sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

“Perdidamente”

Ser poeta é ser mais alto,é ser maior
do que os homens, morder como quem beija
É ser mendigo e dar como quem seja
É ser rei do reino de aquém e de além dor

É ter de mil desejos o explendor
E não saber sequer que se deseja
É ter ca dentro um astro que flameja
É ter garras e asas de condor...

É ter fome, é ter sede de infinito
Por essas manhãs d'ouro e de cetim
É condensar o mundo num só grito...

E é amar-te assim, perdidamente
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando, a toda a gente...

Florbela Espanca

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