Encontrei o segredo, a chave de vidro das palavras que escrevo; e tenho medo. Talvez nos campos imensos, onde o lírio floresce, na margem de rio que abriga, de manhã cedo, os teus pés de ninfa, num engano de idade, me tenhas visto à sombra de um rochedo; e se os teus lábios, entreabertos num torpor de romã, me tocaram num sonho bêbedo, deles só lembro, imprecisos, fluxos de incêndio numa hipótese de amor.
Nuno Júdice
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