terça-feira, 10 de junho de 2008

NAMORAR OU FICAR?

As relações entre namorar e ficar revelam a complexidade da condição humana, são vivências de situações e diferentes significados. A atração entre pessoas obedece a certos princípios e responde a questões chave na individualidade de cada pessoa, outrora se ouvia falar em flerte, namoro, noivado e casamento. Atualmente, ficar é um comportamento muito adotado, onde o que vale é o aqui e o agora, o prazer imediato, sem vínculos, é como se pode dizer, uma fase exploratória, de experimentação.
Ficar é um momento vivido, onde a atração e a repulsão costumam promover reações físicas momentâneas, sem compromisso, onde os motivos são os mais diversos, como por exemplo: a curiosidade, um estágio para quem esta começando a sexualidade, uma competição para ver quem fica com mais pessoas, uma sensação de poder fazer um serie de conquistas ou fazer parte do grupo dos “ficantes”, é uma troca de carinhos por um período curto, sem compromisso de namoro, sem o compromisso do dia seguinte.
O namoro é uma aliança entre pessoas que querem se conhecer melhor, em torno de vivencias peculiares a cada ser humano, é um momento relevante na vida de cada pessoa, onde as escolhas são mais profundas, onde a afetividade aparece com mais desenvoltura, é um momento de experimentação, de treino que o adolescente passa entre a fase da infância, quando recebe passivamente o afeto, e a fase adulta, de envolvimento afetivo-sexual, é o momento em que se promete tudo, mas não se dá nada.
Hoje em dia, esse aspecto constitui uma tarefa difícil para os pais e educadores, porque é chegado o momento de pontuar a autoridade e as decisões tomadas em relação ao educando, é chegada a hora das grandes paixões, frágeis e inconstantes, é o momento de substituir o amor “espiritual” de pai e mãe, avô, avó, etc, pelo amor de desejos proibidos, capaz de criar o risco do descontrole.
Nesse momento é importante os pais mostrarem que os seus filhos merecem um investimento, que existe uma sintonia entre o que eles pensam e agem e a; beleza, a sensibilidade, a fantasia que os jovens alimentam secretamente. É chegado o momento de abrir o diálogo, estimular perguntas e conversar sobre todos os temas, aproveitando inclusive os debates polêmicos dos programas de TV, saber ouvir assumir a sua condição de ser humano que não sabe tudo mais que vai procurar o melhor momento para deixar aberto o canal da comunicação.
A paixão experimentada pelos adolescentes nessa fase produz energia e entusiasmo pela vida, contribuindo, inclusive, para a formação da personalidade. A possibilidade de dar e receber amor alimenta a; auto-estima, conduzindo os jovens ao equilíbrio emocional. É preciso ficar claro que namorar ou ficar representa a primeira fase do “outro”, onde a libido é reinvestida em objetos externos, supostamente capazes de corresponder às realizações criadas pelo seu imaginário; onde ele se sente capaz de amar, com suas reações individuais, de reagir aos estímulos sofridos nessa fase, de querer interpretar as atitudes dos pais, passando então, a elaborar as suas perdas nesses relacionamentos.

‘Ionara Dantas e Gilvando Estevam’

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