terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Último pau-de-arara / Bomba de estrelas / Banquete de Signos

Nem toda nota é um tom
Nem toda luz é acesa
Nem todo belo é beleza
Nem toda pele é vison
Nem toda bala é bombom
Nem todo gato é do mato
Nem todo quieto é pacato
Nem todo mal é varrido

Nem toda estrada é caminho
Nem todo trilho é do trem
Nem todo longe é além
Nem toda ponta é espinho
Nem todo beijo é carinho
Nem todo talho é um corte
Nem toda estrela é do norte
Nem todo beijo é carinho

Nem todo rei é bondoso
Nem todo rico é feliz
Nem todo chão é país
Nem todo sangue é honroso
Nem todo grande é famoso
Nem todo sonho é visão
Nem todo pique é ação
Nem todo mundo é planeta
Nem todo sonho é visão
Nem todo mundo é planeta

Discutir o cangaço com liberdade
É saber da viola, da violência
Descobrir nos cabelos inocência
É saber da fatal fertilidade
Descobrir a cidade na natureza
Descobrir a beleza dessa mulher
Descobrir o que der boniteza
Na peleja do homem que vier... quando vier

Descobrir no bagaço dos engenhos
No melaço da cana mais um beijo
Descobrir os desejos que não têm cura
Saracura do brejo na novena
Descobrir a serena da natureza
Descobrir a beleza dessa mulher
Descobrir o que der boniteza
Na peleja do homem que vier... quando vier

Zé Ramalho, Corumbá, Venâncio, José Guimarães, Jorge Mautner

Nenhum comentário: