segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Geração Clique

Pela Internet, recebo o comunicado de que, se eu quiser, poderei dispor de uma namorada virtual na minha tela toda programada para grandes sessões de carinho, com direito a outras reações do tipo ciúme obsessivo, amuos intermitentes e curruxiados de todo o gênero.
Atrasada como chega, para mim, a oferta não tem nenhuma serventia. Mas sei de outros que são capazes de pegar na palavra.
Só podia ser invenção de japonês.
Gentinha carente essa dos olhos apertados.
Já começa a me preocupar esse novo sistema de comandos eletrônicos que passaram a governar as nossas vidas.
Quando a gente entra no carro, de manhã cedo, um aviso luminoso já nos determina apertar o cinto de segurança, outro adverte que a porta ficou aberta e um terceiro recomenda uma parada no posto de gasolina, pois o combustível está no fim.
No banco, todas as operações podem ser efetuadas pela simpática maquininha que fica no saguão conversando com os clientes sobre saldos, extratos e aplicações diversas, alimentando-se de envelopes recheados de contas a pagar, de cheques e de cédulas que elas ruminam em suas vísceras, para depois triturar em nossas contas...
Uma desvantajosa troca, pois a máquina jamais substituirá a moça do balcão que ficava conferindo os nossos saldos na conta dos afetos remunerados com o seu sorriso.
Iníqua maquineta essa, que só fala o que o sistema financeiro lhe ensina. Cadê o encanto daquele diálogo do gerente com o correntista inadimplente?:
- Doutor Júlio, a sua letra venceu ontem.
- Não diga! E eu que pensava que ela nem chegasse a empatar...
Duvido que tenha neurônios para isso. O seu senso de humor não dá para tanto. Vai logo ameaçando com o pessoal do departamento jurídico juntamente com outros procedimentos que tais.
Decididamente, já não governamos as nossas vidas com os chamados sinais vitais. São os chips, os bips e os transistores que nos controlam. É o apito do microondas, o sinal do fax, o clique do computador, o zumbido do celular, o pisca-pisca do semáforo, a janelinha do Word.
Os mais conservadores que se cuidem. Adotem logo suas providências. Principalmente nessa área do amor.
Amantes de todo o mundo, informatizai-vos.
Dentro em breve estaremos fazendo amor digital, pois o analógico está com os dias contados...
- “Luiz Augusto Crispim” -

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