quinta-feira, 27 de março de 2008

DOVER BEACH

The sea is calm tonight. The tide is full, the moon lies fair Upon the straits; on the French coast the light Gleams and is gone; the cliffs of England stand, Glimmering and vast, out in the tranquil bay. Come to the window, sweet is the night air! Only, from the long line of spray Where the sea meets the moon-blanched land, Listen! you hear the grating roar Of pebbles which the waves draw back, and fling, At their return, up the high strand, Begin, and cease, and then again begin, With tremulous cadence slow, and bring The eternal note of sadness in. Sophocles long ago Heard it on the Ægæan, and it brought Into his mind the turbid ebb and flow Of human misery; we Find also in the sound a thought, Hearing it by this distant northern sea. The Sea of Faith Was once, too, at the full, and round earth's shore Lay like the folds of a bright girdle furled. But now I only hear Its melancholy, long, withdrawing roar, Retreating, to the breath Of the night wind, down the vast edges drear And naked shingles of the world. Ah, love, let us be true To one another! for the world, which seems To lie before us like a land of dreams, So various, so beautiful, so new, Hath really neither joy, nor love, nor light, Nor certitude, nor peace, nor help for pain; And we are here as on a darkling plain Swept with confused alarms of struggle and flight, Where ignorant armies clash by night.

Matthew Arnold

DESNORTEIAS-ME

Perdi o norte quando a tua língua
Segredou com o meu sexo húmido.
Confidenciou-lhe as saudades do meu sabor.
O teu sexo endurecido e nervoso beijou
O meu lenta e profundamente. Dançou,
Roçou e deslizou na concupiscência que libertávamos.
O tempo avançava ao ritmo dos uivos de prazer
E a lua resplandecia com o fixar do nosso olhar.
O meu corpo vestiu-se das tuas mãos, língua,
Boca que lhe tocavam, sorriam e lambiam,
Degustando todos os seus relevos num desejo
Desmesurado onde me perco descontrolada.
Sinto o que me percorre, suga os
Brandos soltos que me provocas e
Deslizam pelas minhas pernas trémulas.
E tudo…enquanto em mim o sol brotava e
Pingava em ti a alvorada.

In Blog Gosto e Contra Gosto

DA BREVISSIMA EXISTENCIA

Sinto em mim oposto ao medo - lá para dentro minha pedra (brevíssima existência) -, o viver silenciado como se desta vez a existência abrisse a alma que o guia muna ulunga a calma mas próxima função conduz-me anunciando a sedução a noite ganha razão como ferida a glória no duro labirinto muito perto do sofrer morre em mim oposto a amargura a doçura da vida espumas de luz lá para diante: o fracasso, a desonra. que importa a vitória talvez sobre os dias porque alguém me esmaga a cidade pó só pó sobre os ombros da morte o vazio efectivamente intervalo de noites a brevíssima, inacreditável existência (a pedra) já nada seduz.

Abreu Paxe

CUMPLICES

Estou sentado no trono de pedra que me entregaram os deuses para pensar em ti. Em frente, o mar oceano abre-se como um limite inexpugnável à minha solidão despojada, levemente tocada por ínfimas recordações do tempo em que a felicidade existia e os ventos eram ainda o bálsamo apaziguador. Tomo um álcool fortíssimo que me violenta as entranhas com um vómito grotesco e abro as narinas para a brisa salgada que vem dos lados em que a claridade mortiça cega atrozmente as aves de arribação que hão-de partir para outras paragens mais dóceis que esta provação infinita. O céu despeja no horizonte brilhos e sons inefáveis, crispa os fugazes navios que demandam a salvação, dissipa as últimas nuvens que lentamente se transformam em minúsculos grãos de fogo que infectam os ares com os silvos agudos que produzem na queda. Atrás de mim, a grande mão das coisas levita suavemente pela escuridão da cidade, arrastando pelos cabelos a cabeça degolada do último profeta que em vão invocou o teu nome antes que a trombeta soasse e a perdição fosse total e definitiva: – " Não sou deste lugar e o meu reino é outro." Sob o meu olhar desolado um cisne inscreve na neblina a dúvida insolúvel, penso em ti, o mar imortal da nossa redenção, o efémero mistério da eternidade que salva e castiga.

Amadeu Baptista

CONTIGO SINTO-ME

A musicalidade dos teus gestos compõe
Os sonhos paridos do prazer que me acendes.
Contigo sinto sempre que cada vez é a primeira
Do verbo que conjugamos num só gemido.
Contigo sinto-me única, desejada, amada…especial.
Sinto-me “a” por tudo o que tem o cunho do teu sabor:
Pelo cheiro que me espalhas; pelo olhar que me lanças;
Pela ferocidade com que me degustas; pelas palavras que me soletras;
Pela erecção dos meus sentires e por ti dentro de mim.

In Gosto e Contra Gosto

BROWN PENNY

I whispered, 'I am too young,'
And then, 'I am old enough';
Wherefore I threw a penny
To find out if I might love.
'Go and love, go and love, young man,
If the lady be young and fair.'
Ah, penny, brown penny, brown penny,
I am looped in the loops of her hair.
O love is the crooked thing,
There is nobody wise enough
To find out all that is in it,
For he would be thinking of love
Till the stars had run away
And the shadows eaten the moon.
Ah, penny, brown penny, brown penny,
One cannot begin it too soon.

William Butler Yeats

BOCAGE NA CALÇADA DO COMBRO

É nos olhos de Fernanda que tudo principia
Empurram a neblina no combro da calçada
Projectam muita luz na escuridão da livraria
E dão o calor do fogo ao frio da madrugada
Por acaso no trânsito tão hostil desta cidade
Um eléctrico com turistas parou em frente
Uma estrangeira fixou-se com curiosidade
Nas velhas gravuras feitas de cor e de gente
Não havia táxis, ambulâncias ou pizzarias
Só as lareiras para enfrentar os vendavais
As pessoas iam pois aos cafés e livrarias
Á procura da saúde, não iam aos hospitais
A caminho dos Fanqueiros passou Cesário
Sorriu para Bocage ali à porta da livraria
Fruto do momento surgido do imaginário
Fernanda quebrou então a sua monotonia

In Aspirina - B

BOCA

Boca
livre trânsito
de vocábulos e aves
fruições e frutos.
Boca
sede de gozo e poder
pombos lhe pousam
entre os dentes ávidos
pêssegos se imolam
cindindo-lhe os lábios.
Boca
sítio de martírio
se a contragosto
de fome se fecha
ou em pânico se cala
atrás de uma mordaça.

Astrid Cabral

AUTO-RETRATO

Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte, E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico Falhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado Ficou de fora); sem família, Religião ou filosofia; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profissão Um tísico profissional.

Manuel Bandeira

ANUNCIO URGENTE

Procura-se um poeta
com estrela na testa
e voz de profeta.
Apareça, poeta
enxergarei a estrela
entenderei a parábola.
Precisa-se de um poeta
do tamanho do seu tempo
pode vir de marte, do mato
ou no vento.
Precisa-se de um poeta
dispensa-se currículo
o nome do barco é poesia.

Ieda Estergilda

ANGELS

They have little use. They are best as objects of torment. No government cares what you do with them. Like birds, and yet so human . . . They mate by briefly looking at the other. Their eggs are like white jellybeans. Sometimes they have been said to inspire a man to do more with his life than he might have. But what is there for a man to do with his life? . . . They burn beautifully with a blue flame. When they cry out it is like the screech of a tiny hinge; the cry of a bat. No one hears it . . .

Russell Edson

AMAS-ME!

Reacendeste o que parecia inerte.
Senti-te mais do que a tua fúria deixou transparecer.
Percebi que te afastar de mim é abrir
Caminho à infelicidade de que me proteges.
Deliciei-me com o tatear das tuas mãos
Gulosas, ansiosas, apressadas que
Denunciam sofreguidão e curiosidade.
Conosco não há pressa; apenas vontade,
Ânsia, desejos que expulsaram o espreitar da vergonha
E segredaram que o que nos une é
Tão mais forte do que as “regras” podem ditar.
Apenas quereres, sentires, paixões,
Emoções, afetos e amor.
O silêncio quebra-se com o gemer da tua voz,
Com a sede da tua boca que se cala ao sorrir
Nos meus beijos molhados; com a tua língua
Aflita que me saboreia pelas linhas do meu corpo
E inunda-me com o mel da tua saliva.
Ensurdeço com os gemidos de prazer que
O teu corpo ecoa e se mistura ao suor do meu
Que por te amar transpira arrepios quentes
E abraçados num só corpo: nós.

In Gosto e Contra Gosto

AGORA NÃO MAIS AGORA

O implacável ardor que é viver
enquanto grassa
tudo o que passa
implacável ardor que não se cansa
na linha do destino o fogo dança
o implacável ardor apenas dança
o sonho a cada sonho mais informe
a vida mais torta a cada vida
eu te amei mais do que te amava
amor com amor se apaga
outras maçãs outras manhãs
anos enganos
sobre o fio da navalha dança
o vacilante coração do instante

Aricy Curvello

ABC DO POEMA

Letra e poema não necessitam de pingo com pigarro. Não dependem de pingo de vela resfriado. Não precisam de pingo de tinta e de nenhum pingo de pena. A grafia banaliza o pingo e a gramática sacrifica o poema. Resta ao poeta fazer sopa de letras & palavras. - Vogais na medida e consoantes à gosto. Depois tomar o poema no canudinho e a língua da menina-dos-olhos beber em conta-gotas.

Leônidas Arruda

A PELE DO SILENCIO

Bueno es decir la vida y encontrarla en la honda raíz de cada cosa. Bueno es matar la sombra recelosa con el solo dolor de penetrarla. Bueno es querer la voz para entregarla en un retorno de la sed ansiosa con que la tierra vive su preciosa y total aventura de saciarla. Bueno es decir "mi vida" presintiendo que el posesivo don se está perdiendo frente al silencio que en el fondo espera. Malo es callar. Malo es callar, sin duda. Pero la angustia es casi siempre muda y en lo que calla, siempre verdadera.

Clara Lifsichtz Ottolenghi

A MAP OF LOVE

Your face more than others' faces Maps the half-remembered places I have come to I while I slept— Continents a dream had kept Secret from all waking folk Till to your face I awoke, And remembered then the shore, And the dark interior.

Donald Justice

A FÍSICA DO SUSTO

O espelho caiu da parede. Caiu com ele o meu rosto. Com o meu rosto a minha sede. Com a minha sede meu desgosto. O meu desgosto de olhar, no espelho caído, o meu rosto.

Cassiano Ricardo

quarta-feira, 26 de março de 2008

VOZ DO VENTO

A canção que não crave Na metade do peito Como dardo flamígero Um estremecimento Deixa que se disperse Na escapada de um vôo Como pássaro errante Que se mira à distância – Deixa que se dissipe Sem o vibrar de um eco Na neblina, na sombra E no silêncio. No fundo da alma existe Um lago de polidos Cristais, que se assemelha A um misterioso espelho. Na quietude do lago, O milagroso verso, Qual davídica funda, Lança o tiro certeiro, E se agitam as águas Em círculos concêntricos, E mostram-se um instante Vindas do fundo seio Todas as velhas coisas Guardadas pelo tempo: Ânsias, choros, sorrisos E lembranças. Deixa ao cantar fecundo O espírito aberto; Quebre as límpidas ondas O seixo do fundeiro; Mas a voz que não crave Na metade do peito Como dardo flamígero Um estremecimento Deixa que se disperse Na escapada de um vôo, Deixa que se dissipe Sem o vibrar de um eco... Dessa hora infecunda Ante o passo sinistro Em que a voz da alma é apenas A inquieta voz do vento, De tua morada íntima Fecha todas as portas E ouças não mais o ritmo Do silêncio.

Enrique González Martínez, tradução Renato Suttana

VONTADE

Entrelaço-me nas lembranças
Que desaguam na vontade de te
Ter enroscado nos meus braços.
Uma vontade de que fico refém;
Uma vontade que rasga pudores,
Se despe de preconceitos e é
Célere no teu encontro.
Uma vontade que implora que
Sorvas o suor que, em gotas de mel,
Espelha o desejo que os teus olham me lançam.
Uma vontade que nem sente a
Sombra de te ter perto.
Uma vontade esmagada
Pela tua ausência.
Uma vontade que grita em surdina,
Traduzida em gestos que choram
Por te querer e não te ter.

In Gosto e Contra Gosto

VIAGEM SEM PARTIDA

Quiero un amor de todos los instantes aunque no sea amor para la vida; quiero un amor con la ansiedad del antes para después del ansia desmedida. Quiero la fe de todos los amantes en este solo amor, ver contenida: tumulto de horizontes trashumantes y luego, claridad de agua dormida. Quiero un amor transfigurado en fuente de todo florecer: fruto y simiente; a tal único amor, mi amor sentencio: aquel de la impaciencia y el latido y la fiebre y el grito y el gemido y el difícil momento del silencio.

Júlia Prilutzky Farny

TPM – A VERGONHA SILENCIA AS MULHERES

As mulheres reclamam de dores de cabeça, inchaços, irritação, insônia, crises de ansiedade e de raiva, distensão abdominal e cólicas, mas não procuram ajuda médica para aliviar ou cessar esses sinais. A constatação faz parte de um estudo epidemiológico (Tensão Pré-Mestrual – Prespectivas e atitudes de Mulheres, Homens e Médicos Ginecologistas) desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva (Cemicamp) no Brasil, e divulgado á poucos dias.
Depois de entrevistar 860 pacientes entre os 18 e os 35 anos, os cientistas descobriram que 80% tiveram ou têm crises de TPM.
Os sintomas aparecem de sete a 10 dias antes da menstruação e desaparecem com o inicio do fluxo menstrual. A intensidade dos sintomas classifica a TPM em três estágios: leve, moderado e severo. A forma mais severa é conhecida como Síndrome Disfórica Pré-Mestrual (SDPM) e apresenta impacto negativo na qualidade de vida da mulher, afetando as relações, as atividades sociais e a produtividade profissional. Somente nos Estado Unidos estima-se que 4,5 milhoes de mulheres tenham o distúrbio, sendo que 90% sem tratamento ou diagnóstico.
No Brasil, a situação é semelhante. Apesar das queixas freqüentes, a pesquisa descobriu que 58,2% das mulheres com sintomas físicos e emocionais não consultam um médico. No caso daquelas que mencionam ter somente sinais físicos ou só emocionais, esse numero sobe para 70,9%. Entre as mulheres com TPM mais severa, apenas 40% buscaram a ajuda de um medico e eram aquelas com maior grau de escolaridade e nível socioeconômico, afirma o ginecologista Carlos Alberto Petta, coordenador da pesquisa. Segundo o medico, diversos motivos estão relacionados à falta da consulta médica, como vergonha de falar sobre os sintomas, falta de informação sobre a síndrome e dificuldade de perceber os sinais como algo relacionado à TPM.
As entrevistadas que sofrem tensão pré-mestrual disseram que sentem nervosismo e ansiedade (85,4%), alterações de humor e choro fácil (81,9%) e irritabilidade (77,3%). Quanto às manifestações físicas, 77,6% reclamaram de dores e inchaço, 70,7% de cólica e 65,8% de dores de cabeça. Na opinião de Petta, o predomínio tanto de sintomas físicos quanto emocionais revela que as queixas podem ser maiores no Brasil do que em outros países. Provavelmente a mulher brasileira moderna desempenha diversos papeis ao mesmo tempo, seja na família, no trabalho ou em casa , e não quer ter que lidar também com os sintomas pré-mestruais. Alguns estudos internacionais já apontavam que as brasileiras sofrem mais de TPM do que as européias ou as norte-americanas, mas o estudo brasileiro foi o primeiro a demonstrar como elas são afetadas. No estudo, 61,7% das mulheres que dizem ter TPM têm trabalho remunerado.
Sobre as opções de tratamento, Petta explica que elas podem ser classificadas de duas formas: intervenções não medicamentosas e farmacológicas. A primeira inclui alterações do estilo de vida, exercícios aeróbicos, modificação da dieta e acompanhamento psicológico. Já as farmacológicas usam remédios para a depressão como ansiolíticos e inibidores da serotonina. Também soa utilizados os anticoncepcionais combinados orais.

OS SINAIS DA CRISE

SINTOMAS FÍSICOS

- Fadiga
- Dor de cabeça (cefaléia)
- Inchaço dos pés e mãos
- Dor nas mamas
- Distensão abdominal
- Cólicas
- Alteração do apetite
- Alteração do sono (aumento do sono ou insônia)
- Dor nas articulações e nos músculos

SINTOMAS EMOCIONAIS

- Irritabilidade
- Depressão ou desespero
- Ansiedade e tensão
- Tristeza repentina
- Choro
- Raiva e fúria
- Oscilações súbitas do humor
- Dificuldade de concentração
- Baixa auto-estima
- Desinteresse nas atividades habituais
- Falta de energia

‘Maria Vitoria’

REDUZINDO OS SINTOMAS DA SINDROME

DIETA ALIMENTAR CONTRA A TPM

Dieta alimentar pode ser a alternativa para amenizar o incomodo da TPM que acomete grande parte das mulheres nos dias que antecedem a chegada da menstruação. Estudos científicos revelam que a nutrição adequada tem significativo valor na redução dos sintomas que se apresentam no organismo humano feminino na véspera do período menstrual. Diminuição, por exemplo, de indisposições como cansaço, dor de cabeça, câimbra, obstipção intestinal, edema, irritação e sensibilidade, para citar apenas alguns dos 150 sintomas que existem catalogados.
A nutricionista Cláudia Roberta de Oliveira Duarte destaca que é importante às mulheres, durante a fase que se aproxima da menstruação, evitar o consumo de alimentos ricos em gordura, sal, açúcares e aqueles que contêm cafeína. Além desses, incluem-se ainda os produtos lácteos e o álcool. Segundo ela, todos esses componentes são considerados agravantes às manifestações sofridas pelo organismo e contribuem para a retenção de líquidos, irritabilidade e cólicas. A especialista em nutrição clinica adverte que o consumo excessivo de sódio está associado ao aparecimento de edema.
De acordo com Cláudia Oliveira, há indicações suficientes que justificam a necessidade de se garantir ótimos níveis de diversos nutrientes, com o objetivo de assegurar o apropriado funcionamento orgânico. A nutricionista explica que um dos sintomas mais latentes, a irritabilidade e/ou nervosismo, podem ser prevenidos com a melhoria da produção de serotonina.

DIMINUIÇAO DA IMUNIDADE

Durante o período da TPM o sistema imunológico das mulheres também sofre com a diminuição da imunidade. Isto pode resultar no surgimento de gripes, resfriados, ou uma piora em doenças pré-existentes, como o herpes, alergia, asma e outras. Para proteger o organismo contra essas patologias oportunistas, é preciso haver um reforço na alimentação, segundo informa a nutricionista Cláudia Oliveira.
A especialista aconselha caprichar na ingestão de alimentos reguladores, frutas e vegetais. Pode abusar das frutas e ou sucos cítricos, como kiwi, caju, goiaba, acerola e limão, que podem ser misturados com maça verde ou vermelha, por ser a fruta que contém uma melhor mistura de antioxidantes. Diz Cláudia Oliveira. Se o intestino estiver preso, ela manda que acrescente ao suco 1 colher de sopa de farelo de aveia ou farinha de linhaça e ¼ de mamo papaia.
Quanto aos vegetais Cláudia indica aqueles ricos em beta carotenos ácido fólico e vitamina C, a exemplo das folhas verde escura, cenoura e os pimentões verde e amarelo.

CUIDADO COM CARBOIDRATOS

Como os níveis centrais de serotonina são mais baixos em mulheres portadoras de TPM, e os sintomas desta síndrome podem ser agravados na deficiência da substância de triptofano, a nutricionista Cláudia Oliveira ressalta que em algumas delas desperta-se a vontade de consumir carboidratos. Neste caso, ela sugere a ingestão de bebidas ricas em carboidratos, no sentido de promover menores mudanças de humor nas horas seguintes ao consumo.
O consumo excessivo de carboidrato simples está associado ao aumento dos distúrbios de humor, edema e fadiga, salienta a especialista em obesidade e emagrecimento. De acordo com ela, deve-se priorizar, então, o consumo dos carboidratos integrais, ricos em amido, como pão. É bom comer carboidratos em pequenas quantidades, a cada três horas, e uma antes de se deitar, até para controlar a vontade de comer doce.

CAFÉ E MATE SÃO PREJUDICIAIS

Um dos fatores que podem afetar negativamente a TPM, conforme indica a nutricionista Cláudia Oliveira, é a ingestão de cafeína. Portanto, não é adequado ingerir excessivamente bebidas como chá preto ou mate, chocolate, café ou refrigerantes á base de cola, pondera.
Ela informa que a cafeína, além de atuar sobre o sistema neurosensorial, age sobre o sistema rítmico, acelerando o coração e a digestão. Afora isso, existem inúmeras substancias da torrefação do café que são tóxicas e muito prejudiciais ao fígado e vesícula.

DURAÇÃO VARIA NAS MULHERES

Cerca de 5% a 10% das mulheres sofrem de severa síndrome pré-menstrual, enquanto 30% a 40% apresentam sintomas moderados. Cerca de 90% das mulheres em idade reprodutiva relatam a percepção de um ou mais sintomas durante os dias que antecedem a menstruação. As estatísticas foram transmitidas pela nutricionista Cláudia Oliveira. De acordo com ela, a duração da TPM e a intensidade dos sintomas podem variar de mês para mês. Na maioria das mulheres, segundo a especialista, os sintomas desaparecem logo no primeiro dia da menstruação.

‘Edivaldo Lobo’

THE CHOICE

The intellect of man is forced to choose perfection of the life, or of the work, And if it take the second must refuse A heavenly mansion, raging in the dark. When all that story's finished, what's the news? In luck or out the toil has left its mark: That old perplexity an empty purse, Or the day's vanity, the night's remorse.

William Butler Yeats

TESTAMENTO REAL

Fui nascido rei num pomar de luxúrias me puseram na cabeça o colar de chamas dos heróis. Conheci as rotas do mar e suas mitologias de concha e sal. Minha nau de exílios um dia ancorou nos mares de Ulisses. Construí palácios de cristal no vértice das escarpas. Meus rebanhos pastavam girassóis em todas as encostas dos mapas. Tive vassalos e cães fiéis. Duzentas amantes cavalgaram meu corpo da cabeça aos pés. Fui íntimo das águas e das marés cem vezes morri duzentas vezes ressuscitei voltei do exílio num esquife de pedra. Escrevi estas palavras no papiro para que reste de mim algum vestígio e para que saibam que um rei vive para sempre à sombra do herói.

Francisco Carvalho

SOUND AND SENSE

True ease in writing comes from art, not chance, As those move easiest who have learned to dance. 'Tis not enough no harshness gives offense, The sound must seem an echo to the sense: Soft is the strain when Zephyr gently blows, And the smooth stream in smoother numbers flows; But when loud surges lash the sounding shore, The hoarse, rough verse should like the torrent roar; When Ajax strives some rock's vast weight to throw, The line too labors, and the words move slow; Not so, when swift Camilla scours the plain, Flies o'er the unbending corn, and skims along the main. Hear how Timotheus' varied lays surprise, And bid alternate passions fall and rise!

Alexander Pope

SONATA DE PÁSCOA

No essencial, não há muito espaço para divergências. O rabino, o padre e o pastor parecem estar de acordo. O significado da Páscoa de cristãos e judeus continua valendo para os três caminhos de fé. Todos confiam os seus destinos à mesma passagem.
Pessach. Assim os judeus denominam a trajetória de fuga do povo hebreu, perseguido pelos exércitos do faraó do Egipto.
A travessia combina com a figura impressionante de um Moisés digno das cores de um Da Vinci, erguendo o cajado diante das águas do Mar Vermelho, as barbas quase centenárias ao vento, os olhos esgazeados querendo a todo o custo, quase uma obsessão, enxergar os horizontes impossíveis da Terra Prometida, conduzindo aquela multidão de esperanças esbraseadas pelo sol do deserto a se arrastar pelas areias do mundo em forma de povo...
Os tempos chamados de pós-modernismo desertificaram mais ainda as nossas travessias.
É preciso encontrar urgentemente num novo Moisés.
Quem?
É preciso encontrar urgentemente os novos caminhos de Canaã.
Onde?
Quantas Canaãs já não nos foram prometidas?
Quantos Moisés não tocaram a ponta do cajado na crista das ondas que molham os nossos pés e as águas nunca mais se abriram para dar passagem enxuta e segura às nossas urgências?
De toda sorte, continuamos todos em fuga. De que fugimos nós? Nenhum Faraó nos persegue, mas, com certeza, este não é um lugar seguro. Nada nos encoraja a ficar. Partir é preciso.
Tudo é deserto em derredor. Os nossos filhos pedem emprestados a Moisés os olhos de contemplar a Terra da Promissão, mas só enxergam a miragem triste dos próprios passos enterrados na areia.
Que Moisés é esse que não soube conduzir o seu povo pelos caminhos da promissão?
E se esse novo Moisés agora abrir os braços diante de nós para nos barrar o caminho, dizendo simplesmente:
- Agora é tarde, podem voltar, pois Canaã não há mais.
E agora Moisés?
São coisas do deserto. A maior desgraça de quem foge é a certeza de não ter para onde ir.
Perdemos a hora e a vez da passagem. Estamos fugindo de nós mesmos. E nessa fuga, enterramos os passos no deserto das almas solitárias.
A travessia findou e ninguém percebeu.
Viramos as costas às terras de Canaã.

‘ Luiz Augusto Crispim’

SOBRE A ILHA DE MOÇAMBIQUE

Alguém despedaçou a tua carne
de novo
e não foram homens antigos de cruz ao peito
nem aqueles de máquinas fotográficas
nem os outros
(quaisquer que eles sejam).
Minha Ilha.
Foi um vento grande
um demónio (dizem os mais velhos)
o céu líquido precipitado no teu corpo
(como já estava ferido o teu corpo!)
e foi um mundo de nuvens
a colorir o teu azul
tanto que doeu demais.
Mas
após o espanto
das tuas pedras
das velas
do macúti
das gentes
e desse mar de brilho
vai renascer um sorriso doce.
Vais continuar a ser um pedaço de chão
e alma
a navegar.
Mesmo em sangue
vais acordar sempre para o sol.
Eu sei.
És a minha Ilha
mesmo de corpo assim
rasgado.

In: Blog ma-schamba

Desde a hora da infância eu não fui Como outros foram - eu não vi Como outros viram – não pude tomar Minhas paixões duma primavera vulgar. Da mesma nascente eu não traguei A minha tristeza; eu não despertei Para o júbilo comum o meu coração; E tudo o que amei, eu amei em solidão. Nesse tempo da infância – na madrugada Da vida mais tormentosa – foi traçada Das profundezas do bem e do mal O mistério que me mantém sem igual: Da torrente ou da fonte, Do rubro penhasco do alto monte, Do sol que gira em meu torno Num matiz dourado de Outono – Do relâmpago no céu Que tão perto de mim se deu – Da tempestade e do trovão, E da nuvem que adquiriu a feição (Quando azul era o resto dos Céus) De um demónio aos olhos meus.

Edgar Allan Pöe, trad. Henrique Fialho

SHAKESPEARE CRIOU O MUNDO

Shakespeare criou o mundo em sete dias. No primeiro dia fez o céu, as montanhas e os abismos da alma. No segundo dia fez os rios, os mares, os oceanos E os restantes sentimentos – Que deu a Hamlet, a Júlio César, a António, a Cleópatra e a Ofélia, A Otelo e a outros, Para que fossem seus donos, eles e os seus descendentes, Pelos séculos dos séculos. No terceiro dia juntou todos os homens E ensinou-lhes os sabores: O sabor da felicidade, do amor, do desespero O sabor do ciúme, da glória e assim por diante, Até esgotar todos os sabores. Por esse tempo chegaram também uns indivíduos Que se tinham atrasado. O criador afagou-lhes compassivo a cabeça, E disse que só lhes restava Tornarem-se críticos literários E contestarem a sua obra. O quarto e o quinto dia reservou-os para o riso. Soltou os palhaços Para darem cambalhotas, E deixou os reis, os imperadores E outros desgraçados divertirem-se. Ao sexto dia resolveu alguns problemas administrativos: Forjou uma tempestade, E ensinou ao rei Lear O modo de usar uma coroa de palha. Com os restos da criação do mundo Fez o Ricardo III. Ao sétimo dia viu se havia algo mais a fazer. Os directores de teatro já tinham coberto a terra de cartazes, E Shakespeare concluiu que depois de tanto esforço Também ele merecia assistir ao espetáculo. Mas antes disso, esfalfado de todo, Foi morrer um pouco.

Marin Sorescu

SEI-OS

A tua lembrança roça-me.
Descobre o meu sorriso, que
Se rasga quando te recorda.
Desnudas-me com a pujança do teu olhar.
Não me resto quando me
Perco no toque que os teus
Dedos vincam no mapa do meu corpo.
Desvendas sentires. Despes sentimentos.
Penetras o teu olhar no
Desejo que o meu brota por ti.
Chama por ti. Clama pelo teu corpo.
Anseio que os teus braços me acordem.
Que os teus beijos desinquietem os meus seios
Que se erguem ao pressentir o teu cheiro.
As tuas mãos deixam-os cheios, firmes
Quando elas os beijam despercebidamente.
A suavidade dos teus dedos perfuma-os,
Apertando-os e saciando o desejo desperto.
A tua língua soletra vontade, saboreia-os,
Humedece-os, eriça-os, dá-lhes forma e eles
Vestem as tuas mãos que neles se encaixam;
Afaga-os com doçura, brinca com eles…que são teus.

In Gosto e Contra Gosto

SEGREDO

Esta noite morri muitas vezes, à espera de um sonho que viesse de repente e às escuras dançasse com a minha alma enquanto fosses tu a conduzir o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo, toda a espiral das horas que se erguessem no poço dos sentidos. Quem és tu, promessa imaginária que me ensina a decifrar as intenções do vento, a música da chuva nas janelas sob o frio de fevereiro? O amor ofereceu-me o teu rosto absoluto, projectou os teus olhos no meu céu e segreda-me agora uma palavra: o teu nome - essa última fala da última estrela quase a morrer pouco a pouco embebida no meu próprio sangue e o meu sangue à procura do teu coração.

Fernando Pinto do Amaral

SABEDORIA DO BANQUEIRO

Esta situação é real, embora possa ser aproveitada com sugestão para livro de auto-ajuda, igual a muitos outros que estão hoje em voga, objeto de best-sellers, aqui ou no exterior. Só que ao tempo em que se passou, ainda não existiam os livros de orientação pessoal com essa rotulação. Numa retrospectiva histórica, ocorreria um ligeira correlação entre o conteúdo desta história com textos de “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie, ou “Moços de Caráter”, este, livro de leitura obrigatória nos seminários, há 60 anos.
Não tenho nada contra os livros de Auto-Ajuda, nem estaria negando a essa modalidade literária influência ou poder real de transformar o comportamento das pessoas, melhorando o seu relacionamento humano e o seu estilo de vida. Longe de mim tal pretensão. É que, no mínimo, esta história do banqueiro, do carro e do prego contém uma lição de vida.
Um professor de contabilidade de Campina Grande, na Paraíba, Brasil, de origem humilde, chamado Augusto dos Santos, apaixonou-se de tal forma pelos números que se tornou um banqueiro, graças a muito trabalho e devotamento às aplicações financeiras e ás regras do mercado de capital. A partir de então não dispensava um carro novo, o que, na época, tinha que ser importando dada a limitação da industria automobilística.
O seu prazer diário, antes de se dedicar ao trabalho de banqueiro, era estacionar o carro novo em frente do Banco e mostrar os seus sofisticados detalhes aos amigos, que via de regra, não competiam com ele nesse seu “hobby” predileto. Aos admiradores cabia elogiar tão somente o seu bom gosto e apurado requinte.
Um dia, porém, o carro do banqueiro estacionou no lugar do costume com um arranhão de ponta a ponta, produzido por um prego de enorme tamanho, com profundos estragos na pintura metálica do Falcon importado, novo, comprometendo toda a aparência do veículo.
Nesse dia, as lamentações foram gerais, com exceção do banqueiro, que, ao ouvir as imprecações de condenação a tal gesto de selvageria, muitos cobrando punições severas, apenas se limitou a dizer:
“Não. Não houve nada. Não vou tomar nenhuma providencia, visando à punição do malfeitor. Vou continuar ignorando a sua existência e sua maldade. Vai-me ser fácil comprar outro carro melhor e mais novo do que este. Enquanto eu posso ficar com este e adquirir o outro carro mais novo, ele, o malfeitor, jamais deixará de ser, na vida, um mero usuário de pregos. Não passará disso”.
Nada mais disse, nem lhe foi perguntado. Indiferente, entrou no Banco e assumiu os riscos da sua lucrativa atividade, esquecendo-se dos riscos do carro.

‘Evaldo Gonçalves’

ROSAS

Para as rosas, escreveu alguém, o jardineiro é eterno. E que melhor maneira de ferir o eterno que mofar das suas iras? Eu passo, tu ficas; mas eu não fiz mais que florir e aromar, servi a donas e a donzelas, fui letra de amor, ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio arbusto, e todas as mãos, e todos os olhos me trataram e me viram com admiração e afeto. Tu não, ó eterno; tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afliges-te! A tua eternidade não vale um só dos meus minutos.

Machado de Assis

RESPIRO MELHOR COMO NA PRAIA

Foi no mar que aprendi o gosto da forma bela
Ao olhar sem fim o sucessivo
Inchar e desabar da vaga
A bela curva luzidia do seu dorso
O longo espraiar das mãos de espuma
Por isso nos museus da Grécia antiga
Olhando estátuas frisos e colunas
Sempre me aclaro mais leve e mais viva
E respiro melhor como na praia

Sophia de Mello Breyner Andresen

RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS

Estava a ler um livro intitulado “A arte da guerra”, a história do general chinês Sun Tzu, um estrategista em guerra da dinastia “Sung”. O livro é o maior tratado militar da historia da humanidade. Uma das grandes frases do general que me chamou a atenção foi:
“Quando o comandante demonstrar fraqueza, não tiver autoridade, suas ordens não forem claras e seus oficiais e tropas forem indisciplinados, o resultado será o caos e a desorganização absoluta”
Me parece que falta autoridade nos pais para com os filhos. Parece que os filhos perderam a noção da autoridade e os papeis estão invertidos. O que tem contribuído para o difícil relacionamento entre pais e filhos?
A resposta é unânime, entre psicólogos, sociólogos, psiquiatras e educadores, “Falta de Limites”. Os pais precisam colocar limites para os seus filos crescerem. A criança é um ser com uma quantidade enorme de energia adequadamente e, para tanto, precisa de um enquadramento e um direcionamento que, principalmente, aos pais cabe dar. Hoje em dia, também é muito comum ouvirmos que pais e mães precisam ser amigos de seus filhos. Aqui, igualmente, é preciso ter cuidado com a inversão de ordem.
É muito importante que pais e mães possam ser amigos de seus filhos, mas, antes de qualquer outra coisa, por amor aos seus filhos, os pais têm o dever de educá-los, de colocar limites, estabelecer proibições. Os filhos precisam de pais e mães mais próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a discutir e orientá-los naquilo que eles lhes solicitarem, ou naquilo que os pais entenderem necessário fazê-lo. Mas, precisam igualmente de pais que saibam dizer não, estabelecer o que é certo e o que é errado, e quais os limites que precisam ser seriamente respeitados.
Se os pais se comportam somente como amigos de seus filhos, podemos nos perguntar “quem está fazendo o papel dos pais em seu lugar?”
Para educar um filho não há formula ou manual que se possa seguir, pois cada filho e cada pai e mãe são únicos em sua natureza. Todos precisam ser respeitados. Nós escolhemos com quem vamos nos casar, de quem vamos ser amigos, mas não escolhemos os nossos filhos e nossos pais.
Apenas temos que conviver com eles, e essa convivência nem sempre é fácil.

‘Weslley Lima’

RANKING DE IDIOMAS NA INTERNET

De acordo com análise recente da presença de idiomas na Internet, realizada pela Internet World Stats, o inglês surge com um peso preponderante, considerando o número de utilizadores da Internet que usam o inglês como língua de navegação, estimado em mais de 366 milhões, correspondendo a 31,2 % do total:

1. Inglês - 31,2 % (366 milhões)

2. Chinês - 15,7 % (184 milhões)

3. Espanhol - 8,7 % (102 milhões)

4. Japonês - 7,4 % (86 milhões)

5. Francês - 5,0 % (59 milhões)

6. Alemão - 5,0 % (59 milhões)

7. Português - 4,0 % (47 milhões)

8. Coreano - 2,9 % (34 milhões)

9. Italiano - 2,7 % (31 milhões)

10. Árabe - 2,5 % (29 milhões)

O português surge posicionado em 7º lugar, com 4,0 %, correspondendo a cerca de 47 milhões de utilizadores, apresentando uma taxa de penetração de Internet estimada em cerca de 20 % (sobre uma base de 234 milhões de falantes da língua, em todo o mundo), com um crescimento de 525 % desde 2000 (apenas superado - entre os 10 primeiros - pelo crescimento do idioma árabe).

Por seu lado, Portugal surge creditado com uma taxa de penetração de Internet de cerca de 73,8 %, correspondendo a cerca de 7,4 milhões de portugueses com acesso à Internet (dados reportados a 30 de Junho de 2007), traduzindo um crescimento de 211 % desde o ano 2000.

(via Le Carnet Techno, de Bruno Guglielminetti)

PROSPECTS

We have set out from here for the sublime
Pastures of summer shade and mountain stream;
I have no doubt we shall arrive on time.
Is all the green of that enameled prime
A snapshot recollection or a dream?
We have set out from here for the sublime
Without provisions, without one thin dime,
And yet, for all our clumsiness, I deem
It certain that we shall arrive on time.
No guidebook tells you if you'll have to climb
Or swim. However foolish we may seem,
We have set out from here for the sublime
And must get past the scene of an old crime
Before we falter and run out of steam,
Riddled by doubt that we'll arrive on time.
Yet even in winter a pale paradigm
Of birdsong utters its obsessive theme.
We have set out from here for the sublime;
I have no doubt we shall arrive on time.

Anthony Hecht

PRIMEIRO FOI A NOITE

Primeiro foi a noite. E a noite feita,
desta engendrou-se a luz, julgada boa.
Depois, fez-se o agudo desespero do céu.
E a terra. E as águas separadas.
E um mar se fez, da lúcida colheita
das águas inferiores. A coroa
tornou-se firmamento. "Haja luzeiros" —
ordenou-se às estrelas debulhadas.
Houve flores estáticas e flores
que procuravam flores; e houve a fome
de carne e amor e dessa fome as dores
e das dores o Homem. Deste, esquiva,
toda fome, sua fêmea, e no seu sexo,
mais uma vez a noite primitiva.

Renata Pallottini

PRIMEIRA MORADIA DO SILENCIO

A escrita é a minha primeira morada de silêncio a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras extensas praias vazias onde o mar nunca chegou deserto onde os dedos murmuram o último crime escrever-te continuamente... areia e mais areia construindo no sangue altíssimas paredes de nada esta paixão pelos objetos que guardaste esta pele-memória exalando não sei que desastre a língua de limos espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos as manhãs chegavam como um gemido estelar e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar outros corpos de sal suja atravessam o silêncio desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo

Al Berto

PORQUE NINGUÉM QUER MAIS COMPROMISSOS? – 1º

Parece que as prateleiras estão cada vez mais abarrotadas deste “empoeirado produto”: “compromisso”!
Virou moda não querer, dispensar... E quem se arrisca a assumir algum, parece ficar um tanto deslocado, sem saber como agir, pra onde ir, com quem falar...
Mas será mesmo que se comprometer é uma opção? Não lhe parece que o compromisso é condição inata? Não estar comprometido com alguém ou alguma coisa já não seria o próprio compromisso assumido? OK, vou me explicar! Por mais que se tente afirmar que a liberdade é o oposto do compromisso, isto não passa de uma ilusão, uma tentativa insana de se apegar a uma condição impossível de existir.
Estar vivo já é um compromisso. Não se pode ser livre sem, antes estar comprometido. Ta... Estou falando mesmo de relacionamentos afetivos, mas também da vida de modo geral. Só se vive, só se faz história, só se deixa marcas quando se assume compromissos. O compromisso de crescer é o primeiro.
Andar, falar, escrever, ler, fazer amigos, enfim, amadurecer enquanto pessoa. Depois, os amores, as paixões, s relações. Dentre isso tudo, as decepções, as vitórias, as alegrias e as dores. Tudo isso é vivido como compromisso. Acontece que, de uns tempos para cá, virou moda aderir à comunidade onde a lei é não se comprometer.
As pessoas, e não só os homens, dão-se ao direito de fazerem o que quiser, como se isso fosse sinônimo de auto-estima, auto-respeito ou amor-próprio. Não é! Definitivamente, não é nada disso!

‘Brigída Brito’

PORQUE EU SOU O TEU NOME

Quem deita sal na carne crua deixa a lua entrar pela oficina e encher o barro forte: vasos redondos, os quadris das fêmeas - e logo o meu dedo se põe a luzir ao fôlego da boca: onde o gargalo se estrangula e entre as coxas a fenda é uma queimadura vizinha do coração - toda a minha mão se assusta, transmuda, se torna transparente e viva, por essa força que a traga até dentro, onde o sangue mulheril queimado a arrasta pelos rins e aloja, brilhando como um coração, na garganta - o sal que se deita cresce sempre ao enredo dos planetas: com unhas frias e nuas retrato as lunações, talho a carne límpida - porque eu sou o teu nome quando te chamas a toda a altura dos espelhos e até ao fundo, se teus dedos abertos tocam a estrela como uma pedra fechada no seu jardim selvagem entre a água: tu tocas onde te toco, e os remoinhos da luz e do sal se tocam na carne profunda: como em toda a olaria o movimento toca a argila e a torna atenta à translação da casa pela paisagem rodando sobre si mesma - a teia sensível, que se fabrica no mundo entre a mão no sal e a potência múltipla de que esta escrita é a simetria, une tudo boca a boca: o verbo que estás a ser cada tua morte ao que ouço, quando a luz se empina e a noite inteira se despenha para dentro do dia: ou a mão que lanço sobre esse cabelo animal que respira no sono, que transpira como barro ou madeira ou carne salgada exposta a toda a largura da lua: o que é grave, amargo, sangrento.

Herberto Helder

PERSONA GRATA

Gratifica-me ver teus olhos: pássaros castanhos que voam longe de mim. Gratifica-me ver teu rosto: moldura morena que se guarda longe de mim. Gratifica-me ouvir tua voz: teclas de piano que tocam longe de mim. Gratifica-me teu jeito de andar: ave-elegante que passeia longe de mim. Gratifica-me sentir tuas mãos: gestos de plumas se chegassem perto de mim.

Nirton Venâncio

PARA OS MEUS ALUNOS...

Após tantos anos a ver-vos chegar
e a deixar-vos partir
alheios ou inquietos quanto
ao parentesco das ideias e dos actos
o direito às perguntas e a fonte
das perguntas,
gostaria de chamar-vos, um a um,
pelo vosso nome,
saber se estive, perto ou longe,
em vossas dúvidas. É sempre
uma questão mútua de ser.
Uma presença e não
um resultado.
Mas nem sempre soubestes que crescíamos
entre ódios, fanatismos, cobardias,
com olhos vendados pelo conforto
e o medo, com ter-se ou não ter-se
vantagens, aplausos, soluções privadas.
E como foi possível ter razão
sem ter as circunstâncias.
Agora os vosso rostos passam, firmes,
entre visão e facto, entre o amor
e a chegada de todos ao amor.
Mas também morro mais depressa agora.
Por isso gostaria de chamar-vos, um a um,
pelo vosso nome. E agradecer-vos a herança
da alegria. E dizer uma vez mais que é sempre
uma questão mútua de ser. Uma presença
e não um resultado.
E os vosso rostos todos
hão-de ajudar-me a envelhecer
sem angústia ou vergonha
e a estar convosco na verdade
e a buscá-la juntos e a cumpri-la.

Victor Matos e Sá

PARA A DEDICAÇÃO DE UM HOMEM

Para a dedicação de um homem Terrível é o homem em quem o senhor desmaiou o olhar furtivo das searas ou reclinou a cabeça ou aquele disposto a virar decisivamente a esquina Não há conspiração de folhas que recolha a sua despedida. Nem ombro para o seu ombro quando caminha pela tarde acima A morte é a grande palavra para esse homem não há outra que o diga a ele próprio É terrível ter o destino da onda anónima morta na praia.

Ruy Belo

terça-feira, 25 de março de 2008

CALL ME

The eager note on my door said "Call me," call when you get in!" so I quickly threw a few tangerines into my overnight bag, straightened my eyelids and shoulders, and headed straight for the door. It was autumn by the time I got around the corner, oh all unwilling to be either pertinent or bemused, but the leaves were brighter than grass on the sidewalk! Funny, I thought, that the lights are on this late and the hall door open; still up at this hour, a champion jai-alai player like himself? Oh fie! for shame! What a host, so zealous! And he was there in the hall, flat on a sheet of blood that ran down the stairs. I did appreciate it. There are few hosts who so thoroughly prepare to greet a guest only casually invited, and that several months ago.

Frank O'Hara

CALAR A TEMPESTADE

O nosso silêncio fará calar a tempestade Tornará sensata a folhagem profunda Tenho nas mãos duas mãos abandonadas II Este barco estava mergulhado para sempre na bruma Quem fala de ódio de longe em longe Mais de perto vai dizendo o amor III Os olhos penetrantes soberana inocente Os seios leves de tudo ela ria E o mar dispersou a areia do seu trono.

Paul Éluard

ATÉ ESSE MOMENTO

Lembrarás então o pai aqui sentado
A máquina de escrever no chão
Os discos na parede entre a luz e o pó
Irão passar talvez muitos anos
Farás promessas que não vais cumprir
E dirás ruas para voltar noutras horas
Será como quem percorre um caminho
Iluminado pela luz do teu olhar
À procura das palavras subterrâneas
Lembrarás então o pai aqui sentado
Um gelado presente do indicativo
E silencioso que não fala – não esquece
Passarás nas tuas mãos um fio
Será talvez a memória das noites
O tempo do leite e das fraldas
Será como quem procura descobrir
Nos desenhos (nos cadernos escolares)
Uma outra maneira – a tua outra voz
Lembrarás então o pai aqui sentado
Não como pai mas como anónima pessoa
Surpresa a esperar no céu do outono
Terás nas tuas mãos um retrato
O voo das aves por cima da casa
Como inesperada vírgula do tempo
Será como quem procura fragmentos
Num momento ou talvez num lugar
Na tua idade como um portão aberto

In Aspirina B

AMAR-TE É VIR DE LONGE

Amar-te é vir de longe, descer o rio verde atrás de ti, abrir os braços longos desde os sete anos sobre a latada ao pé do largo, guardar o cheiro a figos vistos lá, a olho nú, ao pé, ao pé de ti, parar a beber água numa fonte, um acaso perdido no caminho onde os vimes me roçam a memória e te anunciam mãos e te perfazem; como se o sino à hora de tocar já fosse o tempo todo badalado, e a tua boca se abrisse atrás do tojo, e abaixo dos calções as pernas nuas se rasgassem só para o pequeno sangue, tal o pequeno preço que me pedes. Atrás da curva estavas, és, serias, nos muros de granito, nas amoras. Amar-te era lembrança e profecias, uma porta já feita para abrir, e encontrar o lar ou música lavada onde, se nasces, vives, duras, moras - meu nome exacto e pão no chão das alegrias.

Pedro Tamen

ACORDAR TARDE

Tocas as flores murchas que alguém te ofereceu quando o rio parou de correr e a noite foi tão luminosa quanto a mota que falhou a curva - e o serviço postal não funcionou no dia seguinte procuras ávido aquilo que o mar não devorou e passas a língua na cola dos selos lambidos por assassinos - e a tua mão segurando a faca cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado dos amantes ocasionais - nada a fazer irás sozinho vida dentro os braços estendidos como se entrasses na água o corpo num arco de pedra tenso simulando a casa onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia.

Al Berto

ABISMO

Vens a mim, te aproximas, te anuncias Com tão leve rumor, que meu repouso Não perturbas, e é um canto milagroso Cada palavra que tu pronuncias. Vens a mim, e não tremes, não vacilas, E há ao nos olharmos atracção tão forte Que tudo desdenhamos, vida e morte, Suspensos só no brilho das pupilas. Penetras calmamente em meu viver, E te sinto tão perto do que cismo, E há nessa possessão tão funda calma Que interrogo ao mistério em que me abismo Se somos dois reflexos de um só ser, A dupla encarnação de uma só alma.

Enrique González Martínez, tradução de Renato Suttana

A SIRENE

Bom é ter poucos amigos
poetas, para não ter de
trair a lisura do afecto
ou do texto. Mesmo esses poucos
chegam a nenhuns, se não
conseguimos elogiar epifanias
recessas, queixas piedosas ou
banalidades inócuas. Um amável
neófito muito badalado, ou um sénior
de vários prémios
literários, esperam deliciar-nos
com o verbo no cada vez mais
exíguo palco do poema
impresso. Assim ficamos sós
diante da própria e feroz espera
da negada surpresa. Como quem
adormece na ambulância
apesar da sirene.

Inês Lourenço

segunda-feira, 24 de março de 2008

VOLTES OU NÃO VOLTES

Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas, mas as palavras estão prontas sobre os lábios como segredos imperfeitos ou gomos de água guardados para o verão. E, se de noite as repito em surdina, no silêncio do quarto, antes de adormecer, é como se de repente as aves tivessem chegado já ao sul e tu voltasses em busca desses antigos recados levados pelo tempo: Vamos para casa? O sol adormece nos telhados ao domingo e há um intenso cheiro a linho derramado nas camas. Podemos virar os sonhos do avesso, dormir dentro da tarde e deixar que o tempo se ocupe dos gestos mais pequenos. Vamos para casa. Deixei um livro partido ao meio no chão do quarto, estão sozinhos na caixa os retratos antigos do avô, havia as tuas mãos apertadas com força, aquela música que costumávamos ouvir no inverno. E eu quero rever as nuvens recortadas nas janelas vermelhas do crepúsculo; e quero ir outra vez para casa. Como das outras vezes. Assim me faço ao sono, noite após noite, desfiando a lenta meada dos dias para descontar a espera. E, quando as crias afastarem finalmente as asas da quilha no seu primeiro voo, por certo estarei ainda aqui, mas poderei dizer que, pelo menos uma ou outra vez, já mandei os recados, já da minha boca ouvi estas palavras, voltes ou não voltes.

Maria do Rosário Pedreira

TIBETE – UMA CARTA AO MUNDO

Devem saber o que se passa no Tibete… O que vos posso dizer eh que tudo eh muito mais violento do que mostram na televisao. Foi muito muito violento. Para os tibetanos vai ser um massacre. Nunca vamos saber quantos morreram ou morrerao. Para nos, alem de violento psicologicamente, foi mais perigoso porque acabou por se saber que fomos os dois (eu e o Miguel) as unicas testemunhas do principio de tudo (no mosteiro de Drepung, onde estavamos no dia 10 de Marco, por acaso). (Clara Piçarra em carta ao mundo, LEIAM NO MINISCENTE, divulguem — por uma vez, usem o poder dos memes de uma forma não umbiguista).

POR QUE NINGUÉM QUER MAIS COMPROMISSOS? – 2

Outro dia ouvi uma mulher conversando com uma amiga. Uma estava contando para a outra que havia reencontrado um ex-namorado, que não via há algum tempo. Ao que a amiga perguntou “e aí, ficaram juntos”? Ela respondeu “não, não... ele está namorando”. E sabe o que a amiga respondeu, com a boca cheia e até espantada?!? “E daí?!
Gente, espantada fiquei eu, olha, eu realmente não sou pudica nem muito menos santa, mas peraí! Cadê as referencias? Cadê os parâmetros? Cadê os corações? Não estou falando de regras hipócritas, mas de escolhas, de ética, de valores, de compromisso!!!
Parece que estamos enxergando o mundo como uma imensa vitrine de doces. Tem vários, um mais apetitoso que o outro. Diversas opções. Difícil escolher, é verdade! E se não bastasse o desejo de comer todos, ainda entramos no conflito de que não queremos engordar; precisamos manter a forma. Daí, acreditamos que dar uma mordida em cada um resolve todas as nossas angústias. Ou seja, trazendo a metáfora para os relacionamentos, existem muitas pessoas interessantes, que beijam bem, que sabem seduzir e dar prazer... Parece que passamos a acredita que temos o direito de experimentar todas. Um dia cada uma. E, ao mesmo tempo, não queremos nenhuma. Não assumimos nenhuma.
Sustentamos a falsa impressão de que não satisfaz muito mais do que escolher apenas um doce, mas sabemos e sentimos! a real conseqüência desta imprudência: uma baita dor de estômago e uma “senhora dor de barriga”. As sensações de solidão, vazio e incompetência só aumentam.
Não estou sugerindo que todo o mundo deva assumir um compromisso agora e nunca mais “ficar” com ninguém. Não se trata de radicalismos ou extremismos. Sugiro apenas uma reflexão: será mesmo que você não quer comer doce ou será que quer todos?
Sinto muito em dizer, mas ninguém pode ter “tudo” e o “nada” também não satisfaz!
Chega o momento em que temos de fazer escolhas, porque são elas que nos permitem amadurecer, evoluir e ser felizes. Minha sugestão é para que você se comprometa e aponte o doce que realmente quer. Saboreie-o com calma, sentindo a deliciosa oportunidade de se comprometer com ele. Entregue-se a esta escolha e usufrua do sabor peculiar e imperdível que pode existir no amor...

‘Brígida Brito’

PERSONALIDADE

“Personalidade é se assumir e possuir auto-conhecimento”

Você é uma personalidade firme ou uma “Maria vai com as outras?” Ter personalidade não é mostrar qualidades, nem ser sempre do contra. Ter personalidade, é antes de tudo, uma forma de auto-conhecimento. É a gente viver de acordo com as nossas convicções. Hoje, com toda a evolução social que aconteceu, o mundo permite que cada um assuma ser quem é, verdadeiramente. Mas, essa liberdade não é dada à toa. Para alcançar os nossos objetivos devemos ter coragem, auto-conhecimento e capacidade de fazer as perguntas certas. Como: “O que eu sou capaz de fazer?”, “Para onde quero ir?”. Neste processo, não se exige perfeição. Na verdade, as imperfeições são encaradas como desafios a serem superados. São as características individuais que vão nos levar a ser bem sucedidos, ou não. Que vão forjar o nosso caráter, a nossa personalidade.
Será que já nascemos com a personalidade formada? Em grande parte, sim. Em pesquisas realizadas com irmãos gêmeos e crianças adotadas, ficou comprovado que os traços básicos da personalidade são herdados geneticamente. De 35% a 65% dos traços de personalidade são genéticos. O mesmo acontece com a inteligência. Só que o percentual é menor: 50%.
Mas, o meio em que vivemos interfere na nossa formação. A parte da personalidade que não é herdada geneticamente, é fruto do meio que nos rodeia. A cultura em que estamos inseridos, as condições de vida, familiares e exteriores, que condicionam a nossa existência. Ou seja, a personalidade é formada pela soma das nossas experiências.
A idade em que a personalidade se define mudou. Antigamente, acreditava-se que aos 30 anos a personalidade estava formada. Hoje, com as mudanças na sociedade, e quando temos que fazer escolhas cada vez mais complexas, lá pelos 50 anos é que estamos na plenitude. Pois, aos 40 anos estamos tendo que fazer uma profunda reorganização da nossa personalidade e estilo de vida. Tem gente mudando de emprego, casando-se, tendo filhos aos 40 anos. O que exige uma nova organização da vida, em todos os aspetos. Antigamente a vida estava praticamente acabada aos 40 anos. As mulheres estavam velhas. Os homens, esperando a aposentadoria. A expectativa de vida também era bem menor. Não se olhava para o futuro, como hoje, como um tempo de possibilidades e realizações.
Quanto aos tipos de personalidade, estudiosos afirmam que cada pessoa é resultado de seis fatores básicos: estabilidade emocional, nível de introspecção ou extroversão, capacidade de amar e ser amado, consciência, intelecto e abertura ao novo. Cada um destes aspectos está presente na personalidade e é a manifestação de cada um deles, em maior ou menor grau, que vai determinar o estilo de personalidade de cada individuo.
Será que é possível mudar a personalidade? A base se mantém, mas é possível trabalhar a maneira de encarar e processar os acontecimentos. Esse processo é mais fácil com a ajuda de um profissional, que vai trabalhar o racional e o emocional.

‘Epnews’

PALAVRAS

Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca, Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. Palavras nuas que beijas Quando a noite perde o rosto, Palavras que se recusam Aos muros do teu desgosto. De repente coloridas Entre palavras sem cor, Esperadas, inesperadas Como a poesia ou o amor. (O nome de quem se ama Letra a letra revelado No mármore distraído, No papel abandonado) Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes.

Alexandre O'Neill

PAIXÃO

Ficávamos no quarto até anoitecer, ao conseguirmos situar num mesmo poema o coração e a pele quase podíamos erguer entre eles uma parede e abrir depois caminho à água. Quem pelo seu sorriso então se aventurasse achar-se-ia de súbito em profundas minas, a memória das suas mais longínquas galerias extrai aquilo de que é feito o coração. Ficávamos no quarto, onde por vezes o mar vinha irromper. É sem dúvida em dias de maior paixão que pelo coração se chega à pele. Não há então entre eles nenhum desnível.

Luís Miguel Nava

OS MAIAS – COLAPSO FINAL

Os confrontos militares entre Tikal e Calakmul, somados a outros fatores, levaram a civilização Maia à decadência.
A situação política da 1ª fase dessa civilização tem caráter fragmentário, por dedicar-se a cada cidade-estado, apenas, á vida do seu próprio núcleo. A 2ª fase, a do apogeu, expandiu-se a partir de Waca, para onde tudo convergia.
Os Governantes Maias queriam ampliar o seu poder até á cidade de Tikal, a mais importante da região central de Petén. A conquista aconteceu. A cidade derrotada, com o tempo, passou a desenvolver a mesma política expansionista do vencedor. E submeteu Calakmul ao seu domínio. Esta, por sai vez, assimilou, e muito bem, as idéias das duas cidades anteriores.
A destruição dos reinos rivais tornou-se o maior objetivo dessas potencias. Na prática, passaram a adotar a política de hostilidade, de conflitos por meio de batalhas sangrentas com intenso rastro de morte. Dessa forma, iniciava-se o caminho para a grande catástrofe: a fase da decadência.
O colapso começou na cidade-estado de Dos Pilas, próximo do Rio Pasión, ao sul de Cancuén. Cidade que fazia da guerra o meio de sobrevivência dos seus habitantes, pois dela surgia o direito de cobrar impostos às áreas circunvizinhas. A aliança alternada de Dos Pilas com Tikal e Calakmul foi marcada por destruições, por traições e até morte entre os membros da mesma família, na disputa pelo poder.
As intensas guerras entre as cidades-estado do império Maia tornaram-se alvos frágeis para os invasores. Uma a uma foi sendo eliminada do mapa da mesoamerica, como Cancuén, Palenque, Tikal, Calakmul, Uxmal, dentre outras.
Inexiste sobrevivente da civilização Maia. A sua história, entretanto, não foi destruída. As descobertas arqueológicas mostram os seus feitos, através das inscrições deixadas nos seus ricos monumentos, tais como o Templo das Inscrições (Palenque); Casa do Mago (Uxmal); o Paládio das Máscaras (Kabah), etc. São as brilhantes torres dos Maias, fincadas nessas terra, para sempre.

‘Onélia Queiroga’

OS FUNERAIS DO HEROI

E se a Grande Nação do Norte quebrar, o que será de nós? Essa pergunta deve estar ferindo os neurônios das elites pensantes do Brasil e do resto do Mundo. A Disney de portas cerradas. Os anúncios da Broadway apagados. A Casa Branca igualmente às escuras para economizar na conta da luz...
E agora? Quem nos fornecerá aqueles laptops de ultima geração, aqueles prodigiosos tênis Reebok, aqueles happy ends memoráveis que só Hollywood sabia fazer?
Os pobres paises emergentes é que estão fazendo mais força para que a ilusão americana não se desmanche no ar.
Sinceramente, será isso o que a gente queria mesmo? Gerenciar o abismo?
Uma amiga mandou-me ontem uma entrevista publicada pela Isto É com o medico psiquiatra Roberto Shinyashiki, na qual ele explica: “a nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isto é loucura”.
Pois é esse mesmíssimo mundo que escolhe para si e para os seus passageiros o modelo de sucesso que aí está.
A felicidade se mede em pontos do índice Dow Jones que, traduzidos para o português, significa que o que é bom para eles é bom demais para todos nós.
Suspeito, porém, que não perguntaram ao distinto leitor se era isso mesmo o que ele queria para si e para o mundo em redor do seu bairro.
Por que a felicidade geral da nação tem aparecer na telinha do computador e o sucesso pessoal de cada um tem de ser associado ao nome da multinacional que eu preciso urgentemente presidir?
Por que a beleza é esquelética e a feitura só este GG?
Por que o importado é in e o nacional é out?
Por que eu primeiro e o resto do mundo depois?
Por que as revistas em quadradinho nunca mais lançaram um novo herói?
Sim, a bem da verdade, quem são os heróis do agora, os nossos heróis?
Essa pergunta me traz a resposta de Shinyashiki:
“Quando eu nasci, minha mãe era empregada domestica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem”.
Desafortunadamente, os nossos heróis estão todos mortos.

‘Luiz Augusto Crispim’

OS 50 ANOS DE UMA BOSSA

Um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, reconhecido internacionalmente, é a Bossa Nova, que completa 50 anos no meio a uma discussão sobre se o real momento histórico do seu inicio foi em 1957, 1958 ou 1959. No texto abaixo, isto vai ficar esclarecido.
A Paraíba não ficou distante, a nenhum momento, da Bossa Nova. Os radialistas Francisco Ramlho e G. O BElli produziram e apresentaram o programa “Júri musical popular”, na Rádio tabajara, onde a BN foi o grande enfoque. Foi Ramalho que apresentou o 1º Festival de Bossa Nova, no Teatro Santa Rosa em João Pessoa, Paraíba, em que o “escriba-compositor” destas linhas teve o orgulho civil-musical de cantar “A Felicidade” (“a felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor”)
Muita coisa vai acontecer na Paraíba em homenagem aos 50 anos da Bossa Nova. Entre elas: uma exposição temática, e o relançamento do “Bossa Nova – Songbook” de Diana Miranda.
Carlinhos Lyra foi um dos mais expressivos nomes da Bossa Nova, sempre teve um cuidado enorme com a precisão das datas, das coisas e dos sons. Foi Carlinhos que definiu quando, afinal, nasceu a Bossa Nova, numa reunião com Roberto Menescal e Luis Carlos Miele, no ano passado, organizada e registrada por Fred Rossi, que editou e lançou recentemente o álbum-agenda “50 anos de Bossa Nova”.
Carlinhos Lyra definiu dois acontecimentos, em 1958, que marcaram o nascimento da Bossa Nova:
1º O disco “Canção do amor demais” em que Elizeth Cardoso cantava as musicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, com acompanhamento luxuoso do violão de João Gilberto.
2º O disco de 78 rpm (rotações por minuto) de João Gilberto cantando: “Chega de Saudade”.
Há quem defenda que a Bossa Nova surgiu em 1957 em show na Sociedade Hebraica, em São Paulo, que anunciou “Os Bossa Nova”. Outros defendem o ano de 1959, quando João Gilberto lançou o seu primeiro LP. Acertos aqui, conversa acolá, os bossanovistas remanescentes, que tem o direito desse procedimento, oficializaram 1958 como o ano do nascimento da Bossa Nova para “efeitos históricos ou comemorativos”. Enfim, “o ano da referencia”.
Sobre a definição do que é Bossa Nova, gosto muito do que Carlinhos Lyra escreveu: “Não é uma musica de elite, como já se disse. Seria absurdo acreditarmos que cultura é elite. Pode-se ver, por suas influencias, que a Bossa Nova é uma musica popular de câmara e, portanto, culta. Daí essa identificação com as classes médias do mundo. Enquanto houver classe média, haverá Bossa Nova.
Nara Leão foi a musa da Bossa Nova, para quem foram compostas musicas como “O barquinho” e “Lobo Bobo”. Se transformou numa das vozes da resistência à ditadura.
Já o genial Tom Jobim deu forma e acabamento à Bossa Nova. “Desafinado” e “Garota de Ipanema” até hoje são “hits” no mundo inteiro.

COMO BRILHARAM OS ANOS DOURADOS

Após o lançamento do primeiro LP de João Gilberto, também chamado “Chega de sudade”, a Bossa Nova rapidamente se transformou em mania nacional e em poucos anos conquistou o mundo.
Mas bem antes disso o Rio de Janeiro já vivia um raro momento de florescimento artístico, como poucas vezes se viu na história da cultura nacional. Não é a toa que os anos 50 são conhecidos como os “anos dourados”. O Brasil vivia então um período de crescimento econômico que acabou se refletindo em todas as áreas. Em 1956, Juscelino Kubitschek tomou posse na Presidência da Republica com o slogan desenvolvimentista “50 anos em 5”.
Em 1957, estreava o filme “Rio, Zona Norte”, de Nelson Pereira dos Santos, um dos primeiros representantes do que viria a ser chamado Cinema Novo.
Em 1958, a Seleção Brasileira de Futebol conquistava a sua primeira Copa do Mundo, derrotando a seleção sueca por 5 a 2. em 1960, Juscelino Kubitschek inaugurava a nova capital do País,Brasília.
Foi neste contexto que se consolidou o movimento que viria a revolucionar não só a musica brasileira mas toda a produção internacional.

‘Carlos Aranha’

OS 10 MANDAMENTOS

Na semana onde foi comemorado o Dia Mundial do Consumidor (15 de Março), foi lançada uma cartilha que aponta os 10 mandamentos do consumidor consciente, que devem ser do conhecimento das pessoas antes que elas decidam ingressar na justiça para reclamar os seus direitos. Antes de tudo, o consumidor tem que pensar no bolso e no meio ambiente. O primeiro mandamento é básico, o consumidor tem que conhecer os seus direitos, ler o Código de Defesa do Consumidor, que garante, inicialmente, proteção da vida, da saúde e a segurança contra os riscos provocados por produtos ou serviços perigosos ou nocivos. Abaixo seguem os 10 mandamentos:

1º Mandamento
Conheça os seus direitos

Garanti de educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços; informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços; proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, e contra métodos comerciais coercivos ou desleais; efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

2º Mandamento
Diga não ao consumismo e o desperdício

Não compre por impulso ou pelo modismo. Aprenda a controlar a ansiedade na hora da compra para avaliar se: o produto ou serviço é adequado às suas necessidades e o preço é condizente com o que o produto ou serviço oferece; as condições de pagamento são adequadas à sua realidade. Você realmente precisa daquilo ou a sua compra ocorre por impulso, em função de um anuncio publicitário; a economia com as embalagens “tamanho família” compensa o risco de não utilizr todo o produto.

3º Mandamento
Pratique o consumo ecologicamente sustentável

Busque ajudar o nosso planeta escolhendo produtos que respeitem o ambiente: no utilizam madeira de extração ilegal em florestas protegidas; usam produtos livres de componentes danosos (CFC, por exemplo); utilizam embalagens recicláveis ou recicladas, se possível (veja pó selo que identifica a possibilidade de reciclagem); sejam produzidos em fábricas com tecnologias limpas ou que manejam adequadamente os resíduos perigosos ou danosos ao ambiente e à saúde da população.

4º Mandamento
Pratique o consumo socialmente responsável

Elimine da sua lista de fornecedores todos aqueles que: utilizem trabalho infantil ou de adolescentes fora dos limites permitidos por lei; utilizem trabalho escravo; permitam condições de trabalho insalubres, em desrespeito com os direitos dos trabalhadores (jornada excessiva de trabalho, não pagamento de direitos assegurados, etc).

5º Mandamento
Exija direitos iguais aos dos consumidores internacionais

Você conhece esta historia: os produtos vendidos nos países em desenvolvimento, por empresas globalizadas não são tão seguros, ou não é tão rápida a sua retirada do mercado, quando o defeito é detectado; quanto nos países desenvolvidos. Mas os consumidores merecem igual atenção e respeito que todos os consumidores do resto do Mundo. Exija que produtos com defeitos de projeto, que possam causar acidentes graves aos consumidores, não sejam comercializados. E as correções que são efetivadas nos produtos destinados aos países desenvolvidos devem ser iguais para todos.

6º Mandamento
Exija transparência dos seus fornecedores

O Código de Defesa do Consumidor garante que as relações comerciais devem ser leais e o consumidor não pode ser enganado ou lesado por práticas abusivas. Por isso, no assine nenhum contrato sem o ter lido antes. Exija que o fornecedor apresente contratos claros e tire todas as duvidas. No contrato, exija também que todas as condições de pagamento, de entrega, de rescisão, etc estejam explicitadas.

7º Mandamento
Saiba se defender

Não exite em lutar pelos seus direitos. Sempre que precisar, recorra às instituições de defesa do consumidor. As associações independentes, como a Pro Teste, a maior associação independente é o caminho para quem quer fortalecer e garantir os seus direitos.

8º Mandamento
Informe-se sobre os produtos e serviços

Acompanhe as informações sobre as empresas, que constam do cadastro de órgãos de defesa do consumidor. Atualize com as pesquisas independentes, como as da Pro Teste, sobre qualidade e preços de produtos e serviços. Assim, vove evitará adquirir itens comprovadamente com problemas, com preços altos ou de empresas desonestas.

9º Mandamento
Conheça os seus direitos de cidadania

Além de consumidor você é um cidadão. Tem direitos assegurados quanto ás mais variadas áreas do consumo. Aí valem as regras de qualquer prestador de serviços, sujeitas ás mesmas regulamentações, que deve consultar e fazer valer, para cada caso.

10º Mandamento
Busque a ética nas suas relações de consumo

A maioria dos golpes cometidos contra cidadãos incautos decorre do velho desejo de levar vantagem em tudo. A ética deve prevalecer dos dois lados. Preços muito abaixo da média de mercado, condições irregulares nas compras, em lojas suspeitas ou ilegais, indicam grande possibilidade de golpe. Alem disso, exigências como deposito antecipado em conta-corrente e adiantamento de dinheiro para receber prêmios são por norma falcatruas. Mas muitos continuam sendo enganados pela aparente possibilidade de ganhar muito com pouco esforço.
Com a internet, outras fraudes se tornam possíveis, a um clique no mouse. Por isso desconfie de mensagens de desconhecidos oferecendo prêmios. Pelo celular, ignore as mensagens de prêmios que solicitam a digitação de códigos extensos ou cifrados. Previna-se sempre!

‘In: Pro Teste’

ONDAS MEDIAS

Sergio Caladas foi radialista de muito prestigio e audiência no Sertão dos anos 60 e 70. teria mais sucesso ainda se o ganho pouco lhe fosse bastante para botar comida em casa sem passar pela feira de trocas das criticas virulentas por elogios fáceis.
Não vou lhes revelar as cidades e emissoras em que o nosso comunicador atuou. Mas, se quiserem uma pista, sigam alguma que leve do Sabugi ao Rio do Peixe. Nessa amplidão, ele dominou os melhores horários em ondas médias, naqueles tempos.
Segundo os amigos Ruy Dantas e Heron Cid, Sergio foi um dos pioneiros dos chamados programas políticos, estilo que se instalou feito posseiro no radio paraibano no horário de meio dia às três da tarde.
Ruy e Heron, estrelas do radiojornalismo do Sistema Correio, sabem historias ótimas de Sergio, de quem conhecem mais a fama do que conhecem a voz, líder de Patos a Cajaceiras quando os meninos do Sertão ainda estavam nos cueiros.
O programa consagrado do jeito Sergio Cabral de fazer rádio foi o “Pegando Fogo”, da Sonora AM, onde o glorioso comunicador inventou de bater no mais que temido Levi Olímpio, na época prefeito de Pombal.
Motivo: o alcaide pombalense era o único do raio de alcance da Sonora que não havia ainda se entendido com Sergio, que não entendia a relutância do homem em vir se acertar. Não entendia porque não conhecia direito com quem estava mexendo.
Levi, por sua vez, estava esperando só uma oportunidade de “endireitar o espinhaço” do sujeito que andava falando mal no radio da “administração fraquinha” que penalizava “o povo sofrido” da cidade de pombal.
Sergio soube dos propósitos do prefeito. Mas, ancorado na certeza de que ao político é mais vantajoso cooptar do que confrontar, resolveu subir uma oitava na contundência. Era pra ver se o homem chegava junto, enfim.

ESTICANDO A CORDA

Foi no dia em que Sergio Caldas abriu o “Pegando Fogo” com o anuncio de que haviam lhe repassado um alentado dossiê contendo revelações bombásticas sobre a Prefeitura de Pombal.
“Aguardem, minhas senhoras, meus senhores, porque daqui a pouco o negocio vai ficar Pegando Fogo”, era o bordão de Sergio, ao qual o pessoal da técnica colava a Quinta de Beethoven bem na parte do tan-tan-tan-tan-tan-tan...
Naquele dia, Levi ainda estava almoçando quando um chaleiro veio lhe dizer para ligar o radio na Sonora que Sergio Cabral estava ameaçando soltar uma “bomba” contra o prefeito.
O prefeito não ligou o radio nem contou conversa. Levantou-se da mesa na mesma hora, botou o chapéu e já ia pegando a chave do carro quando a mulher interveio: “Pelo amor de Deus, homem, não faça besteira. Chame Seu Chiquinho”.
Seu Chiquinho era o secretario da Prefeitura, assessor e motorista do prefeito, sujeito sabido que só ele e que já se oferecera para “dar um jeito” em Sergio Caldas. Um jeito bem diferente daquele que Levi poderia dar.

EXPLOSIVO

Quem lembra sabe que Levi Olímpio carregava dois metros de altura por 140 quilos de massa bruta. Tudo isso sob o talante de uma cabeça quente que volta e meia acendia ligeirinho o pavio mais curto de todo o Sertão paraibano.
Pois bem, acionado, Seu Chiquinho reuniu o numerário que julgava bastante para a empreitada, pegou o jipe e foi a mais de mil bater na Sonora. Chegou bem no intervalo comercial que antecederia a explosão da “bomba”.
Sergio reconheceu Seu Chiquinho no ato, quando o homem entrou no estúdio. Era o mesmo cidadão que dias atrás lhe abordara na entrada da radio e aconselhara a parar com esse negocio de meter o pau no Doutor Levi.
Mas aquela aparição ali, naquele momento, não foi suficiente para arrefecer o ímpeto do radialista. Muito pelo contrario. Sergio mandou o sonoplasta subir o tan-tan-tan-tan-tan-tan…
- Minhas senhoras, meus senhores, é agora. É agora que vocês vão saber de toda a verdade sobre o que se passa na Prefeitura de Pombal.

A “BOMBA”

Enquanto escalava o suspense, Sergio esfregava um papel qualquer entre indicadores e polegares, bem pertinho do microfone, sugerindo que aquele seria um documento revelador, a prova de todas as denuncias.
Nesse momento, Seu Chiquinho aproximou-se calma e silenciosamente da bancada do radialista e sobre ela depositou um envelope branco, de conteúdo bem presumível e visível. As pontas de algumas notas se expunham estrategicamente.
Sergio olhou o envelope com o rabo do olho, com os dedos da mão esquerda apalpou discretamente o material, sentiu-lhe o volume, avaliou a espessura, especulou mentalmente a importância e em seguida mandou altear novamente o bege.
Foram intermináveis 15 segundos antes de o contra-regra abrir o microfone do apresentador, que respirou fundo e soltou no ar uma bolha radicalmente oposta àquela que havia prometido desde o inicio do programa:
- Minhas senhoras, meus senhores, chegando agora mesmo em nossos estúdios informações que indicam uma espetacular reviravolta no caso de Pombal – disse para em seguida surpreender meio mundo de Pombal a Antenor, com a seguinte revelação:
- E pelo que estou vendo aqui minhas senhoras e meus senhores, é tudo mentira aquilo que andaram dizendo do prefeito Levi Olímpio...

‘Rubens Nobrega’

O TEMPO POR DENTRO

O amor é camisa que se carrega sobre o esqueleto sem saber que por dentro está cerzido o Tempo. E passa o Tempo por dentro das pedras não decifradas dos mapas portugueses do oceano que já foi mar e antes rio do assassinato do fundista solitário. E passa o Tempo por dentro de Publio Virgilio Marão sonhando Enéias de Ragusa no Adriático dos navegantes de Urano e Netuno de certos tons de abril que será sempre e estranhamente abril. E passa o Tempo por dentro do bisavô Affonso Donato visitado por um anjo no dia da sua morte. E passa o Tempo por dentro da Quinta Sinfonia de Mahler das janelas de Veneza dos 150 Salmos de Israel e daquilo que se amou de verdade. Passa o Tempo por dentro desta página como passa o incenso por dentro do labirinto de um relógio chinês.

Neide Archanjo

O QUE É O AMOR AFINAL?...

Amar é alguma coisa que cresce dentro da gente, aos pouquinhos, sem que a gente consiga entender ou explicar. É um sentimento que faz com que o coração da gente bata amis forte, bata diferente quando se está com determinada pessoa. Alguma coisa que faz com que a gente esqueça do resto e queira ficar perto e sempre só com ela.
E a gente percebe que essa pessoa é a mais importante de todas e se vê pensando nela muitas vezes. Uma mistura de carinho, amizade, tesão, confiança, respeito. É acreditar que a gente é única pra essa pessoa e saber que ela acredita que é única pra gente. É confiar que essa pessoa não vai nos trair. É sentir que alguém compartilha da vida da gente, que se importa com o que a gente faz e que gosta que a gente também se importe com o que ela faz. Algumas vezes isso até pode ser confundido com cobrança, mas não existem cobranças quando duas pessoas compartilham um momento, uma alegria, uma vida.
É um sentimento de orgulho e respeito por quilo que a outra pessoa faz,pelo que ela é como gente. É ser capaz de enfrentar um mundo em defesa dessa pessoa, mesmo que para outras ela pareça não ser aquilo que você acredita que ela seja. Algumas vezes pode acontecer que a gente enxergue a pessoa da forma que a gente quisesse que ela fosse e transforme a realidade numa realidade nossa, talvez pelo amor que se tem por ela.
Amar não é apenas ter desejo sexual, que embora exista, não é a única coisa mais importante. Mas há que haver tesão e uma vontade enorme de estar um nos braços do outro, o bastante e o suficiente pra que não se sinta vontade de estar nos braços de outro alguém. Amor sem tesão, é uma grande amizade, apenas isso. E quando há apenas tesão, se dilui rapidamente por não haver cumplicidade, sentimentos envolvidos.
Amor é aceitação, mas não submissão. Se existe submissão não pode haver amor, cada pessoa mesmo extremamente apaixonada deve ter sua própria vontade, seus próprios desejos que são aceitos e se amoldam a alguém que ama. Amar faz com que a gente esqueça tudo que já passou e tenha vontade de enfrentar qualquer coisa. É uma entrega, um desvendar de mistérios que parece nunca ter fim. É não ter medo, nem receio de que nada não vá dar certo.
É se sentir mulher, criança, gente importante quando está com a outra pessoa e ter certeza que a outra se sente assim perto da gente. É ter vontade de rir de repente, sem muito motivo às vezes, e de chorar de um sentir repentino, é não ter vergonha do que se é, nem de como se é porque se sabe que isso não é tudo pra outra pessoa.
Amar nem sempre significa que é um sentimento que exista na pessoa que o coração da gente escolheu. E quando se sente isso, tenta-se lutar da forma que se sabe querendo conquistar o outro coração, com receios, medos, incertezas... É um amor que dói dentro da gente, é a gente se apega a um minuto de felicidade pra ter forças pra não desistir.
Nem sempre é um amor possível por circunstancias da vida talvez, por dificuldades difíceis de se superar, e quando se sabe disso é um sentimento angustiante. Sofrido, por não se saber como arrancar de dentro da gente aquilo que se enraizou e teima em não sair de lá, embora não se ache caminhos nem soluções.
Existe um outro amor, um sentimento de amor não conhecido antes da era do computador, o amor virtual. Algumas vezes tão ou mais forte que um amor real e não menos real porque envolve pessoas que são gente e através do seu computador se apaixonam por alguém.
É alguma coisa diferente que faz com que as pessoas que algumas vezes nunca se tocaram tenha sensações reais e sintam falta da outra pessoa e inexplicavelmente um amar surge do nada e mexe com o coração da gente e faz a gente pensar: o que é o amor afinal?
O que é amar?

‘Brígida Brito’

O NOME DOS MESES

Desde priscas eras, o ano é dividido em meses. O primeiro calendário, que tinha dez, começava em martius, Março e foi criado pelo primeiro rei de Roma, Rômulo. Seu sucessor, Numa Pompílio, acrescentou dois ao calendário original: o 11º, ianuarius, Janeiro, e o 12º Fevereiro.

Foi a partir de 46 a.c., quando o imperador Júlio César reformou o primeiro calendário, que o ano passou a iniciar-se em Janeiro. Esse calendário ficou conhecido como Juliano. Em 1582, o Papa Gregório XIII introduziu novas modificações no calendário, tornado-o mais preciso, com melhor definição para o ano bissexto. É o que adotamos hoje, chamando Calendário Gregoriano.

Falemos de cada um dos meses. Seus nomes são geralmente ligados à Mitologia, a personalidades históricas, práticas agrícolas e à simples numeração ordinal. Vamos a eles:

Janeiro – Januarius mensis, mês do deus Janus, homenageava um dos principais deuses de Roma, tido como deus dos inícios, guardião de todas as portas e entradas (seu diminuitivo januella, deu janela em português e, em inglês, janitor significa porteiro). Era bifrontal – uma face voltada para a frente e outra para trás.

Fevereiro – Februaius mensis, mês das expiações. Todos os anos, em 15 de Fevereiro, acontecia um festival de purificação chamado februa, plural de februum, relacionado com o verbo februare, purificar, fazer penitencias religiosas. Na ocasião, eram oferecidos sacrifícios aos mortos para apaziguá-los.

Março – Martius mensis, mês do deus Marte, muito querido entre os romanos que, durante esse período, celebravam festas em sua honra. Também deus da agricultura e pai de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma. Marcava o inicio da primavera, primeira estação do ano.

Abril – Aphrilis mensis, mês de Abril. Corruptela de Aphrodite, nome grego da deusa Vênus, a quem o mês era dedicado. Para alguns, o nome vem de aprilis, do verbo latino aperire, abrir, pois esse era o mês em que os botões das flores começavam a desabrochar, já que é primavera no Hemisfério Norte.

Maio – Maius mensis, mês da deusa Maia. Segundo a Mitologia, uma ninfa que se uniu a Júpiter para tornar-se mãe de Mercúrio. Divindade identificada com majestade, grandeza divina, também chamada de Maiesta, origem remota de majestade, era também a deusa da honra e da reverencia, e presidia o florescimento das plantas.

Junho – Junius mensis, mês da deusa Juno, irmã e esposa de Júpiter segundo a Mitologia, protetora das mulheres em geral, especialmente das esposas legitimas, da maternidade e do casamento. Todas as mulheres tinham Juno, uma espécie de anjo da guarda.

Julho – Julios mensais, mês de Julio César, consagrado ao imperador Julio César. Inicialmente era chamado Quintilis, por ser então o quinto mês do ano. Depois do assassinato do imperador Julios César, em 44 a.c., passou a ser denominado Julho em homenagem a ele.

Agosto – Augustos mensais, mês do imperador Augusto. Inicialmente era chamado sextilis, por ser o sexto mês do calendário, mas teve o nome mudado para augustos como auto-homenagem do imperador romano Otávio Augusto, um dos maiores administradores da história, que reformou a estrutura de governo do império e agregou a ele novos territórios. Sextilis tinha 30 dias mas, para não ficar menor que o mês de julho, que tinha 31 dias, o imperador Otávio Augusto, retirou um dia de outro mês – Fevereiro – para que Agosto também tivesse 31 dias, a razão pela qual Julho e Agosto são os únicos meses consecutivos com 31 dias.

Setembro – September mensis, sétimo mês. Septem é sete em latim. Era o sétimo mês do calendário antes da modificação feita pelo imperador Numa Pompilío.

Outubro, Novembro e Dezembro – October mensis, oitavo mês, octo é oito em latim; november mensis, nono mês, novem é nove em latim; dezember mensis, decem é dez em latim. Originalmente, o oitavo, o nono e o decimo mês do calendário.

Falar em calendário, em duração de tempo, é lembrar do famoso e sensual bolero cheio de promessa e esperança “Quizás, quizás, quizás”, “Talvez, talvez, talvez”, de Augusto Farres:

Siempre que te pergunto;
Que cuando, como y donde;
Tu siempre me respondes;
Quizás, quizás, quizáz;
Y asi pasan los dias;
Y yo desesperado;
Y tu, tu contestando;
Quizás, quizás, quizas…

‘Márcio Cotrim’

O MEDO ERA ESPANTOSO

Naquela noite a tormenta foi espantosa e ao cabo das tormentas pelo escuro dos meus olhos veio saindo um filão infindo de carvão, fria hulha, mil segredos minerais daquilo que era escrito não saberes. O medo era espantoso. Eu ouvia ressonar vozes diversas ao comprido do quarto azul e frio. Eu ardia de febre e indiferença. Por essas noites grandes a mim sozinho ia jurando que te amava ainda, ainda.

Jorge Colombo

O MÉDICO FUMANTE E A SOCIEDADE

Nenhuma saudade dos tempos em que fumar era charmoso e elegante!
Durante os anos 90, a competência dos programas de combate ao fumo, respaldada pela cumplicidade espontânea da mídia, produziu na sociedade uma marcante reversão de mentalidade, transformando o ato de fumar em algo feio e nocivo. O charme foi substituído por tosse e secreção; o mau-hábito e os dentes amarelos tomaram o lugar da elegância. Hoje, o tabagista é estigmatizado, tornou-se “persona non grata”.
Se a população incorporou essa visão do tabagista comum, o que dizer do médico que fuma? O profissional que deveria orientar essa mesma população a evitar o infarto do miocárdio, o enfisema pulmonar, o câncer de pulmão?
Qualquer observador atento vai identificar na atitude do colega fumante quatro pecados capitais: um péssimo exemplo para os seus pacientes; absoluta omissão no trabalho de informar e educar a comunidade sobre os malefícios do cigarro; desrespeito às leis vigentes que proíbem fumar em lugares inadequados (alguns cometem o absurdo de fumar no seu próprio ambiente de trabalho); exposição de pessoas saudáveis à nocividade da sua fumaça.
Deve-se admitir que se desvencilhar da nicotina não é tarefa fácil, mas é muito fácil hoje recorrer a métodos eficientes para largar o cigarro. Insistir em cometer todos esses pecados e ainda por cima “suicidar-se” lenta e CONSCIENTEMENTE é erro imperdoável.

‘Sebastião de Oliveira Costa – pneumologista’

NOVOS PECADOS

Não sei se a Igreja Católica está certa ao ampliar a relação dos pecados capitais. Essas coisas do pecado são como a Constituição de um país: quanto menos leis, melhor. Um bom exemplo disso é a dos Estados Unidos; sintética, essencial, e por isso muito respeitada.
A ampliação divulgada recentemente pela Santa Sé inclui a manipulação genética, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição do ambiente.
São itens muito abrangentes e que revelam certa confusão. A “manipulação genética” não pode ser condenada a priori; muito do que o homem obtém com as novas tecnologias do DNA redunda em beneficio para a espécie. Algumas levam ao aprimoramento de plantas, adubos, sementes, e concorrem para diminuir a fome no mundo. Deixar o semelhante morrer de fome não é, por acaso, falta maior do que pesquisar o código da vida?
Mais confusa é a idéia de um pecador como “desigualdade social”. Quem deve ser punido por este tipo de falta? Os governantes? Os ricos? Estes já são advertidos no Evangelho, mais precisamente na parábola que fala do camelo e da agulha. Quanto aos governantes, não vão sacrificar o seu pragmatismo, que muitas vezes lhes permite governar, em favor de preceitos religiosos. Seria submeter o Estado, que é leigo, às imponderáveis razoes da fé.
O pecado é uma transgressão individual. Tem a ver com a alma, não com as ações coletivas. Os chamados crimes sociais refletem a desobediência a prescrições que já existem. A principal delas é “Ama o próximo como a ti mesmo”, que Emmanuel Kant formulou em nível prático como “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”. Se a igreja tem dificuldade para nos incutir essa norma fundamental, não vaio resolver o problema criando novas leis.
Mesmo porque há nisso um risco, como sabia o velho Machado de Assis. Segundo ele, o ser humano só deseja o proibido. Novos pecados criam a possibilidade de novas transgressões.

‘Chico Viana’

NO MEU PAÍS

As pequenas cidades intensas
Onde o tempo não é dissolvido mas dura
E cada instante ressoa nas paredes da esquina
E o rosto loiro de Laura aflora na janela desencontrada
E o apaixonado de testa obstinada como a de um toiro
Em vão a procura onde ela nunca está
– É aqui que ao passarmos a nossa garganta se aperta
Enquanto um homem alto e magro
Baixando a direito o chapéu largo e escuro
De cima a baixo se descobre
Ao transpor o limiar sagrado da casa

Sophia de Mello Breyner Andresen

NINGUÉM

Ninguém meu amor ninguém como nós conhece o sol Podem utilizá-lo nos espelhos apagar com ele os barcos de papel dos nossos lagos podem obrigá-los a parar à entrada das casas mais baixas podem ainda fazer com que a noite gravite hoje do mesmo lado ninguém como nós conhece o sol Até que o sol degole o horizonte em que um a um nos deitam vendando-nos os olhos.

Sebastião Alba

NÃO ENCONTRO O RETRATO

Não, não encontro o retrato. Estavas de perfil, a luz de cinza caía-te dos braços, da casa próxima o fumo subia devagar os últimos degraus do outono, um cachorro saltava no terreiro, não tardaria a escurecer. Estavas de perfil, a mão acompanhando no regaço a rosa que te dei. Deixa-a ficar e ser, a mão, rosa também.

Eugénio de Andrade

MUDAR PARA PERMANECER

Muitas pessoas sonham com uma verdadeira transformação nas suas vidas, mas querem eu seja assim: vapt-vupt e pronto, se tornam outras pessoas, mais confiantes, mais bem-sucedidas, prósperas e felizes.
Na vida real isso não acontece. Por mais que sejam positivas e necessárias, mudanças costumam ser tão desgastantes que, mesmo querendo mudar, algumas pessoas relutam e tentam seguir a sua vida do “jeitinho” de sempre.
A respeito das mudanças, os mais conservadores ou medrosos diriam: “É o mais sensato!” ou “Melhor não trocar o certo pelo duvidoso”. Sim, o processo causa medo em muita gente. Trata-se de um medo físico, pois exige uma adaptação do nosso sistema nervoso sair da “zona de conforto”, buscando as áreas emocionais e racionais do cérebro.
As coisas, nem sempre acontecem como planejamos. Chega um momento em que é fundamental sair da inércia e implementar mudanças, que não necessariamente precisam ser gigantescas nem imediatas, mas podem ser muito singelas. Porém, quando surge a insatisfação, as pessoas, em vez de cogitar da possibilidade de mudança, tendem a ocupar a posição de vitimas e culpam a tudo e a todos pelos seus sentimentos. Em vez de eleger culpados, reflita sobre s suas atitudes e escolhas perante a vida e avalie se as suas decisões têm ido ao encontro dos seus valores e propósitos de vida. Mudar alguns padrões de comportamento, como a falta de amor-próprio, o sentimento de culpa e a baixa auto-estima, pode resultar em uma grande diferença, incitando, até mesmo, o despertar de um novo ser.
Em geral, as pessoas têm uma reação muito previsível quando se deparam com a necessidade de mudanças e costumam agir dentro de um ciclo conhecido como “Ciclo do pesar”, que inclui: choque, negação, raiva, negociação, tristeza, aceitação e desempenho. Vejamos como ele se desenvolve:
- A primeira reação frente à necessidade de mudança é a de um verdadeiro “choque”. A pessoa fica anestesiada, sem conseguir aceitar que terá de mudar seus padrões, tão perfeitamente enraizados em seu modo de vida.
- Após o “choque” inicial, vem a fase da “negação” quando a pessoa se tenta convencer de que não precisa sucumbir à mudança e pode seguir a sua vida exatamente como ela tem feito até ao momento.
- Ao conscientizar-se de que a mudança é realmente necessária, a pessoa passa por um estágio de “raiva”, pois ainda não conseguiu assimilar todos os aspetos da mudança nem aceita ter que abrir mão dos seus padrões atuais.
- Em seguida, ela entra na fase de “negociação” e tenta barganhar a possibilidade de manter algumas coisas e aceitar outros aspetos da mudança.
- Ao se dar conta de que a mudança é inevitável e que precisará abandonar os padrões que estão bloqueando a sua produtividade, vem um sentimento de “tristeza”.
- Por fim, superada a tristeza, chega a vez de contemplar um estado de plenitude e produtividade. É a fase de “aceitação e desempenho” em que, finalmente, a mudança é implementação e a pessoa se dá conta de como ter optado pela mudança poderá beneficiá-la... até á próxima mudança.
É incrível pensar que passamos por todos esses estágios mesmo quando a mudança representa algo positivo e desejado. Tenha em mente que você tem a liberdade e o direito de fazer as escolhas que podem tornar a sua vida melhor e mais feliz, assim como tem o poder de abrir mão daquilo que lhe traz dor, tristeza e infelicidade. Ou seja, mudar está ao alcance, sempre. Boa sorte!

‘Lair Ribeiro’

MENOPAUSA

“Processo que marca uma nova fase na vida da mulher”

A menopausa acontece entre os 45 e os 55 anos d mulher, devido à falência dos ovários e o diagnóstico é feito depois de um ano sem menstruação. Pode acontecer antes dos 40 anos, mas neste caso, é considerada precoce.
A menopausa causa um impacto significativo no cotidiano da mulher. Mas, deve ser encarada como um processo natural e como uma nova fase de vida.
Quando o estrogênio e a progesterona deixam de ser produzidos pelo organismo, a mulher perde a capacidade de se reproduzir, pois estes hormônios são os responsáveis pela manutenção dos órgãos genitais femininos. Como são hormônios associados também a reações metabólicas que regulam o cálcio, o sódio, o potássio, a água e as gorduras, temos conseqüências imediatas, como o aumento da pressão arterial, o aumento de peso e a osteoporose. A perda de cálcio causada pela osteoporose acontece nos primeiros cinco anos da menopausa, com 3% a 5% de perda de massa óssea. As fraturas ósseas são a principal conseqüência desta doença.
Entre os principais sintomas físicos da menopausa, temos: sensação de fadiga, dores de cabeça, sensações súbitas de calor, suores noturnos, palpitações e ansiedade, propensão a infecções vaginais, secura vaginal, diminuição do tamanho da mama. Estas são as mais freqüentes. De todos eles, os calorões são os que melhor caracterizam a menopausa, e estão associados, em geral, a transpiração em excesso, pele avermelhada e taquicardia.
Psicologicamente, a menopausa está associada ao nervosismo, ansiedade, irritabilidade e depressão, entre outros.
Com a menopausa, a mulher fica sujeita a outras doenças como as cardiovasculares. Isso devido às alterações relacionadas ao colesterol, triglicerídeos, pressão alta, fumo, obesidade e o sedentarismo, que são os principais fatores de risco. A incidência de enfarte no sexo feminino apresenta um aumento significativo a partir dos 50 anos. E, a mortalidade é superior à causa por doenças cancerígenas. Aliás, com a menopausa crescem os riscos de câncer de mama, de útero e de ovário. É preciso ir ao genecologista e fazer exames de rotina com regularidade.
Muitas vezes, as mulheres não conseguem lidar com as mudanças emocionais que acontecem nesta fase da vida. Alguns sintomas, como os calorões, podem trazer conseqüências psicológicas. Costumam durar de 30 segundos até 5 minutos. Num período que pode se prolongar por até 5 anos. Como o estrogênio é uma das bases que regula o psicológico e o emocional da mulher, quando a sua produção cessa, há uma descompensação, causando irritabilidade e ansiedade. Também acontece a perda da libido, o que pode se tornar constrangedor para a mulher. Então, por não aceitarem essa fase, por não saberem lidar com as mudanças físicas e emocionais e com o fim da fase reprodutiva, elas podem entrar em depressão.
A menopausa pode ser tratada. A terapia de reposição hormonal seria uma das maneiras, mas tem sido amplamente combatida. A utilização do estradiol, que traz alívio dos sintomas e ao mesmo tempo evita a secura vaginal e a osteoporose oferece riscos, como o aumento do risco de câncer do endométrio, de acidentes vasculares e varizes, e de hipertensão.
O uso de isoflavonas vem sendo apontado como o tratamento mais suave e que respeita o equilíbrio hormonal da mulher. Componentes da soja, as isoflavonas ou fitoestrogênios, previnem, reduzem ou eliminam os sintomas da menopausa, leves e moderados. Previnem também os riscos de osteoporose e de doenças cardiovasculares, reduzem os calorões, o colesterol e a pressão alta. Com isto, promovem o bem estar emocional.
Cabe à mulher, junto com o seu ginecologista, determinar que tipo de tratamento deve seguir.

‘Epnews’