terça-feira, 21 de agosto de 2007

Rir ainda é o melhor remédio

Especialistas comprovam: rir é mesmo o melhor remédio. Quer dizer, rir apenas não, gargalhar. Estudos desenvolvidos em vários lugares do mundo comprovam que dar boas risadas ajudam a prevenir doenças como vitiligo, psoríase, depressão, problemas cardíacos e até a cárie. Além de agir na prevenção, o riso também ajuda a acelerar o processo de cura, como acontece com pessoas portadoras de câncer, que apresentam melhora na doença depois de incorporar sessões de risos em seu dia-a-dia. O ato de rir também possui um efeito antiinflamatório, contribuindo para reduzir inflamações e aliviar a dor nas articulações. E para quem pensa que o assunto não é sério, a doutora em Medicina e Odontologia pela Universidade Livre de Berlim, Ursula Kirchner, explica que a prática rendeu até a formação do Clube da Gargalhada do Brasil (CGB), entidade que existe desde 2004 e que se consiste em um movimento global para a saúde, felicidade e paz no mundo. Lá as pessoas se reúnem para, simplesmente, rir!
O clube está instalado na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e qualquer pessoa pode participar. Os integrantes se encontram na praça da Liberdade no centro da Capital mineira e lá, segundo Ursula, a risada é provocada, sem a necessidade de piadas. Cada sessão de gargalhada começa com exercícios de respiração profunda e de emissão de sons, como ho... ho... há... há... há..., seguidos da prática de várias técnicas de riso estimulado.
“No início, os participantes realizam a prática com posturas de yoga, que acabam por levar o grupo a experimentar uma autêntica gargalhada. As risadas são contagiantes. Quando em um grupo alguém inicia uma gargalhada, a tendência é que todos os outros membros do grupo caiam na gargalhada também. Mesmo que a risada seja, a princípio, simulada, ela logo se torna espontânea e corre solta”, explica.
Ela conta que a técnica surgiu a partir dos estudos do médico indiano Madan Kataria, que deixou a medicina tradicional para se dedicar às pesquisas no gênero. Hoje, existem cerca de 5 mil clubes espalhados em 40 países do mundo. O método é conhecido como Hasya Yoga (Yoga da gargalhada) e também pode ser transmitido para outras pessoas do país através de cursos, workshops e palestras (www.clubedagargalhada.com.br).
Sem mascarar as tristezas

A médica Ursula Kirchner reitera ainda que se a pessoa estiver passando por um período difícil, ela tem que permitir que a tristeza esteja presente durante a prática, sendo verdadeiro com os seus sentimentos. “Muitas pessoas dizem que quando voltam para casa, após uma sessão de Hasya Yoga, sentem-se bem, mas outras, no entanto, sentem vontade de chorar”, conta Ursula Kirchner. E completa, “Por isso, é muito importante não usar a gargalhada para mascarar a tristeza, pois ela não é um instrumento para isso. Se não gargalhamos do fundo do coração, conduzindo nossa prática nesse sentido, não há como eliminar a tristeza. É a consciência equilibrada e a expressão de ambas as energias, alegria e tristeza, que o levam a experimentar uma profunda sensação de harmonia e de paz dentro de você”, recomenda.
Pensamento positivo

Ursula Kirchner, diz que seguindo o raciocínio “faça de conta até você conseguir fazer realmente”, existem pesquisas na área médica que mostram que se a pessoa agir de forma positiva, com alegria e sorrindo, o corpo produzirá substâncias químicas de felicidade, como as endorfinas.
“De acordo com o princípio da Programação Neurolingüística, tanto numa gargalhada espontânea quanto numa gargalhada ‘estimulada’, o exercício e, conseqüentemente, o efeito serão os mesmos, pois nosso corpo não reconhece a diferença entre uma e outra. Assim, independente da causa da gargalhada, ela provoca a mesma descarga fisiológica”, ressaltou a médica.
Falta de sorriso pode levar ao infarto

A psicóloga e estudante de Doutorado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Patrícia Nunes da Fonseca, explicou que o bom humor pode afetar a vida das pessoas de duas maneiras, na prevenção e recuperação de doenças. No primeiro caso, segundo ela, o estado de bom humor gera sentimentos positivos que possibilitam ao indivíduo aumentar sua imunidade, fato que ocasiona uma melhora na saúde e conseqüentemente uma maior qualidade de vida.
Patrícia Fonseca disse que psicossomática é a ciência que estuda como emoções, negativas ou positivas, podem interferir no corpo humano. “Sabe-se que, na atual vida moderna, muitas das doenças gástricas, por exemplo, têm origem psicológica, tendo o estresse como o grande vilão. Pessoas estressadas também estão mais propensas a desenvolverem sentimentos negativos de cólera, raiva e depressão. Assim, elas vivem de mau humor, ansiosas e sempre preocupadas, o que os levam a se tornarem um possível candidato ao enfarto”, alerta.
Já as pessoas que buscam desenvolver suas emoções positivas, com uma vida mais balanceada em termos de atividades, estão mais propensas a terem uma maior satisfação com a vida e um índice maior de bem-estar. A psicóloga diz que o estudo das emoções vem ganhado cada vez mais espaço no mundo acadêmico, e isto tem sido refletido em novas áreas do conhecimento que estão surgindo, como é o caso da psiconeuroimunologia, que de acordo com ela, estuda como as emoções influem no sistema imunológico das pessoas.
Quanto a recuperação de doenças, Patrícia Fonseca cita o exemplo do projeto “Doutores da Alegria”, que utilizam o riso e o bom humor para estimular pessoas que estão enfermas em hospitais. Ela diz que o projeto demonstra que à medida em que os pacientes sorriem, vivenciam sentimentos positivos, como a alegria, descontração, confiança e começam a ver a vida em uma perspectiva mais leve. “Isso acarreta uma recuperação mais rápida, principalmente no caso do câncer”, comentou.
Patrícia Fonseca citou ainda algumas pesquisas que vêm sendo realizadas na Universidade Yale, nos Estados Unidos, que demonstraram a importância do riso para a redução dos hormônios envolvidos na fisiologia do estresse, melhorando a intensidade e realçando a criatividade das resposta. Além disso, ela conta que o ato de sorrir com frequência também é capaz de reduzir a dor e, sobretudo, melhorar a imunidade.
Ao fortalecer o sistema imunológico, ela diz que as pessoas também ficam mais resistentes às doenças psicológicas e conseguem superar com mais facilidade problemas de depressão, insônia e síndrome do pânico, por exemplo. “As pessoas que sabem se divertir e rir são, geralmente, mais saudáveis e mais capazes de sair de situações de estresse com mais facilidade”, afirmou.
Necessidade de liberação de endorfina

Pessoas bem-humoradas e que cultivam o ato de rir com freqüência acabam dando um reforço a mais ao coração. O cardiologista Francisco Santiago, que é presidente da Associação dos Hospitais da Paraíba, disse que o “alto astral” é fundamental para manter o bom funcionamento do aparelho cardiocirculatório. Ele explicou que as pessoas que costumam sorrir mais vezes ao dia, liberam uma maior quantidade de endorfirna, que é um mediador químico, “descarregado” pelo cérebro quando as pessoas têm sensações de alegria e também quando praticam atividades físicas.
“A endorfina ativa o sistema cardíaco, melhorando os batimentos do coração, mantendo a pressão arterial sob controle e com isso, proporcionando o equilíbrio do nosso corpo”, explicou, dizendo ainda que as pessoas bem-humoradas produzem mais serotonina, que é um neurotransmissor que dificulta a aderência das plaquetas capazes de formar coágulos. “Um perigo para as artérias”, ressaltou o médico.
CONTRA BACTÉRIAS

Dar gargalhadas também é sinônimo de mais saúde para a boca. O dentista Dácio Gonçalves, diz que uma pessoa mais alegre e sorridente estimula o sistema glanular e uma maior produção de saliva. Com a boa mais úmida, diminui as chances da proliferação de bactérias, que são responsáveis por causar o mau hálito e também as cáries. “A saliva contém substâncias naturais que funcionam como uma espécie de defesa da boca. Quando a boca está seca, há um processo de fermentação, que se caracteriza por uma maior quantidade de bactérias. Podemos perceber quando estamos dormindo, onde praticamente não produzimos saliva. Por isso, que ao acordar percebemos o mau hálito, devido a essa concentração de bactérias”, explicou.
O bom-humor também é um forte aliado a prevenção de doenças de pele. A dermatologista Carla Gayoso, explica que algumas doenaçs psicossomáticas, a exemplo do vitiligo, da herpes e da psoríase, são provocas por problemas emocionais e ao estresse.


- "Marly Lúcio" -

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