segunda-feira, 24 de março de 2008

CÁ NO NORDESTE SE FAZ FRIO EM SOL

Não são quatro e meia da madrugada. O relógio do liceu sequer avisou o meio da noite.
Muitos acreditam que Jesus vai ressuscitar novamente amanhã. Foi somente uma vez, há 1975 anos atrás. Não ressuscitará novamente, pois seria a contradição maior de todas as contradições. Não se ressuscita o que (ao menos teoricamente) está vivo. É que as seitas são tantas neste século XXI, que temos uma verdadeira Torre de Babel de crenças.
Para mim, neste Sábado de Aleluia, o Domingo de Páscoa já se faz silente. Nada de solene, nem sequer de “solamente una vez”. Boleros não acompanham ressurreições.
O que vale na atual mistura de comercio e religião (com ovos de Páscoa vendidos em prestações, sem juros...) são as saudades de mim, saudades de ti, de todos nós e do Cabo Branco quando era mais perto da Nigéria. Saudades dos tempos da adolescência em Tambaú, quando os condutores das religiões ainda não tinham se prostituído.
A estreita porta do céu há muito tempo é que ficou imensamente larga. O inferno só existe para quem se amargura por viver.
“Cá no Nordeste se faz frio em sol, as mães e bestas são celestiais, segure o canto e grite não se venda. Gato atravessando o coração como se fosse uma pantera azul das neves do Kilimandjaro” (trecho de “Gato”, música deste colunista, Carlos Aranha, voltando a ser, ainda e talvez sempre, o DJ marinheiro do navio Parayba do Norte).

‘Carlos Aranha’

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