A Ética é, tão somente, um epifenômeno. É a conseqüência da paz e do amor que entregamos a todos que encontramos.
Parafraseando André Gide, podemos dizer que quando certos “especialistas” concluem a explicação do que seja a “ética”, não é mais possível identificar qual foi mesmo a pergunta, de tão estranha, confusa e rebuscada que é a resposta. Mas nada disso é necessário, porque o real sentido da ética está dentro de nós mesmos. Ela é a inclinação que temos para o bem. Quando deixamos que se manifeste, quando permitimos que se atualize, que abra as suas asas e voe em liberdade, realizamos o propósito supremo da nossa própria existência: a felicidade sustentável, alicerçada na paz interior, na consciência de nossas próprias responsabilidades e no amor ao outro. Abandonamos, então, a velha idéia de “sucesso” baseada em nossa própria imagem, nome, prestigio, reputação, interesses mesquinhos e outras muletas sociais e psicológicas.
A étic é, tão somente, um epifenômeno. É a conseqüência da paz e do amor que entregamos a todos que encontramos. O amor é luz, sendo a ética luminosa, sua fonte é o amor. Se manifestássemos todo o amor potencial que há em nós, seriamos deuses. Se observarmos bem, o que queremos dizer quando cumprimentamos os outros é que nos importamos com eles, com a sua felicidade. Quando os tocamos, gostaríamos de abraçalos, quando os abraçamos, temos vontade de beijá-los, quando os beijamos, nosso desejo, na verdade, é o de levá-los em nossos braços pelas veredas da vida, como Deus faz conosco, sem que, muitas vezes, nos apercebamos disso.
Queremos expressar que os amamos. Só não o fazemos melhor porque temos medo de assumir este sentimento que nos constitui intimamente. Mas como o amor é a nossa mais profunda natureza, não adianta fugir dele. Só seremos plenamente felizes quando o expressarmos totalmente. Como? Sendo úteis, compreendendo, abençoando e perdoando radicalmente a todos os nossos semelhantes e amando todas as criaturas. Cada um de nós deveria emanar só amor para o mundo. Se não fazemos isso, só pode ser porque estamos doentes. Porem, quem disse que a ignorância não tem cura?
Haverá quem diga que a humanidade nunca foi assim. Que somos o produto do que nossos antepassados foram, que repetiremos sempre os mesmos erros de antes, que não andamos para a frente. Só será assim se acreditarmos nessas tolices! Houve sim muitos seres humanos que foram expressões vivas do amor. Gente conhecida e gente anônima. Porque não podemos ser assim também? Claro que podemos! As desilusões só atingem as ilusões não os sonhos. Podemos sim viver com a consciência tranqüila, sem os deslumbramentos e as alucinações que se confundem com a felicidade, ter sonhos de paz e de mor e trabalhar pela sua realização. Se o nosso coração está no lugar certo, ninguém poderá parti-lo. Podemos, desde agora, levar tranqüilidade, gentileza e carinho a todos os outros caminhantes da jornada da vida. Podemos sim fazer a diferença. Se a maioria no agiu assim antes, se não age assim ainda, não tem importância alguma. Seremos, nós, nós mesmos, o ponto de mutação! Se ninguém liga para como agimos, tampouco interessa! Podemos olhar para uma flor ou para uma nuvem, que não queremos ser nada mais do que eles mesmos. Não estão buscando resultado algum, assim como nós, quando temos amor. Somente devemos cultivar o amor e o respeito em nosso coração, sem nos preocupar com mais nada. O amor é o maior patrimônio divino que há dentro de nós, ninguém pode acabar com ele. É o nosso traço mais perene. Quando sentimos, profundamente, que há oceanos de amor dentro de nós e, sobre eles, arco-íris de amor, não temos mais receio algum e, assim, a ética torna-se uma realidade viva em nós, e, também, nos outros, através de nós.
Nada disso é ingenuidade. Tolice é pensar que a vaidade e a astúcia podem conquistar alguma coisa que preste. Que proveito há em condenar o coração à paralisia? O que pode acrescentar a alguém desdenhar da virtude? Pautar a própria conduta por sentimentos elevados é sinal de prudência e não de pieguismo, como poderiam imaginar algumas inteligências doentes, pervertidas no cuidado dos seus próprios interesses e envenenadas pelo excessivo amor próprio. Perdidas nos labirintos de si mesmas, nem sequer suspeitam que é o amor que irriga o coração, fazendo com que a linda flor da ética desabroche no multicolorido jardim da nossa alma.
Aquele que ama, logo sente os efeitos do amor. Quem age com ética te, em sue próprio modo de agir, a sua maior recompensa. Na linha do que disse também André Luis:
“Quem acende uma luz é o primeiro a se iluminar”.
“Emerson Barros” – Escritor e Cineasta
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário