Ao fim da tarde, passeio pelas ruas e paisagens antigas, às vezes paupérrimas, outras, junto do mar, ao redor da minha aldeia. Vejo o sol a abalar as nuvens engraçadas com formatos de bichos. O céu quase parisiense com indiscretos pingos de chuva.
Degusto olhares que encontro pelo caminho e observo até as formigas. De noite no jardim de nossa casa vejo a constelação enfeitada e a lua elegante. É lindo, uma lua elegante. Acho que ninguém nunca a viu assim. Se viu, não disse, se disse, mentiu.
Fico triste por não ter com quem partilhar isto. Por ter de viver tantos sentimentos sozinho. Estou farto de existir só para mim. Chegaremos lá.
Dou me bem com o mar. Eu o respeito. E toda manhã estou lá, cantando baixinho, enquanto caminho, as canções que ninguém fez para mim. Pesco as profundidades. Mas, a dádiva da vida é difícil de se ter. E nascemos de novo? Sempre. Temos experiência e intimidade. No mar há vida em abundância e pelas ondas, as ondas, as ondas, me esbarro na felicidade. Ou na infantilidade?
Nunca me apeteceu ir embora, embora não ter a coragem de ir é frustrante. Resta a expectativa. Uma vida toda a espera ... Pra quê? A felicidade compensa.
Tudo que começa, acaba, mas nunca se deixe desfalecer. Nada de emergir. Houve desejos em que pensei ficar lá para sempre. Hoje, quero ir e vir. Onde? Há tantas coisas belas na superfície.
Tantas pessoas boas no mundo. Dou meu abraço. Quando perco o entusiasmo me drogo com as canções, melodias que me levam desvirginando a madrugada com o som do vento que a altera a pressão, um presente para meus ouvidos. Sou movido a sons.
Vida, vida, vida passageira. Gostaria de escrever sobre gêneros, escadarias, bares, corredores, laterais, sítios, panorâmicas, planícies – imensas.
Tá lendo, digo vendo, ando meio desinspirado.
Kubitschek Pinheiro
sábado, 19 de janeiro de 2008
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