sábado, 14 de junho de 2008

SONETO

No meu peito arde em chamas abrasada A pira da vingança reprimida, E em centelhas de raiva ensurdecida A vingança suprema e concentrada. E espuma e ruge a cólera entranhada, Como no mar a vaga embravecida Vai bater-se na rocha empedernida, Espumando e rugindo em marulhada. Mas se das minhas dores ao calvário, Eu subo na atitude dolorida De um Cristo a redimir um mundo vário, Em luta co’a natura sempiterna, Já que do mundo não vinguei-me em vida, A morte me será vingança eterna.

Augusto dos Anjos

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