No estado policial sanguinário cubano, enquanto a burocracia do Partido Comunista se refestela, a patuléia ignara como o pão que o diabo amassou, sem direito a mugido.
Sei que a atmosfera política esta carregada, mas, parafraseando Trotsky, se você não está interessado na guerra política, a guerra política está interessada em você. Mesmo que o amigo fuja dela como o diabo da cruz, dificilmente escapará. Fingir ignorar o que se passa à sua volta ou tentar não compreender o que se esfrega na sua cara pode ter o mesmo resultado, num futuro próximo, do caso dos atletas cubanos que ganharam a vista para um sonho mas não o levaram, impedidos pela ingerência perversa do regime propagado pelo Dr. Fidel Castro – que tudo cerceia, inclusive o direito mínimo de ir e vir.
Sim, o amigo pode se imaginar distante de tal realidade sórdida, infenso a uma coisa que se processa numa ilha remota, com outra tessitura histórica, num outro mundo envolto pelo isolamento, que , alem disso, mais dia menos dia, ruirá. Bom, a coisa não é assim. Para começo de conversa, o que se passa no Brasil hoje, é a mesma coisa que ocorreu em Cuba nos primeiros anos de “la revolucion”. Havia na ilha, de inicio, uma atmosfera transbordante de esperança e promessas de liberdade, diante da nova “experiência revolucionária” que se prometia restauradora de uma Cuba naufragada na degradação. O próprio Fidel Castro se colocou, então, como uma figura apenas emergente, não mais que peça transitória até a consolidação de uma democracia em que o povo fosse, pelo voto, soberano.
O que se viu depois, com o passar dos anos, foi tão somente a consolidação da mais brutal ditadura manipulada por uma bem instalada quadrilha ideológica, a escravizar milhões de pessoas no circulo fechado do medo, suor e lágrimas. Depois da triste experiência das ditaduras de Machado de Baptista, Fidel Castro só fez aprofundar a carência geral a vigilância de um Estado policial sanguinário. Nele, enquanto a burocracia do Partido Comunista se refestela, a patuléia ignara come o pão que o diabo amassou, sem direito a mugido. É fato incontestável: quase 50 anos depois de tascar o poder, o Vampiro do Caribe ainda pretende enbganar a população por meio de justificativas mentirosas e eternas promessas de “um futuro melhor”, infenso aos gritos de clamor do mundo civilizado.
E no Brasil? No Brasil o panorama sombrio se articula como um fato irreversível. Nele, a máquina de um partido “hegemônico”, o PT, usa o poder oficial (e oficioso) para transformar o Estado democrático e de direito, por meio dos mais diversos artifícios, numa “democracia direta” – para a compreensão mais abrangente, sinônimo da deslavada prática totalitária.
Com efeito, conforme planejado nos desvãos do Planalto, diariamente são criadas no país inúmeras leis, normas, decretos, instituições, conselhos, comissões, departamentos e ministérios que visam restringir a ação da sociedade e da iniciativa privada e, o pior, controlar as liberdades individuais. Na generalidade dos casos são leis absurdas, que jamais serão cumpridas mas que servem para o governo, no momento oportuno, acioná-las contra o adverso – exatamente como Fidel Castro tramou em Cuba para inibir e eliminar os “inimigos da revolução”.
No momento, em meio ao caos geral e propositado, o governo petista avança solerte e forte. Na ordem prática das coisas, ele assegura (com a conivência de um Congresso Nacional aliciado) a permanência da famigerada CPMF, imposto que se eterniza, embora seja considerado “transitório”; lança mais um plano mirabolante, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), cujo objetivo é requentar novos e inúteis aparatos ditos de segurança e fomentar propinas eleitoraleiras (com a invenção das “Promotoras Legais Populares”, modelo cubano de espionagem, para atuar nas favelas e periferias com salário mensal de 190 R$; e articula a permanência do denunciado Renan Calheiros na presidência do Senado, um perfeito vassalo da vontade palaciana.
Na estratégia adotada, em pleno andamento, dois lances estão na pauta para o avanço do esquema totalitário: primeiro, a realização do III Congresso Nacional do PT, que deu margem a alterações dos estatutos e programas do partido, segundo, a mobilização de uma Assembléia Nacional Constituinte “exclusiva”, cuja finalidade seria engendrar uma reforma política que, por maioria simples, aprove emenda constitucional permitindo o terceiro mandato de Lula da Silva (neste sentido, a máquina partidária já promove, de forma subliminar, nas mais diversas publicações oficiais, o numero 3 – relativo ao terceiro mandato do operário - relâmpago).
Dinheiro no é problema. Os cofres públicos, com a alta permanente da carga tributaria, nunca estiveram tão abarrotados. Mais ainda a partir da aprovação liquida e certa da CPMF pelo Congresso. Contando com tais e abundantes recursos, o governo no encontrará dificuldades em refazer pactos, cooptar adversários, anunciar projetos, criar novas despesas, ampliar a máquina burocrática, obter votos da base aliada e até de supostos parlamentares da oposição.
Por trás de tudo corre Zé Dirceu, o ex-guerrilheiro amigo do credenciado Fidel Castro que deseja, a todo o custo, chegar à presidência da Republica em 2014. como se sabe, o ex-chefe da casa civil foi cassado pelos pares após o escândalo do mensalão, fato que levou o Procurador – Geral da Republica, António Fernandes de Sousa, a denunciá-lo no Supremo Tribunal Federal (STF) como o comandante da “organização criminosa” operante no Planalto. Claro, o ex-guerrilheiro transformado em lobista milionário, agora se diz inocente. E como homem de força dentro do PT, para limpar terreno, investe com firmeza na criação de mais uma lei, a de Massa, cujo objetivo inicial é o de “regulamentar” os meios de comunicação, que considera livres da intervenção punitiva do Estado.
Para o desavisado que acredita ainda em democracia representativa, é ou não um panorama sombrio?
“Ipojuca Pontes” – Escritor e Cineasta
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