Vejam como são atuais, guardadas as diferenças dos costumes daquela época com os de hoje, as instruções do Marques de Itanhaém, algumas das quais podem inclusivamente ser utilizadas por atuais e futuros governantes brasileiros, sejam eles prefeitos, governadores ou presidentes da Republica.
Eis alguns trechos desta receita formulada pelo tutor:
1 – Discernindo sempre do falso o verdadeiro, venha o imperador em último resultado a compreender bem o que é a dignidade da espécie humana, a qual o monarca é sempre o homem sem diferença natural de qualquer outro individuo humano, posto que sua categoria civil e eleve acima de todas as condições sociais.
2 – Para que o imperador, conhecendo perfeitamente a força da natureza social, venha a sentir, sem o querer, aquela necessidade absoluta de ser um monarca bem, sábio e justo.
3 – Em seguimento, ensinarão os Mestres ao Imperador que todos os deveres do Monarca se reduzem a sempre animar a Industria, a Agricultura, o Comercio e as Artes.
4 – E tudo isso só se pode conseguir estudando, o mesmo Imperador, de dia e de noite, as ciências todas, das quais o primeiro e principal abjeto é sempre o corpo e alma dos homens.
5 – Quero que meu Augusto Pupilo seja um sábio consumado e profundamente versado em todas as ciências e artes e até mesmo nos ofícios mecânicos, para que ele saiba amar o trabalho como principio de todas as virtudes. E saiba igualmente honrar os homens laboriosos e úteis ao Estado.
6 – Mas não quererei decerto que ele se faça um literato supersticioso, para não gastar o tempo em discussões teológicas como o imperador Justiniano.
7 – Nem que seja um político frenético para não prodigalizar o dinheiro e o sangue dos brasileiros em conquistas e guerras e construção de edifícios de luxo, como fazia Luiz XIV na França, todo absorvido nas idéias de grandeza.
8 – Finalmente, lhe ensinarão os mestres que um monarca, toda vez que não cuida seriamente dos seus deveres do trono, vem sempre a ser vitima dos erros, caprichos e iniqüidades dos seus ministros, cujos erros, caprichos e iniquidores são sempre a origem das revoluções e guerras civis. Cumpre ao monarca ler todos os jornais da Corte das Províncias e receber com atenção todas as queixas e representações que qualquer pessoa lhe fizer contra os ministros de Estado, pois só tenho conhecimento da vida pública e privada de cada um dos seus ministros é que poderá saber se os deve conservar ou demiti-los imediatamente. Nomeando outros que cumpriram seus deveres e que façam a felicidade da Nação.
Não seria de todo mal que os atuais governantes no Brasil contassem hoje com um Marques de Itanhaém. Assim, ninguém poderia se valer daquela velha e esfarrapada desculpa: “Eu não sabia”. Não é mesmo, Lula?
‘Agnaldo Almeida’
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