quinta-feira, 10 de abril de 2008

QUANDO O AMOR VIRA AMIZADE… (2)

A paixão é maravilhosa, deliciosa, imperdível e desejável, mas como fogueira vai se apagando em seu devido tempo. Fogo demais queima, machuca, dói, destrói. Fogo de menos faz falta, deixa frio, escuro, desconfortável. É preciso acertar o tom, aceitar o ritmo, embriagar-se de labaredas na medida certa... e depois, aprender a manter acesas somente as brasas. Mas as crenças e os romances nos enganam; deixam no ar a ilusão de que podemos estar constante e ininterruptamente apaixonados, ardendo, como se o amor se resumisse a isso.
E assim, nos perdemos em desejos impossíveis. Acreditamos que falta algo nas relações duradouras. Simplesmente porque não aprendemos a apreciar a subtileza do amor. Ficamos presos e condenados à aflição que nos causa a paixão. E o fato é que ela acaba. Ela sempre acaba. É assim, não tem jeito. Mas a gente não aceita. Busca outra e outra, nos remetendo a um vazio que nunca poderá ser preenchido senão com a delicadeza do amor. Precisamos nos deixar apaziguar, mais cedo ou mais tarde. Geralmente mais tarde. Algumas vezes, bem mais tarde! Noutras, nunca, infelizmente. Por isso, antes de pôr fim a uma relação que tem mais sutileza do que ardência, que lhe provoca mais paz do que desejo, pense bem.
Não se deixe cair numa armadilha ardilosa e extremamente perigosa. Não estou, de forma alguma, subestimando a importância da paixão. Ela é necessária e imperdível. Contém em si o impulso da provocação, a coragem para a entrega. Sem ela não há inicio, não há motivação para o nascimento do amor. A paixão rompe a terra para deixar nascer o amor, em forma de fruto.
Desejo assim, que todos nós tenhamos a oportunidade de nos envolver nas chamas da paixão. Se preciso for, te arder, doer e aprender. Para depois, enfim, valorizar a calmaria do amor. Afinal, a paixão queima e machuca enquanto que o amor aquece e acolhe... e que você descubra e usufrua do segredo contido na relação que se torna mais parecida com a amizade e menos com a angustia das paixões.

‘Rosana Braga’

Nenhum comentário: