segunda-feira, 24 de março de 2008

E A CAÇA ÀS BRUXAS CONTINUA…

Faz já algum tempo que transcrevi aqui uma noticia da CNN, aproveitando-se de uma lei feudal que foi abolida em Novembro de 2004, a cidade de Prestopans, na Escocia, concedeu o perdão oficial a 81 pessoas – e seus gatos – executadas por praticas de bruxaria entre os séculos XVI e XVII.
Segundo o porta voz oficial dos Barões de Prestoungrange e Dolphinstoun, “a maioria tinha sido condenada sem nenhuma evidencia concreta – com base apenas nas testemunhas de acusação, que declaravam sentir a presença de espíritos malignos”.
O mais curioso nesta noticia é que a cidade e o 14º Barão de Prestoungrange & Dolphinstoun, estão “concedendo perdão” ás pessoas executadas brutalmente. Estamos em pleno século XXI e aqueles que mataram inocentes ainda se julgam no direito de “perdoar”.
Para minha surpresa, o assunto não terminou aí.
Ainda existem, pelo menos segundo a respeitável agência Reuteurs, bruxas para serem perdoadas pelo sistema. Em uma noticia recentemente publicada, a neta de uma delas acaba de lançar uma campanha pelo “redenção póstuma” de Helen Ducan, uma senhora acusada pelos ingleses durante a Segunda Guerra Mundial. O crime de Duncan foi ter respondido durante uma sessão de espiritismo á pergunta de uma mãe desesperada, que gostaria de saber do seu filho, membro da tripulação de um navio HMS Barbham. A médium afirmou que o mesmo acabava de naufragar, e todos haviam morrido.
Era verdade, mas o fato estava sendo mantido em segredo para não afetar a moral dos soldados. A noticia logo se espalhou, e chegou até ao governo. baseado em uma lei de 1735, Winston Churchill mandou prende-la até ao final da guerra.
Helen Duncan morreu em 1956, sem jamais ter sido perdoada. Sua neta, Mary Martin (hoje com 72 anos), já conseguiu até mesmo uma audiência com o Ministro do Interior do governo de Tony Blair, sem o menor sucesso.
No momento, o Barão de Prestoungrange, o mesmo que conseguiu obter o perdão oficial da cidade de Prestopans, está diretamente envolvido no assunto, e já chegou até mesmo a montar um site na internet:
www.prestoungrange.org/helen-duncan
para angariar apoio internacional.
Diz o Barão:
“Os 300 soldados executados por deserção durante a Primeira Guerra Mundial já foram perdoados. As denuncias que provocaram a morte de um grupo de 20 jovens inocentes em Salem, Massachussets, já foram tratadas com o devido respeito. Nós já nos desculpamos de traficar escravos e adotarmos a pirataria como um meio nobre de enriquecer o Reino Unido. O que falta para perdoar Helen Duncan?”
É simples. No inicio, Duncan foi acusada de espionagem. Uma gingantesca investigação levada a cabo pelo governo concluiu que era impossível uma mulher como ela ter acesso a segredos oficiais e informações secretas. Como poderia, portanto, saber o que se havia passado com a fragata HMS Barbham?
Restava apenas uma única explicação: bruxaria. E para que servem as antigas leis, mesmo que já tenham sido esquecidas, por uma civilização que se julga iluminada e longe das superstições de outrora?
Para serem aplicadas!

‘Paulo Coelho’

Um comentário:

Anônimo disse...

Também li essa reportagem e fiquei indignada, até escrevi algo sobre em meu blog. Depois de te-la lido pesquisei um pouco sobre e descobri de algumas coisas, agora me responda, você acredita em bruxaria 'José João Massapina'?