terça-feira, 21 de agosto de 2007

O ROMANCE DO SOL E DA LUA

O sol e a lua raramente se encontram. Todos os dias o sol espalha sobre a terra os seus raios, como se passasse os olhos sobre o Planeta em busca de algo. E busca. É a lua que ele procura, invariavelmente, todo santo dia ou todo dia santo, tanto faz. Mas ele não fica avexado nem um pouco, pois sabe que nada resiste ao inevitável. A vida, em seu eterno retorno, provocará esse encontro e mais outro. Queira o sol, queira ou não queira a lua.
Forças misteriosas de atração e refração incidem sobre ambos. Nada é mais sensual do que a dança dos astros. Eles se matem a certa distância um dos outros. Alguns se olham. Outros disfarçam. Ora aproximando-se, ora distanciando-se, em obediência ao ciclo de uma grande engrenagem, em cenas que se repetem. Cada passo que se repetiu, repetir-se-á infinitas vezes... e isso parece não cansá-los.
A lua se afasta. Esconde-se por trás da terra. Nem por isso o sol deixa de mirá-la. Por vezes, ela reaparece, mas só uma pontinha, como se estivesse espionando-se de que ele ainda a busca. Só depois surge inteira, cheia, para ser admirada, alimenta a paquera e novamente se esconde por trás do Planeta, sendo que aos poucos, para prolongar o cortejo. O sol, para não dar bandeira e provocar algum ciúme, espalha seu raio por todo o Sistema, levando calor a planetas, satélites e meteoros, fazendo o seu olhar ser percebido a anos-luz.
Tudo neste Sistema gira em torno do sol. O que ninguém sabe é que o olhar dele, embora aqueça a todos, tem endereço certo. É para a lua, somente para ela é que ele olha e não cansa. Não cansa porque confia na sua teimosia e sabe que isso tudo se repetirá eternamente.

- “Fabiano Lucena” -

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