terça-feira, 25 de março de 2008

ABISMO

Vens a mim, te aproximas, te anuncias Com tão leve rumor, que meu repouso Não perturbas, e é um canto milagroso Cada palavra que tu pronuncias. Vens a mim, e não tremes, não vacilas, E há ao nos olharmos atracção tão forte Que tudo desdenhamos, vida e morte, Suspensos só no brilho das pupilas. Penetras calmamente em meu viver, E te sinto tão perto do que cismo, E há nessa possessão tão funda calma Que interrogo ao mistério em que me abismo Se somos dois reflexos de um só ser, A dupla encarnação de uma só alma.

Enrique González Martínez, tradução de Renato Suttana

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