CRER OU ENTENDER

As grandes realizações humanas, normalmente, ou são fruto do acaso, como a penincilina de Fleming ou da busca obstinada do gênio humano, como essas enzimas de Schwartz, que bloqueiam o metabolismo das células malignas, obrigando-as a se "suicidarem" por inanição.
Isso na ciência. Na vida do espírito é diferente. Em parte, Kant está certo, quando procura racionalizar a questão moral no seu criticismo. Platão já havia percorrido esse caminho: a virtude se conquista pelo saber. Está certo.
E a fé? Como se infiltra para dentro da Razão humana? Ou isso não é possível? Razão e Fé gravitam em órbitas distintas? Agostinho tenta superar o impasse deixando a fórmula aplicada por ele mesmo à sua vida "intelligere ut credas, credere ut intelligas."
Entender para crer.
Crer para entender.
Em que será que a humanidade crê hoje em dia? Em Deus ou na Máquina? No bem ou no Gozo?
No Amor ou no Revide? No Outro ou em Sí? No Espírito ou na Matéria? No Ser ou no Nada?
Entender para crer.
Crer para entender.
Diariamente, encontro no noticiário novas e surpreendentes informações a respeito de planetas nunca dantes percebidos, de composições genéticas. A humanidade está fazendo a sua parte na ciência.
A NAZA toma conta do cosmo. A ONU toma conta da guerra e da paz. O FMI toma conta das finanças do mundo.
E o espírito quem vela por ele? E das minhas dúvidas, quem cuidará?
Só é possível buscar o ntendimento sobre alguma coisa se essa coisa suscita dúvidas - porque não a conheço bem - ou profunda curiosidade - porque a quero conhecer de verdade.
Tudo começa com a dúvida. É a porta. Você pode mantê-la eternamente fechada ou cruzar a soleira para enxergar o universo lá fora com olhos que a ciência jamais conseguirá implantar em suas órbitas.
Confiar no acaso de Fleming ou na perseverança de Schwartz?
Ser, não ser. Ou deixar de ser?
Eis as questões.
A fé é apenas uma questão de fé.
Só entende quem crê.
Só crê, de verdade, quem busca entender.
- “Luiz António Crispim” –