O calendário revolucionário francês, ou calendário republicano, foi instituído pela Convenção Nacional em 1792, no contexto da Revolução Francesa de 1789. politicamente importante, pois era um elemento simbólico de ruptura com a ordem antiga, possuía meses de trinta dias cada um, distribuídos em três semanas de dez dias – chamadas décadas. Os dias de cada década recebiam nomes de origem latina:
primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi.
O dia era dividido em 10 horas de 100 minutos cada uma, cada minuto com 100 segundos. Cada dia tinha uma designação que só se repetia no ano seguinte, com nomes de plantas, flores, frutas, animais e pedras. 360 nomes, portanto.
Aos 360 dias acrescentavam-se, anualmente, cinco dias complementares e um sexto a cada quadriênio, todos consagrados à celebração de festas republicanas. O ano começava no dia 22 de Setembro, data da proclamação da republica francesa e os nomes dos meses, concebidos pelo poeta Fabre d’Églantine, pseudônimo de Philippe Fabre, e pelo escritor André Chénier, baseavam-se nas condições climáticas e agrícolas das estações na França.
Esse calendário só vigorou de 22 de Setembro de 1792 a 31 de Dezembro de 1805, quando Napoleão I ordenou o retorno do tradicional calendário gregoriano, introduzido pelo papa Gregório XII em 1582, reconhecido aos poucos pelos diversos povos e no qual, o primeiro dia do ano era 1 de Janeiro.
Eis os nomes dos meses do calendário revolucionário nos quatro trimestres do ano e sua respectiva explicação física:
PRIMEIRO TRIMESTRE – OUTONO
Vindemiário, vendémiaire.
De 22 de Setembro a 21 de Outubro, do latim vindemia, vindima, primeiro mês do calendário revolucionário, época da colheita das uvas na França.
Brumário, brumaire.
De 22 de Outubro a 21 de Novembro, o mês das brumas, do francês brume, bruma, época em que esse fenômeno meteorológico se registrava no país.
Frimário, frimaire.
De 21 de Novembro a 20 de Dezembro, do francês frimas, nevoeiro denso e frio.
SEGUNDO TRIMESTRE – INVERNO
Nivoso, nivôse.
De 21 de Dezembro a 20 de Janeiro, do latim nivosus, coberto de neve.
Pluvioso, pluviôse.
De 20 de Janeiro a 19 de Fevereiro, o mês das chuvas, do latim pluviosus, chuvoso, pluvioso.
Ventoso, ventôse.
De 20 de Fevereiro a 19 de Março, do latim ventosus, cheio de vento.
TERCEIRO TRIMESTRE – PRIMAVERA
Germinal, germinal.
De 20 de Março a 19 de Abril, mês da germinação das plantas, do latim gérmen, germe, rebento.
Florial, floreal.
De 20 de Abril a 19 de Maio, do latim floreale, florido, flóreo, mês em que desabrocham as flores, o mês florido do ano.
Pradial, prairial.
De 20 de Maio a 19 de Junho, francês prairial, prado, campina, mês do apogeu das pradarias.
QUARTO TRIMESTRE – VERÃO
Messidor, messidor.
De 20 de Junho a 19 de Julho, do latim messis, messe, colheita.
Termidor, thermidor.
De 20 de Julho a 19 de Agosto, o mês mais quente do ano, clímax do verão. A palavra do grego thermos, quente. A lagosta ao thermidor, sofisticada iguaria, surgiu em 1894 no Maire’s, famosos restaurante do Boulevard Saint-Denis, em Paris, conforme ensina Liana Sabo, editora gastronômica. O molho leva mostarda Dijon, queijo e creme de leite – papa fina.
Frutidor, fructidor.
De 20 de Agosto a 19 de Setembro, do latim fructus, fruto.
Ao adotar esse novo calendário, a França revolucionária também instituiu o sistema decimal, forma mais lógica e objetiva de quantificar as medidas. Enquanto o calendário teve existência efêmera – apenas 13 anos – o sistema métrico vingou e se impõe em cada vez maior número de países.
Só para exemplificar, como seria enunciado o dia 30 de Março de 2008, no calendário da revolução francesa. Lá vai:
Decadi, jasmim, de germinal de 2008, que tal?
‘Márcio Cotrim’
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