terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Mais popular que sexo

Enquanto quase toda companhia de Internet está procurando maneiras de juntar um modelo de negócios rentável, portais como Yahoo, Lycos e outros estão vendo a música “on line” como seugrande ganha-pão.
No início do ano, o termo “MP3” ultrapassou “sexo” como o termo mais procurado na Web. Um recente relatório da Jupiter Communications prevê que em 2008, cerca de 40 milhões de usuários vão comprar música online, comparando com 10 milhões no ano 2000. De acordo com a Media Metrix, os programas de música “on line“ Winamp e RealPlayer atualmente têm mais de 5 milhões de usuários cada.
A música “on line” está crescendo em ritmo acelerado, e as companhias que se estabelecerem como um canal de música nos próximos anos poderão tornar-se dominantes. Uma vez que os portais controlam os mecanismos de pesquisa que as pessoas estão usando para encontrar música, não é de se espantar que estejam agora adquirindo outros tipos de programas e tecnologias para atender sua audiência ávida por música.
Poetas, buracos e ruas
Há poetas que querem uma solidão limpa, admitindo a volta ao aconchego de pais e irmãos.
Keats insinuou que tudo de beleza é alegria para sempre. Como beatles, “forever”. As palavras, mesmo não escritas, traduzem a raridade das portas da percepção, sem necessidade de baseado, ácido ou santodaime. E Sérgio de Castro Pinto não disse, em plena ditadura e sob censura, que as palavras que não escrevia, “sempre me olham”?...
Melhor não exigir demais do próprio temperamento, evitando radicalizar a solidão em horas noturnas e apenas aparentemente mágicas. Solidão radical leva a perplexidades nunca resolvidas. Perplexidades traduzidas, certo dia, numa verificação de Drummond: “Dos noventa e cinco poetas de cada geração, noventa desaparecem no decorrer de brevíssimo espaço de tempo”. Vale para os que têm certeza de que já são grandes poetas, neste amplo corredor urbano, sem sequer ter a experiência de ser médias pessoas entre tantas pessoas anônimas...
A ligação entre pretensos poetas e pessoas que passam pela Lagoa, e coisas que têm em suas casas, e sorrisos e raivas de seus parentes, é a mesma que há entre o dono da bola e o jogo acabando antes do tempo.
O mais, para esta quinta-feira de agosto, é ainda lembrar Drummond: “O progresso não recua. Já transformou esta rua em buraco. E o progresso continua. Vai abrir neste buraco outra rua. Afinal, da nova rua, o progresso vai compor outro buraco”.
Animadores culturais?
Para Rolland de Renéville, místicos e poetas, mesmo divergindo em suas rotas pessoais acerca de mil pontos, acabam num modo comum de conhecimento, que é a “consciência tenebrosa”, espécie de “luz sem sol”, em que se comprazem igualmente tão diferentes pessoas. Fernando Henrique já chegou ao estresse ideológico que, irresponsavelmente, o fez pedir que esquecessem o que tinha escrito. Esqueçamos o sociólogo. Importante é não pedir desculpas por ser poeta, escritor, jornalista, cantor.
Peça desculpas somente se você aceita a imbecil designação de “animador cultural”. Vocês já pensaram em animador econômico, animador político, animador filosófico?... É que os burocratas da vida complicam demais a cultura quando se metem nela com olhares de “yuppies” tropicais e poses de pós-modernidade vagamente industrial. São vampiros? Sugam o que? Talvez o próprio sangue. Pior é que raramente conseguem rir. Ironicamente intitulam-se (ou foram intitulados) “animadores culturais”.
- “Carlos Aranha” -

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