Esta situação é real, embora possa ser aproveitada com sugestão para livro de auto-ajuda, igual a muitos outros que estão hoje em voga, objeto de best-sellers, aqui ou no exterior. Só que ao tempo em que se passou, ainda não existiam os livros de orientação pessoal com essa rotulação. Numa retrospectiva histórica, ocorreria um ligeira correlação entre o conteúdo desta história com textos de “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie, ou “Moços de Caráter”, este, livro de leitura obrigatória nos seminários, há 60 anos.
Não tenho nada contra os livros de Auto-Ajuda, nem estaria negando a essa modalidade literária influência ou poder real de transformar o comportamento das pessoas, melhorando o seu relacionamento humano e o seu estilo de vida. Longe de mim tal pretensão. É que, no mínimo, esta história do banqueiro, do carro e do prego contém uma lição de vida.
Um professor de contabilidade de Campina Grande, na Paraíba, Brasil, de origem humilde, chamado Augusto dos Santos, apaixonou-se de tal forma pelos números que se tornou um banqueiro, graças a muito trabalho e devotamento às aplicações financeiras e ás regras do mercado de capital. A partir de então não dispensava um carro novo, o que, na época, tinha que ser importando dada a limitação da industria automobilística.
O seu prazer diário, antes de se dedicar ao trabalho de banqueiro, era estacionar o carro novo em frente do Banco e mostrar os seus sofisticados detalhes aos amigos, que via de regra, não competiam com ele nesse seu “hobby” predileto. Aos admiradores cabia elogiar tão somente o seu bom gosto e apurado requinte.
Um dia, porém, o carro do banqueiro estacionou no lugar do costume com um arranhão de ponta a ponta, produzido por um prego de enorme tamanho, com profundos estragos na pintura metálica do Falcon importado, novo, comprometendo toda a aparência do veículo.
Nesse dia, as lamentações foram gerais, com exceção do banqueiro, que, ao ouvir as imprecações de condenação a tal gesto de selvageria, muitos cobrando punições severas, apenas se limitou a dizer:
“Não. Não houve nada. Não vou tomar nenhuma providencia, visando à punição do malfeitor. Vou continuar ignorando a sua existência e sua maldade. Vai-me ser fácil comprar outro carro melhor e mais novo do que este. Enquanto eu posso ficar com este e adquirir o outro carro mais novo, ele, o malfeitor, jamais deixará de ser, na vida, um mero usuário de pregos. Não passará disso”.
Nada mais disse, nem lhe foi perguntado. Indiferente, entrou no Banco e assumiu os riscos da sua lucrativa atividade, esquecendo-se dos riscos do carro.
‘Evaldo Gonçalves’
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