Ficávamos no quarto até anoitecer, ao conseguirmos situar num mesmo poema o coração e a pele quase podíamos erguer entre eles uma parede e abrir depois caminho à água. Quem pelo seu sorriso então se aventurasse achar-se-ia de súbito em profundas minas, a memória das suas mais longínquas galerias extrai aquilo de que é feito o coração. Ficávamos no quarto, onde por vezes o mar vinha irromper. É sem dúvida em dias de maior paixão que pelo coração se chega à pele. Não há então entre eles nenhum desnível.
Luís Miguel Nava
segunda-feira, 24 de março de 2008
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