quarta-feira, 9 de abril de 2008

POEMA SOBRE UMA IMAGEM

Uns pássaros perfuram, pintalgados, a sisudez de uma escultura olmeca ou por ossuda mão são levantados poeirentos cadáveres da seca. Sua arte tudo toca, ceca e meca, dando voz, hora e vez aos deserdados, na agudeza do lápis que disseca num prisma exato os sóis apunhalados. Não são pincéis nem tintas, mas gnomos, que imprimem a fogo e alma cada risco, das cítricas visões expondo os gomos. Cada gravura é vida, não se doma, cada um dos traços um piau arisco. E o retinto nanquim por axioma.

Virgílio Maia

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