Bem me quer, mal me quer

O amor é um jogo? Tem gente que diz, sim: ou se perde ou se ganha. Nesta hora recorro a uma metáfora do Rubem Alves: se for para jogar, que seja "frescobol" onde um deve ajudar o outro a manter a bola no ar....

Todo mundo que ama está sujeito a passar por maus momentos por causa de uma briga ou de uma separação. Não importa quem tomou a iniciativa, o fato é que não existe desentendimento sem dor.
Por que? Por que? Por que? Sem rumo, sem direção e sem as respostas, tem gente que recorre aos jogos do amor: tarô, cartomantes, banhos de ervas e no jardim colhe as mais belas margaridas e fica horas arrancando as pétalas – bem me quer, mal me quer...

Mas, muitas pessoas buscam outro tipo de fuga para aquietar o coração: remédios, bebidas, noitadas, excesso de trabalho, jogos de azar ou o ombro dos amigos. Outros preferem prolongar o sofrimento relendo e-mails, lembrando do perfume, da música favorita, das juras de amor.

Com a alma e o coração partidos, as feridas emocionais arranham a auto-estima e o amor-próprio. A raiva e a tristeza se apoderam da nossa vida e nos enfraquecem, destroem nossos sonhos, devoram o nosso entusiasmo e paralisam a nossa vida.

Só o tempo é capaz de suavizar as dores. Ninguém está imune. Vale chorar, ter recaída, noites mal dormidas, sentir falta da presença, do beijo, do toque e até das brigas.

As experiências dolorosas do passado são parte integrante da nossa vida. O tempo passa independente da dor e do sofrimento. Cabe a cada um encontrar um jeito de não se destruir.

A vida é feita de ganhos e perdas, alegrias e tristezas. Sabemos lidar bem com as alegrias e com os ganhos. No entanto, nos sentimos frágeis diante das tristezas e perdas.

Há quem busque na ajuda terapêutica o equilíbrio para acertar o rumo. E, muitas vezes, para recomeçar com o mesmo amor. Por que, não? Quando existe a esperança da reconstrução, é importante esquecer o orgulho e estar aberto ao diálogo.
Só assim, é possível manter a bola no ar...
Marlene Heuser