segunda-feira, 24 de março de 2008

NÃO ENCONTRO O RETRATO

Não, não encontro o retrato. Estavas de perfil, a luz de cinza caía-te dos braços, da casa próxima o fumo subia devagar os últimos degraus do outono, um cachorro saltava no terreiro, não tardaria a escurecer. Estavas de perfil, a mão acompanhando no regaço a rosa que te dei. Deixa-a ficar e ser, a mão, rosa também.

Eugénio de Andrade

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