quarta-feira, 30 de abril de 2008

DA ESPERANÇA

Bate a esperança a esperança bate crio este refrão: a esperança bate busco a rima inútil a pancada do coração a esperança bate e eu escuto vou além do fútil corro o horizonte que não vai além de livros e papéis espalhados teus olhos surgem/ fogem de mim flores que eu queria em nenhum jarro cato-os, migalhas sobre a mesa coloco-os no papel a luz acesa enxergo tua boca agora de frente beijo a parede tudo está fechado portas e janelas tenho as chaves mas estou emparedado a esperança bate vou atender: era engano; volto a ler os anos as imagens voltam como ondas furiosas atrás de mim perguntando-me de mim rindo de mim eu não digo nada a esperança bate tem dias em que não quero franzir a testa por isso não penso nem vou ver o sol cubro o espelho e deito-me o vento anuncia teu perfume abro a porta sorrateiramente tu entras vestida de ilusão ou sou eu que me iludo dá no mesmo a noite paira, pairo sobre ela sentado, remexendo papéis minha vida é feita de papéis a sorte um dia disse que vinha todos esperaram na cidade a esperança bate minh’alma de sonhar-te anda perdida e a esperança bate florbelamente em meu peito ser herói seria bom tantas vidas revistas, fitas coloridas álbum de figuras... hoje perdi as andorinhas mas a esperança bate amanhã chego cedo no portão espero que uma delas pouse no muro e me leve para ti.

Carlos Gildemar Pontes

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