terça-feira, 22 de abril de 2008

SOBRE AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

Na terça-feira, ordenei: "Café!" A morena do balcão disse-me um cantante: "É pra já, senhor!" Pousou a chávena: "O senhor não quer mais nada, não?" Respondi: "Se quisesse, tinha pedido." Com esta gentinha é preciso não ir em conversas. Sabe-se lá o que fizeram na terra deles antes de virem para cá roubar o trabalho aos portugueses. Deixei o preço certo. Ouvi nas minhas costas: "Até manhã, senhor..." Na quarta, comprei o jornal antes de ir ao café. Descobriram mais petróleo no Brasil. O país vai voltar a ser a potência que ameaça ser há muito. Lembro-me de ter lido que há cem anos, quando a portuguesa Carmen Miranda chegou ao Rio de Janeiro, a cidade era metade de imigrantes portugueses. Disse à morena do balcão: "Menina, dê-me um café, como só você saber tirar." Ela; continuou ela: "É pra já, senhor!" Antes de pagar, com gorjeta, pedi-lhe: "Importa-se de me dar o seu nome?" Ela chama-se Naíde. Sei lá se ainda não vou trabalhar num restaurante dela no Recife.

‘Ferreira Fernandes’

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