Ouvia-se o barulho do mar à noite. Talvez não estivesse ninguém na praia (que poderia alguém estar a fazer, numa praia, à noite?) - mas era como se o barulho do mar tivesse, por trás, as vozes de alguém que contasse uma história de viagens e de ventos. Onde se estava bem, no entanto, era dentro de casa, onde o barulho do mar parecia trazer as conversas de alguém, na praia, com o vento. É verdade que a janela estava aberta e, por trás do muro de pedra e das árvores, a luz de um candeeiro chegava até à praia onde não devia estar ninguém, nessa noite de ondas e de vento. Podia ser o tempo das férias, com efeito, era o tempo em que se tinha férias sem se saber bem qual a distinção entre o tempo de férias e o outro tempo. O que se sabia, por outro lado, era se estava alguém na praia ou não e, de noite, ninguém devia estar na praia, embora o vento trouxesse um ruído de conversas que se confundia com o barulho do vento.
Nuno Júdice
terça-feira, 22 de abril de 2008
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