quarta-feira, 9 de abril de 2008

O LADO SAUDÁVEL DA TRISTEZA

Será que é impossível acreditar que existe um lado saudável da tristeza? Será que eu posso aproveitar tal momento vivenciando e atravessar com vitória e determinação? Mas, se eu não conseguir, será que eu posso desenvolver alguma patologia mais séria no meu psíquico? Como fazer?
Bem, primeiro será interessante conceituarmos a tristeza também chamada de desgosto, de ‘uma agonia no peito’, um sentimento tão ruim que até dá vontade de chorar ó de pensar’. Sentimento familiar para nós, não?
A tristeza é entendida como um sentimento humano que expressa desânimo ou frustração em relação a alguém ou a algo. É, portanto, o oposto da alegria. Pode ser originada na perda de algo ou de alguém que se tinha de muito valor.
Esta emoção pode ser potencializada se; aquele que sofre de tristeza passa a acreditar que poderia ter feito algo para recuperar ou evitar a perda, mesmo que; este algo a fazer seja na prática impossível de se concretizar. Mas, isso independe da vontade da pessoa que se encontra triste, dessa forma, podemos também expressá-la como a ausência de satisfação pessoal quando o indivíduo se depara com a sua própria fragilidade.
É comum a tristeza ser descrita como algo amargo, ou como uma dor, ou como sentimento de incapacidade. Ou ainda como algo escuro, ‘é como se eu estivesse passando por trevas’. Como vemos, trata-se de um sentimento intrínseco ao ser humano e, portanto, todas as pessoas estão sujeitas a ele, independente de raça, religião, idade e classe social.
Infelizmente, na cultura ocidental não se valorizam os aspetos emotivos do indivíduo, gerando e desenvolvendo, dessa forma, no caso da tristeza, um sentimento negativo, que fragiliza e expõe a personalidade. Por exemplo, uma pessoa insatisfeita num âmbito social sente-se triste, mesmo não tendo uma concepção nítida do que é a tristeza.
Neste momento cria-se uma dívida com o próprio passado, sente que poderia ter aproveitado melhor as outras oportunidades que teve, e que agora o faz um homem, uma mulher fracassado(a). O descaso com os valores humanos acaba por expor o homem contemporâneo ao negativismo, a busca excessiva pelos bens materiais e status social, compensando assim, a carência sentimental.
Mas por outro lado, contamina e deturpa a noção de humanismo, tornando-o um homem sem expressão nítida dos seus sentimentos, e, isso, em absoluto, não é bom.
A tristeza, portanto, pode ser a conseqüência de emoções como o egoísmo, a insegurança, a baixa auto-estima, a inveja e a desilusão. Não apenas sintomas psicológicos são resultantes da tristeza. Em casos de angústia prolongada o individuo pode passar a apresentar problemas de pele, queda e embranquecimento precoce dos cabelos.
Também o coração pode ficar fisicamente comprometido podendo levar a vitima a quadros graves: hipertensão, arritmia e ataque cardíaco. Pode ainda causar reações psicofisiológicas como depressão, nervosismo, choro, insônia, falta de apetite e reações emocionais de arrependimento e sentimento de culpa.
Como então, aproveitar o lado saudável da tristeza, depois de lermos tudo isso? Temos, apenas, que externalizá-la. O que seria isso? Isso é fácil? Não é fácil, mas, temos que gerar o impulso de colocar a tristeza para fora. Sentiu vontade de chorar? Chore. Está com vontade de dizer que não está gostando de algo ou de uma conduta do outro? Diga, mas com assertividade, sem magoar.
Temos que vivenciar as perdas, as dores com intenção de tratá-las e, não deixá-las arraigadas no nosso repertório comportamental, nos agredindo todo o dia, o dia todo, com aquilo ou com aquele sentimento.
Quando fazemos tal procedimento estamos ajudando a favorecer dentro de nós o resgate ao sentimento de alegria, da vontade de viver e de sorrir. Podemos até passar rapidamente de um estado de extrema alegria para um estado de extrema tristeza, e/ou vice-versa, mas, que isso não é nada anormal, mas, também não quer dizer, que não precisamos de uma ajuda, em paralelo, de um psicólogo e com um bom médico psiquiatra. Para isso,precisamos tirar os preconceitos de lado, e ir em busca desse auxilio tão necessário nas nossas vidas.
Vamos viver a alegria de sentir alegria, vamos aproveitar carinhosamente o nosso momento de tristeza, e..., um brinde ao lado saudável da vida!

‘Cláudia Azevedo Franca’

Nenhum comentário: