segunda-feira, 24 de março de 2008

OS FUNERAIS DO HEROI

E se a Grande Nação do Norte quebrar, o que será de nós? Essa pergunta deve estar ferindo os neurônios das elites pensantes do Brasil e do resto do Mundo. A Disney de portas cerradas. Os anúncios da Broadway apagados. A Casa Branca igualmente às escuras para economizar na conta da luz...
E agora? Quem nos fornecerá aqueles laptops de ultima geração, aqueles prodigiosos tênis Reebok, aqueles happy ends memoráveis que só Hollywood sabia fazer?
Os pobres paises emergentes é que estão fazendo mais força para que a ilusão americana não se desmanche no ar.
Sinceramente, será isso o que a gente queria mesmo? Gerenciar o abismo?
Uma amiga mandou-me ontem uma entrevista publicada pela Isto É com o medico psiquiatra Roberto Shinyashiki, na qual ele explica: “a nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isto é loucura”.
Pois é esse mesmíssimo mundo que escolhe para si e para os seus passageiros o modelo de sucesso que aí está.
A felicidade se mede em pontos do índice Dow Jones que, traduzidos para o português, significa que o que é bom para eles é bom demais para todos nós.
Suspeito, porém, que não perguntaram ao distinto leitor se era isso mesmo o que ele queria para si e para o mundo em redor do seu bairro.
Por que a felicidade geral da nação tem aparecer na telinha do computador e o sucesso pessoal de cada um tem de ser associado ao nome da multinacional que eu preciso urgentemente presidir?
Por que a beleza é esquelética e a feitura só este GG?
Por que o importado é in e o nacional é out?
Por que eu primeiro e o resto do mundo depois?
Por que as revistas em quadradinho nunca mais lançaram um novo herói?
Sim, a bem da verdade, quem são os heróis do agora, os nossos heróis?
Essa pergunta me traz a resposta de Shinyashiki:
“Quando eu nasci, minha mãe era empregada domestica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem”.
Desafortunadamente, os nossos heróis estão todos mortos.

‘Luiz Augusto Crispim’

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