de terror tem um fundo musical de grilos. Nada simboliza mais a noite do que eles.
Continuei na janela espiando a festa noturna do quintal do vizinho. A lua fuçava o ambiente, com as suas réstias, por entre as palhas de coqueiro. E graças à sua luz eu podia ver a silhueta do que havia no quintal. Um silencio gostoso, introspectivo, que só os grilos, não respeitavam. Era uma alegria danada. Que é que eles tanto conversavam? A impressão é de que havia outros personagens transitando na noite. Certamente passeavam as lagartixas, formigas, besouros, corujas... Corujas? Acho que não, elas não vivem em beira de praia.
Pensei em camundongos. Bem possível que eles estivessem por lá, assim como alguns sapos comendo muriçocas. Creio que a minha simpatia pelos sapos vai além da admiração por sua calma, sua maneira tranqüila de ser. Gosto deles porque comem mosquitos e muriçocas. Perdoem-me os ecologistas, mas não consigo simpatizar com as muriçocas...
Voltando aos grilos, estes sim, são encantadores. E cantadores, claro. E tem gente que é tão estressada que se ficar ouvindo o canto de um grilo não consegue dormir... capaz até de sir com um sapato na mão para esmagá-lo com o seu estresse. O estresse é fogo, atormenta e desfigura as pessoas.
De repente eles começaram a cantar com mais volume. Seria algum amigo que chegou para a noite? Que aliás, será que nesses sibilos no há algum meio de comunicação? Bem possível. Continuei na janela encantada. Mas que quintal bonito... meio selvagem. Os poucos tratos que seus donos lhe dispensaram até que lhes favorecem o aspecto silvestre. Lá em cima muitas estrelas miúdas brilhavam e pareciam também cantar como os grilos. Um canto de luz lá em cima e o dos grilos cá em baixo. Certamente esses grilos dialogavam sobre as novidades mais recentes, falavam de uma sapa que passava toda serelepe, ou de uma esperança que lhes causava inveja com a sua roupa toda verde...
Os passarinhos dormiam nos coqueiros... A lua já se afastava, o vento começou a soprar mais forte, e alguém me chamou lá dentro.
Dei a última espiada pela janela, e falei sem palavras:
“Adeus, grilos falantes! Continuem felizes. Aproveitem a vida!”

‘Germano Romero’

PORTICO

Com os meus amigos aprendi que o que dói às aves; não é o; serem atingidas, mas que, uma vez atingidas, o caçador não repare na sua queda.

Daniel Faria

PUTIN E O DINOSSAURO LOUCO

A estória chegou-me por mail, mas não resisto a reproduzi-la:

Putin foi a Cuba e ficou impressionado com o número de pessoas que usavam sapatos rotos, por isso, perguntou a Fidel Castro: “Por que é que ainda usam sapatos tão velhos, se já tiveram 48 anos de 'progresso' em Cuba... ?”
Fidel, todo chateado, respondeu-lhe com uma outra pergunta: “E na Rússia, não se passa o mesmo?... Vai-me dizer que lá, toda a gente tem sapatos novos, não?”
Então Putin convidou-o a ir à Rússia conferir e que se ele encontrasse um cidadão com um sapato roto, tinha autorização para matar essa pessoa ali mesmo!
Fidel Castro pega-lhe na palavra e decide ir a Moscovo... Quando desembarca, a primeira pessoa que vê, tinha calçados uns sapatos velhos e rotos, que mais pareciam ser do tempo do seu avô! Assim, sem hesitar nem titubear, Fidel Castro puxa da pistola e... pumba! Mata-o logo ali! No dia seguinte, os jornais noticiam:

BARBUDO MALUCO MATA
EMBAIXADOR DE CUBA
EM PLENO AEROPORTO

In: Certmente

QUIS ESCREVER

Quis que escrevesse um poema Sem importar-me aos traços imberbes Da alma minha, o destino. O papel, trêmulas as mãos Lancei de esperanças falsas Tomado, a escrever. O tempo em vão gastei; O papel manchei Sem nada entender. Erradas as mãos À empresa falida Não soube fazer.

Alberto da Cruz

SEGUE TEU DESTINO

Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.

Nuno Júdice

TRANSFORMAÇÃO...

Peixe na linha, rima de pescador. Encontro de águas e arco-íris. Rio quebrado nas voltas dos olhos, no piscar dos barcos, na manga de chuva. Perpetuado no mormaço da existência. Os olhos observam o ritmo: na rima quebrada de peixe fugido, na desalegria de morte escapada, na deselegância de mesa-objeto, sem pão. O rio continua no riso pálido do pescador extático, no hiato das culturas, na incontinência dos jovens poetas. Linha, água. Peixe, anzol. Pescador.

Francisco Perna Filho

UM ROSTO

Apenas uma coisa inteiramente transparente: o céu, e por baixo dele a linha obscura do horizonte nos teus olhos, que pude ver ainda através de pálpebras semicerradas, pestanas húmidas da geada matinal, uma névoa de palavras murmuradas num silêncio de hesitações. Há quanto tempo, tudo isto? Abro o armário onde o tempo antigo se enche de bolor e fungos; limpo os papéis, cartas que talvez nunca tenha lido até ao fim, foto- grafias cuja cor desaparece, substituindo os corpos por manchas vagas como aparições; e sinto, eu próprio, que uma parte da minha vida se apaga com esses restos.

Nuno Júdice

UMA REFLEXAO SOBRE O COMPORTAMENTO MASCULINO

Este é um tema que interessa a homens e mulheres, mas seria maravilhoso se os homens pudessem dispensar um pouco do seu precioso tempo para ler esta reflexão.
Nós mulheres (fala a autora do presente texto) achamos os homens maravilhosos. Eles nos completam, nos dão prazer, contribuem de forma imprescindível para a geração dos nossos filhos e alguns nos fazem conhecer o paraíso.
Não dá para pensar uma vida sem eles. Porém, eles estão nos entristecendo cada vez mais, e no estou me referindo aqui àquele típico sofrimento das perdas, dos abandonos, das rejeições e das traições, o que pretendo focalizar é a falta de sensibilidade e de percepção do “outro” (ou melhor, da outra), que tem acometido grande parte dos homens de forma expansiva. Estou falando da falta de elegância e cavalheirismo que parece ter atingido os homens de forma incomensurável.
Vejamos um comportamento atualmente comum, que expressa muito bem essa ausência de elegância e falta de sensibilidade: um homem convida você para sair, leva você a um restaurante, vocês jantam, tomam vinho e a atração que vai surgindo conduz para alguns beijos e carinhos.
Imediatamente ele começa a pensar que você está disponível para uma noite de amor e inicia uma investida incisiva, sem sutileza nenhuma, o que acaba lhe deixando constrangida. Sabemos que muitas mulheres consideram isso absolutamente normal e te gostam desse procedimento, mas outras, não.
E cabe o homem identificar essa diferença. Mas os “pobrezinhos” não estão conseguindo fazer isso e acabam se tornando homens absolutamente sem encanto para algumas mulheres. Entendemos que essa é a forma que a maioria deles costuma agir, e que funciona. Mas para certas mulheres esse comportamento representa a “mesmice”, todos agem assim. E nós estamos querendo sair dessa mesmice e encontrar um homem elegante e diferente. Vamos continuar torcendo para que esses seres maravilhosos e divinos, que são os homens, recuperem a razão, a sensibilidade, e afeto e a elegância, sem medo que o tratamento gentil seja confundido com compromisso.
Pois, o que queremos ardentemente é uma boa companhia e não necessariamente um casamento. Ser gentil e sensível não indica o caminho para o altar, apenas revela um homem especial.

‘Rosália Corrêa’

sábado, 24 de maio de 2008

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA – 3 – QUEM AGUENTA TUDO ISSO

E você deve cuidar das amizades, porque são uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo.
Todos os dias, tomando o cuidado de não cair na rotina.
Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução.
Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!
Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.
Beba o vinho, coma a maça e dê a banana na boca da sua mulher.
Ainda bem que somos crescidinhos, seno ainda teria um Danoninho e se sobrassem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maça, tenho que ir ao banheiro.
E já vou, levo um jornal...
Tchau...

‘Luis Fernando Verissimo’

EXIGÊNCIAS DA MIDA MODERNA - 2 – QUEM AGUENTA ISSO

Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada.
Só para comer, serão cerca de oito horas do dia.
E não se esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maça, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três horas, desde que você não pegue transito.
As estatísticas comprovam que assistimos a três horas de TV por dia.
Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).

‘Luís Fernando Verissimo’

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA - QUEM AGUENTA TUDO ISSO – 1

Dizem que todos os dias você deve comer uma maça por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir os diabetes.
Todos os dias se deve tomar ao menos dois litros de água.
E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão.
Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso
Um copo de cerveja, para... não me lembro bem para o que, mas faz bem.
O beneficio adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias; deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.

‘Luis Fernando Veríssimo’

O PLANETA E A CONSCIÊNCIA ECOLOÓGICA

Cientistas reunidos em Paris, no ano passado, alertaram a população mundial sobre o aquecimento global com a seguinte metáfora:
- O trem saiu dos trilhos, seguirá desgovernado pelos próximos séculos e a responsabilidade é do maquinista.
Lógico que o maquinista a que eles se referem é o ser humano, que é o culpado pelo fenômeno irreversível do efeito de estufa, isto por conta da falta de consciência ecológica que o leva a desperdiçar o nosso bem mais precioso: a água, jogar lixo em lugares impróprios, consumir sem responsabilidade, explorar a natureza de forma predatória e ainda aproveitar de forma errônea os seus recursos.
Até 2100, segundo o panorama mais otimista, a temperatura média anual da terra aumentará de 1,8 a 4 graus Celsius – uma alteração de 0,2 graus por década. O nível do mar subirá de 18 cm para 59 cm e deverá, dessa forma, contribuir com a formação de tempestades um pouco mais devastadoras do que as que temos tido até agora. A água dos oceanos continuará se elevando por séculos, mesmo depois da estabilização dos gazes do efeito estufa. O mais desalentador, nisso tudo, é que, se os seres humanos não colaborarem economizando energia, água e usando de forma consciente os recursos da natureza, o aquecimento global só aumentará e dentro de poucos nos haverá milhões de famintos e sedentos no mundo, pois até 2150, de 200 a 600 milhões de pessoas não terão mais acesso aos alimentos. O cientista Graeme Pearman – co-autor do estudo alerta: “Não podemos deter o fenômeno, pois agora é muito tarde para conter as mudanças climáticas, sabendo-se que, se os seres humanos não se conscientizarem e começarem a economizar, desde já, mais rápido ainda será o estrago”.
Os cientistas responsáveis pelo estudo consideram a próxima década decisiva para a humanidade, garantindo que se o homem se comprometer com a redução dos gases do efeito estufa, cada pessoa em particular e não só os donos de empresas poluentes, teremos como reduzir a magnitude das conseqüências nefastas. Esses estudiosos asseguram inclusive que a ajuda consciente de todos poderá te conter o deslocamento das chuvas da China, Austrália, África e América do Sul para o Hemisfério Norte. E como a emissão de gases do efeito estufa também afetar o sistema energético mundial, tornando-o mais caro e menos visível, a escassez de alimentos será a maior tragédia, pois precisamos da energia para produzir e transportar comida.
Gente, não quero mais consultar esse estudo tão forte e amedrontador, pois acho que as informações nele contidas já são suficientes para revigorar a nossa consciência ecológica e nos tornar mais dedicados à causa do planeta em que vivemos. Isto se quisermos garantir a viabilidade da vida para nós próprios e para as gerações vindouras.

‘Fátima Araujo’

UMA BOA CAMINHADA

Hum! Ao despertar a cada dia, é mais agradável acordar em um sábado, seja um sábado ensolarado, nublado ou até mesmo chuvoso (não importa) só de saber que não temos que nos deparar com as obrigações laborais, já é uma dádiva dos deuses.
Some-se a isso uma bela caminhada descontraída, principalmente logo pela manhã nos primeiros salpicados raios de sol que cintila na água azul do mar. Pois, é a forma mais simples de cuidar da saúde, a nossa riqueza maior. É boa para aliviar as tensões do dia (que nos aguarda) e ter uma mente mais saudável para sintonizar com as nossas ações profissionais.
Sou adepto da caminhada passeio que é descontraída, lenta, contemplativa e é saudável para a cabeça. Daí passo a imaginar, o quanto a vida real é um arco-íris, não o monótono preto-e-branco. Aos desavisados: a mente é para dar forma ao corpo. Impossível é que o corpo dê forma à mente.
Inarredavelmente nessa caminhada (papo vai, papo vem), colado à minha consorte, caminhamos pela vida analisando pessoas e situações, fazendo julgamentos sobre coisas e os que nos cercam.
Difícil, às vezes, monitorar a velocidade ou o ritmo dessa caminhada tranqüila perante os outros “caminheiros”, sem que não possa escutar indevidamente os seus segredos, os seus murmúrios, as suas queixas, os seus lamentos, etc.
Oxente, se seus amigos não te ouvem? Está se sentindo só? Não tem companhia para dar uma caminhada? Como diz o baiano:
- Se orienta, mermão!
Ora, os seus problemas acabaram! Depois do personal trainer e do personal stylist, um novo profissional batisado com o modismo do prefixo em inglês chega ao mercado para atender aos solitários de plantão: o personal friend (amigo de aluguer). Aviso: ano é de graça, paga-se!
Hoje, em tempos modernos. Estresse, transito, correria, insegurança, colesterol, triglicérides, etc; o que verdadeiramente incomoda é ser gordo, careca, baixinho, burro ou feio. Um monte de dinheiro só vai acrescentar o sufixo “rico” a estes perfis entao citados. Pode até remendar alguns problemas, mas uma conversa interessante ou abdome asarado sempre terá mais popularidade junto à sua cobiçada clientela.
Perguntaram ao Dalai Lama...
O que mais te surpreende na humanidade?
E ele respondeu:
“Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.”
Ademais se o seu “aborrescente” anda aborrecido e aborrecendo além da conta, talvez seja o caso de procurar ajuda através de uma boa... boa caminhada!!!
Assim é o fascínio que esta atividade física nos trás, além da saúde, captando emoções e se deixando contagiar, e que o resto vá para a tonga da mironga do kubeletê. Sarava!!!

‘Lincoln Cartaxo de Lira’

terça-feira, 20 de maio de 2008

O MISTÉRIO DO ISOMORFISMO QUÂNTICO

A ciência está apenas começando a dissecar este fenômeno, mas a sua existência já foi comprovada de forma indubitável. As primeiras pistas a seu respeito surgiram em certos laboratórios experimentais de Física Quântica. As experiências consistem, basicamente, em criar em diferentes partes do laboratório (ou mesmo em laboratórios distantes, por exemplo, em paises diferentes) aquilo que os cientistas chamam de “espelhos topológicos”: micro-regiões do espaço às quais são impostas as mesmas condições eletro-magnéticas, gravitacionais, etc. Ou seja; são dois espaços praticamente iguais um ao outro, só que situados a quilômetros de distância.
Os experimentadores descobriram que quando uma partícula (por exemplo, um elétron) desaparece num desses espaços, uma partícula semelhante surge no outro, ao mesmo tempo – como se os dois espaços estivessem em comunicação entre si (o que em termos da Física Clássica é impossível) e o segundo fosse uma continuidade do primeiro. Daí a expressão “espelho topológico”, que aliás é inexata, porque na verdade o segundo espaço não é um mero reflexo do outro, é uma cópia igual ao original, um clone, uma duplicação.
Isto leva a crer que existe, no nosso Universo, uma tendência de que dois espaços “iguais” fiquem instantaneamente unidos a partir do instante em que o segundo se produz. Não se sabe como essa união é feita, porque tais espaços podem estar separados por milhões de quilômetros, mas tudo que se fizer acontecer num deles também acontece no outro, sem que haja tempo para qualquer sinal, qualquer “aviso” ser transmitido de “A” para “B”. Lembrem-se que a velocidade da luz é a velocidade máxima do Universo, e em distâncias muito grandes mesmo a Luz leva horas, dias, anos para chegar.
A conseqüência prática mais estarrecedora desse paradoxo é o fato – só percebido nas últimas décadas – de que essa comunicação também se dá entre espaços isomórficos situados no mundo “macro”, como o chamam os cientistas: o mundo dos objetos e das pessoas, o mundo em que vivemos. Os primeiros indícios foram percebidos em shopping centers, que como se sabe, são todos construídos segundo modelos limitados e idênticos. Ao que parece, a arquitetura dos shoppings tende a criar essa estrutura de espaços rigorosamente iguais, onde os fenômenos são submetidos `s mesmas forças eletromagnéticas, gravitacionais, etc. como no nosso mundo os objetos são maiores, os fenômenos são mais difíceis de se repetir. Ms já há registros inequívocos de que pessoas que entraram num Shopping em Recife emergiram, segundos depois, num ponto idêntico de um shopping em São Paulo, e assim por diante. Há pelo menos um caso confirmado de teletransporte internacional, de uma senhora de Dallas (Texas) encontrada em 2006 no Shopping Iguatemi, de Campina Grande, sem saber como foi parar ali. São novas e excitantes descobertas da ciência, sobre as quais aguardamos, ansiosamente, maiores informações.

‘Braulio Tavares’

KEFIHA

Escuta-me o silêncio, tímpano oceânico e sentinela obscuro dos que ao relento armadilham as criaturas da alvorada, o eco de um sussurro que vem de um lugar onde o sacrifício não foi suficiente para aplacar a ira das entidades fantásticas que dominam o voo nocturno das paixões e a harmoniosa elasticidade dos mastins; escuta-me o silêncio, tu que podes ainda perdoar e retroceder, tu que esperas a nossa rendição incondicional, tu a quem pedimos para exercer a roda do destino a nosso favor sem que nos queiras atender, misericórdia sem misericórdia pelos que vão lacerados por uma culpa que lhes não pertence, malditos inflamados pelo baptismo de guerra que nos foi concedido, furor preso à cintura como o sabre dos que nos executam e que por interposição do nosso nome recebem o oiro por que jamais nos venderemos – escuta-me o silêncio, escuta-nos, porque há um nome definitivo que nos espera, uma pedra cintilante e um cântico magnânimo no fluxo mágico da terra e no derradeiro sol da angústia dos que procuram a estrela ignorada, o astro impossível que se oculta no obsessivo mistério da nossa solidão desesperada.

Amadeu Baptista

segunda-feira, 19 de maio de 2008

FALSO BRILHANTE

Deixo ir embora o sentimento falso brilhante estressado de noites mal acordadas em ciúmes crises crimes acontecidos onde os olhos postos adivinham acreditam na hora esperada dos lamentos a perda: o sentimento recolhido em folhas perdidas de invólucros remetidos sem destinatário.

Pedro Du Bois

FABULA ANTIGA

No princípio do mundo o Amor não era cego; Via mesmo através da escuridão cerrada Com pupilas de Lince em olhos de Morcego. Mas um dia, brincando, a Demência, irritada, Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou; Foi a Demência logo às feras condenada, Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou. A Demência ficou apenas obrigada A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou, Como um pobre que leva um cego pela estrada. Unidos desde então por invisíveis laços Quando a Amor empreende a mais simples jornada, Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.

António Feijó

BOLHAS

Num aquário pequeno, exposto à venda,
um peixe solitário, dentre as folhas,
de boca aberta ia soltando bolhas
e dessas bolhas cosicando renda.

De quando em vez fazia a corrigenda
d’algumas bolhas falhas e pimpolhas
e de outras bolhas atentava escolhas
das bolhas para encaixe e para emenda.

A visão desse peixe solitário
entre bolhas do nada é o cenário
do mundo solitário de mim mesmo.

A vida, para mim, é imenso aquário
onde tudo o que sonho é um estuário
de bolhas de ilusões, soltas a esmo.

‘Ronaldo Cunha Lima’

A MEU FAVOR

A meu favor; tenho o verde secreto dos teus olhos Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor O tapete que vai partir para o infinito esta noite ou uma noite qualquer A meu favor As paredes que insultam devagar Certo refúgio acima do murmúrio Que da vida corrente teime em vir O barco escondido pela folhagem O jardim onde tudo recomeça.

Alexandre O'Neill

sábado, 17 de maio de 2008

SE EU DEIXASSE

Se eu deixasse
algum presente a você,
deixaria aceso o sentimento de amar
a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo
o que foi ensinado pelo tempo afora.
Lembraria os erros que foram cometidos
para que não mais se repetissem.

Deixaria para você, se houvesse o
respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão; o trabalho.
Além do trabalho; a ação.
E quando tudo mais faltasse, um segredo:
o de buscar no interior de si mesmo a resposta
e a força para encontrar a saída.

( Gandhi)

O MISTÉRIO DAS LIVRARIAS

Não há lugar em que eu entre com mais reverencia e respeito do que numa livraria. Acho que até mais do que numa igreja. Sim, porque independente de crenças, os templos inspiram acatamento, sejam de qualquer religião. Afinal, assim como a beira de um mar ou de um rio, uma majestosa montanha, os altares, os santuários tudo o que convida à instrospecção provoca uma grave sensação. Um hiato de paz, de lembrança das coisas eternas.
Mas, as livrarias guardam um sublime clima de mistério e respeito. Tão diferente de uma loja de carnes, um açougue, uma farmácia, ou um supermercado...
Nas livrarias a gente sente uma energia diferente. Quantos segredos estão ali guardados naqueles livros. Quanta fantasia, quantas confissões, confidencias, desabafos, mentiras e sinceridades, enfim, parece que o pensamento humano está todo ali entesourado. E claro que está. A história, a ciência, a filosofia, tudo acomodado dentro daqueles volumes.
As lojas de livros são geralmente silenciosas, e as pessoas que nelas trabalham nos dão a impressão que também são afeitas à leitura. E por isso, decerto, mais educadas. As grandes e modernas são aconchegantes, têm espaços de estar, recantos de leitura, e até cafés. A gente fica sem saber por onde começar.
Transitando ao léu, por um dos corredores com livros de um lado e de outro, comecei a sentir que eles exibiam um desejo de serem vistos, tocados, puxados da prateleira. Quem sabe até uns não ficam com inveja de outros que costumam “sair” com mais freqüência. E lá vinha uma senhora graúda, toda enfeitada, com brincos e colar, o perfume chegando primeiro. Foi então que ouvi dois livros de filosofia comentarem um para o outro:
“esta certamente não nos vai puxar... Vai passar direto para o café ou para a ala da culinária”.
Os de religião, apesar de ficarem na mesma seção, não se questionaram. Seguem à risca o conselho de que “gosto e religião não se discutem”. O máximo que podem ter é algum sentimento de superioridade. Os compêndios budistas, por exemplo, devem pensar que, por serem vestustos, merecem mais respeito. Pensei escutar até a Bíblia falando ao “Top Te Ching”, apontando para o Livro dos Espíritos , de Kardec:
“aquele fedelho, que tem pouco mais de cem anos, já está se julgando o tal!... E até que ele é procurado, viu?” Mas, o “Tão”, que também se sente o tal, amenizou o despeito dizendo: Deixa ele... é bom que venham as novidades. Assim, nós que já temos milênios de idade, vamos sempre ver gente nova por aqui...
Dobrei a esquina e entrei na ala de literatura universal. Ali estavam Dante, Shakespeare, Goethe, Nietzsche, Tommas Mann, Dostoiewsky, todos extremamente bem vestidos. É um respeitável corredor. Quanta influencia eles causaram e ainda causam à humanidade.
Mas, já era hora de sair. Acenei mentalmente para os livros, e comunguei mais uma vez com silenciosa reverencia àquele espaço mágico. Tão mágico como a vida que me esperava lá fora...

‘Germano Romero’

O JOGO DAS CONTAS DE VIDRO

Qual alvo tisne, a lua tinge a noite em tons argênteos, grises, plúmbeos, brancos. A escuridão se esquina e cinge os flancos, mal traçando o recanto em que se acoite. O luar, com mãos de seda, audácia e zelo, retira à noite o véu que a cobre espúrio; e ilumina, de lilás a purpúreo, tudo o que ao sol vai do azul ao vermelho. À lua, o chão rural é mais bucólico e o mundo urbano é um tanto mais insólito do que revelam ser à luz do sol? Talvez... Assim, qual lua, sem luz própria, do corpo da poesia o poeta é cópia — sinal especulado do farol.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

MEMÓRIA LONGÍNQUA

Rosário de contas, se tendes de vos romper, rompei-vos; se tendes de durar, a minha resistência enfraquecerá. Vi apenas a sua sombra no Rio das Abluções, mas ele não tem coração e eu sofro com a minha dor. Quando olho à minha volta, no silêncio que antecede a aurora, a noite ainda é escura, perturbada por sonhos.

Shikishi

E QUANDO CHOVE…

A cidade amanhece debaixo de um céu borrado de tintas magoadas que escorrem do outro lado do planeta. É o mundo que não consegue reprimir o pranto olhando para dentro de si mesmo.
Chove sem tréguas neste lugar por demais marejado, que o sol em sua tabuada de luz, parece ter refugado além da conta.
Em cada vidraça, goteja um arabesco de desgostos desenhado de mil formas diferentes.
Na cidade, as chuvas costumam ser mesmo tristes. O chumbo derretido das nuvens, desce do alto para se juntar às tragédias empoçadas sobre o leito da terra e acabam estagnadas em boqueirões de tristezas profundas.
Nas terras altas do Karawa-Tã é diferente. Quando a natureza faz tenção de chuva, eles dizem por lá:
- Está bonito pra chover...
E chove bonito sobre a pelagem dos marmeleiros, encharcando a curva dos outeiros com a mesma languidez da chita molhada sobre o colo das moças donzelas que sequer tiveram tempo ainda de desabrochar.
A terra toda se aveluda.
E precisava? O que ela queria mesmo em sua alma vegetal era mesmo se desnudar de corpo inteiro, para se oferecer melhor às caricias do vento e da chuva.
É assim por lá.
No desalinho destes arruados cheirando a musgo molhado e ao que restou dos velhos quintais abandonados ao pisoteio das folhas mortas, as enxurradas afogam os gostos mais antigos, justamente aqueles que nunca aprenderam a nadar.
As pessoas acabam descobrindo recados clandestinos ainda mais tristes o enxergar o mundo através dessas vidraças por onde escorrem e se escrevem o lacrimejar dos destinos mal traçados pela caligrafia da chuva nos cristais insondáveis da vida.
E nas entrelinhas dos dizeres da chuva começam logo a surgir o que nem sempre as lembranças são capazes de lembrar na solidão dos sítios da memória.
Finda a gente exumando aqueles velhos papéis desbotados que jaziam no mausoléu das gavetas condenadas, embalsamados em dores que doem mais quando expostas à lousa fria das saudades.
Ah, como chove triste nos arruados desalinhados desta vida...

‘Luiz Augusto Crispim’

THE WORD

I never hear the word "escape" Without a quicker blood, A sudden expectation A flying attitude! I never hear of prisons broad By soldiers battered down, But I tug childish at my bars Only to fail again!

Emily Dickinson

DO INFINITO

Vagar pelos rastros da estrelas contigo ser impossível debulhando os grãos do Tempo pelos prados da graça atrelados à cauda da brisa sideral os olhos colorindo os espaços virgens desdobrando lâminas de eternidades recompondo os séculos acumulados na ordem plácida da alma sem partida nem chegada sem saber como os deuses não iniciados matéria florindo o instinto corpos apenas corpos ondulantes na lentidão sagrada da harmonia.

R. Roldan-Roldan

TESTAMENTO

Sou também um livro que levantou dos teus olhos deitados. Em tudo o que riscavas, queria um testamento. Assim recolhia os insetos de tua matança, o alfabeto abatido nas margens. Folheava os textos, contornando as pedras de tuas anotações. Retraído, como um arquipélago nas fronteiras azuis. Desnorteado, como um cão entre a velocidade e os carros. Descia o barranco úmido de tua letra, premeditando os tropeços. Sublinhavas de caneta, visceral, impaciente com o orvalho, a fúria em devorar as idéias, cortar as linhas em estacas da cruz, marcá-las com a estada. Tua pontuação delgada, um oceano na fruta branca. Pretendias impressionar o futuro com a precocidade. A mãe remava em tua devastação, percorria os parágrafos a lápis. O grafite dela, fino, uma agulha cerzindo a moldura marfim. Calma e cordata, sentava no meio-fio da tinta, descansando a fogueira das folhas e grilos. Cheguei tarde para a ceia. Preparava o jantar com as sobras do almoço. Lia o que lias, lia o que a mãe lia. Era o último a sair da luz.

Fabrício Carpinejar

SENTIMENTO

Tudo que me alegra me entristece Nesta teia de conversas e dispersos O rosto do amigo é inconstante A ferida do tempo me consome Some o olhar por onde passa Não deixa marca nem abraço Rastro de saudade Qualquer laço Fere o sonho tal retrato Cai a chuva a pétala a tez São soluços de outono Carmins nativos violados.

Cida Sepúlveda

REINÍCIOS

Reiniciados tempos onde nos escondemos dos encontros atrasados era para termos voltado e a casa ainda está fechada em retornos surpresas delimitam os sonhos em atos encenados de operetas ligeiras através das nuvens escuras das saudades reencontrar é o termo correto esboçado no gesto com que a mão descansa no ombro do amigo ruas não resolvidas em distâncias maiores que as fortunas acumuladas desfrutadas em fragmentos, o quase nada das pedras colocadas de forma estéril reafirmamos os votos da juventude e nos voltamos ao futuro indelével dos planos ultrapassados arcabouços não completados no desenrolar silencioso das águas passadas ultrapassamos os tempos de cuidados e somos deixados em cantos onde nos espreitam espíritos menores alçamos vôo e nos acomodamos na fria aragem trazida pela corrente onde os elos prendem passados inúteis nos acompanham sombras e imagens retalhadas do que não esquecemos estrearemos novas faces esplendorosa em máscaras deslocada sobre o rosto prontos ao delírio dos animais sedentos a fome nos fará destino encurralado entre quatro paredes reafirmamos votos de beleza e a pobreza como esteta apura a lâmina em que se opõe o resto restará o perfume desses anos atribulados em vidas necessárias na solidão em que nos encontramos nos reconheceremos pelas vozes e nos diremos graças:lamentos divididos em justas porções igualitárias cada um terá direito ao quinhão dos enredados fatos não acontecidos do que houve residirão os dias futuros e as visões se farão largas no pouco que restar da vista.

Pedro Du Bois

P DE PALAVRA E DE PEDRA

Palavras às vezes pesam como pedras ferem a boca como pedra que se mastiga. Agudas, acertam rápidas como pedras dirigidas esfriam como pedras frias na boca ressentida pensam e pedram como pedras no caminho.

Ieda Estergilda

O RASTO DE LUZIA

A voz dela no silêncio foi numa manhã com pardais e penitências. Havia uma bulha de crianças, um carro de polícia rondando as cercanias. Veio do sonho pôr termo ao sono; em vigília, os mártires sangravam no horizonte, feito constelação em junho. Algo nela supliciava uma antiga chaga, disfarçava uma vocação para espantalho; o batom muito doido que ela usava ou seu perfume desviava minha inclinação para lides de padres. Um treco inefável nela me fazia grande, chamava-me para a vida possível com seus andrajos e suas belezas, a voz de Deus e seus desafios, o trem de carga, o combate, a fuligem, a mesa com moscas e bibelôs orientais. Era bonita como fogo de obus, bela como as intenções do alferes. Foi nácar para os olhos moribundos, sândalo nas narinas dos desesperados. Numa esquina, melhorou os acordes que um diabo dedilhava numa viola velha. Para estar apta para gozo como ela uma menina verteu. Talvez fosse Marisa, sua presença ameaçasse a verdade da morte e do ódio com poderes de fada, fogo, furor, brisa. Segui seu rasto por nove trilhas; nove vezes chamei seu nome. Perdi-a Sua presença aqui veste-se de dor. Faz sentido.

Erorci Santana

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O SILENCIO E AS PALAVRAS

“Poucas pessoas se dão conta de como a sabedoria e prudência têm as suas raízes no silencio”

Não é por acaso que o dito popular eternizou o celebre provérbio:
“Quem muito fala, muito erra”.
Com certeza, saber ficar calado, quando o silencio é estratégico, é condição ‘sine qua non’, para uma vida melhor.
De todos os órgãos do corpo humano, a língua é um dos menores, muito lembrada quando o assunto é degustação de uma boa comida ou os beijos de uma forte paixão. Mas a língua é mais do que sensibilidade, ela é força de vida ou de morte..
Manter o silêncio não implica uma postura de passividade diante da vida, e nem das pessoas. Não é abrir mão dos seus direitos escondendo o medo atrás de um silencio patológico. Saber calar, neste contexto, é a arte de saber viver.
A vida e a morte podem estar na ponta da língua.

‘Estevam Fernandes de Oliveira’

quarta-feira, 14 de maio de 2008

VENERANDO A NOITE

Canto do povo de um lugar

Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia
Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde
Quando a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite

Caetano Veloso

TUDO O QUE NÃO É PANTANO

Sutilíssimo eterno que habita
minhas saletas interiores
onde trago o tempo guardado
noturno e resignado
sutilíssimo eterno interior
que como um tálamo é
em minha alma limpa e sofrida
como água dormida em pedra
que eterna seiva alimenta
este tempo em mim retido
plumagem livre de flor
forma exata imperecível
sinto-te assim como um trunfo
branda coroa do eterno
além das nuvens, das águas
ouço o teu metal desperto
se existes no ser completo
na cinza móvel das sombras
por que retiras de mim
tudo o que em mim não é pântano?

César Leal

TERRA FEITA DE CÉU

A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa

SONATA PARA IR À LUA

Desnudo já me dou de mim doendo
na doação das folhas da floresta
que vão caindo sem saber-se sendo
pedaços de nós na noite deserta
A lua imponderável vai ardendo
cúmplice em nossa luz de fogo e festa
Meus braços são dois galhos te dizendo
que o forte às vezes treme em sua aresta
Esta outra face frágil de aparência
que só aos puros é dado conhecer
no abraço da paixão e sua ardência
Mesmo cego de mim eu pude ver
e sentir no teu beijo a clara essência
que faz do nosso amor raro prazer

Aníbal Beça

SOL DE NUVEM

"Outros olhos e os mesmos: o amor
diverso e idêntico no azul do peito."
Ruy Espinheira Filho

Nenhum olhar havia em teu olhar
que não fosse de nuvens sobre o Sol.
Um sol incógnito entre nuvens – tu,
depois que tudo passa, permaneces.
Enquanto multidões que te soterram
revolvem-se à procura de si mesmas,
eu cismo num torrão de balaustrada
o castelo de nuvens que desejo:
um soldado de chumbo, um potro alado,
um cisne arisco, um quase girassol
na solidão do campo de narcisos.
Qualquer céu é lembrança de teu beijo.
As nuvens se dispersam, todo o azul
revela o Sol em ti. Mas tu és nuvem.

Luís Antonio Cajazeira Ramos

SEPULTURA

Do latim sepultura, enterro, cova. Se, por um lado, a morte sempre foi uma certeza para o ser humano, o que acontece depois dela é e sempre será um mistério até hoje indecifrado. Céu, infinito, purgatório, reencarnação e milhares de outras possibilidades que, ao mesmo tempo nos fascinam e aterrorizam. O homem primitivo tinha tanto pavor de que os mortos voltassem que, além de enterrar os corpos, às vezes também os cremava. Com o passar dos séculos, começou a usar um caixão com tampa bem lacrada para assegurar que a alma ficaria ali, quietinha. Hoje há respeito ao falecido e feitas honrarias, especialmente no caso de pessoas importantes, e certo consenso de que a morte é apenas uma passagem. Diz-se popularmente que desta para melhor, mas será a melhor para todos, até para os tiranos e os crápulas nesta vida? Seja como for, os mortos são geralmente homenageados em suas sepulturas, alguns com lápides rebuscadas e até bem criativas. Millôr segure as seguintes opções para a sua: “Não contem mais comigo” ou “Eis aqui os meus ossos esperando pelos vossos”. Já a do saudoso Fernando Sabino recebeu os seguintes dizeres: “Aqui jaz Fernando Sabino, aquele que nasceu homem e morreu menino...”

‘Márcio Cotrim’

RELATO DE UMA VIRGEM EM SEX SHOPS

Quando a virgindade é um estado de alma, desflorá-la obriga a ponderação - abrir brechas nos redutos de inocência envolve custos e benefícios. Num pós-lua-de-mel em Paris, comi, pela primeira vez, couscous magrebinos. Fosse pelas unhas do funcionário que tomei por encardidas, ou pela decadência no Bairro de Saint-Denis, vomitei couscous, sobremesa e nojo. Atravessei, sonâmbula e enjoada, as ruas sem sono de uma Paris de néons e farrapos que excluíra nas passagens anteriores. Do Cancan e da ambiência retro do Moulin Rouge, somente conhecia a La Goulue pintada por Toulouse-Lautrec. Lembro a perfeição dos corpos e gestos das bailarinas dali e do Lido; confirmaram a feminilidade sedutora como questão de atitude. Visita de estudo cujos ensinamentos a menina-mulher gravou. Perdida foi a virgindade em couscous e na venda das peças de carne penduradas em saltos.

Vagabundei no Bairro Vermelho em Amsterdão onde as montras mais as lojas de brinquedos adultos pasmam a carneirada turística. Emocionalmente foi inócuo, após o tumulto do espírito por cada degrau subido na casa de Anne Frank. Aqui, rasguei a virgindade na percepção vívida do Holocausto. Anos e desflorações posteriores, a minha alma, ou o que dela fizer a vez, sangrou na aldeia mártir de Oradour-sur-Glane. A memória do cerco das SS permanece incrustada no interior da igreja que testemunhou, impotente, a morte de 452 mulheres e crianças. Nos celeiros, 190 homens foram fuzilados por dois pelotões nazis. Sobra o esqueleto carbonizado de um vilarejo rural.

Talvez pelos abanões experimentados nalgumas perdas de virgindade, a cautela filtra a infinita curiosidade pelo novo. Um exterior inusitado, a lembrar comércio londrino, deteve os passos. Sólida madeira protegida com cera, montra recolhida e porta campainhada. Fosse pela curiosidade ou pela companhia, rodaram as dobradiças. No interior, há almíscar no aroma, bom gosto e silêncio. As madeiras continuam. Alinhadas nas prateleiras, as vitualhas que, presumo, costumadas. Embasbaquei perante os milagres consentidos pelos polímeros e a diversidade das fontes de prazer humanas. Embeveci com os corpetes e a originalidade das meias ditas de vidro. Deplorei a imagem das bonecas vazias espalmadas na embalagem. Havia tules feminis há muito procurados. Comprei. Dois pares de meias vieram. Um corpete de cetim, que o século dezoito não desdenharia, piscara o olho desde a entrada. Não cometi a desfeita de o abandonar pendurado. Papel reciclado como matéria do saco-embrulho. Espiga atada com ráfia honrou o dia que a comemorava.

Um objecto é, em si mesmo, inocente. A obscenidade está nos espíritos e nos actos que os preconceitos, a perversidade ou a cobardia toldam.

‘Teresa Castro’

PROVENIÊNCIA

Venho de Elêusis a inefável
onde o arco de Hélios
Me revelou em sonho o rosto de Perséfone
No relastérion
Essa presença esquiva espero agora
Sem cessar sou jovem
A beleza persigo na terra com ardor
Das coisas feitas apenas sei
O que a um deus
Presságio algum proibe
Das coisas ditas o que a ouro debruam
As paisagens
Enquanto Perséfone escrutina
O trevo e a morte

Vergílio Alberto Vieira

PRIMAVERA

Vem, Primavera! Abre o sendal de flores na terra,
Estende o pálio azul no espaço,
lava num beijo o firmamento baço,
traz a magia das luzes e das cores!
Com teus perfumes entontecedores, aromatiza as balsas.
Passo a passo acorda os ninhos
e de teu regaço
lança a mãos plenas rosas, esplendores.
A natureza em júbilo te espera:
aclamando-te os pássaros bisonhos
já se põem a cantar, Mãe da quimera.
E em minh'alma, entre frêmitos risonhos,
em febril disparada,
ó Primavera,
passa a galope o batalhão dos sonhos...

Mário de Lima

O VENTO, A NOITE

Entristece
a tua tristeza — e canta
(os ombros modulam o vento
modulam a noite
a soberana voz
dos horizontes)
entristece
a tua tristeza
— e canta

Zetho Cunha Gonçalves

O PODER DOS PENSAMENTOS – 3

Os pensamentos negativos, de preocupação e medo, envenenam a vida, destroem a harmonia, a vitalidade, a eficiência. Enquanto que os pensamentos opostos de alegria e coragem, de bom humor, acalmam em vez de irritar, curam, produzem mais criatividade e eficiência.
Aprenda e desenvolva o hábito de estar sempre de bom humor. Sorria mais. Ria mais. Treine rir e sorrir para o espelho, enquanto toma banho, dirige o carro ou digita no seu computador. O sorriso envia para o cérebro uma mensagem que tudo está bem e isto aumenta a seratonina no cérebro, produzindo um estado de bem-estar e as células soldado do corpo passam a defendê-lo melhor, aumentando a imunidade contra doenças.
O pensamento exerce influencia sobre o corpo. A tristeza na mente enfraquece o corpo. O corpo também influencia a mente. O corpo são torna a mente sã. Se o corpo é forte e saudável, a mente também é forte e saudável. Quando o corpo está doente, a mente também adoece. Daí a grande importância de cuidar do corpo e da mente.
Ataques de raiva, de mau humor espalham toxinas, produtos químicos venenosos no sangue, suprimem a secreção dos sucos gástricos, a bílis, nos canis digestivos, esgotam a energia e vitalidade, encurtam a vida e provocam velice prematura.

‘Brígida Brito’

O ACTOR DE ESCREVER - CANETA E PALAVRA

A caneta:

Toda a energia do pensamento termina por se manifestar na pena de uma caneta. Claro, podemos aqui substituir esta palavra por esferográfica, teclado de computador, lápis, mas é verdade?
Voltemos ao tema: a palavra termina por condensar uma idéia.
O papel é apenas um suporte para esta idéia.
Mas a caneta permanecerá sempre com você, e é preciso saber como utilizá-la.
São necessários períodos de inação – uma caneta que sempre está escrevendo, termina por perder a consciência do que faz. Portanto, deixe-a repousar sempre que possível, e preocupe-se em viver e encontrar os seus amigos. Quando você volta ao oficio da escrita, encontrará uma caneta contente, com uma força intacta.
A caneta não tem consciência: ela é um prolongamento da mao e do desejo do escritor. Serve para destruir reputações, fazer sonhar, transmitir noticias, desenhar lindas frases de amor. Portanto, seja sempre claro em suas intenções.
A mão é o lugar onde todos os músculos do corpo, todas as intenções daquele que escreve, todo o esforço para dividir o que sente está concentrado. Não é apenas uma parte do seu braço, mas uma extensão do seu pensamento. Toque a sua caneta com o mesmo respeito que um violinista tem pelo seu instrumento.

A palavra:

A palavra é a intenção final de qualquer pessoa que deseja dividir algo com o seu semelhante.
William Blake dizia:
Tudo o que escrevemos é fruto da memória ou do desconhecido. Se eu tiver uma sugestão a dar, respeite o desconhecido, e busque nele a sua fonte de inspiração. As histórias e os fatos permanecem os mesmos, mas quando você abre uma porta no seu inconsciente, e deixa-se guiar pela inspiração, verá que a maneira de descrever o que viveu ou sonhou é sempre muito mais rica quando o seu inconsciente está guiando a caneta.
Cada palavra deixa em seu coração uma lembrança – e é a soma destas lembranças que formam as palaras, os parágrafos, os livros.
Palavras são flexíveis como a ponta da pena da sua caneta, e entendem os sinais do caminho. Frases não hesitam em mudar de curso quando descobrem, quando vislumbram uma oportunidade melhor.
Palavras têm a qualidade da água: contornam rochas adaptando-se ao leito do rio, às vezes transformam-se em lago até que a depressão esteja cheia e possa continuar o seu caminho.
Porque a palavra, quando escrita com sentimentos e alma, não esquece sue o seu destino é o oceano de um texto, e mais cedo ou mais tarde deverá chegar até ele.

‘Paulo Coelho’

MY INNER LIFE

'Tis true my garments threadbare are,
And sorry poor I seem;
But inly I am richer far
Than any poet's dream.
For I've a hidden life no one
Can ever hope to see;
A sacred sanctuary none
May share with me.

Aloof I stand from out the strife,
Within my heart a song;
By virtue of my inner life
I to myself belong.
Against man-ruling I rebel,
Yet do not fear defeat,
For to my secret citadel
I may retreat.
Oh you who have an inner life
Beyond this dismal day
With wars and evil rumours rife,
Go blessedly your way.
Your refuge hold inviolate;
Unto yourself be true,
And shield serene from sordid fate
The Real You.

Robert Service

L’M THE GREATEST – A HOUSE

A House foi formado por um trio de músicos que havia participado de bandas obscuras, chegou a causar um certo barulho e lançou cinco albuns, entre eles este “L’m The Greatest” (1992), que tem letras inteligentes e um rock peculiar, que mistura de Velvet Underground com Echo & The Bunnymen.

Do primeiro, o A House herdou as referencias literárias e as sacadas semi-experimentais. Do segundo, as linhas melódicas e alguns temas, como o hit “Take it easy on me”.

Preste atenção em “Endless art”. Nela, o vocalista Dave Couse relata nomes de artistas famosos mortos (como Henry Miller, Sid Vicious e Joan Miro), entrecortados pelo refrão “All dead, wet still alive/In endless time, endless art” (todos mortos, ainda permanecem vivos/Pra sempre, numa arte infinita), decantada ao som da 5ª Sinfonia de Beethoven.

(AC)

MAIS DESEJO

O meu olhar cai sobre ti
como água fresca de Verão
desliza sobre o teu corpo
possuindo-te no abandono
Tudo em ti é fascínio
porque tudo exclusivamente
os cabelos, o brilho dos olhos
os lábios, pétalas rosa
a sombra que desliza dos seios
e o tesouro intímo e mágico
que ocultas tão meigamente
na elevação planetária de deusa
O meu olhar cai sobre ti
perpassando corpo e essência
suave, ternamente, comendo-te
Derivas para dentro de nós
realizas não haver distâncias
quando assim somos encontro
vivendo este morrer e nascer
entre suspiros feitos gemidos
tão loucos tão sentidos

Manuel Martins Gaspar Tomé

HORAS

Sempre me pergunto
qual seria a melhor hora
o jogador responderia a undécima
o aplicador diria a primeira
o caçador falaria na exata
o cientista comprovaria o milésimo
o religioso rezaria o angelus
o piloto pensaria no átimo
o atleta repetiria o instante
muitas mulheres não sonhariam nada
e as crianças ficariam impacientes
atrás do muro, arma em punho
o soldado sofreria a eternidade.

Pedro Du Bois

FINIS TERRAE

O não dito
e já ignorado
que se esconde
à margem
do sentido.
O esquecido
e logo reinventado
que some
entre os tons
da manhã
entretecido.
O que visto,
e logo descartado,
emerge imprevisto
em um grito.
O grafado
mas não compreendido
que se furta à deriva
do vivido.
A brisa
que não comunicada
passa sem querer
ser ouvida.
A paisagem
não litografada,
a enseada
que olhar nenhum revisa.
O olvido
do que sempre arquivado
não guarda mais
lastro dos vivos.
O presente
nunca registrado,
tempo inócuo
que a carne
não cicatriza.
Onda breve
dentre muitas consumada
que se arma
contra todo imperativo.
A fragrância
há muito evaporada,
ave rara
que no ar desfila
intangível.
Uma palavra
que, esquecida,
vive à larga
da folha
que a mantém
cativa.
O mundo
que nos lábios
se deflagra
e morre
em um murmúrio
não em um
estampido.

Rodrigo Petronio

FAZERES

Fazer da hora terminada
o tempo decorrido
do livro lido
a folha preenchida
da encosta do morro
a terra revolvida
do grito da criança
o medo possuído
da ilusão da imagem
o reflexo consumado
e
do saber habitado
o vazio da lembrança.

Pedro Du Bois

ESCURIDÃO NOVA NA VELHA ESCURIDÃO

"Seldom we find" says Solomon Don Dance
"Half ann idea in the profoundest sonnet"
E.A.Poe
A fisionomia, o carinho das coisas impalpáveis,
o balbuciar, todo em amarelo, dos limões...
Cintura na pedra,
correio subtil de Lesbos para Marte.
Antinous visitou-me. Deixou a casa desarrumada
e um projecto em mim demasiadamente longo.
No frágil da memória eu durmo e sou eu
deuses de papelão sentando-se a meu lado.
No leito fluvial por onde dorme o cisne
chamam por mim os outros príncipes. Todos
irmãos.
Escuridão nova na velha escuridão,
efeito de luz nas janelas do poema...
O meu cão dorme. He is a poet, isn't he?

Mário Botas – In: Modus Vivendi

DESTINO MANIFESTO

De cratera em cratera
Erguer
na boca das sementes
A força contida dos vulcões

Corsino Fortes

DESTINO

“Aquella noche corrí el mejor de los caminos montado en potra de nácar sin bridas y sin estribos.”
García Lorca

Em cerdas de seda arremeto em pausa
meu coração toca arremato em pouso
música de pasto linha de nervura
nervos de galope todo corpo é frouxo
na ravina clara todo corpo é fúria
As línguas de fogo são galhos erguidos
incendeiam tufos tuas mãos ardentes
brasas de gramínea regendo canteiros
amornam primícias e a secreta rosa
no rubro casulo desvela essa tosa
Um sol veste orgasmo nas ervas das águas
e se põe arco-íris remato regato
e o jato de curva molhado regaço
alavanca a anca tão humida/mente
em forte arremesso sereno adormeço

Aníbal Beça

DESCOBERTA

Após o ardor da reconquista
não caíram manás sobre os nossos campos.
E na dura travessia do deserto
Aprendemos que a terra prometida
era aqui.
Ainda aqui e sempre aqui.
Duas ilhas indómitas a desbravar.
O padrão a ser erguido
pela nudez insepulta dos nossos punhos.

Conceição Lima

DE OLHO NAS REGRAS

“Aprenda o que é certo e o que é errado e faça bonito no cinema, no teatro, no restaurante, no trabalho e até nas viagens”

Elegância é muito mais que vestir roupas de grife e dirigir um carro importado. Segundo os especialistas em etiqueta, a elegância está nos pequenos gestos. Desde ajudar uma pessoa idosa a atravessar uma rua, te saber se comportar em um ambiente público. Um exemplo de boas maneiras é desligar o celular ou colocá-lo no silencioso no cinema, teatro e até no restaurante, regrinha que no deve ser desrespeitada de forma alguma.

Como se comportar nas filas

Fila é um símbolo nacional. Qualquer grupo de pessoas em coluna, outro lá encosta e vira fila, mesmo sem saber o motivo. Existe pessoas que não vivem sem participar de uma fila. Sugestões de Ameni “leve um livro, um MP3 com boas musicas, um gibi, revistas... pois a fila andará do mesmo jeito, sem você notar.

Na sala de espera

A espera é algo com que devemos aprender a conviver. Paciência é fundamental. “por ser budista e praticante de aikido, onde aprendemos a exercitar tais posturas, através d respiração e concentração isso pode ser mais fácil, para as demais pessoas que não estão tão equilibradas, o ato mais nobre é acertar bem o horário com o médico”, recomenda Mário Ameni.

Na porta, quem passa primeiro, o homem ou a mulher?

“Essa história é um clássico. Eu estou no Cerimonial há 30 anos, calculo estimado, e sempre acompanhamos as autoridades em todos os compromissos. Portanto, indicamos os caminhos”, comentou.
A pessoa que sai tem a preferência sobre quem entra, apenas por uma questão de espaço e lógica. A mulher sempre é a primeira. Há algum tempo, conta Ameni, notou que todos entravam no elevador e ele era o último, no cinema era a mesma coisa e no restaurante também. Depois de algum tempo observando o sincronismo que havia, parou para rever e hoje consegue entrar normalmente.
Na escada, o homem sempre protege a mulher. Quando sobe, o homem deve ir após a mulher. Na descida da escada vai á frente da mulher. “Abrir a porta do carro ou qualquer lugar para as mulheres ainda é um procedimento correto e gentil”, alerta o cerimonialista.

No avião
Na primeira classe, business ou econômica: tente poupar a tripulação. O fato de estar pagando mais caro só lhe dá direito a uma poltrona mais larga, champanhe ou copo de vidro. De resto, os comissários não estão para resolver a sua insônia, dor nas costas ou carência de um ombro amigo.
Beber demais
Bêbados são chatos em qualquer circunstancia. Em um ambiente fechado, como uma aeronave, são insuportáveis. Alias, hoje a legislação internacional já reza que sejam desembarcados na primeira escala. Não é exatamente um bom começo nem fim de viagem, concorda?
Malas
Podem conferir: quanto menor a mala, mais viajado o seu usuário. Quem viaja bem, viaja leve. Evita baús difíceis de transportar e sacos sacola de mão que lhe farão parecer um ganso desequilibrado bamboleando pelos aeroportos e estações.

Fique por dentro

Respeitar a cidade também é uma questão de etiqueta

Deixar a nossa calçada, a nossa rua, o bairro, a cidade, mais humana, mais bonita e charmosa pode começar com pequenos gestos que não são caros nem difíceis. Depende apenas de um pouco de boa educação e respeito – por nós e pela nossa ‘casa’ no sentido mais amplo, destaca Claudia Matarazzo num dos seus artigos.

Plante uma arvore

Não precisa ser um militante de carteirinha ou se acorrentar ao tronco das arvores para protestar contra o derrube das florestas. Que tal começar a cuidar das plantas e árvores da sua calçada, do seu prédio ou mesmo da sua rua?

Segure a sujeira

Ninguém gosta de ver a sujeira ns ruas e calçadas da cidade. Mas será que você se preocupa em jogar tudo nas latas de lixo ou colocar os sacos de lixo para fora, na hora do caminhão passar?

Vizinhos não são amigos

Mas um dia poderão ser, só depende de você. Cara feia, mal humorada, no resolve nenhum dos seus problemas e os seu vizinho ainda vai ter que o achar chato. Cumprimente as pessoas ao sair de casa, no elevador, aqueles que te atendem na padaria, no ônibus, no supermercado, etc. Sorria. Na esteira de um simples sorriso, muita coisa boa pode acontecer. Já carranca. Só gera mal estar e rugas. Muitas rugas.

A praia é sua

Cuidar delas é uma obrigação dos municípios. Porém, não sujar ou estragar, é uma obrigação de cada um. Sabe a expressão: “cuidar como se fosse sua?” Pois é, assim mesmo.

Atenção ao barulho

No fazer barulho depois das dez da noite é simplesmente uma questão de respeito aos vizinhos, mas que também faz bem a tida a cidade. E, nem é tão difícil assim.

Use e abuse das palavras

Daquelas certas, que fazem bem a quem ouve e também a você. Por favor, bom dia, obrigado, com licença, é um prazer, posso ajudar, vamos conversar, você primeiro, e tantas outras.

Respeito às boas maneiras é importante

Existem muitos pontos que precisam ser levados em consideração no momento de estabelecer o modo de agir. A base, sem dúvidas, é da educação, respeito e boas maneiras que sempre terá elogios de acordo com Ameni.
Ele explica que não é uma questão de classe social, nem financeira e nem regional.
“Etiqueta iguala as culturas e costumes de todos os povos”, comenta com base na sua experiência de contato com diversos pises do Mundo.

‘Claudia Matarazzo e Damasio Dias’

CORPO COMPLETO

Meu corpo está completo, o homem - não o poeta.
Mas eu quero e é necessário
que me sofra e me solidifique em poeta,
que destrua desde já o supérfluo e o ilusório
e me alucine na essência de mim e das coisas,
para depois, feliz e sofrido, mas verdadeiro,
trazer-me à tona do poema
com um grito de alarme e de alarde:
ser poeta é duro e dura
e consome toda
uma existência.

Nauro Machado

COMO É POSSIVEL ENSINAR UM PAPAGAIO A FALAR E CANTAR

Embora todos os papagaios tenham uma habilidade natural para imitar sons, nem todos ‘falam’. A capacidade de fala do papagaio, está relacionada com a natureza gregária. Com grande longevidade (os papagaios chegam a durar 50 anos), a sua vida é caracterizada por um forte componente social. Os papagaios selvagens jovens aprendem a imitar as vocalizações especificas dos seus progenitores. As aves repetem os sons que aprenderam quando brincam comunicam uns com os outros ou quando se juntam para afastar um inimigo, o que contribui para reforçar os laços de família. Os papagaios também aprendem sons específicos para comunicar com outras aves fora do seu circulo “familiar”, como amigos ou parentes afastados.
As preferências vocais variam de espécie para espécie. Os papagaios cinzentos gostam de assobiar e de reproduzir “efeitos especiais”. Os papagaios da Amazônia são ótimos cantores. As araras podem aprender de tudo um pouco desde que as frases sejam curtas. A maioria das catatuas tem um tom de voz similar, agudo, conseguindo imitar com facilidade frases curtas.
Para ensinar eficazmente o seu pássaro, terá de falar de uma forma clara e consistente. Ao escolher as expressões que quer que ele aprenda, pronuncie de maneira suave e clara. Com melodia agradável. Desta forma, as probabilidades dele aprender e tentar imitar o que ouve serão maiores.
Tente associar as palavras que quer ensinar ao seu pássaro com coisas que ele gosta. Desta forma encoraja-o a aprender a repetir o que ouviu. Pense em coisas que o seu papagaio gosta de fazer. Entre as atividades preferidas das aves contam-se a ora da refeição, comer guloseimas ou brincar. Fale com ele, repetindo a frase ou palavra que lhe quer ensinar, quando aprender a dizer o que lhe ensina, pois sabe que em troca recebe uma guloseima ou um pouco de brincadeira.
A maioria dos especialistas concorda que a melhor altura para ensinar uma ave é quando ela é ainda muito jovem. Tal qual as crianças, os papagaios bebês são como esponjas, absorvendo toda a informação que conseguem captar. Embora possam não estar ainda aptos a reproduzi-las, começam a absorver as frases ou melodias que costumam ouvir com freqüência. O processo é lento, por isso é provável que tenha de esperar alguns meses até obter os primeiros resultados.

‘In: Correio da Paraíba’

PIAF – UM HINO AO AMOR

Quem não gostou de “Piaf – Um Hino ao Amor” o taxou de sensacionalista e/ou confuso. Foram poucos. O filme de Oliver Dahan foi presença constante nas listas dos melhores filmes do ano passado. O Oscar também não ficou de fora: Marion Cotilard conquistou o prêmio de melhor actriz. E esta, sim, foi uma unanimidade. A bela Marion passou por uma transformação inacreditável para viver Edith Piaf – e a sua transformação dentro do filme, quando a cantora fica cada vez mais frágil, é ainda mais impressionante.

O filme vai e volta no tempo para contar as dores e o gigantesco talento da maior cantora popular da França.
A edição em DVD vem com dois discos, incluindo um making of.

(R.F.)

ARQUIVO X 2

Fox Mulder e Dana Scully estão de volta. David Duchovny e Gillian Anderson reassumem os papeis que os fizeram famosos, seis anos após o fim da serie e dez anos depois do primeiro filme.

Já falam que pode até pintar um romance entre os personagens, algo sempre especulado ao longo das nove temporadas e em “Arquivo X 2” – o filme.

Mesmo sem querer revisitar o seu passado, os dois agentes voltam a investigar um caso que envolve alienígenas.

Estréia mundial marcada para o dia 25 de Julho de 2008.

AGENTE 86

Steve Carrell parece o sujeito ideal para dar nova vida a Maxwell Smart, o impagável personagem criado por Mel Brooks e Buck Henry e interpretado por Don Adams no serido de TV de 1965.

A Anne Hathaway será 99 e o elenco ainda tem Dwayne “The Rock” Johnson, Alan Arkin e Terence Stamp. Pelo que se viu nos trailers, até agora, o diretor Peter Segal manteve o mesmo estilo de humor que marcou a serie, além das suas referencias obrigatórias, como o “sapatofone”.

Estréia Mundial em 20 de Junho de 2008.

O INCRIVEL HULK

A nova versão do Gigante Esmeralda, pois este filme não é uma continuação do Hulk que Ang Lee dirigiu em 2003, tem Edward Norton à frente, como actor principal e co-roteirista.

Também no elenco, Liv Tyler, Tim Roth e William Hurt, além da ponta de Robert Downey Jr, como... Tony Stark, que ele interpreta em “Homem de Ferro”.

Surgiram noticias de diferenças criativas entre Norton, o diretor Louis Leterrier e a Marvel na finalização, mas a data da estréia mundial está mantida para 13 de Junho de 2008.

O SONHO DE CASANDRA

(Cassandra’s Dream). Woody Allen lançou o seu novo filme em Cannes, Vicky Cristina Barcelona. Mas, um pouquinho antes, chegou as salas o terceiro filme que fez em Londres. novamente um drama com tintas policiais, como Match Point.

O tom trágico já está no titulo: a história é a de dois irmãos (Colin Farrell e Ewan McGregor) com dificuldades financeiras que acabam por se voltar para o crime – e, a partir daí, estão condenados.

CHINES SÃO MESTRES DA INVENÇÃO

Uma das civilizações mais antigas do planeta, a China tem um legado indiscutível em diversas áreas do conhecimento humano. A multiplicidade do saber pode ser bem entendida se levantarmos algumas das invenções chinesas. Por exemplo, muita gente pensa que o macarrão é uma invenção italiana, mas foram os chineses quem criaram a deliciosa massa.
Seda, porcelana, guarda-chuva, fogos de artifício e imprensa engrossam a lista de feitos desse povo. São invenções que ganharam o mundo. Veja abaixo as principais:

Cerâmica de alta temperatura – 1.600 a.c
Ferro batido – 1.400 a.c.
Sistema decimal – 1.400 a.c.
Arado de lâminas de ferro – 600 a.c.
Bússola – 400 a.c.
Carrinho de mão – 200 a.c.
Besta – 200 a.c.
Papel (bambu, casca de amoreira, cânhamo e seda) – 200 a.c.
Estribo – 200 d.c.
Sismômetro – 200 d.c.
Porcelana fina – 600 d.c.
Pólvora – 600 d.c.
Papel-moeda – 1.000 d.c.
Impressão – 1.200 d.c.
Ábaco – 1.300 d.c.
Navio de carga – 1.500 d.c.

CASAMENTO E AS SUAS CURIOSIDADES

Casamento
A cerimônia de casamento nasceu na Roma antiga. Todo o ritual da noiva se vestir especialmente para a cerimônia veio de lá e virou tradição. Foi também em Roma que aconteceram as primeiras uniões de direito e a liberdade da mulher casar por sua livre vontade.

Lua de mel
A palavra lua de mel tem origem nos casamentos por captura. Um homem apaixonava-se por uma mulher. Capturava a amada (muitas vezes contra a sua vontade) e a escondia por um mês (de uma lua até outra) em algum lugar afastado. Durante esse período, eles bebiam uma mistura afrodisíaca, adocicada com muito mel, até que ela se rendesse à sua sorte. Daí o nome lua de mel.

Buquês e os seus significados
Os primeiros buquês de noiva não tinham apenas flores, mas também ervas e temperos. Os mais populares exalavam cheiro mais forte como alho, que era usado para espantar os maus espíritos. As flores tinham, cada uma, o seu significado: hera representava fidelidade; lírio, a pureza; rosas vermelhas, o amor; violetas, a modéstia; não-te-esqueças-de-mim era o símbolo de amor verdadeiro; flores de laranja davam fertilidade e alegria ao casal.

Padrinhos guarda-costas
A tradição da escolha de um padrinho é um costume que remonta à antiguidade quando se escolhia um bom amigo, na maioria das vezes um guerreiro tribal, para ajudar a proteger a noiva de possíveis raptores, conhecidos por rondarem o local da cerimônia.

Chá de cozinha
A história conta que tudo começou quando um humilde moleiro holandês ficou apaixonado por uma rica donzela. O pai da moça desaprovou o casamento e não liberou um centavo para financiar a união. Compadecidos, os amigos do moleiro juntaram-se e ofereceram ao casal alguns dos itens para mobilar a casa. Assim surgiu o chá de cozinha.

Aliança
O uso da aliança vem da tradição cristã, desde o século XI. Ela era colocada no terceiro dedo da mão esquerda, pois creditava-se que nesse dedo havia uma veia que ia direto ao coração. Ainda hoje esse costume é praticado nos casamentos islâmicos.

Flores no caminho
Os antigos romanos tinham o costume de atirar flores no trajeto da noiva, acreditando que as pétalas fariam a noiva ter sorte.

Chuva de arroz
Na China Antiga, há mais de 2000 anos antes de Cristo, o arroz já era tido como símbolo de fartura. A tradição de jogar arroz sobre os noivos após a cerimônia de casamento teve origem na China, quando um Mandarim poderoso quis dar prova da vida farta, e fez com que o casamento da sua filha se realizasse sob uma ‘chuva ‘ de arroz.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O DIA DAS MÃES

A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.
O próximo registro está no inicio do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficarem em casa com as mães. Era chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cadê”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.
Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Júlia Ward Home, autora de “O Hino de Batalha da Republica”.
Mas outra americana, Ana Jarvis, no Estado da Virginia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905 Anna filha de pastores, perdeu a sua mãe e entrou em grande depressão.preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória da sua mãe com uma festa.
Anna quis que a festa fosse estendida; a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais.
Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães. A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de Abril de 1910, quando o Governador da Virginia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mês ao calendário de datas comemorativas daquele estado. Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração.
Finalmente, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1013-1921), unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Ncional das Mês deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de Maio. A sugestão foi da própria Anna Jarvis. Em breve tempo, mais de 40 paises adotaram a data.
O sonho foi realizado, mas ironicamente, o Dia das Mães tornou-se uma data triste para Anna Jarvis. A popularidade do feriado fez com que a data se tornasse um dia lucrativo para os comerciantes, principalmente para os que vendiam cravos brancos, flor que simboliza a maternidade. “Não criei o dia das mães para ter lucro”, disse furiosa a um repórter, em 1923. Neste mesmo ano, ela entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, sem sucesso.

‘José Euflávio’

O PODER DOS PENSAMENTOS – 2

A grande lei ‘os semelhantes exercem mútua atração´ também opera no mundo do pensamento. O semelhante atrai o semelhante e assim todos os que se assemelham a você recebem os pensamentos que você projetou e também enviam pensamentos semelhantes. Desta maneira é vital, manter a nossa mente sempre livre da raiva, do ódio, de medos para nos sintonizar com as vibrações positivas e elevadas que se propagam pelo mundo.
A saúde do corpo começa na mente. Todo pensamento é transmitido ás células. Se na mente existir conflitos, depressão e outras emoções e pensamentos negativos, eles serão transmitidos através dos nervos para cada célula do corpo. As células que atuam como soldado defendendo o corpo, se enfraquecem, tornando-se ineficientes. Isto diminui a força vital e produz a doença.
Vemos o mundo de acordo com a nossa atitude mental. Cada pessoa cria o seu mundo de prazer, de dor, com sua própria imaginação. Os pensamentos controlam a sua vida, amoldam o seu caráter e estruturam o seu destino. Precisa estar muito atento para cortar os pensamentos negativos que estão brotando e substituí-los por pensamentos positivos. Só assim poderá ser verdadeiramente feliz. Você só pode sentir o que pensa.
Você precisa compreender a sua mente, para controlá-la mais facilmente. É importante ler sobre a mente, desenvolver o hábito de observá-la para compreender os seus hábitos, o seu caráter e o seu jeito. Pensando direito você poderá criar para si próprio um destino melhor. Em você estão latentes todas as faculdades, energias e poderes. Você semeia uma ação e colhe um hábito. Um hábito semeado resulta em caráter. Semeia um caráter e colherá um destino.
Desenvolva o poder do pensamento positivo e elevado, e torne-se livre, mais saudável e feliz. Os pensamentos ficam escritos nos rostos e nas expressões físicas. Cada pensamento marca um sulco no rosto. O rosto reflete a natureza da mente como também os olhos revelam a condição e o estado da mente. Os olhos também transmitem as mensagens dos pensamentos tanto positivas como negativas. Se você observar cuidadosamente os sinais do rosto de uma pessoa, seus olhos, sua conversa, e comportamento saberá quais os pensamentos principais e dominantes de uma pessoa.

‘Brígida Brito’

ÔI, MÃE

Ôi, mãe, espero que pelos caminhos cósmicos (que sinto existir) este texto chegue à senhora.
Saiba que estes cinco anos e nove dias da sua ausência têm sido difíceis em alguns sentidos. Por mais que trabalhe, escreva, vá ao cinema, converse com as pessoas, leia, etc e tal, sei que nada será como antes, nunca mais. Algumas coisas perderam o sentido, eu perdi a capacidade de sorrir abertamente, como fazia antes. Não sei mais o que é isso. Passei a dormir nunca antes das cinco da manhã, pra acordar tarde e diminuir a falta daquele café das oito em que a gente conversava, depois que a senhora já tinha lido o jornal do dia e a “Veja” no final de semana. Minha casa – que, na verdade é a casa que a senhora deixou – virou quase um dormitório, como se morasse noutra cidade e estivesse num hotel.
Não gosto dos sábados, domingos, feriados, pois neles a ausência se torna maior. Tem outra coisa, mãe. Caetano cantava aquela musica, que muitas vezes coloquei no som quando morávamos na Praça Dom Adauto: “ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração dos filhos”... “Mamãe Coragem”... A senhora lembra?
Aconteceu aquele dia de 68 em que tive que partir às pressas para o Rio de Janeiro, num Caravelle da Cruzeiro, e sei que a senhora e Léu ficaram chorando. Em Dezembro completaremos quarenta anos daquele episodio. Foi uma das separações. Mas, todas as separações, mãe, eram circunstanciais. A gente voltava a se ver, até que amadureci e ficamos juntos, sob o mesmo teto, em Cruz das Armas. Em 2 de Maio de 2003, a separação foi definitiva, mãe (ao menos aqui na terra).
Tenho a impressão de que essa ficha nunca vai cair. Sempre serei errante por mais que a trajetória do cotidiano esteja programada, mãe. Seu cheiro faz falta, mãe. Seu rosto, seu andar, sua aura, seu todo.
Dedido este texto, mãe, a todos os leitores que também vivem a experiência da separação definitiva. A qualquer um que hoje não tenha mais a mãe pra dar bom dia, um beijo. Pra dizer – ou tenso, ou alegre, ou de ressaca, ou relax – “oi, mãe” e receber de volta e sempre muito mais do que um simples “ôi”... Diga a Léu, que meu sentimento a ela se estende.

‘Carlos Aranha’

PARA APIMENTAR…

Depois de uma longa procura por aquela pessoa perfeita para cultivar um relacionamento sadio e cheio de amor, alguns relacionamentos, mesmo sem culpa daqueles que compõem tal casal, caem em um problema que põe medo em praticamente 100% de homens e mulheres: a rotina. Este fantasma, além de assombrar, principalmente as mulheres, pode ser responsável até pelo fim de um longo e duradouro casamento, namoro, ou até mesmo ‘um fica’. Especialistas e casais afirmam ser o maior medo e difícil problema que as pessoas enfrentam numa relação.
Então o que fazer para que aquela ótima união, cheia de cumplicidade, respeito, amor e momentos de felicidade a dois seja ‘riscado’ por algo que quase sempre aparece sem ser percebida? A rotina entra em um relacionamento como um balde de água dentro do casal. A psicóloga Hígia Almeida, explica a rotina como um caminho já trilhado por uma pessoa, e, por este motivo, é reconhecido quando as coisas começam a acontecer novamente.
Esses acontecimentos repetidos dentro de um relacionamento podem trazer, desde sinais de cumplicidade, o que para a psicóloga é algo positivo, a incômodas cenas de ciúmes e clima tensos. “Podemos perceber que existe um tipo de rotina boa, ou seja, aquela em que cada um dentro do seu relacionamento começa a conhecer os costumes e horários do outro, com isso, duas pessoas dentro de um relacionamento passam a se conhecer melhor, se compreendem melhor”, explicou.

Manifeste o desejo pelo outro

O lado negativo dessa rotina e apontado pela psicóloga é o fato de, surgir dentro do casal, o comodismo, ou seja, aliado aos costumes e o ‘se conhecer’ dentro do casal, os problemas da relação começam a aparecer , mas por estarem sem motivação, não buscam resolvê-los, e, acabam adquirindo um tipo de comodismo.
“Este comodismo se caracteriza pelo simples fato de nenhum dos dois procurar a relação, ou seja, ver o problema mas não tentar tratá-lo, logo, sem querer resolvê-los, este pequeno problema passa a ser cobrado em silencio sem que o outro saiba. E isso é complicado”, alertou.
O conselho da psicóloga, que segundo ela é trabalhado com os seus pacientes, é fazer com que ambos participem do relacionamento. Tanto o homem, como a mulher devem participar da relação e manifestar o desejo pelo outro, mas, a psicóloga lembra que não é somente o desejo sexual, e sim, o mostrar que sente desejo participar e estar presente naquela relação.
Um grande problema apontado pela psicóloga está presente mais comumente nas mulheres. Pelo fato de, naturalmente dentro de uma relação, o homem quem faz acontecer e a mulher espera que o homem assim o faça. Um costume errado apontado por ela é o fato de a mulher sempre esperar que o homem faça aquilo acontecer, mas, dentro daquilo que ela idealiza, mas não diz a ele.
“Em um relacionamento os papeis devem ser os mesmos, ou seja, a mulher não deve ficar dependente do homem sempre, e nem cobrá-lo sem que ele saiba o que está em falta. Daí nasce a importância do diálogo, o que, para mim, é o grande influenciador no surgimento da rotina”, considerou.

A importância do namoro

Além de várias atitudes apontadas pela psicóloga como responsáveis para a construção de uma relação sadia, são as simples atitudes – vistas por algumas pessoas como bobas, que podem salvar um relacionamento da rotina.
A psicóloga Hígia Almeida afirma que, um dos grandes problemas dentro de um relacionamento é a cobrança quer surge, tanto do homem como da mulher. Ela diz que estes pequenos problemas naturais – se surgidos de maneira tranqüila – dentro de um relacionamento podem ser amenizados pelos pequenos atos que não são tão valorizados.
Um deles que ela aponta é, ao invés de apenas ligar para o marido ou namorado para lembrar alguma coisa que esteja faltando em casa, ou ainda, um assunto totalmente fora da relação a dois, dizer que o ama, já faz uma grande diferença.

Mais amor nos relacionamentos

A distinção entre amor e sexo dentro de uma relação é incansavelmente discutida de diversas maneiras em consultórios de terapia, ou dentro de relacionamento e até na música. A cantora Rita Lee, em parceria com o jornalista Arnldo Jabor, escreveu a letra de uma destas músicas, que é considerada por críticos e especialistas da área da Psicologia, como a tradução quase perfeita do que realmente distingue o amor do sexo, e como estes dois fatores influenciam dentro de uma relação.
Entre os versos da musica está o trecho ‘Amor sem sexo, é amizade. Sexo sem amor, é vontade’ uma composição que se encaixa dentro do que os psicólogos chamam de importância do sexo dentro do relacionamento. Ele mostra como a relação do sexo dentro de um relacionamento deve ser encarada pelo casal. A psicóloga Denise Maria de Lima, que trabalha com relacionamentos, diz que um dos principais fatores que influenciam para o aparecimento da ‘terrível’ rotina é como as pessoas encaram o sexo dentro da relação. “Ainda existem casais em que a mulher assume aquele papel da passiva e não sabe fazer sexo”. Há ainda aquele relacionamento em que os papeis assumidos pelo casal são de mãe e pai. O que é terrível, pois além destes eles têm que assumir os de; amantes, os de namorados, pois só assim, a rotina não invade aquela relação”, disse. Ela explica que, dentro desta inversão de papéis, o homem começa a ver a mulher como algo sagrado, logo, passa a perder o interesse devido a ausência em cultivar o desejo de um pelo outro. A mulher, segundo a psicóloga, deve ser a que tome a iniciativa perante este problema, no combate ao comodismo que ronda a relação.

Não deixe cair na rotina

Saber que a principal preocupação das mulheres que possuem um relacionamento estável é não deixar esta relação cair na rotina, não é nenhuma novidade. Terapias de casal ajudam profissionalmente ou ainda atitudes simples dentro do casamento ou do namoro são as principais dicas de psicólogos e casais que já passaram por estes problemas. Mas, aliado a estas dicas, artifícios que são vistos muitas vezes com certo tipo de preconceitos podem ser eficientes maneiras de afastar a monotonia.
Programas de finais de semana, cinema ou até uma saída para um barzinho, já deixa a relação bem mais agradável. Mas, fazer com que o fantasma da rotina fique longe da relação, pode estar em incrementos criados especialmente para animar uma parte da relação dita como fundamental entre homens e mulheres: o sexo.
E muitas vezes, fica a cargo da mulher não deixar isso acontecer. Logo, programas especiais, e pequenos ‘brinquedos’ feitos especialmente para a hora do sexo, podem espantar de vez este problema. Estes artifícios são facilmente encontrados em lojas do ramo, como Sex Shops. “Faz parte do instinto da mulher não deixar cair na rotina, ela se preocupa com o bem estar do casal e com as diferentes maneiras de proporcionar um mundo de prazer entre quatro paredes”, afirmou Marisa Sampaio. Em sua loja existem mais de 700 diferentes produtos dos mais variados tipos para turbinar a relação entre o casal. Segundo ela, dentro do universo de clientes que visitam o Sex Shop, dois perfis fazem parte da mulherada que procura alguns destes artifícios. As mais comuns são aquelas que já cultivam um dialogo dentro da relação e conseguem conversar com os seus maridos sobre esta preocupação em não deixar cair na rotina.

‘Diovanne Filho’

SENTIMENTOS DE IMPOTENCIA E VIOLÊNCIA

Um forte sentimento de impotência, permeado de desespero e de vazio existencial, tem sido cada vez mais presente na vida dos homens e mulheres. É grande a sensação de que influenciamos muito pouco nas grandes decisões que nos dizem respeito.
O estresse, a depressão e os transtornos do pânico, que antes se manifestavam de modo isolado, se configuram cada vez mais como um fenômeno coletivo do nosso tempo e parecem estar associados ao sentimento de impotência.
A impotência é a ausência de poder. Poder para gerir a própria vida. Poder para mudar o contexto opressivo que nos circunda. Poder para ser e vir a ser.
Por outro lado, nestes últimos anos a onda de violência que permeia os nossos espaços sociais, parece gerar em muitos de nós uma couraça protetora que nos impede de chegar até o outro de um modo mais aberto e afetivo. O encontro real e profundo passou a ser visto como uma ameaça.
Não obstante, ao longo da minha experiência pessoal e profissional, tenho confirmado, e reafirmado em mim, a tendência atualizante. Essa tendência construtiva presente nos seres vivos; entre eles, o ser humano. Sei que para muitos é difícil aceitá-la como realidade, ou mesmo possibilidade, sobretudo, quando consideram a onda de violência presente em quase todos os espaços.
Contudo, não podemos analisar a violência isoladamente; pois, se assim o fizermos, os fatos violentos deixarão em nós a convicção de que somente a repressão policial será capaz de controlá-los.
E nesse momento, teremos nos esquecido de que a violência é fruto, justamente, da repressão e de outras formas de violência, como a fome, o desamor e o desrespeito, entre outros.
Diante disso, tentar perceber as oportunidades que os momentos de crise podem trazer no sentido da transformação pessoal e social pode ser, realmente, muito difícil. Mas, transitar pela crise nos torna prenhe de possibilidades. E aquele que ousar pelos seus caminhos tortuosos, com garra e determinação, se transformará.
O grande mérito talvez esteja em transitar pela crise sem se fixar nela buscando saídas e contextualizando-a como um momento de grande aprendizagem e transformação.
É importante, nesses momentos, constatar o nosso potencial. E acima de tudo, acreditar no aspecto construtivo e saudável desse potencial que existe em cada um de nós e que nos faz transcender a nós mesmos, as nossas dificuldades pessoais, e aquelas que nos são impostas, permitindo-nos sair do fundo do poço psicológico em que nos encontramos.
E, assim, passarmos a ver o mundo, a nós mesmos e ao outro de um modo mais positivo e construtivo.
Abandonar as certezas duvidosas e ousar por caminhos desconhecidos é uma travessia angustiante, mas necessária.
Quando não somos capazes de nos encantar e de empatizar com a dor do outro, quando deixamos de nos espantar com as coisas desumanas que estão a nossa volta, renunciamos, de algum modo, á própria vida, haja vista que a característica mais forte que ela nos apresenta é a fluidez, feita de riscos e de incertezas.
Manter acesa a chama do espanto e d indignação dentro de si, mais que um desafio, é um ato de coragem. Fechar-se ao espanto, ante a consciência aguda dos fatos, é uma medida paliativa que se nos desprepara para o enfrentamento das coisas que a vida nos impõe.

‘Sonia Maria Lima de Gusmão’

sábado, 10 de maio de 2008

AS PALAVRAS TEM PODER

Lembre-se: aquilo que se traduz em palavras vem na realidade a se manifestar. Conscientize-se que as palavras têm poder criador e as utilize sabiamente. A palavra tem força criadora, segundo o escritor Lourenço Prado que no dá uma aula sobre o poder da palavra. Diz ele:
“Se conhecêsseis o poder de vossas palavras, teríeis grande cuidado nas vossas escritas e conversas, bastar-vos-á observardes a reação de vossas palavras para verificardes que elas não voltam vazias. Por meio das palavras que escreveis ou pronunciais, estais estabelecendo continuamente leis para vós mesmos.
As forças invisíveis agem sempre a favor daquele que está continua e corajosamente avançando para a; frente, embora não o saiba. Em virtude das forças vibratórias das palavras, quando o individuo escreve ou fala alguma coisa, começa a atraí-la para si.
Cada palavra que expressais, exerce uma ação na vossa vida pessoal, a qual será a; vosso favor ou contra vós, conforme a idéia expressa pela palavra. Com efeito, cada palavra que emitirdes (da forma que for) é uma expressão, a qual produz uma tendência particular em determinada parte de vossa entidade.
Essa tendência pode manifestar-se em vossa mente, no vosso corpo, na vida química deste último, no plano dos desejos, no caráter, em qualquer de vossas faculdades, vindo em seguida, a produzir os seus efeitos, materiais.

‘Brígida Brito’