No princípio do mundo o Amor não era cego; Via mesmo através da escuridão cerrada Com pupilas de Lince em olhos de Morcego. Mas um dia, brincando, a Demência, irritada, Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou; Foi a Demência logo às feras condenada, Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou. A Demência ficou apenas obrigada A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou, Como um pobre que leva um cego pela estrada. Unidos desde então por invisíveis laços Quando a Amor empreende a mais simples jornada, Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.
António Feijó
segunda-feira, 19 de maio de 2008
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