sábado, 14 de junho de 2008

NINGUÉM CHORE SOZINHO


A vida é bonita como uma flor. Viver é bonito que nem um passarinho. É do jeito dos olhos e do olhar. Colorido, preto e branco como se quer. Pedra e pau, algodão e fumaça. Cabriola e requebro, rodopio e ponto de chegada. Vai e volta. E por ser ela, nem vai nem volta. Estanca nas emoções que são os confeitos da própria vida.
A vida é o menino mijando no fundo do quintal, o caramelo na boca, a sacristia, o perdão do copo da cachaça, a mulher nua, o homem de gravata, o peito empinado, o seio de mamar, a lágrima e o véu, o coração e o pio, a pena e a asa, mesmo assim, um passo, mergulho sem fundo. A vida é vez. E toda vez é vez. Nem que seja pelo avesso. Que frente e costa têm cor. Nos arco-íris de fora e de dentro.
A vida é doce que nem lágrima salgada. É um rio no rosto que espera. Um caminho de bocas e de silêncios. Vestido rendado e calça curta. Véspera e luz. Nos arredores do tempo, os canteiros se enchem de flores e pingam espinhos, que flor e espinhos, que flor e espinho são da mesma oração. A vida é bonita como uma flor eterna em cada pétala que cai. E se debruça no chão, o orgasmo da fome.
Pois a vida é fome e pétala, é rosa e canteiro, parto e aborto, explosão e desmaio, o cisco no canto do olho, a cadeira de rodas, a espingarda, o gatilho das esperanças, a esmola e a mão cheia. O pinico e o prato, o pé, o sapato, o cabelo e a queda, o baile e o sereno, o vestido e o nu. Os dedos desencontrados que enganam a magia das mãos...
Por tudo isso me calo. Perco a voz. Esqueço o silencio. Que a voz é vôo. Canto as minhas alegrias e me deito nos meus recantos. Todos eles cheios de estradas e de mim mesmo. Canto a vida, o vai-e-volta das cavernas, a árvore e o tronco, a minha ilusão das catedrais e dos morcegos, o vôo surdo das asas noturnas, o roçar das pernas flutuantes nas beiras da noite. Por tudo isso eu não me calo. Adejo, flutuo, nos morcegos e nas andorinhas que misturam as imagens das criaturas.
Por tudo isso eu calo e não me calo. A dor do sapato se muda na dor da estrada, pois a vida é bonita que nem uma flor. Estes passos dos dedos, das unhas, das estrias, dos riachos da alma, pedaços de tudo que escorrem para dentro de mim. É vez de ver, de escutar, de sombra e luz. A luz debaixo dos meus pés, que os pés se multiplicam nas veredas, gosto dos caminhos maiores.
Por isso, a vida é maior. Pois pergunto ao tronco e à folha, a razão de cada um, pauta e escala musical, onde verdadeiramente estou, onde verdadeiramente estamos. Talvez na pétala ou no espinho, no tronco ou na folha, no tronco da moeda, no espelho de todas as imagens. De resto, que ninguém chore sozinho.

In memoriam

‘Robério Maracajá’

Um Meio ou uma Desculpa - Roberto Shinyashiki

Por vezes me fazem chegar artigos, e opiniões deveras interessantes, como foi o caso deste “Um meio ou uma desculpa” remetido por uma amiga especial, e que não podia deixar de compartilhar convosco.
‘João Massapina’

Um Meio ou uma Desculpa

Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes.

Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá que se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, brincar, fazer lição, deixar de lado o comodismo.

Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo.

O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que todos fazem.
Mas, para obter um resultado diferente da maioria, você tem que ser especial.
Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados.

Não se compare à maioria, pois, infelizmente ela não é modelo de sucesso, CONFIE EM SI MESMO.

Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas.
Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão.
Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina.

A realização de um sonho depende de dedicação, há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica, mas toda mágica é ilusão, e a ilusão não tira ninguém de onde está, em verdade a ilusão é combustível dos perdedores pois...

Quem quer fazer alguma coisa, encontra um MEIO. Quem não quer fazer nada, encontra uma DESCULPA.

‘Roberto Shinyashiki’

TAPA NA CONSCIÊNCIA

Quando a conheci, ela já estava com câncer. Havia retirado um seio, que não fazia a menor falta à sua beleza. Esse era um assunto que eu procurava evitar, não obstante o interesse em saber como tudo tinha acontecido.
Um dia, ela me disse:
“Quando soube que estava doente tive que me submeter a uma mastectomia. Foi um choque. Uma mudança que não ocorreu só no corpo, mas em todo o meu ser. Depois, percebia que já era outra pessoa, pois via tudo completamente diferente.”
“Veio a quimioterapia, fiquei careca, mas encarei tudo com um surpreendente realismo. E conclui que tinha que seguir a seqüência.”
“Seguir a seqüência”... esta frase até hoje se repete na lembrança que tenho da minha amiga. Conhecê-la foi uma das melhores lições que tive na vida. Incrível como naquele olhar havia tanta beleza e esperança capazes de passar por cima de qualquer tristeza.
“Germano, ao constatar que nem sobre a própria vida temos posse alguma, vi que o grande ensinamento é o desapego, e comecei a doar minhas coisas. Era um exercício difícil porque eu procurava me desfazer primeiro daqueles objetos de que mais gostava. Isso foi muito bom porque me sentia mais independente; mais solta e livre de presilhas e ilusões...”
E mudou radicalmente a alimentação. Procurava comer grãos integrais e coisas naturais, o que lhe dava mais lucidez e percepção das verdades, além de alguns anos de sobrevida. Como uma coisa puxa a outra, a paz que o arroz integral lhe deu completava-se com leituras zen-budistas.
“Quando mamãe me trouxe uma peruca para esconder a minha careca, achei muita graça. Mas o espelho censurou-me: Não Julia, nada de mascaras, a realidade não é esta. Ademais, eu também tinha que me desapegar da imagem que guardava de mim mesma e para os outros. E dei a peruca para os meninos brincarem. Foi muito engraçado”.
Certo dia ela tateava a nossa estante e deparou-se com um livro que lhe interessou. “Posso pegar emprestado?”. “Sim, claro, leve-o, é muito bom!” Passadas algumas semanas, agora era eu quem ‘voejava’ na sua biblioteca. E veio-me a lembrança do livro emprestado. “Julia, você já terminou de ler aquele livro de Rajneesh?”. “Terminei, sim, é que emprestei a um amigo meu”. Inicialmente aquilo me inquietou. Afinal para os padrões “normóticos” de etiqueta ninguém deve emprestar algo de outrem sem a devida permissão. Calei-me e mudei de assunto.
Semanas após, novamente em sua casa, lembrei do livro e tornei a perguntar por ele. Mas, ela respondeu. “Ah, o livro agora está com outro amigo”... Confesso que aquilo me desapontou, pois ainda não era tão “zen”, e tão desapegado das coisas tal qual ela.
“Mas, Julia, que coisa! Isso não se faz. Quem já viu emprestar algo que não é seu, e há tanto tempo que era para você tê-lo devolvido”...
“Amigo, livro é pra circular. Não há crime maior do que deixá-los parados numa estante”...
Aquilo foi uma tapa na minha consciência. Uma lição de que me lembro até hoje, e dada por quem mais autoridade não podia ter...

‘Germano Romero’

SONETO

No meu peito arde em chamas abrasada A pira da vingança reprimida, E em centelhas de raiva ensurdecida A vingança suprema e concentrada. E espuma e ruge a cólera entranhada, Como no mar a vaga embravecida Vai bater-se na rocha empedernida, Espumando e rugindo em marulhada. Mas se das minhas dores ao calvário, Eu subo na atitude dolorida De um Cristo a redimir um mundo vário, Em luta co’a natura sempiterna, Já que do mundo não vinguei-me em vida, A morte me será vingança eterna.

Augusto dos Anjos

SOBRE A AMIZADE – 1

Engraçado, eu sempre fiquei pensando em que momento da vida foi criado esse sentimento… A amizade. Quem será que compôs o primeiro par de amigos da face da terra? Fico imaginando que eles devem ter tido muitas dificuldades nesse relacionamento, afinal, foram os pioneiros em dar carinho, aparar arestas, serem muitas vezes incompreendidos e ainda assim estarem sempre de braços abertos para receber o outro quando preciso.
Bom, mas o tempo passou e hoje já sabemos muitas coisas sobre amizade. Há de entender-se que a amizade não é algo somente que nos traz alegrias e esse é o maior desafio dela. Há de aceitar-se que se pode ter amigos diferentes de nós, em raça, religião, temperamento, criação, cultura. Isso na verdade não é importante na amizade, nem chega a ser um obstáculo. Há de saber-se que as regras principais da amizade são o respeito, a consideração, a tolerância e a humildade.
O respeito é primordial, aliás, em qualquer tipo de relacionamento ele faz-se necessário. Pessoas têm seus limites e esses limites devem sempre ser respeitados. O fato de termos amizade e intimidade com alguém, não nos dá o direito de violar certas regras que estão implícitas em uma amizade.
A consideração é um fator muito importante também. Não adianta sermos tudo de bom para alguém e nos momentos mais delicados e necessários para esse alguém, não termos a consideração que se resume na atenção devida. Espera-se mesmo que a amizade, como qualquer outro sentimento, seja uma via de mão dupla. No existe a possibilidade de só darmos, jamais recebermos e ainda assim sermos realizados nesse sentimento. Não se trata de um “toma lá dá cá”, mas trata-se de um “lembro-me de que quando eu precisei você esteve comigo, portanto gora você precisa e eu aqui estou”, e isso há de ser feito com um sorriso nos lábios e muito amor no coração.

‘Brígida Brito’

DO RIO

“Ser como o rio que flui
silencioso no meio da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las
E se os céus se enchem de nuvens
como o rio,
as nuvens são água;
refleti-las também, sem mágoa,
nas profundidades tranqüilas”.

‘Manuel Bandeira’

DO PERDÃO

Dois ex-presos políticos argentinos se encontraram, depois de muitos anos sem qualquer contato.
Sentaram-se em um bar na Avenida de Maio e começaram a lembrar os anos negros da repressão, quando as pessoas sumiam sem deixar vestígio. A certa altura, um perguntou ao outro:
- Quanto tempo você ficou preso?
- Dois anos. Sofri torturas que nunca imaginei. Vi minha mulher sendo violentada na minha frente. Mas os responsáveis já foram presos e condenados.
- Ótimo. E sua alma já os perdoou?
- Claro que não!
- Então, você ainda continua prisioneiro deles.

‘Paulo Coelho’

DO DESÂNIMO

Os “Guerreiros da Luz” não se deixam contagiar pelo desânimo coletivo.
Existe uma espécie de “economia cósmica”, e os guerreiros sabem que o desânimo é uma coisa inflacionária.
Quando as pessoas desanimam, abrem uma porta que em pouco tempo emperra e fica difícil de fechar.
Então, a doença do desânimo começa a se espalhar pela casa, pela vizinhança, pelo bairro, pela cidade, e pelo país.
Quanto mais desânimo encontramos em nosso caminho, mais desanimados ficamos.
Numa mórbida troca, pessoas infelizes se alegram quando podem colaborar mais para a infelicidade coletiva. Tudo passa a ser pior, e a “inflação” do desânimo se torna incontrolável.
Os “Guerreiros da Luz” não desanimam. Não perdem tempo reclamando da vida, procuram transformá-la num bom combate.

‘Paulo Coelho’

DAS DEFINIÇÕES

Dois mestres indianos e um grafitti definem o amor:
Osho: “Dar amor é a experiência real - no próprio sentido da palavra, porque você se comporta como um imperador. Implorar amor é uma experiência de mendigo. Não aja como um mendigo; seja sempre um imperador”.
Nisargadatta Maharaj: “o sofrimento vem do desejo. E o sentimento de unidade nunca pode ser frustrado, o que se frustra é o desejo de reconhecimento. Como todas as coisas puramente mentais, este desejo é uma armadilha”.
Escrito num muro em Buenos Aires (e anotado por Fabiana Riboldi): “Se amas alguém, deixa-o em liberdade. Se ele voltar, foi porque precisou. Se ele não voltar, foi porque precisou”.

‘Paulo Coelho’

DAS BÊNÇÃOS

Duas coisas não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo.
Num espaço ocupado pela amargura e pelo medo, as bênçãos não conseguem entrar. Mesmo que elas batam na porta, e mostrem a luz que carregam com elas, a porta não se abre.
A alma precisa estar limpa, para que as bênçãos se manifestem.
Por isso é preciso lavar a alma com esperança. Neste processo, nós nos lembraremos de velhas tristezas, e sofreremos de novo a mesma coisa - mas sabemos que as bênçãos estão chegando.
E um dos principais poderes das bênçãos é a capacidade de curar a dor.
Uma alma limpa é aquela que, apesar de tudo, não está conformada com a situação atual. Uma alma limpa é uma alma corajosa, que - mesmo lutando contra as trevas, deseja encontrar a luz.

‘Paulo Coelho’

DA CAVALARIA

“Receba aquele que o procura, e não corra atrás de quem o rejeita. Desta maneira, você estará criando um laço de harmonia com o seu semelhante”.
“Um noviço não deve ser expulso por causa de suas faltas. Quando alguém está fazendo um esforço para melhorar, isto deve ser apreciado e honrado por todos”.
“Um estranho não deve ser aceito por causa de suas qualidades. Quando vemos alguém muito ansioso para mostrar como é bom e compreensivo, precisamos testá-lo com severidade. Porque ele busca aplauso para seus gestos, e pode ter perdido a humildade”.
“Vá sempre além das aparências. Escute. Veja. E confie em suas impressões”.

‘Paulo Coelho’

DA ALMA

“A minha alma crescerá sempre, mas mesmo assim,
nunca chegará até um lugar
onde não poderei segui-la.
Quando acordo de noite, e caminho pela praia,
quando olho para cima e contemplo a infinidade de estrelas,
pergunto ‘a minha alma:
‘quando eu morrer, e você estiver lá, e puder conter todo este Universo, estará satisfeita?’
E minha alma responde:
‘quando eu chegar lá, saberei que posso crescer ainda mais’”

Do livro de notas de Walt Whitman (1819-1892)

AMIGOS LOUCOS E SÉRIOS

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angustias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Louco que senta e espera a chegada da lua cheia. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. No quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia no desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que no esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

‘Marcos Lara Resende’

terça-feira, 10 de junho de 2008

ROSA: A MEMÓRIA EM CARTAS

O corrente ano de 2008 é rico, em prosa e verso, com datas e efemérides que fizeram e/ou fazem a história, aqui e alhures.
Assim, por exemplo, há duzentos anos, fugindo das botas do poder de Napoleão Bonaparte, a família real deixa Portugal, optando por viver no Brasil.
Depois, há exatos cem anos, morria Joaquim Maria Machado de Assis, a pena mágica do romance brasileiro.
Igualmente, em 1908, isto é, há um século, nascia em Minas Gerais, Brasil, o diplomata e escritor João Guimarães da Rosa, o revolucionário e moderníssimo autor de “Grande Sertão e Veredas”, marco de um novo tempo na lingüística nacional brasileira.
Por outro lado, no Velho Mundo, em 1968, quarenta anos atrás, a rança tremia ante o movimento estudantil, que pregava, entre valores, o respeito à legenda de que “é proibido proibir”.
Ainda no tumultuado ano de 1968, tropas russas invadiram Praga, e, no Brasil, o AI-5 podava o Judiciário, fechava o legislativo e amordaçava a democracia.
Hoje, porém, cicatrizadas as feridas institucionais, as letras brasileiras registram cartas inéditas de Guimarães Rosa, dirigidas a Mário Calábria, igualmente diplomata, e colega de oficio no Itamaraty.
Os textos – é obvio – espelham o talento, a imaginação criadora e o processo de antenada identificação de Guimarães com a sociedade a cultura, os costumes e a vida do Brasil.
As cartas, hoje, nas mãos do poeta Alexei Bueno, são testemunhos que precisam de uma mais rápida divulgação.
Conforme redenhou respeitável órgão de mídia nacional brasileira, em uma das suas missivas, o autor de “Sagarana” observa: “Com a idade, meu caro, a gente vê que esta vida é vertiginosa. Como abarcá-la, de forma disciplinada, ou mesmo apenas plausível? Recorro a Platão, a Plotino. Você ainda não me compreendeu”.
Para concluir: “O importante não é o além, intrínseco (...) mas para fins de permitir à gente acentuar um pouco isto aqui. E você mesmo, prepare-se. Ao beirar os 50, você está seguramente sacudido”.
Aliás, pela boca de Riobaldo Tartarana, o caboclo-narrador de “Grande Sertão e Veredas”, ele filosofava: “Eu de quase nada sei,mas desconfio de muita coisa”.

‘Paulo Gadelha’

NAMORAR OU FICAR?

As relações entre namorar e ficar revelam a complexidade da condição humana, são vivências de situações e diferentes significados. A atração entre pessoas obedece a certos princípios e responde a questões chave na individualidade de cada pessoa, outrora se ouvia falar em flerte, namoro, noivado e casamento. Atualmente, ficar é um comportamento muito adotado, onde o que vale é o aqui e o agora, o prazer imediato, sem vínculos, é como se pode dizer, uma fase exploratória, de experimentação.
Ficar é um momento vivido, onde a atração e a repulsão costumam promover reações físicas momentâneas, sem compromisso, onde os motivos são os mais diversos, como por exemplo: a curiosidade, um estágio para quem esta começando a sexualidade, uma competição para ver quem fica com mais pessoas, uma sensação de poder fazer um serie de conquistas ou fazer parte do grupo dos “ficantes”, é uma troca de carinhos por um período curto, sem compromisso de namoro, sem o compromisso do dia seguinte.
O namoro é uma aliança entre pessoas que querem se conhecer melhor, em torno de vivencias peculiares a cada ser humano, é um momento relevante na vida de cada pessoa, onde as escolhas são mais profundas, onde a afetividade aparece com mais desenvoltura, é um momento de experimentação, de treino que o adolescente passa entre a fase da infância, quando recebe passivamente o afeto, e a fase adulta, de envolvimento afetivo-sexual, é o momento em que se promete tudo, mas não se dá nada.
Hoje em dia, esse aspecto constitui uma tarefa difícil para os pais e educadores, porque é chegado o momento de pontuar a autoridade e as decisões tomadas em relação ao educando, é chegada a hora das grandes paixões, frágeis e inconstantes, é o momento de substituir o amor “espiritual” de pai e mãe, avô, avó, etc, pelo amor de desejos proibidos, capaz de criar o risco do descontrole.
Nesse momento é importante os pais mostrarem que os seus filhos merecem um investimento, que existe uma sintonia entre o que eles pensam e agem e a; beleza, a sensibilidade, a fantasia que os jovens alimentam secretamente. É chegado o momento de abrir o diálogo, estimular perguntas e conversar sobre todos os temas, aproveitando inclusive os debates polêmicos dos programas de TV, saber ouvir assumir a sua condição de ser humano que não sabe tudo mais que vai procurar o melhor momento para deixar aberto o canal da comunicação.
A paixão experimentada pelos adolescentes nessa fase produz energia e entusiasmo pela vida, contribuindo, inclusive, para a formação da personalidade. A possibilidade de dar e receber amor alimenta a; auto-estima, conduzindo os jovens ao equilíbrio emocional. É preciso ficar claro que namorar ou ficar representa a primeira fase do “outro”, onde a libido é reinvestida em objetos externos, supostamente capazes de corresponder às realizações criadas pelo seu imaginário; onde ele se sente capaz de amar, com suas reações individuais, de reagir aos estímulos sofridos nessa fase, de querer interpretar as atitudes dos pais, passando então, a elaborar as suas perdas nesses relacionamentos.

‘Ionara Dantas e Gilvando Estevam’

MUDAR É PRECISO

Em decorrência da globalização, do transito rápido de informações em todo o mundo e também da expansão do mercado em nível mundial, todos se vêem na obrigação de adotar padrões de eficiência universais. E, em decorrência desta louca correria e agitação, todos têm de correr bastante para acompanhar os desenvolvimentos ligados à sua carreira profissional ou a outras que a afetam. É necessário modernizar os recursos produtivos, métodos, processos e até a forma de pensar, sentir e agir.
Pessoas que querem crescer e se manter no mercado de trabalho precisam acompanhar a evolução, isto é, precisam querer se manter atualizadas, fazer esforços necessários para isso e estarem dispostas a abrir mo de velhas práticas e a incorporar o novo.
Inovar não é sempre fácil, pois exige o abandono de práticas às quais estávamos habituados, o que nos causa incerteza e desconforto. Precisamos aprender novas tarefas, novos modos de executar as tarefas antigas, novas formas de usar recursos e novos equipamentos. Precisamos perder o poder relativo adquirido pelo domínio das tarefas, o que exige dedicação de tempo para o aprendizado.
Algumas atitudes podem ser tomadas para tornar a situação – além de fácil - prazerosa e também servir para destacar talentos e aproximar pessoas. A comunicação facilita a troca de experiências e informações e estimula a geração de idéias. Pessoas do grupo devem ter coragem de sugerir, propor mudanças e até mesmo criticar produtivamente pois, muitas vezes, daí é que saem soluções incríveis!
É de suma importância perguntar, questionar, pensar e se comprometer para atingir o sucesso em tudo que fazemos. Nessa época de mudança, é preciso que nos envolvamos em nossos causas. Que participemos mais. Que ousemos mais. Que sejamos mais guerreiros, no melhor sentido da palavra.
É um engana acreditar que funcionários e acomodados correm menos riscos. Corre risco quem não se envolve, quem não participa, quem não opina, quem quer permanecer sempre distante da luta pela conquista do crescimento e do sucesso.
Num mundo agitado como o nosso, é preciso que todas as pessoas encontrem tempo para ler, estudar, aprender e, consequentemente, crescer.
Sei que as tarefas do dia-a-dia nos fazem achar que é quase impossível conseguir encaixar algo em nossa agenda, mas a verdade é que um curso, um seminário ou uma palestra podem nos abrir novos horizontes, apresentar novas pessoas, e muitas vezes, nos dar ferramentas que facilitam neste momento de novos processos.
Hoje não é o maior que vencerá o menor, mas sim o mais rápido vencerá o mais lento – e quanto mais rápida for a nossa capacidade de nos adaptarmos a mudanças, maiores serão as nossas oportunidades de vencer!

‘Rocha & Coelho’

INVENTARIO DA NORMALIDADE

Resolvi fazer uma pesquisa com meus amigos sobre aquilo que a sociedade considera um comportamento normal. A seguir, listo alguns destes absurdos com que convivemos todos os dias, porque a sociedade considera normal:

1 – Qualquer coisa que nos faça esquecer a nossa verdadeira identidade e os nossos sonhos, e nos faça apenas trabalhar para produzir e reproduzir.

2 – Ter regras para uma guerra (Convenção de Genebra).

3 – Gastar anos fazendo uma universidade, para depois não conseguir trabalho.

4 – trabalhar das nove da manhã ás cinco da tarde em algo que não dá o menor prazer, desde que em 30 anos a pessoa consiga aposentar-se.

5 – Aposentar-se e descobrir que já não tem mais energia para desfrutar a vida, e morrer em poucos anos, de tédio.

6 – Uso de botox.

7 – Procurar ser bem sucedido financeiramente, ao invés de buscar a felicidade.

8 – Ridicularizar quem busca a felicidade ao invés do dinheiro, chamando-o de “pessoa sem ambição”.

9 – Comparar objetos como carros, casas, roupas, e definir a vida em função destas comparações, ao invés de tentar realmente saber a verdadeira razão de estar vivo.

10 – Não conversar com estranhos. Falar mal do vizinho.

11 – Sempre achar que os pais estão certos.

12 – Casar, ter filhos, continuar juntos mesmo que o amor tenha acabado, alegando que é para o bem da criança (que parece não estar assistindo as constantes brigas).

13 – Criticar todo o mundo que tenta ser diferente.

14 – Acordar com um despertador histérico ao lado da cama.

15 – Acreditar em absolutamente tudo que está impresso.

16 – Usar um pedaço de pano colorido amarrado no pescoço, sem qualquer função aparente, mas que atende pelo pomposo nome de “gravata”.

17 – Nunca ser direto nas perguntas, mesmo que a outra pessoa entenda o que se está querendo saber.

18 – Manter um sorriso nos lábios quando se está morrendo de vontade de chorar. E ter piedade de todos os que demonstraram os seus próprios sentimentos.

19 – Achar que arte vale uma fortuna, ou que não vale absolutamente nada.

20 – Desprezar sempre aquilo que foi conseguido com facilidade, porque não houve o “sacrifício necessário”, e, portanto não deve ter as qualidades requeridas.

21 – Seguir a moda, mesmo que tudo pareça ridículo e desconfortável.

22 – Estar convencido que toda a pessoa famosa tem toneladas de dinheiro acumulado.

23 – Investir muito na beleza exterior, e se preocupar pouco com a beleza interior.

24 – Usar todos os meios possíveis para mostrar que, embora seja uma pessoa normal, está infinitamente acima dos outros seres humanos.

‘Paulo Coelho’

HÁ MESMO CHUVA DE RÃS E SAPOS

Apesar de ser um fenômeno muito raro a “chuva” de rãs, sapos e outros pequenos animais como peixes e lagartixas; já foi registrada em vários lugares do mundo. Mas não comece a pensar em pragas bíblicas porque a queda do céu destes bichinhos desafortunados pode ser facilmente explicada cientificamente.
A causa na verdade é bem singela. As fortes correntes ascendentes de alta intensidade podem absorver ou empurrar para cima qualquer objeto ou animal que não tenha sido suficientemente precavido para procurar um refúgio. Por isto ninguém ouve falar em chuva de toupeiras ou coelhos, que procuram abrigo rapidamente em caso de tempestade.
Uma vez empurrados pra o núcleo da tempestade ou tornado as correntes ascendentes os mantêm dentro das nuvens, sendo fustigados por fortes correntes de ar até que a tempestade perca intensidade. Aí então, tudo o que tinha sido absorvido pela tempestade cede ante a gravidade e cai, criando uma verdadeira “chuva”.
Quando estudamos as correntes de ar que; se encontram dentro das tempestades vemos que não é estranho que isto aconteça, já que os ventos ascendentes podem chegar a 200 km/hora, capazes de lançar para o alto qualquer objeto que tenha sido absorvido. Este fenômeno, já matou vários praticantes de asa-delta que, por um excesso de confiança, voaram perto de mais de um tornado e acabaram sendo empurrados te ao “cume”, a mais de 11 mil metros de altura. A esta altura as temperaturas são tão baixas que qualquer ser vivo morre congelado. Alguns pilotos chegaram mesmo a tentar desprender-se da asa-delta para lançar-se em queda livre, mas os ventos eram tão intensos que eles foram empurrados para cima da mesma forma.

sábado, 7 de junho de 2008

VORAGEM

Rostos que nunca vi, jacintos murchos cujas sonatas frias me tocaram, estes rostos não quero: eles são breves no desfile das pálpebras cerradas. Penso naqueles outros, familiares rostos de toda a vida. Cataventos da rua ainda sem nome, alagadiço porão da infância, arpejos e trigais, dai-me a ver novamente ou mesmo em sonho, estes semblantes nunca repetidos, graves alguns, mas todos inseridos na memória dos dias voluntários. Cemitério, talvez, dessas lembranças, todas, em mim, são rosas e crianças.

Jorge Tufic

SONETO DE ORBE E DE INFINITO

Agora faço a viagem, que raios itinerantes, qual espírito, Desentranham o sonho da matéria, enchem os espaços De onde o dia se põe aceso e solta os pássaros, Invadem a sala, mobiliam a casa de luz e de infinito. Os pássaros itinerantes aliam-se aos ventos e aos rochedos E, nessa viagem, de corpo inteiro, cada dia seu coletam. Acordo então e ponho-me a pensar nesses segredos, Em todos esses obstáculos de ave que em nós se hospedam. E a buscar respostas nessas rarefeitas estâncias, Do pêlo um desejo urgente cresce e me revista; Na boca a fala em dentes se recama no revôo De palavras secas e esquisitas, qual energia Que cai nos poros e, liberta, como aves, se inicia Na colheita da vida que nos cerca e nos irradia.

Marcelino Botelho

METAFÍSICA

Este é o único firmamento; portanto é o mundo absoluto. Não há outro mundo. O círculo está completo. Vivo na Eternidade. Os modos deste mundo são os modos do Céu.

Allen Ginsberg

MÁGOAS

Você é do tipo que se magoa facilmente? Pois saiba que a magoa é um sentimento que se origina do amor-próprio. Normalmente nos magoamos quando alguém é desleal conosco ou quando alguém age de forma contrária aquilo que desejaríamos. Há pessoas que se magoam pelas coisas mais insignificantes, - que para elas se tornam super importantes – quando um amigo esquece de lhe telefonar no dia do seu aniversario ou quando não são convidados para determinado ‘programa’ com os colegas de trabalho ou, até mesmo, quando algum conhecido passa por elas pela rua e não as cumprimenta.
O melindroso sempre encontra justificativas para se magoar. Ele está invariavelmente certo e os demais, segundo o seu conceito, injustificadamente mal intencionados. Esse é um comportamento que torna muito difícil o convívio. Quem é que se sente à vontade com alguém que pode se ressentir ante a mais sutil contrariedade? Essa é uma das desvantagens de quem é muito suscetível. Mas não é a única!
A mágoa é como um ácido que coroe o frasco que o contém! Gera estado patológico de humor, pois o melindrado sente uma necessidade enorme de demonstrar o seu descontentamento. Por isso, às vezes uma pessoa está bem humorada, mas quando se aproxima de quem a magoou, muda radicalmente de conduta, para deixar bem claro de que está ressentida.
Tais condicionamentos doentios desequilibram as emoções e produzem efeitos inclusive sobre o organismo físico estimulando o aparecimento de disfunções nervosas,problemas de digestão, dores de cabeça, etc. além disso, para quem acredita, espíritos desencarnados em estado de depressão podem vir a se ligar à mente da pessoa, que, não raramente, se compraz na mágoa.
Não se deixe abater pelas decepções da vida. Magoar-se não vai resolver problema algum; pelo contrário, vai agravá-lo mais ainda. Não se esconda por detrás dos argumentos de que: “Não tem sangue de barata” ou de que “não é capacho de ninguém”.
Coragem e dignidade se mostram com equilíbrio dos sentimentos. Mas você não precisa fingir que não vê o mal que lhe fazem!
Basta compreender que quem faz o mal o faz para si mesmo. Ademais, tocar a vida com nobreza e esportividade é uma maneira muito mais inteligente de revelar o seu amor-próprio.

‘Brígida Brito’

IN BROKEN IMAGES

He is quick, thinking in clear images; I am slow, thinking in broken images. He becomes dull, trusting to his clear images; I become sharp, mistrusting my broken images. Trusting his images, he assumes their relevance; Mistrusting my images, I question their relevance. Assuming their relevance, he assumes the fact; Questioning their relevance, I question their fact. When the fact fails him, he questions his senses; when the fact fails me, I approve my senses. He continues quick and dull in his clear images; I continue slow and sharp in my broken images. He in a new confusion of his understanding; I in a new understanding of my confusion.

Robert Graves

quinta-feira, 5 de junho de 2008

MEDOS

Para onde levo meus medos a musa sabe o entrave burocrático o sonho descrito na paisagem absorta espécie de estrela fria vigia onde o vento espanta as luzes no escuro da vista o medo floresce e desponta a mão treme o cansaço da mente escuta e sente o frio na hora pressente ser tarde o dia em que a coragem esteja na presença do como sair daqui agora meu medo permanece em cada banco onde sento consciente do estilo são os chapéus da época outras eras se aproximam e nada sei teria a censura do quarto fechado a porta exposta a carne sobre a cama o espelho espelha a vaidade fecho o livro não lido meus olhos parados sentem o frio e o calor ondas hordas árdua batalha.

Pedro Du Bois

FACTS BY OUR SIDE

Facts by our side are never sudden Until they look around And then they scare us like a spectre Protruding from the Ground— The height of our portentous Neighbor We never know— Till summoned to his recognition By an Adieu— Adieu for whence The sage cannot conjecture The bravest die As ignorant of their resumption As you or I.

Emily Dickinson

SEM LUGAR PARA LADRÕES

José Calixto, primo de Leonel Brizola, fundou no noroeste do Rio Grande do Sul, em 1961, o Movimento dos Sem Terra. Ao saber que os militares não queriam a posse de João Goulart, com a renúncia de Jânio Quadros, ele reuniu cinco mil homens e marchou para Porto Alegre. No meio do caminho, com dificuldades para alimentá-los, disse em voz alta:
- Vou dr uma chance de vocês roubarem um pouco. Quem quiser roubar, dê um passo à frente.
Apresentou-se uma centena de manifestantes dispostos a “roubar”.
- Eu só queria saber quem eram os ladrões. Quem deu um passo à frente, fora da tropa! Ladrão não luta pela Pátria!
E seguiu viagem.

LAGOSTA NO PIANTELLA

Após um dia intenso no Congresso, o deputado Edivaldo Mota chega ao Restaurante Piantella, de Brasília, pede uma dose de uísque e uma lagosta.
Depois de várias doses de uísque, e tendo diante de si a lagosta, Edivaldo interpela o garçom:
- Meu amigo, não está vendo, não? A esta lagosta está faltando uma perna...
O garçom, malandro, diz:
- Não esta vendo, não? Esta lagosta pegou uma briga em alto mar com outra lagosta, e perdeu a perna.
Edivaldo, impávido:
- Então, faça o favor de trazer a outra lagosta que derrotou esta!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

SONHO

Na vida dela, a expectativa pela universidade iniciou cedo a sua trajetória. Ainda menina, precipitada pelo sistema de seleção seriado, ela foi convocada a largar as preocupações pertinentes à sua adolescência recém inaugurada para preparar o seu futuro profissional. Nada a ver com a formação humana, presente em suas diversas maneiras nas várias fases da vida. Era a formalidade que lhe cobravam: provas que mobilizavam, transtornavam e deformavam o ano letivo, encolhendo-o todo numa só garrafa.
A concorrência invadiu a amizade limpa de interesses, os estudos apostilados esvaziaram o prazer das descobertas, a escolha da profissão despiu-se da leveza de pensar que o futuro ainda demora a chegar. Não foi sem dor o seu percurso, como afinal o dos outros jovens d sua geração. A exploração do corpo da mulher que seria um dia, as espinhas, os namoros, os pais que já não podiam lhe acolher como antes, os medos, os lutos, os lutos... tudo isso se misturava à imposição do vestibular nos seus ainda catorze anos, causando um tumulto no seu já tumultuado mundo adolescente.
Mas a dor era de todos: filhos, pais, professores. E como nos ritos de passagem, saúvas a morder o corpo, ausências prolongadas do convívio materno, ou seqüência de provas acachapantes representavam a tão propalada ascendência para a vida adulta. Quando não matam, esses ritos podem propiciar a real inserção na maturidade. Prosseguiu. Os pais, meio atônitos, muito inseguros a nova tarefa, e a empatia pela menina assustada que ainda li estava. O principio da realidade lhes alertava para os perigos de permitirem uma infância muito longa. Concordaram. E a vida foi passando..., e eles foram passando..., e passou.
Chegou o terceiro ano, aquele que no nosso tempo era ‘o ano do vestibular’. E no emaranhado de uma capacidade reflexiva por vezes precoce, ela concluiu que agora estava pronta para aquelas renúncias. Do alto da sua imaturidade pode, já então, olhar para trás e pensar como fora agressiva a precipitação dessa passagem; como, no recente passado, não estava pronta e, agora, sim. Estudou.
Ainda com resquícios do vendaval vivido, conciliou os conflitos e a indisciplina com o desejo de crescer, de vencer a etapa, de passar para a página seguinte. Queria livrar-se da assustadora sombra de repetir o tão malfadado ano. Conseguiu.
Na semana da matrícula ela era só ansiedade. As surpresas e burocracias do órgão público não lhe ofuscaram a satisfação. O misto da menina no corpo de mulher ganhou a confiança que estampava na face, no modo de vestir, na maneira do andar. Junto com a habilitação para dirigir, a matricula! As alegrias da maturidade mostravam suas faces.
E na véspera do tão esperado primeiro dia de aula arriscou dizer, em frase solta, - ‘amanhã não vou à universidade’. A mãe não lhe deu cabimento, sabia da sua ansiedade. Tentou tranqüilizá-la. A cabeça doeu, foi dormir cedo e ás cinco da manhã preparava-se para o novo mundo. A roupa, - ‘esta bom?’ – o caderno – ‘comprei um bem neutro’, (que lhe garantisse a distância da infância). O café, a hora. ‘Boa sorte!’ Munida dos novos documentos, deixou a sua mãe no trabalho e foi cumprir a sua desejada obrigação. Encontrou outros tantos jovens, ansiosos, esperançosos. Identificou a sala, tudo é tão grande! Ali sentaram, ali esperaram o primeiro professor, os primeiros ensinamentos.
Como na aula da saudade, aquela do encerramento, a primeira tem um sabor especial. Condensa num só momento um cabedal de expectativas e emoções e, junto com outros fatores, poderá ser responsável pela boa relação que o aluno terá com o curso escolhido. Passaram os minutos, as conversas nervosas. Guardaram.
Entre a decepção e o desconcerto esgotaram-se as horas desse primeiro compromisso sem que sequer uma satisfação lhes fosse dada. Sentiu-se oba. Alunos veteranos chegaram, pintaram os seus rostos, ofereceram lanches, encheram a manhã das alegrias esperadas. Mas a segunda aula também não aconteceu. E na outra, o professor veio avisar que estava doente. E no outro dia, mais um vazio. E a outra professora deu minutos da aula porque se sentia doente. E mais outro vazio.
A semana passou dessa maneira, quase toda. Amenizada por um ou outro professor que, ciente da responsabilidade do seu oficio, foi à turma desculpar-se pelos ausentes. Amenizada ainda pela infinidade das outras riquezas que o mundo universitário oferece; cinema debate, grupos de estudos que se formam espontaneamente, o contato com pessoas plurais e maravilhosa independência de ser responsável por si mesmo. Novamente precoce, ela percebeu o constrangimento nos olhos da mãe; é isso mesmo mamãe, são as frustrações da vida.
Que bom que ela e os outros possam transformar essa experiência, usá-la como referencia do que não deve ser. Mas o nosso sistema de ensino público precisa urgentemente rever os seus princípios e assumir a responsabilidade da imensurável tarefa que se propõe a cumprir.

‘Sandra Matoso Trombetta Quintans’

QUEM DISSE QUE A TRADIÇÃO DO CHÁ VEM DA INGLATERRA?

Há quem diga que chá é tradição inglesa. Pois venham para a China, então, ver como esse povo gosta de chá. É impressionante. Talvez seja uma das tradições mais antigas da cultura chinesa, tomar chá. Há indícios de que os povos daqui já tomavam a infusão de ervas em água fervente há mais de 2.700 anos antes de cristo.
Em mandarim a palavra é exatamente a mesma: Chá. O “Te”, falado pelo inglês, espanhol e até francês vem de uma variação do dialeto do sul da China.
São dezenas de tipos diferentes de chás. Os mais populares são o verde e o preto. Mas há uma porção de chás que nem se imagina que tenha tradução para o português.
Há várias casas especializadas em vender chá e em servir também. Chá gelado também é muito consumido. Há inclusive garrafas térmicas que praticamente todo o mundo tem, para carregar durante o dia. Elas vem com uma rede metálica dentro, que separa a erva da água. As pessoas saem de casa cedo e vão carregando com mais água quente durante o dia. Basta entrar num táxi, que você vê a garrafinha de tiracolo.
Água quente também é outra coisa bem chinesa. As pessoas costumam servir umas às outras, especialmente quando faz frio. Os bebedouros, diferentes, que tem opção natural e gelada, na China tem opção de natural e quente.
Algo prático na hora de fazer miojo.

‘Extraído do Blog Direto de Pequim’

PROCURA-SE UM AMIGO

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor... Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, no porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

‘Vinícius de Moraes’

POR QUE É QUE O SAL FAZ O GELO DERRETER?

A resposta para esta pergunta é profundamente simples. A Química nos fornece elementos para entender tal fenômeno.
Jogar sal no gelo faz com que ele derreta,porque a temperatura de fusão (passagem da água do estado sólido para o liquido) diminui. A temperatura de fusão da água é de 0º graus centígrados,mas, quando se joga sal no gelo, a fusão ocorre a uma temperatura inferior a essa.
Esta descoberta foi feita por Farenheit, que concluiu que a temperatura necessária para congelar uma mistura de água, gelo e sal era de -32º graus centígrados.
O efeito do sal em diminuir a temperatura de fusão da água é usado nos países onde costuma nevar.
O sal é jogado nas ruas e calçadas para derreter o gelo.
Para resfriar uma lata de cerveja em penas um minuto, também é possível aplicar a mesma técnica, jogando sal na caixa de gelo onde a bebida está armazenada.
A água liquida conduz melhor o calor do que o gelo. Além disso, o liquido resultante da mistura de gelo e sal está a uma temperatura abaixo de 0º graus centígrados. Tudo isso faz com que a energia térmica da bebida seja removida com maior velocidade, tornando a bebida mais gelada em menos tempo.

O SEU CLIENTE NÚMERO UM É VOCÊ MESMO!

Sempre que lhe vem á mente a idéia de se dedicar com mais afinco à tarefa de encantar e servir bem a sua clientela, você certamente se esquece de que o cliente que deve cativar todos os dias, em primeiro lugar, é você mesmo.
Estudiosos das relações interpessoais, psicólogos e psicanalistas já provaram que todo o ser humano possui como características fundamentais: o desejo de se sentir importante e a necessidade de ser apreciado, aceite e aprovado pelas pessoas que com ele convivem. Quando consegue abastecer-se dessa espécie de alimento para a sua integridade emocional, ele constrói em bases sólidas a sua auto-estima.
Você começa a construir a sua auto-estima a partir das suas primeiras interações com o mundo, ainda no berço. À medida que você sente que o braço o aconchego, os toques carinhosos dos seus pais representam atenção, aumenta a sua sensação de segurança.
Crescendo um pouco mais, você já começa a ser confrontado com os seus desejos e os desejos das outras pessoas. Você vai aprendendo que deve ter controle sobre os seus impulsos e que não pode fazer tudo o que quer, da forma que quer e na hora desejada. Se você foi bem suprido de apreciação e aprovação, por certo já possuirá uma boa base para ouvir os primeiros “nãos” de uma série de milhares, e aceitar as restrições, que paulatinamente lhe vão sendo impostas pelas pessoas da sua convivência: pais, irmãos, avós e amiguinhos.
O auge desse processo se dará na escola.
Se o seu processo inicial foi conduzido com êxito, você, mesmo não sendo uma criança tão bonita e inteligente como as outras da escola, sente-se seguro e vai tentar por todas as formas conservar na íntegra a auto-estima obtida. O seu comportamento entao pode ser muito agradável e o seu desempenho escolar muito melhor que os de outros colegas, mais inteligentes ou bonitos, mas que não tiveram por parte dos pais a mesma postura de aceitação e apreciação.
O relacionamento estabelecido entre filhos e pais nem sempre é satisfatório e, muitas vezes, deixa no ser humano seqüelas que perduram por toda uma vida. O melhor exemplo vem dos filhos criados para serem meros espelhos dos pais. Aqueles que lhes deram a vida não abrem espaço para verem aflorar a sua personalidade própria, ignoram os seus anseios e limitações e se recusam a ver as suas diferenças em relação àquilo que pensam. Criam, então pessoas que pautam toda a sua conduta, fundamentalmente, em função das reações dos outros. Se essa reação é favorável, sentem-se recompensadas, se é desfavorável, sentem-se punidas.
Auto-estima pode ser definida como a opinião e o sentimento que você tem por você mesmo. Ela está presente quando você se sente plenamente capaz de se amar, de se respeitar e de ter autoconfiança.
Como você pode identificar se sofre de baixa auto-estima?
Tente conversar consigo mesmo e responda se você se sente habitualmente vulnerável às criticas, frustrado, carente de atenção de outras pessoas. Sempre que erra, ainda que inadvertidamente, sobrevém a culpa, a vergonha, a sensação de ser julgado e rejeitado pelos demais. Examine-se e veja se a sua conduta é marcada pela excessiva timidez, insegurança, medo de se mostrar aos outros, de estabelecer um conversação descontraída e leve. As recusas das pessoas provocam em você um efeito devastador, gerando raiva e humilhação?
Sentimentos contraditórios movem aqueles que precisam reforçar a auto-estima. São pessoas que sentem uma vontade desmedida de agradar para se sentirem alvos da aprovação e do reconhecimento dos demais. Muitas são perfeccionistas, não admitindo sequer a hipótese de cometerem erros. Sentem-se inseguras, indecisas, muitas vezes deprimidas e despreparadas para enfrentar desafios. Ao mesmo tempo, para compensarem a sua enorme vulnerabilidade, escondem-se sob a capa do orgulho, da arrogância, da prepotência e buscam sempre rebaixar os outros. São aqueles que passam uma vida inteira conquistando inimigos, desafetos e fechando as portas atrás de si.
Identificando-se como alguém com baixa auto-estima, para imediatamente em busca do tempo perdido e aprenda a gostar de si mesmo. Inicie uma viagem para dentro de você e plante lá no fundo a sementinha da sua autovalorização.
Localize aquele sentimento de apatia e desanimo que toma conta de você impedindo-o de manter-se em forma, física e emocionalmente. Procure alimentar-se bem, corretamente, para conservar a sua saúde, afinal, você agora vai gostar mais. Faça exercícios, movimente-se; a vida é movimento. Aprenda a se olhar no espelho e a sorrir para aquele que você vê refletido lá.
Quando olhar para você e quando se auto-avaliar, tente mirar primeiro as suas qualidades, identifique-as. Depois, tente analisar as suas deficiências com objetividade, buscando eliminá-las do seu cotidiano. Lembre-se do passado, mas sem ressentimentos. Use as experiências que viveu como exemplos do que deve ou não deve ser repetido no presente e no futuro.
Trate-se melhor, dando a você mesmo mais amor e mais carinho. Acredite sinceramente que você merece essas coisas boas. Dê todos os dias a você mesmo coisas que o façam sentir-se feliz: sorrisos, elogios, abraços, descanso, lazer, música, leitura, dança, caminhadas ao ar livre, etc.
À medida que a sua auro-estima for crescendo novamente você perceberá que voltará a sua segurança ao se relacionar com as outras pessoas. Você passará a sentir-se mais á vontade e não constrangido diante de demonstrações de carinho e ao ser elogiado. Também não ficará tão suscetível às criticas como antes. Terá menos necessidade de aprovação dos demais, menos ansiedade, menos carências emocionais, mais flexibilidade, mais “jogo de cintura”, e melhor desempenho na carreira profissional.
Agora, você já estará mais pronto para construir relacionamentos saudáveis e prazerozos. Não estará buscando somente satisfazer aos outros. Você também busca a sua satisfação pessoal. Trace objetivos definidos, metas que dêem sentido à sua vida. Aprenda a se agigantar diante dos problemas, tornando-os pequenos. Agora você já não é mais aquela criança pequena, assustada e indefesa escondida do olhar acusador dos adultos.
Você hoje é alguém que cresceu e é importante! Você agora conquistou a paz e a harmonia e está preparado para encantar e cativar os seus clientes externos, clientes internos e clientes da vida, pois aquele que já está definitivamente conquistado é o seu principal cliente: você mesmo.

‘Rocha & Coelho’

O MELHOR ALIMENTO

Vai aqui esta pergunta para você: qual o alimento que não se vê, não precisa mastigar e é dado de graça? Sacou? Claro que você sacou. Mas no custa nada dar, aqui, a resposta. Esse alimento é o oxigênio que respiramos de segundo a segundo, que nos energiza, que nem damos pela sua invisível presença. Você é capaz de saudar, num almoço, uma picanha ou senão uma feijoada. E depois dá aquele arroto. No entanto, o alimento a que estamos nos referindo se processa em silencio. Surge com a inspiração, o primeiro acto da respiração. Depois segue-se a expiração, quando, então, o oxigênio se transforma em gás carbono. Uma alimentação tão importante, mas que a grande maioria não toma conhecimento. A coisa funciona automaticamente.
Mas o que eu acho importante nesse alimento,imperceptível e fundamental para a nossa existência, é que ele nos é dado gratuitamente, de mão beijada. Já pensou se fossemos obrigados a comprar oxigênio? E se os ricos pudessem adquiri-los? E se precisássemos de máscaras para tê-lo? Ah, esse alimento é divino! Daí ser gratuito.
E saber que não sôo homem respira, mas tudo que é vivo. E é vivo porque respira. Quando a criança sai da pousada uterina e entra para a vida lá fora, ela chora. E chora, não de saudade da pousada. Chora pelo impacto do ar nos seus delicados pulmões. Se ela não respira, está morta. Respiração é vida.
Pena que esse ar tão precioso, tão necessário para as nossas vidas, vez por outra seja contaminado, poluído, envenenado.
Vamos respirar melhor. Vamos ás praias e aos parques. O ar da cidade está muito sujo. Isto sem falar nas fumaças que os fumantes jogam no ar, obrigando-nos a absorver o veneno da nicotina... Faz pena vê-los num leito de hospital, asfixiados, tossindo de fazer dó, com os pulmões comprometidos pelo enfisema.
Ah, como é bom respirar um ar puro!... De manhã, depois do cooper, não faço outra coisa. Respirar é um acto divino, sagrado. Em aventurados os que respiram bem. além do mais, o acto de respirar tem a sua conotação didática. A vida para ser bem vivida consiste num dar e num receber. Infeliz daquele que só deseja receber. Dar e receber, segundo o mestre Deepak Chopa, é uma lei. Lei da solidariedade. Ninguém pode, nem deve reter por muito tempo o ar que respira. Tem que devolvê-lo à Natureza.
E esta é a grande lição da vida. Respirar é se comunicar com o meio ambiente. Ninguém pode dizer: o oxigênio é só para mim, como fazemos com as outras coisas.
Vamos, portanto, às praias, aos bosques, aos jardins botânicos; melhor oficina de oxigênio não existe. Também pode ser qualificado de Universidade Verde, onde se aprende a respeitar a ecologia.

‘Carlos Romero’

DIVE DEEP

O Morcheeba é considerado um dos estandartes do chamado trip-hop, subgênero calminho da música eletrônica. Por discos a fio, contou com o charmoso vocal de Skye, que largou a banda, sem dó nem piedade, em 2003.
De lá para cá, o grupo – que se resume aos irmãos multi-instrumentistas Paul e Ross Godfrey – já lançou dois álbuns, ‘The Antidote’ e este ‘Dive Deep’, lançado em Fevereiro passado.
‘The Antidote’ reflete o baque da saída de Skye e não rendeu o esperado. Mas neste novo, os irmãos Godfrey se superaram. Vão buscar referências na própria origem (quando não havia Skye) e abraça outros estilos, como o downtempo, e recebe convidados ao invés de apostar numa única vocalista. Aqui, podem ser ouvidos o rapper Cool Calm Pete, que faz juz ao nome, o cantor e compositor Thomas Dybdahl e a veterana Judie Tzuke, cultuada cantora britânica dos anos 1980, que está em algumas das melhores faixas, como “Enjoy the Ride” and “Blue Chair”.
Um disco de grandes climas.
(A.C.)

MUDAR – 2

Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... tome banho em novos horários. Use caneta de outras cores.
Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Se você não encontrar razoes para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!

‘Clarice Lispector’

MUDAR – 1

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma do outro lado da cama... depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de TV, compre outros jornais... leia outros livros. Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo o dia. O novo lado, o novo método; o novo sabor; o novo jeito; o novo prazer; o novo amor; a nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.

‘Clarice Lispector’

MEETING

Barn owl daughter of snow, subject to the night wind, yet taking root with her talons in the rotten scab of walls, beak face with round eyes, heart-rigid mask of feathers a white fire that touches neither time nor space. Coldly the wind blows against the old homestead, in the yard pale folk, sledges, baggage, lamps covered with snow, in the pots death, in the pitchers poison, the last will nailed to a post. The hidden thing under the rocks' claws, the opening into night, the terror of death thrust into flesh like stinging salt. Let us go down in the language of angels to the broken bricks of Babel.

Peter Huchel, translated by Michael Hamburger

FORA DE ALCANCE

Pelos meridianos imaginários viaja a noite sem medida e se infiltra o dia. Pelos mediterrâneos iluminados. Uma aragem sopra onde as bandeiras nas muralhas, onde os códigos, as malhas das fronteiras. Desde os confins da Terra sopra. Sobre os equadores de todas as divisas sopra, sobre os estritos dicionários, as praias restritas onde nada sobra. Faz-se ventania, clamor, vozerio sem letra e desigual e sem destino, que se desperdiça: nos paralelos do deserto, num parapeito de balcão. Nos paradeiros mais incertos, pelas margens opostas do paraíso.

Izacyl Guimarães Ferreira

FILA INDIANA

Um atrás do outro, atrás um do outro, ano após ano, ano após outros, minuto após minuto, século após séculos, continuam (a conduzir seus madeiros na perícia dos próprios dramas) um atrás do outro, atrás um do outro, ano após ano, ano após outros, minuto após minuto, século após séculos, e de novo um atrás do outro, atrás um do outro, até a surdez final do pó.

Nauro Machado

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A DADIVA DA CHUVA

Sóis frementes se espargem sobre as frontes Tornando a dor um gesto polissêmico. A terra está crestada, o ar endêmico; Brotam suores como brotam fontes. É delírio febril de mil amantes, É a face de um deus duro e polêmico, É a ira de um ser esquizofrênico Contra os sonhos de povos arquejantes. Mas, na terra de gente tão sofrida Onde a busca se faz em bruta lida Surge um raio de luz onde é sombrio. De surpresa cai chuva e surge a vida Fenecendo o calor de fero estio. E a terra, então crestada, entra no cio.

Barros Alves

A SINDROME DO “QUANDO”

A maioria das pessoas diz assim:
“Quando eu me sentir bem comigo mesma eu vou fzer isso, vou fazer aquilo, etc”.
O caminho não é esse. Comece logo a fazer que o sentimento aparece.a o começar a fazer, as coisas começam a mudar dentro e fora de você.
Intenção sem ação só tem um nome: ilusão. Ouse fazer e o poder lhe será dado.
Vivemos num mundo de ilusões. Pensamos que os órgãos dos sentidos nos mostram a realidade, mas, na verdade, eles nos enganam.
Quanta ilusão!!!

ILUSÃO DOS SENTIDOS

- Pensamos que a Terra está parada quando, na verdade, ela gira a uma velocidade incrível.

- Temos a sensação de que a Terra é chata, quando, na verdade, ela é redonda.

- O sol parece girar em torno da Terra, quando o que acontece é o contrário.

Se nos iludimos com coisas em proporções gigantescas, como a Terra e o Sol, imagine com as sutilezas do cotidiano! Muitas vezes, pensamos que as coisas são como as vemos, mas isso acontece porque uma mesma realidade pode ser vista de diferentes modos, dependendo do que cada um traz dentro de si.

ILUSÃO DO PENSAMENTO

Esse tipo de ilusão nos leva a pensar que as coisas são como são e que nada as pode modificar. Devagar. Não tenha tanta certeza disso. Pessoas e coisas se modificam, inclusive você. Hoje, você certamente é uma pessoa bem diferente do que era há cinco ou dez anos e, em conseqüência, mudaram os seus pontos de vista.
Se, se mantiver pensando dessa forma, o principal prejudicado será você.

JULGAMENTO

É correto dizer “uma vez balconista, sempre balconista”, à jovem empresária que acabou de abrir a sua própria loja de perfumes? As pessoas mudam. Elas vão incorporando novos atributos ao longo da vida. A dona da loja, que já foi balconista, deve ter sido, antes, estudante, telefonista, estagiária, e muitas outras coisas.
Você, provavelmente, foi estudante, praticou algum tipo de desporto, teve mais do que um hobby, seguiu mais de uma carreira profissional... Enfim, você já fez algumas coisas diferentes na vida. Você acha correto que as pessoas julguem que você é apenas uma das coisas que já fez? Claro que não!
Esta leitura é mais uma das incorporações positivas n sua vida. Então, cuidado, porque o que sempre é não é tudo o que é.

‘Lair Ribeiro’

A TIMIDEZ – APRENDA A VENCER…

“Classificado como um tipo de fobia, o problema pode se transformar numa doença quando atinge um grau avançado de evolução”

Medo de falar em público e inibição de se aproximar das pessoas são alguns dos principais sintomas de uma das coisas que mais atrapalham a vida social, profissional e até pessoal de um homem, que é a timidez. Classificada como um tipo de fobia social, em um grau brando a timidez tinge praticamente todos os seres humanos, de acordo com as circunstancias do dia a dia. Esta constatação é comprovada cientificamente.
Segundo o psicólogo Elinaldo Quirino, quando atinge um estágio avançado, a fobia social em questão se transforma em doença extremamente prejudicial aos cidadãos. Conforme o especialista, uma das principais causas da timidez é o sentimento de inadequação, que faz com que as pessoas no se achem interessantes o suficiente para serem aceites pelos grupos sociais. “O medo de ser rejeitado é muito forte nesses indivíduos. Eles preferem se afastar do cenário social para não passar pela possibilidade de serem rejeitados”, afirmou Quirino.
Coordenador do Centro Psicológico do Controle de Estresse na Paraíba, Brasil, Elinaldo Quirino explicou que geralmente a timidez ainda está relacionada a problemas de auto-estima. Ele ressaltou que pessoas que se auto-avaliam negativamente têm medo de se expor socialmente, sendo presas fáceis para a fobia social em foco. Enfatizou, no entanto, que o estado de timidez é um comportamento normal de auto-defesa e de preservação.
Elinaldo Quiroga observou que uma preocupação que o tímido deve ter é quando ele chega ao ponto em que deixa de ser um individuo funcional e, consequentemente, de interagir nos meios sociais.
Nesse momento a timidez no ser humano passa a ser um problema de ordem psicológica e que precisa ser tratada à base de terapias. “Quando há prejuízos em qualquer área da vida da pessoa, então é necessário o tratamento”, salientou o psicólogo.

MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

O medo de falar em público, característico dos indivíduos tímidos, é o segundo maior tipo de medo que afeta as pessoas, segundo o psicólogo.o primeiro, conforme ele, é o medo da morte. De acordo com o psicólogo, a pessoa falando em público se expõe mais do que em qualquer outra situação. “Se expõe aos olhares e opiniões de idéias de aspetos físicos, intelectual e social, e inda tem a possibilidade de ser alvo de indagações dos ouvintes”, destacou.

TIMIDOS LEVAM DESVANTAGEM

O colunista social Bernardo Virginio considera-se uma pessoa tímida ao extremo. “Sou enlouquecidamente tímido”, confessou. Ele lembrou que, antes, pensava que o acanhamento fosse por questão de insegurança. “Hoje vejo que no me considero uma pessoa insegura. Agora, não sei de onde se desencadeou esse problema, que é uma coisa que independe à minha vontade”, afirmou.
Fábio Bernardo Virginio revelou que; se tiver de ir a um restaurante, uma festa, ou a outro qualquer evento, onde se concentre muita gente, procura chegar cedo ao ambiente para evitar ser alvo de olhares”. Segundo ele, se chegar ao local sem ser cedo corre o risco de não cumprimentar ninguém.
De acordo com o colunista, até mesmo quando conhece uma pessoa nova a reação de timidez se apresenta. Fábio Bernardo Virginio relata que fica sem saber como falar ou como se apresentar ao novo conhecido. Por conta desse jeito de ser, Bernardo salientou que já foi prejudicado algumas vezes na sua vida. “Quem é tímido leva desvantagem em cima dos ‘cascateiros’, que são pessoas que têm um poder de persuasão maior”, comentou.

ENCARANDO OS DESAFIOS

Fábio Bernardo Virginio tem consciência de que é preciso lutar contra a timidez. “É necessário se trabalhar isso para vencer, sobretudo diante de adversários”, enfatizou, acrescentando que, dentro das suas possibilidades e limitações, vem procurando trabalhar de forma pessoal para vencer a timidez.

DICAS:

1 - Participar de eventos sociais, mesmo que passivamente, a exemplo de ir a uma festa e ficar na sua como observador.

2 – Aproximar-se de pessoas procurando escutar mais do que falar, observando o comportamento delas, para verificar que quase todas são tímidas.

3 – Aceitar a timidez como uma coisa natural e não como um problema, lembrando que no mundo tem lugar para os tímidos.

4 – Mesmo sendo tímido, procurar interagir com as pessoas. Comece melhorando o seu relacionamento inter-pessoal com as pessoas mais acessíveis, ampliando para as menos acessíveis.

5 – Caso se sinta prejudicado,é importante procurar um profissional para trabalhar a timidez e buscar, através de técnicas específicas, vencer a timidez.

6 – Freqüentar cinemas, teatros, grupos de dança de salão, participar de atividades filantrópicas,praticar desporto, entre outras ações, para desinibir.

‘Edivaldo Lobo’

CARNAVAL

Alguém chora, sozinho, um choro igual
ao pranto que chorei em noite infesta
vazia de esperança,igual a esta,
quando termina mais um carnaval.

Alguém que chora o fim,por mais banal,
apega-se à esperança que ainda resta,
e à crença de que, um dia, volte a festa
dos abraços e beijos, tal e qual.

O carnaval termina. Na avenida,
deusas pagãs, volúveis e coquetes,
lançam beijos do amor de despedida.

Passou meu carnaval, não há vedetes
no carnaval do amor da minha vida,
sem beijos, serpentinas e confetes.

‘Ronaldo Cunha Lima’

THE END OF SILENCE

Regresso de uma das bandas mais importantes para a consolidação do hardcore, a Blak Flag, Henry Rollins tem uma carreira a solo irregular, a ponto de hoje se dedicar de corpo e alma ao cinema (é dele o papel principal no filme de terror “Floresta do Mal”, que acaba de sair em DVD)
“The End of Silence” é um dos melhores álbuns da fase a solo deste americano quase cinquentão. Lançado em 1982, Henry põe-se a, no grito, desde discutir a relação até meditar sobre seu “eu” interior. Isso tudo com uma banda segura, mandando ver um ótimo proto-metal, bastante cerebral (bastante em voga na época, como o Helmet e similares).
É desse CD que saem pequenas obras-primas como “Low self opinion”, “Tearing” e “Almost real”.
(A.C.)

PACTO DE SANGUE

Clássico dos clássicos do cinema noir, “Pacto de Sangue” (1946) lembra aos esquecidos que Billy Wilder era tão bom no drama quanto nas comedias. Aqui, a história é modelo: a loura fatal que trai o marido com um agente de seguros e planeja o assassinato com o amante.
Bárbara Stanwyck e Fred MacMurray têm grandes desempenhos e Wilde mostra, mais uma vez, a perícia em tirar o pior dos seus personagens e criar finais inesquecíveis.
A edição da Versátil traz um documentário de 37 minutos (Sombras e Suspense) e um texto sobre a vida do diretor.
A fase de Wilder no período é dificilmente vencida. Na seqüência viriam “A Mundana” (1948), “Crepúsculo dos Deuses” (1950) e “A Montanha dos Sete Abutres” (1951).
(R.F.)

CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ

Num tempo em que as comédias americanas sobre o cinema viraram apenas um jogo de adivinhar qual o filme que está sendo parodiado no momento, é sempre ótimo relembrar a inteligência e humor apurado do trio ZAZ.
Eles já tinham dado à luz dois filmes antológicos:
“Apertem os Cintos! O Piloto Sumiu...” (1980)
“Top Secret – Superconfidencial” (1984)
Se antes, eles brincavam com os filmes-catástrofe e depois com os filmes de guerra, “Corra que a Policia Vem Aí” apontou as câmeras para os policias.
Foi a consagração de Leslie Nielsen, actor de segunda havia muitos anos e que virou símbolo do cinema-paródia, e nunca mais se livrou dele. Diferente de “Todo Mundo em Pânico”, “Deu a Louca em Hollywood”, “Super-Heroi – Filme” e outras traqueiras, aqui ainda se satirizava os clichês e a linguagem cinematográfica, e não as cenas especificas de filmes.
(R.F.)

SEIS PERSONAGENS À PROCURA DE AUTOR

O que fazer quando no meio de uma peça, em que o diretor reúne o seu elenco, aparecem “personagens”? é isso o que acontece nessa obra-prima de Pirandello num delicioso jogo metalingüístico.
Além de dramaturgo, Pirandello escreveu romances, contos e ensaios. Mas foi o teatro que o consagrou ao ponto dele chegar a receber o Prêmio Nobel da Literatura, a glória máxima de qualquer escritor do mundo.
“Seis Personagens à Procura de Autor”, é uma das suas peças mais conhecidas.
Mas, a força desta peça, escrita há mais de 80 anos, pode ser conferida nas páginas do livro.
(B.B.)

DA FELICIDADE

"O homem sequioso de glória transforma em bem próprio a atividade alheia; o voluptuoso põe a felicidade nas próprias sensações; o homem inteligente, no seu procedimento."

Marco Aurélio, in Pensamentos, Livro VI, trad. João Maia

DA RECTIDÃO

"Se alguém me pode convencer com provas à mão de que as minhas opiniões ou modo de proceder não são rectos, sem custo mudarei. Procuro a verdade, que nunca prejudicou ninguém. Prejudica-se o que, pelo contrário, persiste no erro e na ignorância."

Marco Aurélio, in Pensamentos, Livro VI, trad. João Maia

DERRADEIROS SINAIS DE VIDA

O homem está se submetendo, cada vez mais, à tentação da serpente, não expressando qualquer sinal de resistência. Cai nesse apetite violento e comprazer. O planeta Terra está sendo comido como a maça nas mãos de Eva. Consumido pelas entranhas por uma insaciável fome. Não, não é fome. É um processo irreversível de destruição.
O Ártico está degelando, desfazendo-se como um enfermo, em estado grave, na UTI. A ganância humana conta os seus dias. Nenhuma iniciativa dos países mais ricos para se conseguir reverter esse degelo. O que há é um conjunto de ações para dividir o espólio daquela parte do mundo que, em breve, desaparecerá. Na Groenlândia, representantes dos Estados Unidos, Canadá, Rússia, Dinamarca e Noruega discutem como dividir aquele continente de água e gelo. Traçam fronteiras, definindo a quem vai pertencer a riqueza existente no ventre da terra, a mais de quatro mil metros de profundidade.
Nessa ganância desenfreada, dois países já fincaram as suas bandeiras de titânio, como fazem na lua, marte ou por aqui mesmo, em algum país em que haja petróleo. Os Estados Unidos, pesar de terem enviado representantes à reunião, discordam da realização desse encontro. Segundo a Deutsche Welle, alegam que o aquecimento global permitiria uma prospecção mais fácil das jazidas minerais da região polar, onde se encontra um quarto das reservas mundiais de petróleo e gás natural. Porém, pesquisadores russos, bons conhecedores do Ártico, estimam que, somente na chamada Cordilheira de Lomonossov, estão disponíveis para o consumo mais de dez bilhões de toneladas de petróleo e gás natural.
Outros países, de olhos abertos, permanecem atentos à questão. Porém, os cinco países que se reuniram na Groenlândia argumentaram que, devido à profundidade das jazidas, pouquíssimos serão capazes de fazer a prospecção. Segundo acrescentaram, só os países mais ricos e vizinhos daquela região teriam essa capacidade técnica. Em se tratando de um continente constituído apenas por montanhas e imensos blocos de gelo, pode-se prever o início de outra “guerra fria”.
O homem é assim. Explorado esse petróleo, existirão mais máquinas, com os seus escapes poluindo o planeta. Não se observa algum esforço coletivo para o uso de energia alternativa condizente com o ecossistema. O homem é assim, mata a natureza, que lhe é mãe e moradia. No seu irracional egoísmo, amealha os bens que devem ser preservados para as futuras gerações. Bem cabível é a lembrança de um trecho da obra “O Judeu” de Camilo Castelo Branco:
“À volta daquele cadáver travou-se uma briga de peito a peito, um cortar de ferros e ressaltar de sangue que espirrava a face do morto: eram os três assassinos a defenderem o espólio das presas duns que subiam e doutros que desciam acossados pelas chamas”.
A que acrescento: de petróleo. Sim, chamas de petróleo. Esses acontecimentos são profecia dos derradeiros dias de vida.

‘ Damião Ramos Cavalcanti’