As mulheres reclamam de dores de cabeça, inchaços, irritação, insônia, crises de ansiedade e de raiva, distensão abdominal e cólicas, mas não procuram ajuda médica para aliviar ou cessar esses sinais. A constatação faz parte de um estudo epidemiológico (Tensão Pré-Mestrual – Prespectivas e atitudes de Mulheres, Homens e Médicos Ginecologistas) desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva (Cemicamp) no Brasil, e divulgado á poucos dias.
Depois de entrevistar 860 pacientes entre os 18 e os 35 anos, os cientistas descobriram que 80% tiveram ou têm crises de TPM.
Os sintomas aparecem de sete a 10 dias antes da menstruação e desaparecem com o inicio do fluxo menstrual. A intensidade dos sintomas classifica a TPM em três estágios: leve, moderado e severo. A forma mais severa é conhecida como Síndrome Disfórica Pré-Mestrual (SDPM) e apresenta impacto negativo na qualidade de vida da mulher, afetando as relações, as atividades sociais e a produtividade profissional. Somente nos Estado Unidos estima-se que 4,5 milhoes de mulheres tenham o distúrbio, sendo que 90% sem tratamento ou diagnóstico.
No Brasil, a situação é semelhante. Apesar das queixas freqüentes, a pesquisa descobriu que 58,2% das mulheres com sintomas físicos e emocionais não consultam um médico. No caso daquelas que mencionam ter somente sinais físicos ou só emocionais, esse numero sobe para 70,9%. Entre as mulheres com TPM mais severa, apenas 40% buscaram a ajuda de um medico e eram aquelas com maior grau de escolaridade e nível socioeconômico, afirma o ginecologista Carlos Alberto Petta, coordenador da pesquisa. Segundo o medico, diversos motivos estão relacionados à falta da consulta médica, como vergonha de falar sobre os sintomas, falta de informação sobre a síndrome e dificuldade de perceber os sinais como algo relacionado à TPM.
As entrevistadas que sofrem tensão pré-mestrual disseram que sentem nervosismo e ansiedade (85,4%), alterações de humor e choro fácil (81,9%) e irritabilidade (77,3%). Quanto às manifestações físicas, 77,6% reclamaram de dores e inchaço, 70,7% de cólica e 65,8% de dores de cabeça. Na opinião de Petta, o predomínio tanto de sintomas físicos quanto emocionais revela que as queixas podem ser maiores no Brasil do que em outros países. Provavelmente a mulher brasileira moderna desempenha diversos papeis ao mesmo tempo, seja na família, no trabalho ou em casa , e não quer ter que lidar também com os sintomas pré-mestruais. Alguns estudos internacionais já apontavam que as brasileiras sofrem mais de TPM do que as européias ou as norte-americanas, mas o estudo brasileiro foi o primeiro a demonstrar como elas são afetadas. No estudo, 61,7% das mulheres que dizem ter TPM têm trabalho remunerado.
Sobre as opções de tratamento, Petta explica que elas podem ser classificadas de duas formas: intervenções não medicamentosas e farmacológicas. A primeira inclui alterações do estilo de vida, exercícios aeróbicos, modificação da dieta e acompanhamento psicológico. Já as farmacológicas usam remédios para a depressão como ansiolíticos e inibidores da serotonina. Também soa utilizados os anticoncepcionais combinados orais.
OS SINAIS DA CRISE
SINTOMAS FÍSICOS
- Fadiga
- Dor de cabeça (cefaléia)
- Inchaço dos pés e mãos
- Dor nas mamas
- Distensão abdominal
- Cólicas
- Alteração do apetite
- Alteração do sono (aumento do sono ou insônia)
- Dor nas articulações e nos músculos
SINTOMAS EMOCIONAIS
- Irritabilidade
- Depressão ou desespero
- Ansiedade e tensão
- Tristeza repentina
- Choro
- Raiva e fúria
- Oscilações súbitas do humor
- Dificuldade de concentração
- Baixa auto-estima
- Desinteresse nas atividades habituais
- Falta de energia
‘Maria Vitoria’
REDUZINDO OS SINTOMAS DA SINDROME
DIETA ALIMENTAR CONTRA A TPM
Dieta alimentar pode ser a alternativa para amenizar o incomodo da TPM que acomete grande parte das mulheres nos dias que antecedem a chegada da menstruação. Estudos científicos revelam que a nutrição adequada tem significativo valor na redução dos sintomas que se apresentam no organismo humano feminino na véspera do período menstrual. Diminuição, por exemplo, de indisposições como cansaço, dor de cabeça, câimbra, obstipção intestinal, edema, irritação e sensibilidade, para citar apenas alguns dos 150 sintomas que existem catalogados.
A nutricionista Cláudia Roberta de Oliveira Duarte destaca que é importante às mulheres, durante a fase que se aproxima da menstruação, evitar o consumo de alimentos ricos em gordura, sal, açúcares e aqueles que contêm cafeína. Além desses, incluem-se ainda os produtos lácteos e o álcool. Segundo ela, todos esses componentes são considerados agravantes às manifestações sofridas pelo organismo e contribuem para a retenção de líquidos, irritabilidade e cólicas. A especialista em nutrição clinica adverte que o consumo excessivo de sódio está associado ao aparecimento de edema.
De acordo com Cláudia Oliveira, há indicações suficientes que justificam a necessidade de se garantir ótimos níveis de diversos nutrientes, com o objetivo de assegurar o apropriado funcionamento orgânico. A nutricionista explica que um dos sintomas mais latentes, a irritabilidade e/ou nervosismo, podem ser prevenidos com a melhoria da produção de serotonina.
DIMINUIÇAO DA IMUNIDADE
Durante o período da TPM o sistema imunológico das mulheres também sofre com a diminuição da imunidade. Isto pode resultar no surgimento de gripes, resfriados, ou uma piora em doenças pré-existentes, como o herpes, alergia, asma e outras. Para proteger o organismo contra essas patologias oportunistas, é preciso haver um reforço na alimentação, segundo informa a nutricionista Cláudia Oliveira.
A especialista aconselha caprichar na ingestão de alimentos reguladores, frutas e vegetais. Pode abusar das frutas e ou sucos cítricos, como kiwi, caju, goiaba, acerola e limão, que podem ser misturados com maça verde ou vermelha, por ser a fruta que contém uma melhor mistura de antioxidantes. Diz Cláudia Oliveira. Se o intestino estiver preso, ela manda que acrescente ao suco 1 colher de sopa de farelo de aveia ou farinha de linhaça e ¼ de mamo papaia.
Quanto aos vegetais Cláudia indica aqueles ricos em beta carotenos ácido fólico e vitamina C, a exemplo das folhas verde escura, cenoura e os pimentões verde e amarelo.
CUIDADO COM CARBOIDRATOS
Como os níveis centrais de serotonina são mais baixos em mulheres portadoras de TPM, e os sintomas desta síndrome podem ser agravados na deficiência da substância de triptofano, a nutricionista Cláudia Oliveira ressalta que em algumas delas desperta-se a vontade de consumir carboidratos. Neste caso, ela sugere a ingestão de bebidas ricas em carboidratos, no sentido de promover menores mudanças de humor nas horas seguintes ao consumo.
O consumo excessivo de carboidrato simples está associado ao aumento dos distúrbios de humor, edema e fadiga, salienta a especialista em obesidade e emagrecimento. De acordo com ela, deve-se priorizar, então, o consumo dos carboidratos integrais, ricos em amido, como pão. É bom comer carboidratos em pequenas quantidades, a cada três horas, e uma antes de se deitar, até para controlar a vontade de comer doce.
CAFÉ E MATE SÃO PREJUDICIAIS
Um dos fatores que podem afetar negativamente a TPM, conforme indica a nutricionista Cláudia Oliveira, é a ingestão de cafeína. Portanto, não é adequado ingerir excessivamente bebidas como chá preto ou mate, chocolate, café ou refrigerantes á base de cola, pondera.
Ela informa que a cafeína, além de atuar sobre o sistema neurosensorial, age sobre o sistema rítmico, acelerando o coração e a digestão. Afora isso, existem inúmeras substancias da torrefação do café que são tóxicas e muito prejudiciais ao fígado e vesícula.
DURAÇÃO VARIA NAS MULHERES
Cerca de 5% a 10% das mulheres sofrem de severa síndrome pré-menstrual, enquanto 30% a 40% apresentam sintomas moderados. Cerca de 90% das mulheres em idade reprodutiva relatam a percepção de um ou mais sintomas durante os dias que antecedem a menstruação. As estatísticas foram transmitidas pela nutricionista Cláudia Oliveira. De acordo com ela, a duração da TPM e a intensidade dos sintomas podem variar de mês para mês. Na maioria das mulheres, segundo a especialista, os sintomas desaparecem logo no primeiro dia da menstruação.
‘Edivaldo Lobo’
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